Olhei pro Liam e me levantei indo em direção a eles.

- Certo, o que precisa Flávia? – perguntei me colocando a disposição.

Ela tirou de trás dela um lampião com fogo grego. Acendeu quatro tochas e olhou pro Liam ainda sentado.

- Eu sinto que você está apaixonado, mas será que pode se levantar e ajudar? – isso me fez corar e Dan rir estrondosamente.

Ela entregou uma tocha para cada um.

- Clara e Dan acendam as tochas do caminho para mim. – e lá foram eles. – Liam. Você fica com as tochas daqui. Lola você precisa me ajudar com a fogueira.

Fomos em direção à fogueira e pela primeira vez reparei no que ela vestia, o tão misterioso vestido, na real nem era bem um vestido... era uma blusa? Com certeza tinha ausência de pano ali. Eu que achava o meu vestido uma pouca vergonha, o dela bem.... era a vergonha inteira. O tom de pink chamava atenção, mas ao mesmo tempo era tão curto que chamava atenção para as pernas dela. Pois é, explicado a surpresa o vestido era uma blusa.

- Onde estão as suas sandálias? – perguntou olhando para os meus pés descalços.

Apontei para o local onde segundos atrás eu estava.

- Ah! Viu Lola eu disse que aconteceria. – falou sorridente. – Seria mais rápido se um certo garoto fosse corajoso... – aumentou o tom de voz e inclinou para o lado onde o Liam estava.

Ele fingiu não ouvir. Ela não falou mais nada e tentamos acender a fogueira, o que não era muito difícil. Se ela não tivesse trocado o fogo.

- Fogo grego não apaga! – exclamou.

- Sim, qual o problema? – perguntei.

- Não quero uma fogueira eterna! Jogue na água e daí é com Poseidon. – jogou o dela dando ombros.

Depois de alguns probleminhas típicos por tudo não estar perfeito... tudo ficou perfeito. Eu adorei a decoração e logo o pessoal começou a vir. Não era todo mundo que estava ali, alguns tinham preferido ficar na festa mesmo. Alguns foram se sentando e percebi que a maioria de meus amigos tinha vindo. Isso era bom. Sentei também, afinal não tinha mais o que fazer e a Flávia distribuiu alguns gravetos e colocou bacias com marshmallow em alguns lugares para as pessoas irem pegando. O Liam sentou do meu lado e a Flávia do outro. Conversamos um pouco até que o Paul assumiu a música. Ele trouxera um violão e fora tocando algumas músicas, todas calmas demais mas ainda sim conhecidas. Decidi comer alguma coisa, assei alguns marshmallows. Era ótimo ver meus amigos ali, mas reparei que uma não estava ali. O Dan já tinha voltado mas não tínhamos sinal de vida da Clara.

- Flá, onde está a Clara? – perguntei ainda olhando em volta.

- Ali – e apontou para uma menina extremamente baixa que chegava junto com um menino.

Era um garoto de Afrodite e não poderia ser a Clara ali com ele, não ela tinha princípios... e um garoto fútil não estava dentro deles. Isso me confundiu um pouco, mas não comentei nada e deixei. Os dois se sentaram perto da gente. Consegui ouvir um pedaço da conversa deles.

- Hey, você nunca desarruma o cabelo? – perguntou ela.

- Você nunca tira a blusa? – respondeu ele.

Eu não entendi. Para variar não tinha entendido. Então restavam duas opções, primeiro ele não falou nada com nada ou segundo eu nunca entendia nada. Fiquei com a primeira opção mesmo. Depois de um tempo a maioria já tinha ido embora. Restou apenas eu, Liam, Clara, o garoto de Afrodite, Percy, Annabeth, Flávia e o Dan. Os outros alegaram sono, ou disseram que iam para a outra festa.

- Que tal verdade ou conseqüência? – sugeriu o Dan. Deuses, ele não perdia a oportunidade para uma piada?

- Por mim... – dei ombros.

Todo mundo aceitou então estávamos jogando. Sem garrafa mesmo, apenas olhando e perguntando.

- Lola, verdade ou conseqüência? – perguntou.

- Hm... verdade. – falei.

