Roundabout escrita por Mothra


Capítulo 1
Uniqué — ◆


Notas iniciais do capítulo

Gente, oi. HUIASHUI Escrever essa fic foi um verdadeiro desafio, porque fazia muito tempo que eu não escrevia pra valer e céus, fui pegar logo esse ship difícil de escrever para fazer meu comeback. Escrevi de ontem para hoje, fazendo pausas enormes porque tenho a concentração de um avestruz (me disperso fácil, sos) e espero, do fundo do meu coração que vocês gostem. Já aviso que o Mihawk pode estar um pouco (talvez muito) ooc, mas descrever a personalidade desse gostoso é difícil pra caramba, então, dê um desconto e perdoe a autora, ok? Ok.

Sem mais delongas, boa leitura. Nos vemos lá embaixo. ♥



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Boa Hancock era a Imperatriz de Amazon Lily e odiava cada vez que aquelas cartas convocatórias chegava às suas mãos, geralmente entregues por ninguém menos que a Anciã Nyon, aquela velha agourenta e intrometida. Sempre vinham com um sermão quando ela dizia que recusaria a sair da ilha das amazonas. Que o destino de todas que ali moravam estavam nas mãos dela, e que sua posição como Shichibukai era o que mantinha a segurança daquele país.

Isso não a impedia de se queixar, de ir para a sede do Governo Mundial a contragosto. Era uma obrigação que detestava, mas que faria pelo bem de todas ao colocar seus medos e caprichos de lado. Pisar em Mariejoa ainda causava sensações ruins em Hancock, a lembrança dos anos de terror ali passados como escrava junto de suas irmãs vinha fresca em sua mente. Com o passar do tempo, conseguiu controlar os ataques de pânico que a assolavam sempre que era chamada ali, tudo o que sentia agora era o estômago revirar.

Quando o navio Kuja atracou no porto, vários marinheiros de diversas patentes vieram recebê-la, logo formando uma multidão de homens ensandecidos e tomados por seus desejos perversos e distorcidos, que a enojavam. Seu humor já não estava tão agradável por ser arrastada até ali após vários dias navegando, não teria paciência para aturar bajulações de homens asquerosos.

— Sumam da minha frente. – disse com um tom cortante, ao fuzilá-los com o olhar.

Grande parte da multidão foi intimidada por ela, mesmo achando-a linda mal-humorada. Deixou-se conduzir pelos marinheiros que a acompanhavam até o salão de reuniões que ficava do lado externo do grande palácio que se estendia em vários andares. Era ali onde os reis moravam. Ali onde o Gorousei se encontrava. E onde os Tenryuubitos viviam. Sentiu o peito se fechar, como se o ar fosse todo arrancado de seus pulmões. Parou por alguns segundos, levando a mão ao peito e respirou fundo, repetindo algumas palavras mentalmente, certificando-se que era livre e que jamais serei uma escrava novamente. Os homens que a acompanhavam perguntaram se ela estava bem, apenas gesticulou com uma das mãos e os mandou cuidar de suas próprias vidas.

Após longos minutos de caminhada silenciosa durante a qual tomou seu tempo para refletir sobre o motivo daquela reunião, os marinheiros pararam. Estavam em frente à porta do salão que jazia fechada. Dirigiu a palavra para nenhum deles em especial.

— Sou a primeira a chegar?

A resposta veio do outro lado da porta que era aberta por um homem alto de rosto austero e olhos penetrantes.

— Não, eu cheguei primeiro. – a voz familiar não transmitia emoção alguma.

Os oficiais da Marinha que a flanqueavam se empertigaram diante da visão dele. A Imperatriz Pirata ergueu o rosto para ver o dono da voz que lhe dirigiu a palavra de forma tão displicente. Não era surpresa alguma Dracule Mihawk ter chegado primeiro que todos os outros, sempre que respondia às convocações, fazia questão de se dirigir diretamente para aquele local e aguardar o restante dos Shichibukais e quem os chamara.

— Entre. – o tom era de fria cortesia, enquanto abria espaço para mulher.

Ela o avaliou com um olhar analítico que foi da cabeça, trajado naquele chapéu característico adornado com uma pluma, a barba delineada no rosto quadrado. Desceu para o colar cujo pingente era uma enorme e pesada cruz; o peitoral de músculos altivos e delgados exposto pela camisa aberta – até os pés. Voltou a encará-lo naqueles olhos perturbadores.

— A presença de vocês não é mais necessária. – os dispensou com o gesticular da mão.

