Você é meu mundo escrita por Blue Butterfly


Capítulo 5
Um mundo cheio de magia


Notas iniciais do capítulo

Depois da dor ao assistir "O mundo que nos fez sangrar", Watanuki quer desistir da viagem. Mas Yukko ainda tem muito o que lhe ensinar.
Ambientado em Hogwarts.



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—Watanuki?

—…

—Só mais um mundo e depois vamos para casa.

—…

—Se não escolher agora, eu terei que fazer isso por você.

—…

—Watanuki…

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O garoto subiu as escadas com pressa, torcendo para que elas não mudassem de lugar mais uma vez, verdade seja dita, Hogwarts era legal e tudo, mas aquelas escadas viviam o atrasando. Felizmente o mundo estava sorrindo para ele naquela manhã e ele conseguiu chegar antes que o professor de poções usando roupa de morcego entrasse. Contudo seu sorriso se tornou facilmente descrença quando vislumbrou um loiro sentado na mesa que eles dividiam, os pés casualmente sobre o tampo da mesa enquanto ele brincava com um pássaro de papel.

—Como você chegou primeiro? – Yukito perguntou chocado.

O loiro em questão estava dormindo quando Yukito tinha saído mais cedo, ele nem se quer tinha tomado banho ou escovado o cabelo dourado que sempre estava bagunçado pela manhã enquanto Yukito estava correndo para não chegar atrasado.

—Magia – o menino respondeu rindo da própria piada.

—O quê?

—Ah, você sabe, aquela coisa que se faz com uma varinha e algumas palavras mágicas.

Yukito bufou, só mesmo seu melhor amigo podia ter um bom humor matinal. Porque mesmo que fossem completamente diferentes, aquele loiro era seu melhor amigo e colega de quarto. O garoto loiro baixou as pernas longas para que o outro pudesse se sentar, ajeitando quase que sem pensar a gravata do menino pálido de cabelos acinzentados.

—Um lufa-lufa sempre deve estar bonito e elegante – lembrou com orgulho – Então mesmo que você seja um gênio e devesse estar junto com os nerds da Corvinal, vamos manter o estilo.

—Você e seus estereótipos – Yukito reclamou abrindo o livro “Poções avançadas e seus diversos usos” – Não há só nerds em Corvinal. Assim como nem todos os que estão na Grifinória são valentes e os que estão em Sonserina são maus.

—Correção: os que estão em Grifinória são exibidos, não corajosos. E nem venha defender Corvinal, mesmo que seu coração tenha sido arrebatado pela gloriosa presença do chefe dos monitores de lá.

—Fay! – Yukito enrubesceu até a ponta das orelhas, procurando freneticamente se alguém estava prestando atenção na conversa deles – Eu já disse que não é assim. Ele só me ajuda a estudar.

Com um suspiro exasperado Fay arrancou um dos imensos livros que seu amigo carregava e leu:

—“Fundações de Magia e seu uso”, por Hermione Granger. Um livro que nem se quer os professores de Hogwarts conseguem entender bem e que você usa desde o segundo ano aqui. Yuki, você não precisa de ajuda para estudar.

Ele deixou o menor sem palavras, não que fosse novidade, Fay realmente tinha essa habilidade irritante de deixar os outros sem palavras, com um sorriso vitorioso, o loiro finalmente se dignou a pegar seu material e se preparar para a aula, de certa forma ele estava certo com seus estereótipos, ninguém esperava gênios de lufa-lufa e ele não estava com vontade de decepcionar a opinião alheia, suas notas eram regulares, mais por falta de esforço do que por incapacidade, o que sempre o salvava é que mesmo que suas notas teóricas fossem horríveis, quando se tratava da parte prática ele era assombrosamente poderoso.

Quando o professor chegou, uma imitação barata do ex-diretor de Hogwarts e professor de poções Severo Snape, as conversas terminaram, Yukito começou a fazer suas anotações – mesmo que o professor nem tivesse começado a aula – e Fay fez o que sempre fazia em todas as aulas teóricas: pequenos animais de papel.

