Precisamos um do outro escrita por Moon


Capítulo 37
O plano


Notas iniciais do capítulo

Com o fim do prazo, a matilha acaba concordando com um plano arriscado para resgatar Derek.



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POV Riley

Ter sua cabeça à prêmio é uma sensação única e angustiante que eu nunca imaginei que teria de encarar. Ao mesmo tempo em que me faço mil perguntas sobre a minha segurança, também me questiono quanto aos motivos que haviam levado o alfa a colocar um alvo em minhas costas.

Reconheço que não fui exatamente gentil quando o conheci. Muito pelo contrário. Eu o agredi. E eu entendo que ele tenha raiva de mim por isso, mas ele deveria saber que quando se segura uma pessoa agressivamente sem o seu consentimento, existe a possibilidade de que essa pessoa não reaja tão bem. Eu o feri, mas foi em legítima defesa, quando ele e seu bando atacou a mim e aos meus amigos no telhado daquela festa estúpida.

E agora ele me quer. Ele me quer tanto que ele se esforçou para encontrar uma pessoa e sequestrá-lo, apenas para conseguir chantagear os meus amigos.

Lembro da voz dele com um tom de sadismo no meio do seu sarcasmo naquele restaurante quando ele encontrou Scott e sua matilha reunidos. Ele estava tão satisfeito em vê-los. No dia eu não havia entendido o comportamento dele, mas agora eu entendia. Ter os meus amigos por perto não era visto como uma ameaça, mas como a possibilidade de que seu maldito plano funcionasse.

Eu estou irritada com ele.

Eu senti ódio pela primeira vez na minha vida. Eu odiava aquele homem e todo o resto do seu bando. Eu sentia raiva por ele estar colocando os meus amigos nessa posição, por ele estar ameaçando a minha vida e por ele estar ferindo uma pessoa que é amada pela minha matilha.

Mas eu também sinto culpa. Culpada. E por mais que eu repetisse inúmeras vezes para mim mesma que ninguém além daquele alfa abominável era culpado pelo que estava acontecendo, com toda a minha racionalidade latente e com todo o ódio que borbulhava em mim, eu ainda sentia que se não fosse pelo interesse dele por mim, ninguém estaria na posição em que estamos.

E eu também senti medo. Eu não admitiria isso em voz alta. Mas, por mais confiança que eu tenha no meu irmão, no Scott e no resto da matilha, eu não consigo evitar de temer que Brandon e seus amigos conseguissem me pegar.

Eu não compreendo os motivos, nem as intenções. Mas eles me querem.

E a minha matilha não vai permitir que isso aconteça. — Eu repito isso para mim mesmo dentro da minha cabeça incessantemente, como um mantra. - Eu estou segura aqui.

Stiles consertou minha janela, para que ela fosse devidamente trancada e colocou pó de tramazeira ao redor do prédio. Liam estava sentado no corredor, do lado da minha porta, a postos caso a matilha, de algum modo, conseguisse invadir o perímetro.

Meu irmão me ligava a cada uma hora para saber se estava tudo bem. Ele estava com Lydia, Malia e Scott nas ruas de NY tentando encontrar o alfa. E tentando elaborar uma estratégia.E eu espero, veementemente que eles consigam.

POV Stiles

Uma ideia louca surgiu enquanto debatíamos sobre a melhor maneira de lidar com a atual ameaça. A pior ameaça.

Eu já havia visto todos os meus amigos em perigo, já vi pessoas inocentes serem feridas e até mortas, eu já vi batalhas ganhas e perdidas e eu já experimentei todos os sentimentos que vem com isso: o medo, a tristeza, o pânico, a ansiedade, o estresse, a angústia, o luto, a dor, o ódio, a solidão, a culpa… Mas a ultima vez que eu senti tudo tão intensamente como se os sentimentos fossem me fazer explodir - do modo como eu me sinto agora - foi quando a minha mãe morreu.

— Eu não sei se eu tenho coragem de arriscar desse jeito. - Eu disse, mesmo sabendo que não havia nenhum outro plano.

Lydia segurou minha mão com força sem falar nada. Estávamos os quatro sentados em frente ao prédio onde a Riley mora. Todos sentamos no meio fio de cabeça baixa enquanto o silêncio pairava entre nós. Eu conseguia ver meus amigos elaborando estratégias e pensando em possibilidades distintas da única apresentada como se suas cabeças fossem transparentes.

— Eu acho que ela deveria participar disso, - Malia comentou enquanto observamos a minha irmã levantar da cama pela sétima vez.

