Entre o Céu e o Inferno escrita por Lu Rosa


Capítulo 14
O Jantar


Notas iniciais do capítulo

- Sempre me ensinaram que a verdade deve ser dita e assim eu o farei. Sim, eu posso ser uma ameaça. – os sons que Genny ouviu à essa declaração deveriam tê-la amedrontado, mas não.



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Genny olhava toda a movimentação do sobrado Mikaelson com admiração. Quando os Mikaelson queriam realizar um evento, eles não poupavam esforços. Nem dinheiro.
Vários ajudantes organizavam o jantar que eles dariam. Embora gostasse de saber que era para ela, Genny não deixava de se sentir apreensiva. As pessoas mais importantes do mundo deles iriam vir ao sobrado para conhecê-la. E se ela não conseguisse convencê-los de sua inocência no caso dos vampiros de Marcel Gerard? Ou pior, e se eles culpassem os Mikaelson?
Ela voltou para o quarto, onde Freya depositava uma grande caixa.
— Preciso que você experimente o vestido. Assim dará tempo de fazer os ajustes.
— Eu não sei mais como agradecer ou como pedir desculpas por todo o trabalho que vocês estão tendo comigo.
Freya parou de abrir a caixa e colocou as mãos na frente do corpo.
— Entenda, Genesis. Garantir a sua segurança é garantir a nossa. Se, por algum momento, Davina ou Marcel pensarem em usar você contra nós, nada poderia detê-los.
— E a minha vontade? Onde fica nessa história?
— Davina é uma bruxa poderosa. Nesse lugar, ela tem até mais poderes do que eu. – Genny arregalou os olhos. Nunca pensara em alguém mais poderoso do que Freya. – Sim, é verdade. E Marcel... bem como vampiro, ele poderia te compelir a segui-lo.
— Mas vocês não fizeram isso.
— Não. Mas se dependesse da vontade do Niklaus...
— Ele poderia me usar... – Genny se sentou na cama. – Me diga Freya. Ele sempre foi assim? Manipulador?
— Não posso lhe dizer com exatidão, pois passei muitos anos longe deles. Elijah ou Rebekah poderiam te falar melhor sobre Niklaus. Mas acho que, com o passar dos anos e sofrendo a perseguição de Mikael... sim. Ele sempre foi assim. Talvez não na infância.
— E Klaus já foi criança alguma vez? Não consigo imaginá-lo um bebezinho como a Hope. Ele sempre me parece tão inatingível.
— Niklaus é.… complexo. – Freya respondeu. – Ele sempre buscou a aprovação de nosso pai, que era duro e inflexível, como todo guerreiro de sua época. Quando nosso pai soube da particularidade dele, o considerou uma aberração. E começou a persegui-lo. Niklaus começou a desconfiar de tudo e de todos.
— Deve ter sido muito triste viver assim. Isolado e desconfiado.
— Mas não se deixe levar por esse lado, Genesis. Sim, Niklaus é solitário. Mas também ele pode ser muito cruel, mesmo com aqueles que diz amar. Essa dualidade é da natureza dele. Nunca, eu repito, nunca cometa o erro de subestimá-lo. E agora vamos ver seu vestido. – Freya abriu a caixa dando o assunto por encerrado.
Genny tocou com admiração o tecido brilhante em azul celeste. Ele tinha um toque diáfano, quase uma túnica grega, caindo em suaves pregas até quase o chão.
— Perfeito! Realça os seus olhos azuis e lhe dá um ar de virgem intocada. Inocente. – Freya comentou.
Genny avermelhou ao pensar nas implicações da frase dela.
— Genny? Você está encabulada... não posso crer que... você nunca... nunca se apaixonou?
— Adrian Lightwood... ele foi meu primeiro e... – ela iria dizer único, mas estavam acontecendo algumas coisas com ela que talvez a palavra único não fosse mais apropriada. – E ele nunca soube e nunca saberá.
— Talvez quando você puder voltar para Nova York, você possa...
— Adrian está morto. Eu nunca tive a chance de dizer a ele o que sentia e agora não adianta mais pensar nisso. Vamos. Tenho que focar nos convidados. Quem seria o mais difícil?