Foi quando a porta abriu e um brutamonte entrou xingando meio mundo, a bolsa dependurada em um único ombro estava meio aberta e mostrava dois livros socados às pressas, prestes a sair dela e explorar o mundo por conta própria. As roupas estavam uma bagunça, havia manchas de barro e grama nas calças e no rosto moreno, os cabelos negros apontavam para todos os lados, alguns fios caindo sobre os olhos vermelhos, suor pingando de seu rosto.

—Suwa – o professor chamou com irritação – Atrasado. De novo.

O menino se endireitou, a respiração ofegante enquanto encarava o professor com uma expressão mal-humorada.

—O time estava treinando hoje cedo.

Não era uma desculpa, porque Kurogane Suwa não era do tipo que se desculpava, era mais um lembrete, o torneio de quadribol estava perto da grande final e como goleiro oficial e capitão do time ele precisava treinar, afinal a taça não viria para sua casa sozinha. Com relutância o professor deixou que ele entrasse, por mais que odiasse admitir, não podia castigar um jogador tão brilhante – mesmo que a única coisa em que ele fosse brilhante fosse o quadribol.

—Como eu disse, exibidos. E imundos – Fay comentou quando Kurogane passou perto da mesa deles – Céus, será que ele não sabe usar um sabonete?

—O que foi?

Kurogane parou, furioso. Não era a primeira vez, desde o primeiro dia aqueles dois tinham se estranhado, seus temperamentos eram muito diferentes, assim como seus defeitos e qualidades. Kurogane era sincero e forte, impulsivo e insensível, sempre conquistando com brutalidade, péssimo quando se tratava de poções de cura, mas ótimo para feitiços de combate. Fay era astuto, mentia com tamanha convicção que era difícil saber quando ele estava falando a verdade, sempre pensava antes de agir e tinha cuidado especial ao tratar das pessoas sendo doce e gentil com quem gostava e implacável com quem odiava.

O chapéu seletor tinha escolhido Grifinória para Kurogane porque viu nele o guerreiro brilhante e fiel, e deixou Lufa-lufa para Fay porque foi o que o garoto pediu. No dia da escolha, o chapéu realmente achou que o garoto ficaria melhor em Sonserina. E talvez se o loiro tivesse aceitado, o ódio entre os dois homens não traria tanta repercussão, havia todo um histórico de briga entre as duas casas, entretanto quem ficava bravo com a casa de Lufa-lufa?  Eles eram tão adoráveis com seus sorrisos gentis e tranquilos.

—Vocês dois, sem brigar, senão vou dar detenção para os dois – o professor avisou com cansaço.

—A gente resolve isso mais tarde – Kurogane jurou baixinho, indo para seu lugar.

—Sempre que quiser, Kuro-dog – o loiro provocou, recebendo um olhar de advertência de seu amigo pálido.

No fim eles não resolveram nada, a aula demorou mais do que o normal e quando terminou os dois alunos de Lufa-lufa deslizaram graciosamente para fora de suas carteiras e se dirigiram para o refeitório, ignorando os brutamontes que apareceram na porta para buscar seu capitão.

—Um cachorro mal-humorado e sua matilha fedida – Fay comentou baixinho com Yukito assim que o último jogador passou por eles.

—Não devia provocá-lo tanto, ainda mais quando ele já está tenso por causa do jogo. Um dia ele vai perder a cabeça – o outro avisou sério.

Não houve resposta, apenas um sorriso triste que passou despercebido quando certo chefe dos monitores passou por eles deixando um pequeno cumprimento para o garoto menor.

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“-E o maior jogador de todos os tempos finalmente alcançou o pomo de ouro. Ele é um apanhador incrível! E ele ganhou o jogo! Lufa-lufa é a grande campeã do torneio das casas, por 160 à 130 contra Sonserina!

