Precisamos um do outro escrita por Moon


Capítulo 14
Contando as novidades


Notas iniciais do capítulo

De volta a Nova York, Riley retoma sua posição com seu grupo de amigos, que sentiram sua falta. Ela conta aos amigos sobre algumas coisas da viagem e Liam liga para lhe dar a terrível notícia.



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POV Riley            

Quando eu e Stiles chegamos a Nova York era fim de tarde, tínhamos parado em alguma cidade qualquer para almoçar. Eu comecei a checar meu celular, que eu havia ignorado durante o final de semana, ligando apenas para os meus pais.

Haviam umas dez mensagens do Lucas. Ele perguntava pra onde eu tinha ido, porque não avisei que iria viajar, se estava acontecendo alguma coisa e nas ultimas perguntava se eu o estava ignorando.

Eu estou voltando agora pra Nova York, devo chegar essa noite. Não estava te ignorando, nem a ninguém, só não usei muito o celular. Fui conhecer meu pai biológico, em uma cidade chamada Beacon Hills. Depois eu falo mais disso. É só que foi uma coisa de última hora, e já que a Maya ficou sabendo não achei que precisasse avisar. Não se preocupe! Nos vemos mais tarde. – Eu digitei tudo junto na mesma mensagem e enviei.

Inúmeras ligações perdidas da Smackle. Assim que vi lembrei que eu tinha prometido pro Farkle que eu iria falar com ela. Ela também tinha me mandado mensagens, pedindo que ligasse pedindo conselhos, dizendo que precisava de mim urgentemente. Deixei pra ver minhas outras mensagens depois e liguei pra ela.

Ainda bem que você ligou!— Ela disse assim que atendeu. - Eu não sei o que fazer.

— O que está acontecendo? – Me preocupei.

Eu cometi um erro e não sei se devo contar para o Farkle.

— Você quer contar pra ele? - Eu queria perguntar o que ela fez, mas a prioridade era ajuda-la.

Eu não quero contar. Mas eu não consigo ficar perto dele e fingir que nada aconteceu.

— Talvez se você me contar, você vai se sentir melhor.

Tá bom!— Ela respirou fundo e demorou um pouco. – Você tem que prometer que não vai contar pra ninguém.

— Eu prometo! – Respirei fundo esperando e ela não disse nada. – Fala logo, Sma, você está me deixando nervosa!

Eu traí o Farkle.— Ela disse tão rápido que eu fiquei na dúvida se eu tinha escutado certo.

— Você o quê? – Eu me exaltei um pouco e isso chamou a atenção do Stiles para a conversa.

Não foi nada demais. Nesses dias que meu pai esteve por perto foram muito estressantes. Ele quer que eu aja de um certo modo e seja, de certo modo. Ele quer que eu seja normal. E tudo o que eu mais quero é agradar ele. Eu passei todos aqueles dias fingindo ser alguém que eu não sou. Indo para todas as festas com ele e cumprimentando todo mundo, fingindo estar confortável com todas aquelas pessoas ao meu redor.

Ela se calou por um tempo, eu só fiquei em silêncio o tempo todo.

Todas as noites eu ia para o telhado do prédio. Ver o céu me acalmava. Era como se eu voltasse a ser eu depois de um dia todo fingindo pro meu pai que eu era outra pessoa. — Eu não queria julgá-la, a Smackle era minha amiga, então apenas escutei com atenção. – E o meu vizinho ia conversar comigo, ele ficava lá me escutando lamentar da vida, reclamar do meu pai. E um dia eu estava lá chorando e ele... Ele me beijou.

— Você beijou de volta? – Eu perguntei com medo da resposta.

Beijei.— Ela tinha voz de choro. – Mas foi só porque eu fui levada pelo momento. Eu não quis beijá-lo. Mas agora ele fica atrás de mim. Eu disse que tenho namorado, mas ele quer conversar sobre o que aconteceu. E eu não quero vê-lo.

— Você vai conversar com ele? – Eu sabia que a Smackle nunca teria a intensão de machucar qualquer pessoa. Mas não pude deixar de pensar em como o Farkle se sentiria quando soubesse.

Eu não sei. Eu acho que seria como se eu estivesse traindo o Farkle outra vez.

— Você acha que pode acontecer outra vez?

— Não! É só sinto que eu não deveria nem estar com ele depois do que aconteceu.

— Você vai contar pro Farkle?

— Eu não quero contar. Só vai magoá-lo. E nem significou nada! — Ela chorava.

— Eu sei que não foi por mal, nem nada. E eu prometi não contar nada. Mas eu e o Farkle não mentimos um pro outro. Eu não posso esconder isso dele. Nem você. Você tem que contar! Ele merece saber. – Eu não sabia o que dizer. Ambos eram meus amigos e não queria vê-los mal.