Os homens saíram cabisbaixos, pois queriam mais da companhia da mulher mais bonita do mundo. Ela, por sua vez, queria sair daquele lugar abominável o quanto antes. Atravessou pelo espaço deixado por Mihawk e adentrou a sala, sem se dar ao trabalho de agradecer pela cortesia – não era do seu feitio agradecer por nada –, andando em passos firmes até uma das cadeiras que circundavam aquela enorme mesa. Sentou-se do lado oposto onde julgou que o Olhos de Falcão estava sentado, uma vez que na outra extremidade da sala a Espada Negra estava recostada na parede. O espadachim fechou a porta atrás de si e foi até onde estava sentado, exatamente na frente da amazona.

Apenas a mesa e um silêncio lúgubre os separavam.

Sentada de pernas cruzadas, Hancock passava as mãos pelo qipao¹ azul-turquesa estampado com a jolly roger das piratas Kuja em branco – verificando se havia alguma parte amarrotada. Não trouxe consigo sua cobra de estimação Salomé, deixando-a com as irmãs Sandersonia e Marigold. Aos poucos era tomada pelo tédio, já que tinha chegado bem antes do previsto para a reunião e percebeu que o outro sequer prestava atenção nela, ao contrário, após tirar o chapéu e depositá-lo sobre a mesa, estava concentrado ao ler o jornal do dia. Tomou seu tempo ao observá-lo, intrigada pelo fato dele não ser afetado por sua beleza estonteante como a maioria dos outros homens era.

Decidiu atrair a atenção do homem para si.

— Você sabe o motivo dessa convocação estúpida? – disse, após um suspiro pesado. Jogou as mechas do cabelo para trás daquele jeito sedutor que fazia os homens desmaiar. Apoiou o cotovelo na mesa, e descansou o queixo na palma de sua mão.

Mihawk nem ergueu os olhos do que lia.

— Não. – respondeu, curto e direto.

Hancock rolou os olhos. Endireitou o corpo, recostando-se na cadeira ao cruzar os braços e bufar, em irritação. De cenho franzido, virou o rosto para o lado. O espadachim a avistou de soslaio, sem parar de ler. Realmente não sabia a razão pela qual foram chamados ali, mas desconfiava – era um homem inteligente e rápido em deduzir as coisas.

— Talvez seja por causa disso. – proferiu, dobrando o jornal antes de jogar na direção dela. – O pirralho de Shanks e sua tripulação causando problemas novamente.

Estreitou os olhos azuis para ele quando o jornal pairou em sua frente, indagando-se a respeito da audácia alheia, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, viu a imagem de Dressrosa que tomava a página inteira e a manchete:

O bando do Chapéu de Palha ataca novamente.”

Puxou o papel para perto, enquanto os olhos corriam pela notícia do que ocorrera em Dressrosa e também as declarações sobre a aliança entre Trafalgar Law e Monkey D. Luffy, e também sobre a deserção do Cirurgião da Morte do cargo de Shichibukai; Donquixote Doflamingo fora exonerado do cargo ao ser preso pela Marinha por ter dado um golpe de estado contra o rei Riku e usufruir de sua posição e influência para fazê-lo. Não conseguiu evitar um sorriso sincero e apaixonado ao ver o cartaz de procurado de Luffy, com a recompensa aumentada para quinhentos milhões de berries.

E enquanto estava distraída, Mihawk direcionou toda sua atenção para a mulher, como se conseguisse ler através de cada emoção demonstrada naquele rosto de traços graciosos. Nem mesmo o brilho nos orbes celestes passou despercebido ao Olhos de Falcão. Mais uma vez presenciou o poder que o protegido de Shanks tinha; aquele poder que era superior a todos os outros e que ele notou em meio à Guerra dos Melhores – o poder de reunir aliados em situações inusitadas.

— O que você quer dizer com isso? – disse, não se permitindo perder a compostura, ao jogar o jornal onde o campo de visão alheio pudesse alcançar.

A postura altiva foi retomada por Hancock enquanto o olhava, fazendo a própria mente trabalhar enquanto digeria tudo o que tinha lido. Já tinham se tornado um grupo menor desde a saída de Crocodile, seguida pela saída de Jinbei. Marshall D. Teach e Gecko Moriah também saíram. E agora com a deserção de Trafalgar Law e a prisão de Doflamingo, o grupo estava mais desfalcado do que nunca, mesmo com a adição de Buggy, o Palhaço Estrela e Edward Weevil, o suposto filho de Edward Newgate, o Barba Branca.

— Não é óbvio? A prioridade de Fujitora é abolir os Shichibukais. – apesar da declaração, não aparentava estar alarmado ou preocupado. Algum tipo de satisfação masculina se apoderou dele ao ver que recompensa de Roronoa Zoro também havia aumentado.  – E a prioridade de Akainu é coletar a cabeça de Monkey D. Luffy e Trafalgar Law.