Fay riu, correndo para o irmão gêmeo que descia da pequena vassoura de brinquedo, mãos para o alto comemorando a vitória. Os dois meninos estavam sozinhos no imenso jardim da mansão Fluorita, desde que ganhara a vassoura jogar quadribol imaginário tinha se tornado a brincadeira preferida de Yui e Fay acompanhava cegamente o irmão, narrando suas diversas aventuras como apanhador. O abraço foi meio sem jeito e eles acabaram caindo, rindo ao rolar pela grama até que Yui parou quando finalmente chegou na sua posição preferida: metade do corpo jogado sobre o corpo do outro, a cabeça repousando no peito do irmão, podendo ouvir o coração bater em sincronia com o seu.

—Jogo difícil esse, hein? – Yui comentou tomando a mão do irmão na sua e a segurando com força – Por que meu time foi tão mal?

—Eu deixei eles fazerem 10 pontos – Fay respondeu – Eu achei que fui muito bonzinho permitindo isso.

Yui riu com gosto, não importava a brincadeira, Fay sempre o fazia ser o melhor, aquele que salvava o dia.

—Fay.

—Sim?

—Nós vamos juntos para Lufa-lufa, né? – perguntou apertando a mão do irmão ainda mais.

—Claro, ninguém vai nos separar. Fora que o papai disse que se você pedir de todo coração, o chapéu seletor deixa você ir para a casa que quiser.

—Eu quero ir para Lufa-lufa – Yui gritou para o céu – E quero ganhar o torneio de quadribol!

—Você vai – Fay garantiu acariciando os cabelos dourados do outro.

—Fay, você tem que me prometer que vai estar lá quando eu ganhar. E que vai me abraçar e erguer a taça comigo – Yui pediu muito sério.

As duas crianças se encararam, semblantes felizes e cheios de promessas, Fay estendeu o dedo mindinho, Yui aceitou prontamente. Uma promessa de dedo mindinho jamais deveria ser quebrada.

—Fay.”

—Fay…

—Fay!

O loiro piscou, a realidade voltando para seus olhos em questão de segundos, o barulho dos gritos, a agitação da torcida, a chuva fininha que regava os jogadores. E a expressão horrorizada de Yukito.

—Yuki, o que foi?

Ele ficou de pé, varinha em punho pronto para defender o amigo do que quer que fosse, um pouco tarde demais ele percebeu Touya junto de seu amigo, o semblante estoico e sério como sempre.

—Kurogane está sendo azarado – Yukito gritou tentando vencer o som dos gritos – Alguém está trapaceando!

Fay procurou o brutamonte entre os jogadores e teve que concordar, realmente havia algo muito suspeito na posição de Kurogane em cima da vassoura, além da pequena linha sanguinolenta que escorria de sua testa.

—Ele está sangrando? – o loiro pediu sem saber se o que ele via era real.

—Ele está resistindo à azaração enquanto presta atenção no jogo – a voz grave de Touya surgiu – Porém a magia é forte demais para ser ignorada como ele está fazendo, se ele não sair agora, ele vai continuar sangrando até perder os sentidos.

O loiro balançou a cabeça demonstrando que entendia.

—Bem, ele deveria desistir.

E voltou a se sentar.

—FAY!

Ele pulou no banco, olhando para o amigo com assombro. Yukito nunca ficou bravo com ele antes, não para valer.

—O que?

—Você não vai fazer nada? – o pequeno berrou incrédulo.

—Por que eu faria? Aquele é o Kuro-cadela fedida, eu não sou sua babá para salvar sua bunda só porque ele está sendo azarado – protestou chateado.

Um sorriso sombrio pairou nos lábios de Yukito e Fay recuou instintivamente, assim como Touya. Para o inferno quem disse que o pequeno era sempre doce e incapaz de matar uma mosca, quando estava furioso até mesmo Voldemort parecia uma garotinha assustada perto dele.

