Adrien

Eu não tinha motivo nenhum para acordar animado naquele dia. Seria só mais tortura com aulas e eu não poderia ver ninguém. Já não aguentava mais aquela prisão de solidão. Porém, eu estava enganado. Algo muito bom aconteceu.

Lila estava morando conosco já que futuramente seria minha esposa. Eu já estava me acostumando com a ideia de me casar com ela, mas ainda não apoiava. Mesmo assim, contanto que pudesse ver Ladybug à noite na floresta para mim estava ótimo. Isso aliviaria qualquer infelicidade que ter que aturar a duquesa proporcionasse. Mas o que eu não esperava é que um dos funcionários tomaria meu partido.

Eu estava a caminho do café da manhã, que não era exatamente o meu momento do dia favorito. Meu pai nunca estava lá, se não fosse pelos empregados, eu tomaria café sozinho. Parecia mais solitário ainda quando a casa era grande, fica a dica para não morarem sozinhos em um palácio. Mas até que de uns dias para cá, o cenário mudou um pouco. Lila comia todo dia comigo. Era horrível.

Ela não era legal e tratava os funcionários como se fossem inferiores a ela. Todos são iguais e precisa haver respeito. Resumindo, ninguém gostava dela. Só meu pai, e só porque ela era uma duquesa e não conhecia-a por completo devido a dedicar-se muito ao governo. E ele nem estava entre os melhores reis deste país!

Ou seja, eu me surpreendi quando vi meu pai à mesa junto de Lila. Havia algo diferente nela, eu pude ver. Ela parecia feliz, carismática e gentil. Pensei que era porque o rei estava vigiando.

Fiquei tão surpreso quanto o moço que nos servia. Eu conhecia todos os empregados porque eles eram o mais perto de relações sociais que eu possuía até conhecer Ladybug. Havia um garçom em questão que era mais próximo de mim do que dos outros, era justo esse que estava presente servindo a Lila e o rei. Pelo que pude notar, ele estava tão surpreso quanto eu em ver meu pai ali.

—Rei Gabriel, seu filho chegou – ele falou assim que me viu

—Olá, Adrien. Junte-se a nós. - disse meu pai

Eu me sentei.

—Meu filho, o que lhe preocupa? - falou por ver minha expressão desanimada

—O mesmo de ontem. Não quero casar com Lila!

—Mas o Duque Rossi é dono de muitas fazendas meu filho, é uma ótima oportunidade. E além do mais, Lila está sentada ao seu lado. Poderíamos discutir isso depois? - perguntou um pouco envergonhado

Nino, o garçom que nos servia, resolveu dar um palpite. Devo-o muito por essa ideia genial. Ele, dentre os funcionários, era o meu melhor amigo.

O pai dele trabalhava para a nossa família há bastante tempo, então ele alistou-se aqui também e, em honra ao pai dele, aceitamos o homem sem nem avaliá-lo. Eu já tinha contado-lhe sobre a Ladybug e a floresta, ele sabia também o motivo de eu não querer casar com Lila. Ela não era legal, mas Nino sabia como eu era obediente.

—Vocês deveriam fazer um baile. Chame todas as donzelas solteiras que tiverem interesse em conhecer o príncipe, se uma mais legal for achada, Lila pode ser substituída. - disse hesitante, temendo a reação do monarca

—Ei! Eu ainda estou aqui! - reclamou Lila

—Não se preocupe duquesa, você terá a chance de conquistar meu filho no baile como todas as outras moças. Nino, chame a Nathalie, ela cuidará de espalhar a notícia.

Eu não acreditei no que estava ouvindo. Eu não me casaria com a Lila! Obrigado Nino.

Marinette

Eu não tive tanta sorte como no dia anterior. Só acordei quando os sinos tocaram. Estava dormindo feliz, tendo um sonho ótimo. E aqueles sinos desgraçados me acordaram. Quem dera pudesse ser real… Eu sonhava que meu pai e minha mãe eram vivos e nós almoçávamos juntos. E Chat Noir estava lá também, rindo ao lado de minha família. Só de lembrar eu já sorria involuntariamente.

Todavia, os sinos tocaram e eu acordei assustada. Novamente, não consegui levantar-me e arrumar-me. Por sorte, não segui o mesmo roteiro de ontem e escovei os dentes antes de dormir, ou seja, depois de ver Chat Noir.

