Nova Geração de Heróis escrita por lauragw


Capítulo 64
Inícios precisam de fins.




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Não tínhamos muito tempo e o peso das nossas decisões caia nos nossos ombros. Eu vi que tudo pode acontecer numa luta onde os propósitos são extremamente diferentes. No entanto eu já estava envolvida de corpo e alma, não havia opções. Eu tinha que lutar e defender meus princípios e era isso que eu fazia.

Deimos era um deus e se movia com rapidez, ele não trocava de forma mais depois da nossa ultima luta. Mas isso não era necessário, eu era um zero à esquerda com uma espada na mão enquanto ele era bem mais experiente. Eu parecia ser a única que tomava uma surra na luta que travara.

Eu não conseguia atacar, o máximo que fazia era me defender e nem isso eu fazia tão bem. Ele avançava cada vez que nossas espadas se chocavam, um tilintar e um passo, um tilintar e um passo, era assim que tudo ocorria na nossa luta. Meus amigos pareciam estar em melhores condições que eu.

Clara e Fobos travavam uma luta equilibrada e bem lutada. Sem qualquer vantagem que Fobos poderia ter e Claro sendo uma ótima espadachim a luta parecia se encaminhar para a vitória da loira. Ai. Fui acertada na barriga de raspão.

- Filho da mãe. – murmurei entre dentes.

Eu continuava me defendendo e eu parecia estar me saindo bem, leia bem, parecia. No mesmo segundo em que eu esbocei um sorriso pelo meu pequeno sucesso, eu já estava no chão. Com uma agilidade impressionante, ele me derrubara. O baque no chão fez com as minhas costas latejassem. Minhas mãos estavam esfoladas por terem tentado evitar que eu me machucasse.

- Perdeu garota. – ele disse caindo por cima de mim.

A espada dele estava grudada em meu pescoço. Seus olhos brilhavam feito carmim, o nariz torto estava bem próximo de mim. Minha espada estava longe demais de mim, com a queda ela tinha sido jogada para trás e agora eu só podia esperar pelo que viria em seguir. Senti quando a lamina entrou em contato com meu pescoço.

Cerrei meus olhos com força e me obriguei a pensar em alguma coisa. Enquanto isso a lamina já forçava a minha pele e eu sentia uma dor aguda, seguida de um liquido quente banhando meu pescoço. Não demorou muito para que eu já não sentisse o peso em cima de mim mais. Ótimo ia morrer sangrando. Levei minha mão ao meu pescoço e o corte por mais que raso, sangrava bastante. Quando senti o toque da minha mão, a ardência foi ainda maior.

Eu não conseguia me levantar, a minha mente rodava assim como minhas pernas estavam fracas e bambeavam sem conseguir sustentar meu corpo. Uma rajada de vento, seca, passou por onde eu estava fazendo com que eu me arrepiasse com o frio. Era ele? Teria tamanha honra de ser buscada por aquele que atendia pelo nome de Senhor dos Mortos?

Outra pergunta invadiu minha mente e sem qualquer controle a fiz em voz alta num sussurro.

- Estou morrendo? – a voz saiu entrecortada, minha boca seca não me deixava falar muita coisa, mas tudo bem a pergunta era pra mim.

- Você não teria tanta sorte. – uma voz conhecida falou isso.

Reprimi a careta que se formou no meu rosto. Por que ele me respondia? Já não era doentio o bastante estar morrendo eu ainda tinha que ouvir ele?

- Por que você ta aqui? – eu perguntei forçando a minha garganta que ardia.

- É assim que você fala comigo? Depois de eu salvar sua vida.

A sua mão quente substituiu a minha no meu pescoço, em seguida vi que um tecido também estava ali tentando estancar o sangue.

- Obrigada. – murmurei sorrindo.

- De nada. – senti seus lábios quentes sobre os meus. – Só que agora você precisa abrir os olhos e concertar esse estrago.

Eu sabia que ele se referia ao meu pescoço. Abri os olhos e encarei suas íris incomuns. Ele sorria e estendia a mão para que eu me levantasse, assim que fiz vi que minha blusa tinha uma grande mancha de sangue e a base do meu pescoço estava avermelhada. Coloquei a minha mão e forcei minha mente a acertar o hino para que eu parasse de sangrar. Na segunda vez que tentei acabei conseguindo.

Assim que foquei meus olhos no que acontecia pude ver que todos os meus amigos já haviam acabado as suas lutas exceto por Oliver e Lizzie. Os cabelos loiros de Lizzie deixavam um rastro de cada movimento que ela fazia. Oliver desviava com precisão.

- Eles lutam bem. – eu comentei breve para Liam que estava do meu lado.

- Pelo menos eles não assumem coisas que não podem. – ele falava e ralhava comigo ao mesmo tempo. – Que nem uma certa garota.

Sorri pra ele e beijei a sua bochecha. Flávia, Dan, James e Clara se aproximaram da gente e ficaram assistindo a luta dali. Assim como todos os dois lados. Se a cidade ainda se mexesse a situação podia ser estranha. Mais de cem pessoas de cada lado esperando que duas pessoas, na verdade dois adolescentes lutassem.