—Fay D. Fluorita. Você vai interromper aquela azaração. Agora!

Fay engoliu em seco, ele odiava ser mandado, mas era inteligente o bastante para obedecer quando sua vida estava em risco. A contragosto, ele apontou sua varinha em direção ao jogador evocando alguns feitiços de proteção e de quebra de barreira, foi nítido quando a magia funcionou, como se um enorme peso fosse tirado de seus ombros Kurogane pode finalmente se deslocar e o jogo tomou outro rumo, dando uma vitória fácil para Grifinória.

O loiro passou o resto do jogo de mau-humor, sem se importar com o silêncio incomodo que se estabelecera entre os três homens. O tal Touya parecia completamente fora de lugar, às vezes olharia um tanto assombrado para Yukito, antes de desviar a atenção de volta para o jogo, cada vez que isso acontecia o garoto de cabelos cinza diminuía ainda mais no banco. A situação era tão tola que Fay se deu por satisfeito, antes que o jogo terminasse ele ficou de pé, parando bem na frente do chefe dos monitores e atraindo sua atenção.

—Sabe, esse cara – e apontou para Yukito – É a melhor pessoa que eu já conheci. Ele é realmente bom e se importa mais com os outros do que consigo mesmo. Você é um idiota se vai ficar com medo dele só porque ele mostrou que pode lutar pelo que quer.

—Eu não… – Touya começou surpreso com o discurso enérgico que ele definitivamente não estava esperando.

—É difícil ter alguém tão incrível ao lado, então vê se aproveita porque se você não quer, eu quero.

E saiu sem esperar uma resposta ou os protestos envergonhados do seu melhor amigo. Ele tinha mentido, não completamente, ele realmente achava tudo aquilo do outro garoto, mas decididamente ele não fazia seu tipo.

O som dos próprios passos ecoando pelos corredores desertos foi o único som que o acompanhou e por um instante ele achou que choraria bem ali. Ele odiava quadribol.

Os dias seguintes foram de agitação e comemoração, a vitória estava fresca nos rostos da casa de Grifinória, as provas finalmente tinham terminado e o cheiro de férias trazia boas recordações para todos. Ou quase todos.

Numa tarde particularmente vazia Yukito encontrou Fay na biblioteca enterrado num livro de história da Magia, ao seu lado havia um moreno silencioso e estoico, ao que tudo indicava as palavras do loiro tinham realmente tocado Touya e agora ele acompanhava Yukito para cima e para baixo sempre que podia, havia alguns rumores sobre a inesperada união, porém nada estava realmente oficializado – mesmo depois que Fay encontrou os dois se agarrando na sala dos monitores.

—Vamos dar uma volta. Quer vir? – Yukito sugeriu com alegria.

—Desta vez não. Eu realmente quero ler esse livro – e sorriu para o amigo com carinho, era bom ver Yukito feliz, aquecia seu coração – Mas não volte tarde, se não terei que te procurar e eu prefiro guardar para mim a informação que agora vocês têm seus pequenos momentos ardentes na torre de poções.

—Fa… Fay! Eu não sei do que você está falando – Yukito negou corando até as orelhas.

Com um sorriso sapeca o loiro pegou em sua bolsa um pequeno broche com o símbolo da casa de Corvinal envolto pelo símbolo que identificava o chefe dos monitores. O casal corou junto, Yukito ficando insuportavelmente vermelho e um leve rubor tomando as bochechas do moreno. Sem dizer uma palavra Touya estendeu a mão, recebendo o broche com toda a dignidade que ele conseguiu reunir, o que não era lá muita coisa.

—Bom passeio – Fay desejou rindo para os dois antes de voltar sua atenção para o livro.

Foi só quando a noite estava tocando o céu e a biblioteca estava praticamente vazia que Fay foi novamente incomodado, desta vez por um brutamonte de cabelos negros e olhos de sangue que segurava com imponência a taça recém-conquistada como se fosse a coisa mais importante do mundo.