— Davina, com certeza. Desconfia de todos nós no último grau. É seu desejo latente matar Klaus e gostaria de uma boa desculpa para isso. Vincent é um pouco mais comedido. Sabe que a magia, quando usava erroneamente, traz consequências. E Marcel... bem, é um aliado. Mas não o subestime. Todos os seus problemas começaram quando os Mikaelson voltaram. Se achar que está em perigo, atacará sem piedade.
— Bem, então acho que terei uma longa noite pela frente. – Genny se olhou no espelho. Quase não podia se reconhecer no vestido de seda, nos olhos destacados e nos lábios rosados que agora se abriam em um sorriso de admiração. Queria tanto que Clary estivesse ali para vê-la.
— E então já estão prontas? – Elijah perguntou da porta, impecável em um smoking.
Genny virou-se para ele e o admirou. Será possível que ele poderia ter ficado mais bonito do que era?
Coincidentemente eram as mesmas palavras que Elijah pensava naquele mesmo momento. Se antes com roupas comuns, Genesis sempre lhe parecera adorável, agora ela estava deslumbrante. Seus olhos percorreram Genny desde o penteado clássico de coque no alto da cabeça com alguns fios escapando e tocando-lhe a pele, expondo o pescoço de cisne adornado com uma correntinha de ouro um pingente de rubi. A mesma pedra se repetia nos brincos das delicadas orelhas e na pulseira. Os pequenos pés apareciam sob a barra do vestido calçados com uma sandália dourada de salto.
— Você está perfeita, Genesis. – ele a elogiou.
Genny baixou os olhos encabulada diante do olhar fixo dele.
— Obrigada. Você também está muito bonito.
Freya, que com a chegada de Elijah, se afastara para um canto, observara os dois discretamente. Não lhe passara despercebido o rubor e o brilho nos olhos de Genesis ao ser elogiada por seu irmão. E nem o trincar de maxilar de Elijah ao contemplar a beleza de Genesis. A situação já era complicada e se sentimentos entrassem no meio... seria desastroso.
— Muito bem! Já estamos todos prontos e podemos descer, não acham. – ela interrompeu o momento.
— Sim, claro. – Elijah pareceu acordar de sua muda contemplação. – Niklaus está lá embaixo com Camille. E nossos outros convidados também já chegaram.
— Então vamos. – Freya convidou. – Genesis. Fique mais alguns minutos. Não se importa em descer sozinha, não é?
— Você é a organizadora aqui. Fale e eu obedeço. – Genny fez uma continência para desanuviar o ambiente.
Os irmãos Mikaelson desceram e ela se olhou mais uma vez no espelho.
“Vamos lá, Wayland. Não deve ser mais difícil do que é. Você só tem que convencer essas pessoas que te matariam num piscar de olhos de que você não as quer mal. Fácil. Pense em Jace e Clary. Dê orgulho a eles. Você é uma Wayland! ”
Ela ergueu a cabeça e segurou o vestido para caminhar com segurança. Quando saiu do quarto, ouviu o burburinho das conversas. Olhou para baixo. Havia mais pessoas do que ela imaginava, mas como muitas não estavam vestidas formalmente, ela intuiu que estavam mais para guardas do que para convidados.
Calmamente, ela começou a descer as escadas. Elijah foi o primeiro a vê-la e se encaminhou para o pé da escada.
“Isso, Genesis. Está indo muito bem. ” Ele pensou consciente que cada par de olhos naquele pátio estavam grudados na moça que descia as escadas.
Isso bem que poderia ser um filme de príncipes e princesas, Genny pensou ao pousar a mão na mão que Elijah lhe estendia. Estava tremendo dos pés à cabeça, mas o sorriso que ela dirigiu a ele foi confiante.
Klaus e Freya se posicionaram um de cada lado de Genny e Elijah e ele falou com voz grave.
— Senhoras e senhores, a família Mikaelson lhes apresenta a senhorita Genesis Wayland, filha de amigos nossos de Nova York.
Genny dirigiu um sorriso a todos. Parecia que seu rosto racharia tal a sua tensão.
— Boa noite a todos. Eu agradeço terem vindo me conhecer. E acho que deveria lhes dizer algo.