Ela disse que iria na casa do Farkle, conversar com ele, se despediu e desligou.

— O que está acontecendo? – Stiles perguntou.

— Uma amiga, traiu o namorado, que também é um amigo.

— Posição delicada. – Ele disse. – Você vai se envolver.

— Eu sempre me meto! – Disse percebendo a minha naturalidade em afirmar isso. – Mas só se eles não conseguirem se resolver sozinhos.

Ele riu.

— Eu também me meto.

Li as mensagens da Maya, e então as do Josh, as respondi e liguei para os meus pais avisando que iriamos chegar no fim do dia.

Quando chegamos o sol ainda estava brilhando. Stiles estacionou o carro cuidadosamente no estacionamento perto do prédio onde eu morava. Pegou a mochila dele, a carteira e o celular. Analisou cada canto pra ter certeza que estava tudo bem, bateu os bancos para ter certeza que não ia ter poeira quando meu pai o usasse, conferiu o porta mala e o porta luvas e quando fechou o carro conferiu se não havia nenhum arranhão, nem nada.

— O carro está exatamente como estava, Stiles. – Eu disse.

— Eu só precisava ter certeza. – Ele respondeu me dando o braço para eu segurar.

Andamos de braços entrelaçados até o prédio e rimos um pouco. Quando chegamos na frente do prédio encontramos Lucas e Zay que estavam prestes a entrar.

— Na hora exata! – Eu disse em tom de riso e eles viraram para me ver.

Lucas tinha um sorriso, que se desmanchou quando viu Stiles e notou nossos braços dados. Seu semblante agora era sério e eu não entendi o que tinha de mal naquilo. Arrumei minha mochila no ombro e sorri pra ele me soltando do meu irmão e o abraçando. Depois cumprimentei o Zay. Abri a porta para subirmos. No corredor escutei a risada da Maya que já devia estar me esperando a algum tempo.

— Peaches! – Eu disse assim que abri a porta. Ela correu até mim e me abraçou com força.

— Riles! – Ela disse no meio do abraço. – Pareceu um ano!

Fui até minha mãe na cozinha e a abracei com força e então meu pai que abracei ainda mais forte.

— Cadê o Auggie? – Perguntei querendo amassar meu irmãozinho.

— Ele está com a Ava. – Minha mãe respondeu. – Ela está precisando de um amiguinho.

Eu entendi que ela estava precisando do Auggie por causa de tudo o que estava acontecendo com os pais dela. Era de partir o coração.

— Janela? – Maya perguntou e eu fiz que sim com a cabeça.

Stiles ainda estava perto da porta, ele veio para perto, botou a mão no bolso e entregou a chave do carro para meu pai e agradeceu.

Eu o abracei, me despedindo e disse baixinho para que só ele escutasse.

— Eu tô muito feliz por ser da sua matilha.

Ele sorriu, se despediu dos meus pais e foi embora. Eu segui pro meu quarto sendo seguida por Lucas, Zay e Maya. O quarto estava do jeito que eu deixei. Com as bagunças de quem fez uma mochila correndo. Tirei o celular e o carregador da mochila e a joguei na cama. Conectei meu celular na tomada perto da janela e me sentei.

Lucas e Maya ao meu redor e Zay sentou no chão.

— Eu senti saudade de vocês! – Eu disse. – Mas foi legal conhecer meu pai, os amigos do Stiles.

— Então ele é mesmo seu irmão? – Lucas perguntou.

— Claro que é, Lucas. – Me irritei um pouco com a desconfiança dele. – Ou você acha que meus pais me deixariam viajar com um menino que eu conheci outro dia sem nenhum motivo?

Ele ficou quieto, não me respondeu. E antes que alguém pudesse quebrar o silêncio tenso que pairou, Farkle entrou pela janela.

— E cadê sua outra metade? – Zay perguntou inocentemente e se arrependeu assim que viu a cara do Farkle.

— Você sabia? – Farkle perguntou diretamente pra mim, ele estava sério, mas eu sabia que ele também estava muito triste, mesmo sem ele demonstrar.

— Ela me contou. – Imaginei se ele teria raiva por eu saber de tudo aquilo e não o contar. – Mas foi só hoje a tarde que eu fiquei sabendo. E assim que ela me contou eu pedi pra ela te contar a verdade.

— O que está acontecendo? – Maya perguntou.

— Eu e Smackle terminamos. – Farkle disse.

— O que aconteceu? – Ela quis saber.

Ele me olhou suplicante, ele não poderia falar daquilo. Ao menos não agora.

— Acho melhor não falarmos disso hoje. – Disse com a voz doce e tocando de leve o ombro de Maya sabendo que ela compreenderia.

— Eu não quero falar disso hoje! – Ele disse se sentando perto da Maya e Zay segurou a mão dele e apertou em sinal de apoio.

Ele respirou fundo e mudou a expressão em seu rosto.