- Eles têm um grande peso nas mãos. – respondi pra Liam. – Eles estão assumindo uma coisa que um dos dois não vai conseguir suportar.

- Lola, é sempre assim para aqueles que são da profecia. – Clara comentou. – Às vezes temos a sorte de escapar. Às vezes não.

- Alguém me explica porque Oliver? – Flávia perguntou.

Enquanto isso a luta ainda acontecia os dois se moviam de forma parelha e o ultimo movimento de Oliver quase lhe dera a vitória, fazendo que todos ficássemos em silencio por um tempo até que Dan respondesse a namorada.

- Único filho de Héstia capaz de produzir fogo. – ele falou brevemente.

Aquilo fez com que ninguém se pronunciasse. Oliver não tinha escolhido assumir o peso do mundo sozinho, a sobrevivência da humanidade, ele era incomum assim como nós. Só que dessa vez a profecia escolhera ele.

Lizzie tinha assumido o controle de leve e eu estava apreensiva, Oliver não podia perder. Não queria pensar no que acontecesse, não podia nos imaginar sem ele. Ela acabara apontar a espada dela no peito dele. Um sorriso se formou no seu lábio e então Oliver a derrubou.

Minha respiração era ofegante, ele ficou de joelhos do lado dela. Sua espada estava no peito dela, que subia descompassado.

- Desculpa. – ele falou fechando os olhos.

- Espera. – ele abriu rapidamente e olhou pra ela. – Você está fazendo isso pelos outros? Eu posso mudar...

- Não. – ele falou sério. – Estou fazendo por mim. Você prometeu.

- Prometi. – ela falou séria. – E não cumpri não é?

- Não mesmo. – ele comentou.

- Então espere. – ela disse – Não vai adiantar de nada. Eu fui até o Styx.

Ela tirou o punhal da cintura e o levou até a cabeça. Empurrou o cabelo pra trás. E posicionou atrás da orelha.

- Desculpa, Oliver. Eu pensei que era o certo.

Sem falar qualquer outra coisa. Eu vi o corpo dela cair, Oliver o segurou antes que ela batesse a cabeça no chão e a largou delicadamente. O clima fúnebre não era os melhores.

Todos estavam quietos e ninguém se pronunciava, no entanto um barulho cortou o silencio. Um barulho parecido com ossos batendo seguido por cascos de cavalos no asfalto. Vinha do nosso lado e aos poucos as pessoas deram espaço para a carruagem que chegava. Cavalos de ossadas, um exercito de esqueletos que se concentrou em prender aqueles que estavam contra nós.

- Então vejo que mais uma vez, estamos no topo. Ou seja como chamem isso. – uma figura única desceu da carruagem.

Cabelos escuros desgrenhados, olheiras fundas e olhos flamejantes. Jaqueta de couro e braços cruzados. Lábios cerrados e uma expressão nada amigável.

- Vamos não tenho todo o tempo. – ele falou olhando para os esqueletos que seguravam os pulsos de nossos adversários apressados.

Ninguém ali comentava nada a figura dele amedrontava muitos e mantinha outros admirados.

- Ótimo assim esta melhor. – ele falou batendo palmas e todos assim como os esqueletos sumiram.

Restando apenas nós e o pessoal do acampamento meio-sangue. Caminhou até o outro lado e ficou em pé olhando o cadáver de longe. Antes que eu fizesse qualquer pergunta uma figura pomposa apareceu ao lado de Lizzie. O terno clássico e italiano, assim como os sapatos e os cabelos grisalhos e não exatamente curtos já diziam quem era.

Zeus pegou o corpo da filha e aninhou em seus braços, caminhou até o irmão e falou alguma coisa com ele que assentiu breve. Logo em seguida Hades já não estava mais ali.

- Vou ajudá-lo. – Clara falou caminhando até o fim da rua onde desapareceu numa sombra.

- Quem foi o culpado por esta tragédia? – Zeus disse se virando e logo encarando Oliver. – Você porque fez isso?

Seus olhos eram furiosos e seus lábios cerrados de ódio.

- Não ouse. – uma mulher apareceu na frente de Oliver. – Pensei que você seria mais descente, viu o que aconteceu.

Os cabelos negros longos, nariz delicado, feições suaves e olhos escuros. Miúda e de corpo bem distribuído, deveria ter vinte e poucos anos. Usava uma calça jeans e uma blusa simples.

- Ele a matou. – Zeus dizia perto dela.

A situação era amedrontadora, Zeus era bem maior que ela mas ela não parecia estar com medo.

- Ela poderia tê-lo matado. Ela iria destruir com o seu precioso trono. – a mulher falava calma. – Acho bom que se preocupe em construir uma mortalha, a pira do Olimpo já esta acesa.

Zeus pareceu recuar e sem dizer qualquer palavra sumiu com Lizzie em seu colo. A mulher que antes falara com ele se virou para nós e caminhou até Oliver.