Eu não tinha direito a itens de higiene pessoal, porém não pense que eu roubava os que tinha. Já era uma adulta e sabia o que era correto ou não. Chat Noir me ajudava nessas mínimas coisas, ele era tão atencioso… Quando eu contei a ele o meu problema, obviamente não citei nomes, ele se propôs a me ajudar. Eu neguei por querer me livrar só, entretanto os presentes vieram do mesmo modo.

Eu achei que Audrey e Chloé encher-me-iam de tarefas como sempre faziam, mas dessa vez pediram algo para mim que eu realmente me senti lisonjeada.

—Por que demorou tanto?! - Chloé reclamou comigo

Eu resmunguei baixinho, irritada.

—Chloé, para de drama. Olhe para isto, Maridiota. - minha madrasta ordenou, irritada

Audrey deu-me o jornal da manhã e imaginei que ela quisesse que eu lesse a manchete da primeira página.

PRÍNCIPE ADRIEN REALIZA BAILE ENTRE AS MOÇAS SOLTEIRAS PARA ESCOLHER A ESPOSA

Não entendi. Por que deveria me importar com isso? Eu não conhecia o herdeiro, provavelmente era um mauricinho que pensava ter várias aos seus pés, só porque era um príncipe. E além disso, era o Chat Noir de quem eu gostava.

—Você vai costurar um vestido para a minha filha. O baile será semana que vem e é bom que seja lindo o bastante para chamar atenção do príncipe. - ordenou Audrey em tom de ameaça

Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. Pela primeira vez, fui encarregada de uma tarefa divertida! Afinal, sempre gostei de costurar e criar roupas. As duas sempre disseram que meus modelos eram horríveis, era mais uma prova de sua falsidade.

—E terá o dia de folga para que consiga encontrar um no prazo.

Eu fiquei tão feliz… Teria um dia de folga e faria algo que eu gostava! E de repente príncipe Adrien era meu monarca favorito. Ri com a conclusão do pensamento.

—Obrigada! Obrigada! Obrigada! - abracei as duas sem perceber o que fazia

Elas empurraram-me e brigaram comigo, mas eu nem ouvi. Só saí correndo para fora da casa ansiosa para criar o mais belo entre os vestidos de gala. Saí de pijama mesmo, acebei nem percebendo devido à minha falta de tempo. Fiquei o dia inteiro passeando. Qualquer ódio que eu tinha da Chloé morreu naquele momento. Ela usaria o vestido mais fantástico de todos os tempos!

À noite, Chat Noir percebeu minha animação toda.

—O que foi My Lady? - ele me perguntou com um sorriso – Finalmente percebeu que somos feitos um para o outro e resolveu aceitar meus sentimentos? - ele chegou mais perto

Aquela proximidade me deixou toda arrepiada, era capaz de eu desmaiar.

—É-é c-claro que não. - eu disse corada enquanto empurrava ele para longe – Estou feliz porque minha madrasta e irmã postiça me deixaram costurar o dia todo.

—Que bom, parabéns. - comemorou – Talvez elas tenham um lado bom. - concluiu pensativo – Porém desde quando elas são assim?

—Desde que aquele metido do príncipe Adrien. - ele ficou triste ao ouvir isso, talvez fosse ciúmes – achou que toda e qualquer uma faria qualquer coisa para casar com ele, só porque é um príncipe. E por isso dará aquele baile. - concluí com descaso – Os alfaiates estavam sobrecarregados.

—Sorte sua. Mas quanto ao baile, há algo que preciso te falar… - ele falou hesitante e inseguro

—O que é?

—O príncipe Adrien não acha que todas as jovens estão aos seus pés só porque é um príncipe, ele só queria uma em especial… - ele disse sonhador, mas um pouco triste

—E como pode saber disso? - arqueei as sobrancelhas

—Porque eu sou o príncipe. Obrigar-me-iam a casar com a duquesa Lila Rossi! Conseguimos essa chance, não a jogue fora. Vá ao baile, posso te apresentar ao rei. Ele adorar-lhe-á assim que ver a pessoa maravilhosa que é. Então nós casar-nos-emos e seremos felizes. - ele sonhava acordado

Eu estava boquiaberta, Chat Noir era o príncipe Adrien?! Não sabia mais o que pensar. E ele me chamou para ser a rainha da deste país ao seu lado! A única coisa lógica que fiz foi dizer:

—Estarei lá.

—Estou à sua espera, My Princess. - e eu sorri junto dele.