Klaus e Elijah trocaram um olhar apreensivo. O que essa louquinha faria?
— Primeiramente, eu gostaria de agradecer a família Mikaelson por ter me acolhido quando eu não tinha mais ninguém. Cuidaram de minha mãe Clarissa e estão me orientando na minha jornada de autoconhecimento. Freya, Klaus e Elijah... obrigada. Agora, muitos estão aqui como forma de averiguar se eu sou uma ameaça ou não.
“Ela era direta ao ponto”, pensou Vincent Griffith.
“Que joia rara esses Mikaelson descobriram... Ela é linda! ” pensou Marcel Gerard cujos olhos escuros não conseguia desgrudar da bela imagem à sua frente.
— Sempre me ensinaram que a verdade deve ser dita e assim eu o farei. Sim, eu posso ser uma ameaça. – os sons que Genny ouviu à essa declaração deveriam tê-la amedrontado, mas não. Ela se sentiu mais firme em seu propósito. – Acredito que posso ser uma ameaça até para mim e para os que eu gosto. – ela olhou para os Mikaelson. – Mas não é essa a minha intenção. Não quero e não vou ser considerada uma arma ou ameaça. Quero apenas saber lidar com a minha natureza para então poder voltar para Nova York e enfrentar quem matou minha família e meus amigos.
— E quem seria esse?
— O nome dele é.… foi Sebastian Morgenstern. Há muito tempo, a forma pela qual ele atendia por esse nome se perdeu. Ele agora pode ser considerado o mal em sua forma mais pura. Eu sei que muitos podem estar pensando, “Mas então ela deve ir embora daqui. ” Sim, eu deveria. Mas Nova Orleans não é uma cidade detectável. Eu não posso ser detectada por ele aqui. O campo de magia é muito extenso. Além disso, meu amigo Magnus, um grande feiticeiro, me isolou. Me deixando invisível para seres fora dos limites da cidade.
— Mas se mesmo com todos esses cuidados, ele vir a descobrir você aqui? – perguntou uma jovem de longos cabelos escuros e que estava ao lado do homem negro alto que vira quando ela fizera a coluna de fogo.
— Se mesmo assim, Sebastian me encontrar... – ela olhou rapidamente para Elijah. – Eu irei embora na mesma hora, sem pestanejar.
Ele a fitou surpreso. Se adiantou como se quisesse falar algo, mas Klaus o deteve. Teriam tempo mais tarde.
— Agora eu sugiro que, por favor, aproveitem a noite. E, mais uma vez, obrigada. – ela fez um aceno de cabeça e se dirigiu à uma das salas. Claro que Elijah foi logo atrás.
Ele fechou a porta atrás de si fazendo com que Genny se voltasse assustada.
— É isso que você pretende? Ir embora se o tal Sebastian der as caras por aqui?
— E o que mais eu poderia fazer? Elijah, você não tem ideia do que Sebastian é capaz.
— E se você sabe do que ele é capaz, você pensa em enfrenta-lo sozinha?
— Eu posso tentar, não posso?
— Menina burra! Você pode morrer se tentar. – ele segurou em seus ombros.
— E por que você está tão nervoso com isso? – Genny perguntou, a tristeza querendo inundar os olhos azuis.
— Eu gosto de você... – ele a soltou e arrumou o terno. – Quer dizer... toda a família aprendeu a gostar de você. Até o Niklaus, embora ele não demonstre.
— É. Ele não demonstra mesmo...
Elijah sorriu. E aquele sorriso teve o poder de fazer Genny feliz, por que ele não estava mais bravo com ela.
— Olha... por enquanto estou segura. Sebastian não deve nem ter ideia do onde fica Nova Orleans. E mesmo que ele tenha, é como eu disse. A cidade é indetectável. A magia aqui é muito forte. Ele não vai conseguir me encontrar.


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Notas finais do capítulo

E no próximo capítulo...

Davina foi até onde Genny dançava com Marcel.
— Genesis, não é? Posso ter um minuto de sua atenção?
— Você pode nos ameaçar? Eu pago para ver, garotinha dos Mikaelson. – Davina Claire disse com um sorriso nos lábios.



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