—Hey, idiota – Kurogane chamou no que ele pensava ser uma saudação amigável.

—Uma cadela longe da sua matilha – Fay comentou encarando o outro abertamente – Um tanto raro de se ver, não?

Rugas brotaram na testa do maior, seus ombros tremendo com o insulto.

—Eu não vim para brigar – ele cuspiu.

—Então é melhor dar meia volta, enfiar o rabo entre as pernas e me deixar quieto, como um bom cachorro.

Se encararam, havia tanto ódio na história deles que mesmo que os dois quisessem, nunca seria fácil manter uma conversa civilizada, ainda mais quando Fay era mestre na arte de provocar e Kurogane tinha a menor paciência do mundo.

—Imbecil, eu só vim agradecer.

Foi então que pela primeira vez em toda sua vida o loiro ficou sem palavras, pego desprevenido com a afirmação.

—Você o que? – exigiu ainda incrédulo.

—Eu… vim agradecer – Kurogane soltou envergonhado, ele não foi feito para uma coisa daquelas, mas já que estava lá, ele podia ir até o fim – Por ter feito aquilo. No jogo. Não que eu precisasse, nós íamos ganhar de qualquer jeito. Mas… Obrigado.

—Não fiz por você – Fay se apressou em informar.

—Eu sei. Mesmo assim, obrigado.

Continuaram se encarando, o loiro ainda sem acreditar no que estava acontecendo e o moreno buscando coragem para a segunda coisa que o tinha trazido ali.

—Eu sinto pelo que aconteceu com seu irmão – o maior murmurou surpreendendo ainda mais o outro – Eu e o time concordamos que isso deve ficar com você – e estendeu a preciosa taça.

—O que acha que está fazendo?

Fúria invadiu os olhos azuis como Kurogane nunca tinha visto antes, magia começou a fluir para fora do loiro, tornando o ambiente insuportavelmente frio e eletrizado.

—Um prêmio de consolação? Uma bugiganga dourada para o garoto que perdeu seu irmão gêmeo por causa de um jogo de quadribol estúpido? Pegue seu maldito troféu e saia da minha frente.

—Não é isso – Kurogane corrigiu nervoso – Não estamos zombando da morte do seu irmão. Inferno, acha que somos tão idiotas assim?

—Eu sei que vocês são.

—Olha, é nossa tradição! – Kurogane revelou com certo desespero – Todo ano um jogador escolhe alguém que amou quadribol e que não está mais conosco e nós jogamos por essa pessoa, se ganharmos entregamos o troféu, se perdemos cada jogador entrega algo importante que o ajudou em algum momento durante o jogo.

—Isso é ridículo!

Fay não queria falar sobre aquilo. A morte do irmão era seu assunto tabu, nem mesmo Yukito se atrevia a tocar naquela parte do passado de Fay. Kurogane não tinha o direito de tocar naquela ferida!

—Faça o que quiser com ele – e entregou a taça – A partir de agora não pertence mais a Grifinória.

Por mais tolo que fosse, a última frase clicou dentro da cabeça do loiro e ele finalmente descobriu o mistério que cercava as taças conquistadas pelo time da Grifinória e que depois de algumas semanas sempre sumiam e nunca mais eram vistas.

—Quem? – ele pediu quando Kurogane já estava de pé para ir embora.

—Desculpe?

—Quem escolheu meu irmão? – pediu numa voz morta.

—Isso importa? – a voz do moreno estava cansada, aparentemente era um assunto delicado para ele também.

—Só me diga quem… Por favor – implorou.

—Um cachorro imundo que pensou que valia a pena fazer algo assim por você.

Silêncio.

Uma lágrima solitária caiu do olho azul direito.

—Nós podemos parar de brigar? Por favor? – Kurogane pediu – Eu estou cansado de lutar contra você.