Ela acendeu a luz brevemente. Acho que para procurar o celular, então a apagou e saiu pela porta para algum outro cômodo do apartamento ao qual não tínhamos visibilidade.

Não tínhamos mais ideias e o nosso tempo já havia acabado. Encarei o celular. Meia noite.

Cliquei no último contato no registro de chamadas. Era a minha irmã.

Coloquei o celular no ouvido e escutei chamar três vezes e então ela atendeu. Sua voz não parecia sonolenta, nem aterrorizada ou triste.

— Stiles? - Ela atendeu com um tom tranquilo e me perguntei se ela estava fingindo muito bem ou se ela realmente estava calma.

— Surgiu uma ideia. - Eu disse com pesar.

Eu não queria aquela ideia. Era arriscado demais. E era a minha irmã que estaria na linha de tiro. A irmã que eu havia acabado de encontrar, que eu ainda não conhecia como se fosse meu sangue, mas que eu já amava incondicionalmente. Eu prometi protegê-la.

— Qual o plano? - Ela perguntou e eu silenciei.

Eu prometi que não deixaria nada de mal acontecer com ela. E estava prestes a colocá-la numa posição de perigo.

Eu não podia perder a minha irmã. Isso não pode acontecer! Eu ainda tenho que conhecer ela melhor, e ela tem que descobrir as histórias da família. Ainda tem coisas que eu quero ensinar, lugares em que eu quero levá-la, conversas que eu quero ter. Eu quero ver ela crescer. Me levantei enquanto repugnava o plano que eu apresentaria pra ela. Ela é uma criança. Nós não podemos fazer isso com uma criança, né?!

— Stiles. - Ela insistiu. - Qual é o plano?

— Simular um acordo. - Eu comecei a explicar a ideia de fingir que estávamos concordando com a chantagem deles, e então lutar para resgatar ela.

Escutei ela respirar fundo ao telefone sem falar nada.

— Eu também não gosto dessa ideia. - Eu disse.

— É uma boa ideia, Stiles. - Ela disse ainda com a voz calma. - Você recuperam o amigo de vocês e depois vão ter vantagem o suficiente para me resgatar. Vocês vão conseguir rastrear para onde vão me levar e monitorar os passos deles. E eles vão abaixar a guarda achando que conseguiram o que queriam.

Era racional demais para uma menina. Como ela consegue pensar assim? Eu não entendo como ela conseguia se manter tranquila diante desse plano que praticamente cava seu túmulo.

Lydia, Scott e Malia também estavam surpresos.

— Então chame seus amigos. - Scott disse. - Vamos precisar de mais gente pensando nisso. E você vai precisar de apoio.

— Tudo bem.  Ela disse e pela primeira vez senti sua voz fraquejar.

POV Scott

Minutos depois chegou o carro do amigo da Riley que tinha motorista. O carro preto era silencioso o bastante para não chamar a atenção de ninguém na rua. O carro parou no meio da rua sem problemas por causa da falta de carros no horário. Farkle desceu do carro com Josh e Maya.

Assim que desceram o motorista foi embora. E os três atravessaram a rua para falar conosco.

— Vocês acham mesmo que esse plano pode dar certo? - Josh perguntou num tom que estava entre uma súplica e uma ameaça.

— Nós também não gostamos desse plano. - Lydia disse tocando o ombro de uma Maya que estava estranhamente calada. - Mas não conseguimos pensar em nenhum outro que possa funcionar.

— Como podemos ajudar? - Farkle perguntou.

— Por enquanto. Apoiando ela. - Eu disse e todos viraram para encarar a janela do quarto que estava com a luz apagada.

Eles apenas assentiram e se direcionaram para a escada de incêndio. Stiles subiu com eles para conversar sobre o plano.

Eu, Lydia e Malia não poderíamos entrar por causa da tramazeira. E estávamos observando a movimentação. Esperando receber visitas indesejadas a qualquer momento.

Observamos os quatro subindo as escadas e então quando Riley acendeu a luz e entrou no quarto com Liam para abrir a janela para que o irmão, o tio e os melhores amigos pudessem entrar.

Instantes depois meu celular tocou. Era Stiles.

— Você aceita esse plano, Riley? - Perguntei para a menina que não deveria estar sendo colocada na posição em que está.

— Eu tenho algumas ideias. - Ela comentou, com a voz baixa por causa do resto da família que estava dormindo tranquilamente sem saber o que se passava.