- Tudo bem com você? – ela falou tocando a sua bochecha.

- Mãe? – ele dizia encarando ela.

- Sim. Estou orgulhosa de você. Fizeste um excelente trabalho e se mostrou digno de ser tão único. – ela falou sorrindo afavelmente para ele.

- Obrigado. – sua voz era fraca mas ele sorria abertamente.

- Acho que podemos subir. – ela falou apontando para o Empire States.

- O que vai acontecer? – perguntei.

- Só subindo pra ver...

(...)

Estávamos lá em cima junto com todos os outros, a pira estava acesa e esticada em cima dela queimando aos poucos um tecido longo azul com um raio dourado em cima. Não era exatamente uma festa, ninguém tinha vontade para isso, mas havia um toque de esperança no fim de tudo.

Quíron havia levado os campistas de volta para o acampamento e só restavam poucos lá em cima.  Nós seis, já que Clara tinha ido embora, as caçadoras, Percy, Annabeth, Clarice, Mike e os Stoll e alguns deuses. Hades e Zeus já haviam ido.

- Então acredito que devemos, um obrigado há vocês. – Poseidon falou em nome de todos. – Mais uma vez, vocês nos deram uma grande ajuda.

Percy sorriu fraco e assentiu.

- Acredito que vocês podem retomar as suas vidas agora, não temos uma nova profecia ainda, podem decidir o que fazer. – ele falou sério. – Sinto que não seja tão bom, mas normalmente não sou responsável pelos comunicados.

- Estas se saindo bem. – Héstia disse simples.

Ela era incrível, controlava a todos de uma forma tão única.

- Obrigado. – ele falou simples.

Não percebi ao certo quando, mas não custou para que todos se dispersassem. Percy conversava com Poseidon sobre possíveis férias submarinas. Annabeth mostrava pra mãe alguns projetos novos que ela pretendia fazer enquanto a loira mais velha dava palpites na folha em que Annie segurava.

Clarice parecia realmente concentrada em alguma conversa sobre espadas e laminas com o pai e os dois pareciam se divertir. Os Stoll e Dan conversavam com Hermes sentados em um banco próximo contando sobre o que faziam. Flávia e James dividiam atenção de Afrodite que olhava para os dois com compaixão cada vez que um falava com ela.

Liam e Dionísio conversavam sérios, mas os dois pareciam se entender. Assim como Héstia e Oliver em outro canto mais afastado perto da pira.

- Parecemos uma família? – a voz melodiosa invadiu meus ouvidos.

- Talvez. – respondi sem me virar.

Sentia a presença de seu corpo do lado do meu, mas não via necessidade de me virar.

- Foi o que ela pediu. – ele falou inclinando a cabeça para Héstia. – Nunca vi como alguém vê tanta necessidade nessa união como ela.

- Talvez ela tenha entendido que essa falta de união causa esses problemas frequentes.

- Pode ser. – ele falou sério. – Mas acho que a nossa presença também traz problemas.

- Não sumam. – retruquei olhando pra ele. – Você não sabe o quanto dói se sentir um estranho sem pais, uma coisa é tê-los separados outra e não conhecer um deles. E no acampamento é como se tudo amenizasse, mas ver um de vocês para nós é gratificante. É como se importássemos pra vocês.

- Você fala demais, alguém já te falou isso? – ele disse sorrindo.

Fiz uma careta e assenti de leve.

- Liam. – comentei.

- Ele é um bom garoto e parece te fazer feliz. Eu gosto dele, por enquanto. – ri assim que ele começou a rir. A risada dele pareciam sinos tocando levemente.

- Entendo.

- Estou falando sério. Por causa de vocês acho que o D deu uma acalmada e já aceita o fato de que somos irmãos e ele vai ter que me aturar por um bom tempo. – ele comentou feliz.

- Você não presta. – disse virando e ficando de costas para onde todos conversávamos e percebendo que a visão que tinha era incrível.

Estávamos em uma das sacadas do Olimpo, de onde se via a movimentação dos deuses e todas as outras coisas.

- Isso já me disseram. – ele falou pensativo. – Já disseram isso pra você?

Estranhei a pergunta mas mesmo assim respondi.

- Não.

- Foi o que pensei, você se parece muito com ela. – ele parecia falar sozinho.

- Ela quem?

- Sua mãe, você se parece muito com ela. O fato de falar demais, ser teimosa, mexer o nariz junto com a boca de um lado para o outro quando fica pensativa, revirar os olhos e ser encantadora. – ele falou me olhando.

- Dizem que pareço com você. – retruquei.

- Fisicamente? – ele disse e eu assenti. – É verdade. Então se sinta com sorte. – ele fez uma pose de galã.

Revirei os olhos e ele começou a rir como se dissesse “eu falei”.

- Você vai se afastar de mim?

- Você já pode ficar sem pai? – ele retornou com uma pergunta.

- Não. – respondi olhando pra ele.

- Então não. Nunca vou te deixar. – ele disse me puxando para um abraço. 


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Notas finais do capítulo

Último Capítulo.



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