Outra lágrima.

—Eu preciso de uma resposta Fay.

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“-Hei, Fay, eu não entendi essa parte.

Yui estendeu o livro para seu irmão, esperando com os olhos curiosos para uma das brilhantes explicações que seu gêmeo sempre carregava.

—Fomos feitos para mudar o mundo e tocar o coração das pessoas. Eu mudei seu mundo quando você tocou meu coração – Fay leu – Bem, acho que o autor quer dizer que quando alguém faz algo muito bonito por você essa pessoa também está te dando o direito de mudar a vida dela para melhor ou para pior.

—Por que alguém faria isso?

—Porque talvez você tenha tocado o coração dessa pessoa também e ela queira deixar sua vida mais feliz.”

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—Eu… Também estou cansado de brigar – Fay revelou.

—Nós… Podemos fazer algo juntos? – o moreno pediu com cuidado – Tipo, jogar xadrez bruxo ou algo assim?

—Se jogarmos, vamos acabar brigando, você é um péssimo perdedor – Fay brincou com suavidade.

Desta vez Kurogane não reclamou da brincadeira.

—Por que não me ensina a fazer um daqueles bichinhos de papel então? Tenho uma irmã mais nova que adoraria ter um daqueles – Kurogane pediu com determinação.

—Isso pode levar tempo – o loiro avisou – Tem que usar magia para que eles se movam.

—Tudo bem. Algumas pessoas valem a pena meu tempo.

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O grito da torcida, a energia quase luxuriante que circundava o campo. Touya agarrou ainda mais a mão do pequeno menino pálido ao seu lado, impedindo que a multidão o arrastasse para longe, com um sorriso de agradecimento Yukito deixou parte do seu corpo colado ao corpo forte do outro, suspirando ao sentir o odor de colônia e suor. Um ano juntos, vendo lado a lado pela segunda vez a final do torneio entre as casas ser vencida pela poderosa Grifinória.

Perto deles e intocado pela multidão – um dia desses Yukito finalmente descobriria que feitiço Fay usava para repelir a torcida enfurecida – um loiro olhava o campo com evidente orgulho, seus olhos nunca perdendo de vista o capitão da Grifinória. Que nesse momento olhava diretamente para o loiro, ignorando por completo seus colegas de time que exigiam a presença do capitão para receber a taça. Um sorriso nada inocente foi compartilhado e o capitão riu.

Que a taça fosse para o inferno, quem precisava daquilo quando tinha um prêmio muito melhor o aguardando? Afinal, mesmo que ele não gostasse de estereótipos, ele tinha que confessar: nada superava a beleza da casa de Lufa-lufa.

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—Wow, isso foi incrível.

—Você parece feliz, Wa-ta-nu-ki.

—Eu quero jogar quadribol! Eu tenho certeza que posso vencer esse jogo. Vou ser um apanhador muito bom.

—Parece que gostou desse mundo.

—Claro que gostei. Eu com certeza ficaria em Hogwarts.

—Você tem certeza que não recebeu uma coruja ainda?

—Hã, como assim?

—Detalhes… E em que casa você acha que ficaria?

—Corvinal, é claro. Eu sou inteligente o bastante. E a Himawari ficaria em Lufa-lufa, ela é tão linda.

—Doumeki-kun seria de que casa?

—Aquele idiota orgulhoso? Por que eu tenho que saber?

—…

—Não faça essa cara. Eu odeio aquele idiota. Ele deveria ser da Sonserina!

—Se é o que você diz. Pronto para voltar para casa?

—…

—Watanuki?

—Talvez… Eu queira aprender um pouco mais. Talvez mais um mundo seria bom.

—Tão previsível, Wa-ta-nu-ki.


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Notas finais do capítulo

E é isso! Próximo capítulo na quinta feira. E se sintam livre para comentar, dar um oi. Um simples comentário deixa a vida bem mais bonita tá.



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