Vi seus olhinhos cinza faiscarem.

- O que você sente pelo Liam? – ela não sabia que tínhamos ficado...por isso da pergunta.

Olhei para ele e vi que ele parecia um tanto interessado na minha resposta. Revirei os olhos automaticamente.

- Eu o amo. – falei sem nenhuma timidez.

Ele sorriu para mim e meu deu um selinho.

- Hey! Tem coisa ai que eu não sei! – falou Annie chateada.

- Ah garota se ta por fora. Esses dois se entenderam essa noite! – disse Flávia animada.

- Clara. – chamei.

- Manda. – disse desafiadoramente.

- Hm... o que você tem com esse aí? – perguntei.

Ele pareceu ofendido por eu não saber o nome dele.

- Ben. Esse é meu nome. – disse me dando um olhar tenso. Cara ele era mais cheio de frescura que a Flávia!

- Er... Nada. – disse ela.

- Clarinha, você vai esconder o nosso amor?  - perguntou fazendo todos darmos risada.

- Já mandei tu largar de mim! Não gosto de você, não gostei e nem vou gostar! Poha será que tu não te toca? – disse bufando irritada. 

- Mas... – disse o garoto.

- Mas nada, puta que pariu garoto, você só “gosta de mim” – disse fazendo aspas com as mãos e se levantando – por que quer fama. F... – eu sabia onde isso ia dar.

- Opa! – dei um berro.

- Não faz isso comigo, Nara. – ele falou Nara?

Ouvi um estalo e fechei os olhos. Não queria ver isso. Na real queria sim, então abri os olhos. O garoto tinha a mão no rosto e a Clara estava com uma cara feliz.

- Isso é pelo meu nome! INFELIZ, MAL AMADO MEU NOME É CLARA IDIOTA! – berrou ela perto do seu ouvido.

Senti pena do garoto. Um tapa e quase uma surdez. Ele chorava e dizia.

- Se meu rosto ficar deformadooooo. – e saiu dali.

- Wow baixinha esse foi melhor que o garoto da sétima. – batemos nossas mãos.

- Valeu. To vazando. – disse indo para o acampamento.

A Flávia me olhou intrigada.

- Garoto da sétima? – perguntou.

- Sim, eu era afim de um garoto e ele meio que descobriu. Daí ele para me provocar foi dar em cima da Clara e tendo meio que a beijar na minha frente. Ela bateu tanto nele, tanto que nem sei como o garoto caminhou depois. – sorri com a lembrança. – Desde então se dava briga chamavam a gente na coordenação, como pra gente tanto fazia colocavam a culpa sempre na gente, mas era muito legal. Matamos muitas aulas.

Ela me olhava incrédula.

- E como isso pode ser melhor que essa surra toda? – perguntou Dan.

- Bem simples, por que eu consegui assistir com nitidez, antes eu estava chorando para variar. – respondi.

- Sério, ainda bem que sou tua amiga. – disse a Flávia.

- Não, ainda bem que tu é amiga da Clara. – a corrigi.

- Se eu te desse um fora o que aconteceria? – perguntou Liam ele parecia sério.

- Eu te aconselharia a usar armadura sempre, pode ser que minhas flechas percam o rumo sem querer. – respondi. – Vou indo. Valeu Flavinha foi uma grande noite. – pisquei o olho para ela. – Vocês têm meia hora para voltar dentro do horário do Quíron os lembrei. Beijinhos. – peguei a sandália e fui andando pela trilha.

Não demorou muito para um braço, passar ao redor da minha cintura.

- Era brincadeira a história de terminar comigo né? – perguntei a ele.

- Obvio. – e me beijou. Novamente um beijo quente.

Nos despedimos no “U” e fomos cada um para o seu chalé. Vi na minha escrivaninha a carta da minha mãe. Decidi não ler agora, estava cansada e não queria qualquer surpresa essa noite. Esperava uma noite sem sonhos mas acabei sonhando. Eu estava no acampamento e o Liam estava namorando outra garota, mas eu sabia que não era verdade, mas mesmo assim sofri bastante no sonho. Depois desse “pesadelo”  eu não sonhei mais. Dormi até o horário permitido.