Eu conseguia ver o grupo sentados na janela. Percebi que o garoto do canto direito era Josh por causa do seu moletom na universidade de Nova York. A menina ao seu lado, era Maya que estava de mãos dadas com a melhor amiga que segurava o celular virado para cima para falar mais perto do microfone e manter a saída de áudio sem obstruções para que todos escutassem. Meu melhor amigo estava em pé de frente para a irmã, que estava ao lado de Farkle e Liam também sentados.

— O que você achar melhor, Riley... - Eu concordei antes mesmo de saber o que ela iria propor.

— Eu quero que você finja que está concordando com ele em segredo. - Ela respirou e então explicou mais detalhadamente. - Liga para aquele cara e fala que você está fechando o acordo pela troca, mas que pessoas na sua matilha não concordaram e por isso vocês vão simular um sequestro.

— Você vai negociar com ele para que seja na escola. - Stiles continuou a explicação. - Diga que nenhum membro da matilha vai estar por perto para estragar os planos dele na escola. E que o prédio estaria protegido com tramazeira, mas que ele poderia pegá-la quando ela estivesse do lado de fora.

— Isso vai garantir que tenham testemunhas e que vocês não tenham que inventar nenhuma história para os meus pais sobre onde eu estou metida, nem nada do tipo. - A irmã comentou. - O faça prometer que ele só vai me levar. Avise que pessoas vão tentar impedi-lo, mas que ele não pode machucar ninguém.

— Na escola. Do lado de fora. Com testemunhas. Sem feridos. - Listei as condições mencionadas até o momento.

— E então, você estará com ele em algum lugar afastado e com o Derek. E assim que ele receber a ligação dos seus caras, avisando que estão com a Riley, ele te entrega o Derek. - Stiles completou.

— Eu consegui o número do Brandon. - Farkle comentou antes que eu perguntasse como eu deveria entrar em contato com o bando.

— Então vamos mesmo fazer isso? - Eu esperava que alguém dissesse que era arriscado demais e que devêssemos desistir, mas ninguém abriu a boca.

O silêncio nos consumia enquanto concordávamos em silêncio com o plano que eu me arrependi de ter mencionado.

POV Lydia

Scott digitou o número que Farkle o havia passado e hesitou antes de ligar, mas o fez. Ficou em silêncio enquanto ouvia o chamar no telefone e então virou de costas para mim e Malia, como se ele não conseguisse fazer aquilo na nossa frente.

O deixamos confortável enquanto escutamos ele conversar.

— Scott McCall. - Ele se apresentou e ficou em silêncio enquanto, provavelmente, Brandon passava a ligação para o seu alfa.

— Eu concordo com a troca. - Ele disse. - Mas temos que fazer um acordo aqui.

Scott andou de um lado para o outro na calçada ainda de costas para nós enquanto ouvia e se preparava para falar.

— A garota é irmã de um dos meus. - Ele começou. - E a matilha não entrou em um acordo, mas eu estou disposto a fazer essa troca.

Mais um instante de silêncio e então nosso alfa continuou a negociação.

— Riley insistiu que irá para a escola amanhã, e para garantir a segurança dela, o prédio estará cercado com pó de tramazeira. Mas ela estará sozinha.

Scott pigarriou e continuou.

— Enquanto ela estiver na escola, todos os meus lobos estarão percorrendo um perímetro para tentar localizar Derek. E a sua garota estará sem defesa. - Depois de escutar algum comentário breve Scott respondeu. - Mas ela vai ter que sair do prédio em algum momento e é aí que vocês entram.

Meu coração apertava enquanto Scott passava as instruções.

— Será um sequestro. Coisa de humanos. Sem qualquer ligação com nenhum lado aqui envolvido. Garanta que tenha testemunhas, mas não machuque ninguém. Nem mesmo se tentarem te impedir.

Respirei fundo tentando manter meu coração dentro do peito.

— Coisa rápida. Um vâ para, uns caras mascarados a pegam e a vã some. Entendeu?

Estavamos entregando ela. Sem resistencia, sem luta. Apenas dando a eles, o que queriam.

— Eu te encontro no local que vou mandar para esse número. - Scott mudou o tom para o de uma sutil ameaça. - Esteja com o Derek. E assim, que você receber a ligação dos seus marginais avisando que estão com a garota você me entrega o Hale.

Ele respirou profundamente.

— E então, eu espero que nossos caminhos nunca mais se cruzem novamente.

Scott desligou a chamada e eu enviei uma mensagem para Stiles avisando que a negociação já havia sido feita e que em algumas horas, naquela manhã, nós deixaríamos que Riley fosse levada por uma matilha.


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