— Como é o seu pai? – Ele perguntou em sua melhor tentativa de mudar o assunto.

— Ele é bem legal. – Eu disse sorrindo lembrando dele. – O nome dele é Noah, ele é viúvo, é o xerife da cidade.

— Legal! – Zay fez uma pose. – Um dia eu vou ter uma estrela daquela.

— Ele gosta de fotografia. – Maya sorriu. – Ele adora história. É um super nerd de história.

— De qualquer modo você tem um pai historiador. – Maya disse.

— Ele é péssimo em artes. – eu disse fazendo uma careta – Eu vi um dos trabalhos dele da época da escola e é pior do que um gato roxo.

Lucas riu.

— Ele acredita que todo mundo pode ser bom.

— Mesmo sendo o xerife? – Maya perguntou.

— Ele diz que é por isso mesmo. Disse que até as piores pessoas que ele conheceu tinham um lado bom. Só que escolheram o lado errado.

— Ele parece ser um cara legal. – Farkle respondeu.

— Ele é.

— E a sua mãe? – Zay perguntou – Sabe dela?

— Ela parecia comigo. Eu a vi em fotos. – Sorri. – Ela foi líder de torcida.

— Como você, Riles. – Maya estava identificando tudo o que eu tinha em comum com minha outra família.

— É. Ela gostava de astrologia, ela acreditava em plutão. Ela tinha um gato na época da escola, o perdeu, mas nunca arrumou outro. Ela adorava gatos, ela era feminista, ela era legal com todo mundo.

— Exatamente como você. – Lucas disse.

— O Noah e a Claudia se conheceram na escola. Foram o primeiro amor, um do outro. Se casaram depois de se formarem no ensino médio. – Eu lembrei de todas as vezes que meus pais me contaram de suas histórias de amor. – Parece que não existem só um Cory e Topanga.

— Então você seria exatamente a mesma Riley que nós conhecemos e amamos. – Maya declarou.

— Só que eu seria Sophia. – Eu disse lembrando do nome. – Sophia Stilinski.

— Para todos os filhos terem nomes que começam com “S”? – Zay perguntou.

— Não. Stiles é apelido. – Eu disse. – É que o nome dele é bem difícil. Eu não consigo dizer. Mas começa com M, se não me engano. Lucas, me empresta o celular.

Pedi que ele pegasse meu celular porque ele estava mais perto.

— Eu anotei no meu celular o nome dele.

— Quem é Liam? – Lucas perguntou encarando a tela do celular.

— É um dos amigos do Stiles. – Respondi e peguei o celular.

Haviam sete ligações perdidas, eu iria retornar e o celular começou a tocar novamente.

— Liam? Aconteceu alguma coisa? – Ele não me ligaria sem motivos.

E então ele me deu a notícia. Meus amigos me encaravam.

— Ele morreu, Riles. – Ele disse em prantos.

Minha mão foi a boca, e uma lágrima caiu.

— Eu sinto muito. – Foi a única coisa que eu consegui dizer.

Apertei a mão de Maya a minha, imaginando a dor Liam estava sentindo. Ele perdeu o melhor amigo. Ele disse que o Scott estava falando com o Stiles e me pediu pra manter a história de que havia sido um ataque de animal. O que não deixava de ser verdade.

A imagem daquele cara voltou a minha mente, Mason caindo, eu correndo até ele, o tiro. Eu estava chorando.

— Riles? – Maya perguntou. – O que está acontecendo?

Ele desligou e eu deixei o celular cair. Levantei o olhar e encarei a Maya.

— O Mason morreu. – Eu disse mais pra mim mesma do que pra eles, sabendo que eles não sabiam quem era o Mason, nem o que aconteceu.

— Riley, do que está falando? – Lucas perguntou, colocando a mão nas minhas costas.

Sequei as lágrimas e me forcei a parar de chorar, respirei fundo e comecei a explicar.

— Mason é um dos amigos do Stiles que eu conheci. – Respirei fundo e me corrigi. – Era.

Era tão difícil lidar com aquilo.

— Noah, o meu pai, o encontrou na floresta. Com a garganta rasgada. – A cada palavra eu lembrava do sangue dele nas minhas mãos, do que realmente tinha acontecido. – Acham que ele foi atacado por algum animal, que fugiu por causa do barulho da viatura. Ele o socorreu e o levou pro hospital.

As lágrimas insistiam em cair.

— Ele não resistiu. – Eu nunca havia sentido aquilo. – Eu achei que ele ia ficar bem. E ele...

Maya me abraçou e os outros a seguiram. Eu estava chorando copiosamente nos braços dos meus amigos sabendo que aquela dor, aquela sensação nunca ia passar.


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Notas finais do capítulo

Comente sobre o capítulo. Obrigada por ler. Espero que tenha gostado e volte logo!



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