— Luffy é o homem que será o Rei dos Piratas! – exclamou, batendo com uma das mãos sobre a mesa ao se erguer.

A curiosidade tremeluziu nos olhos de Mihawk.

— Qual a sua relação com o Chapéu de Palha? – indagou.

A pergunta a pegou desprevenida. Tão desprevenida que fez toda aquela postura imponente da Imperatriz Pirata cair por terra, e dar lugar ao que seriam atitudes de uma adolescente apaixonada.

— Não--... Quer dizer... Não s-somos... – gaguejava com a voz vacilante e estridente. Cobriu o rosto de bochechas enrubescidas com as mãos enquanto andava e se deixava levar por devaneios ao estar no altar, vestida para o casamento. – Sou a noiva dele.

O espadachim explodiu numa gargalhada desdenhosa.

— Desista. Você é velha demais para ele. – comentou, e toda a seriedade costumeira voltou àquele rosto como se ele não tivesse acabado de rir. – Acha mesmo que ele tem alguma mentalidade para romance?

Possuída por uma fúria cega ao ouvir tais palavras, a imperatriz de Amazon Lily deu a volta na mesa numa velocidade espantosa até mesmo para o maior espadachim do mundo. Diante dele, estendeu o braço ao apontar o dedo para o rosto alheio, repousando a mão livre na cintura ao curvar o dorso para trás a ponto de olhar para o teto, tamanho era o seu desprezo.

— Como você ousa... – começou, naquele tom carregado pelo ódio.

— Pare de se iludir, é patético. – não a pouparia.

A mulher precisava daquele choque de realidade.

Tão rápido quanto voltou à postura ereta, a mão de Boa Hancock foi de encontro ao rosto de Dracule Mihawk com a força que a face virar para o lado quando fora atingido. O som estalado do tapa se sobressaiu ao ambiente, e ele se ergueu no ímpeto, massageando o local afetado. A mulher se colocou em posição de ataque instintivamente, e o viu olhando por cima do ombro para a espada que estava encostada na parede atrás dele.

Tinha que reconhecer, a Imperatriz Pirata era mesmo forte. Claro que era, sua posição não era meramente decorativa ali junto dos outros Shichibukais – a tinha visto lutar durante a guerra. Não imaginava que ela viria enfurecida perante a ele apenas por dizer a verdade, e a lateral de seu rosto ardia, possivelmente avermelhada. Não tinha intenção de ataca-la, mas tinha se tornado uma ameaça para a mulher assim que olhou para sua espada e mal conseguiu se posicionar direito para bloquear o golpe que veio em sua direção quando ela girou em seu próprio eixo e com a perna erguida lhe desferiu um chute que acertaria o mesmo local agredido pela mão dela.

Se ele não fosse rápido o bastante para parar o chute com uma das mãos.

Segurou-a com força pelo tornozelo, enquanto ela praguejava e tentava se soltar, encarando-o com aquele furor azul nos olhos que seria capaz de desintegrá-lo caso tivesse a habilidade e oportunidade. Não que fosse admitir em voz alta, mas a mulher era muito mais atraente enraivecida daquele jeito. Puxou-a para si, sem nem pensar nas consequências de seus atos. A morena se assustou com a aproximação repentina entre os corpos – a mão dele soltou seu tornozelo apenas para juntar-se a outra em sua cintura curvilínea. Suas mãos escoravam-se no peitoral alheio, sentindo-o quente demais. Não conseguiu articular alguma frase para intimidá-lo, ou mesmo se afastar dele. Aqueles olhos dourados a fitavam como um falcão, pronto para finalizar sua presa, mas ela era uma serpente.

A Princesa Serpente.

Ela o olhava com uma intensidade que poderia petrifica-lo, percebeu. Uma parte específica de seu corpo começava a endurecer como pedra diante daquela pequena disputa de forças, e a adrenalina correu pelas veias de Mihawk como sangue, esquentando-o. Já não raciocinava com a sensatez de outrora, estava enfeitiçado pelos orbes celestes e por isso a conduziu contra a parede com força, a ponto de fazê-la arquejar com o baque das costas. Não havia palavras para dizer, não tinha frase formulada para justificar o que faria – ela não apresentava objeções também. Hancock estava tão envolvida naquele momento, nas sensações completamente diferentes de tudo o que já havia sentido. O coração estava batendo descompassado, ambas respirações eram curtas e rápidas. Os rostos tão nivelados que sentiam o hálito morno vindo da boca alheia.

Os lábios cheios eram um convite mudo para o deleite, mas mergulhou o rosto na curvatura do pescoço dela, permitindo-se inalar aquele perfume floral e feminil que a pele exalava e que lhe despertava os sentidos de uma forma tão perniciosa. Ela suspirou com o contato cálido dos lábios dele na área exposta e sensível de seu pescoço e aquele som fez o corpo inteiro dele se arrepiar. As mãos dela avançaram para o pescoço dele, envolvendo-o num abraço que aumentava a pressão do corpo dele contra o seu. Estremeceu com o resvalar dos dentes de Mihawk em seu pescoço, ameaçando marca-la – as mãos dele passeavam pelos meandros de seu corpo, tocando-a do quadril até a coxa desnuda pela abertura lateral do qipao, levantando-a para que ela entrelaçasse a perna em sua cintura. A capitã das piratas Kuja o arranhou com força na nuca, fazendo-o grunhir com a voz rouca e gutural que despertou algo adormecido há muito tempo no interior da mulher.

Puxou-o pelos cabelos e ele viu um desejo ardente nos olhos azuis – um desejo crescente, imperioso. Luxurioso. Tomou os lábios voluptuosos dela com os seus, apertando-a na coxa enquanto pendia a cabeça para o lado, dando uma boa posição melhor para o beijo e para as bocas que se conectavam num encaixe perfeito. A língua abriu passagem de forma urgente e exigente ao requisitar pela língua dela e ali iniciar uma batalha sem vencedor. Naquele momento, Boa Hancock percebeu que poderia morrer de prazer; de ânsia em querê-lo para si. Em sentir o que aquela boca perversa seria capaz de fazer em partes específicas de seu corpo. Gemeu em meio ao beijo, emaranhando os dedos nos fios negros ao acaricia-los, e os dedos dele aprofundavam em sua cintura, mesmo com intervenção do tecido. Estavam tão embriagados pela luxúria que iriam até o fim, seus corpos estavam mais do que entregues um ao outro.

Então, a porta foi aberta de rompante.

Assustados, cessaram o beijo abruptamente e se desvencilharam um do outro, espantados. Hancock passou o dorso da mão nos próprios lábios, ao perceber que tinha borrado a boca alheio com seu batom vermelho e o espadachim fez o mesmo nos seus. Levou a mão até o pulso dela e a puxou outra vez, trazendo-a para perto – não o bastante para colarem seus corpos, apenas para sussurrar.

— Isso não acabou aqui, Imperatriz. – não era uma ameaça, e sim uma promessa selada com os olhos dourados enevoados de um prazer obscuro e faminto.

A malícia se manifestou na curva dos lábios cheios e suavemente inchados da Princesa Serpente.

— De certo que não, Olhos de Falcão. – a voz embargada pela arrogância, prepotente como sempre era.

Desvencilhou-se dele para dar a volta na mesa e então se deparar com a pessoa que atuara naquela interrupção impertinente: Buggy, o Pierrô.

— Saudações para a mulher mais bonita do mundo. – a cumprimentou, entre mesuras e firulas.

Não se deu ao luxo de sequer olhá-lo.

— Morra. – disse, com escárnio.

Mihawk também ignorou a presença do Palhaço Estrela e sentou-se novamente. Apesar daquela interrupção, aquela tinha sido uma reviravolta interessante. Mal podia esperar pelo término da reunião para intercepta-la antes de seguirem seus respectivos destinos.


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Notas finais do capítulo

Qipao¹: É aquele vestido estilo chinês, com golinha mais alta e com botões descendo pela linha do ombro e com aberturas laterais.

Eu sei que a maioria de vocês vai querer me matar HSAIUHSIIAH Mas antes, deixa eu fazer alguns agradecimentos. Queria agradecer a Emma por ter pegado no meu pé para escrever essa fic, sério, obrigada por insistir e me perdoa se o resultado não ficou bom o bastante ou do seu agrado. Queria agradecer a Batsu porque ela é uma linda e também me incentivou. Na verdade, todas as meninas do grupo "LuNami & ZoRobin" no wpp; foram umas fofas aguentando minhas perguntas bestas sobre o que eu não lembrava sobre o animangá. Vocês são umas lindas e essa fic é toda de vocês.

E ME PERDOEM, POR FAVOR. E se você leu e gostou, deixe um comentário! Isso fará de mim uma autora feliz e vai me motivar a voltar ao fandom com mais fics desse e de outros casais (estou com ideias para umas 3 fics de OP, socorro). Beijos apimentados e até a próxima. ♥