— Damon, eu preciso falar com você! – exclamei com urgência, assim que ele chegou.

— Agora não, Elena. Tive um dia exaustivo. Tudo o que eu quero é o conforto da minha cama – Damon disse, ignorando-me e começando a subir as escadas.

Puxei seu braço.

— Damon, é sério. Eu realmente preciso falar com você – insisti.

— Elena, estou cansado. Amanhã conversamos – ele pôs um ponto final e subiu as escadas.

— Srta. Elena – Cindy apareceu. – Devemos arrumar os quartos?

Suspirei.

— Sim. Amanhã de manhã eu falo com Damon. Se eu não conseguir, ele terá uma grande surpresa quando chegar do trabalho.

*

— Elena! Que saudades! – Anna gritou assim que chegou.

Ela correu em minha direção e jogou-se em meus braços.

— Também estava com saudades, pirralha! – exclamei, bagunçando seu cabelo.

Ela afastou-se de mim e reclamou:

— Ei! Eu não sou pirralha! Tenho 16 anos!

— Mas continua sendo a mais nova – Jeremy provocou, se aproximando.

— Jer! Meu Deus! Como você cresceu! – exclamei, abraçando-o.

— Elena! Eu já tenho 20 anos! Como eu ainda posso crescer?! – Jeremy exclamou indignado.

Eu ri. Eles sempre queriam se passar por mais velhos. Eu estava sentindo tanta falta deles!

— Eu não te vejo há um ano, Jer! É claro que você cresceu para mim – provoquei, bagunçando seu cabelo.

— Ah, Elena! – ele reclamou.

— Muito bom, Sra. Salvatore. Fala com seus irmãos, mas nem nota a presença dos seus pais – ouvi a voz da minha mãe.

Olhei por cima do ombro de Jeremy e os vi. Os meus pais.

Minha mãe tinha uma falsa expressão de desagrado, enquanto o meu pai era só sorrisos.

— Mãe! Pai! Que saudade! – exclamei indo abraçá-los.

Eu realmente não tinha percebido a presença deles antes de tão entretida que estava com os meus irmãos. Mas agora, estava entretida em apenas estar nos braços dos meus pais. Era tão bom. Acho que tinha até esquecido.

— Filha, como você está linda! – meu pai exclamou, admirando-me. – Com certeza esse Damon é um cara de sorte!

— Claro que é! Casou-se com a nossa menina! – minha mãe concordou.

Dei um sorriso amarelo. Eu iria lamentar tanto a decepção dos meus pais quando ocorresse o divórcio... Eles estavam tão felizes por mim.

— E por falar em Damon, onde ele está? – Anna perguntou ansiosa. – Quero ver se ele tão bonito quanto nas revistas.

— Anna! Não fale assim do marido de sua irmã! – minha mãe repreendeu.

— Não tem problema, mãe. Damon é realmente muito bonito, Anna – concordei, corando.

— E onde ele está? – minha irmã insistiu.

— No trabalho. Mas deve chegar daqui a alguns minutos – respondi.

— Bem, enquanto seu marido não chega, o que acha de nos mostrar sua casa, Elena? – Jeremy sugeriu.

— Isso! – Anna animou-se. – Eu tenho um quarto só para mim, não é mesmo, Elena?

— Claro. Assim como Jeremy e nossos pais – respondi rindo.

— Espero não incomodar, filha – meu pai falou com o seu jeito humilde. – Espero que seu marido esteja a favor.

— Pai! Vocês são a minha família! É claro que Damon não se incomoda – eu não estava muito certa disso, mas a culpa foi toda dele. Ele deveria ter tirado um minuto da noite de ontem para me ouvir. Hoje de manhã, não consegui encontrá-lo. Ele saiu mais cedo. Agora, ele teria que aguentar a surpresa.

— Então! Estamos esperando – Anna falou com os olhos repletos de entusiasmo.

— Vamos lá! – convidei-os.

Mostrei primeira toda a sala, onde nós estávamos. Depois fomos à cozinha, onde eu apresentei-os Cindy, Tracy, Becky e Liv.

Elas ofereceram um pequeno lanche e Anna prontamente aceitou. Meio hesitante, minha mãe juntou-se à minha irmã e percebi que ficou admirada ao ser servida por pessoas estranhas e tão simpáticas.

Depois da nossa parada na cozinha, mostrei-os a parte de fora. O jardim e a piscina.

— Eu preciso tomar um banho aqui! Realmente preciso! – Anna exclamou, totalmente admirada.

Entramos na casa novamente e dessa vez fomos para a parte de cima. Damon tinha vários quartos de hóspedes, de modo que pude deixar os quatro muito confortáveis em seus quartos. Anna ficou em um próximo ao meu, enquanto Jeremy ficou próximo a Damon. Meus pais ficaram no meio do corredor.

— Elena, isso é uma casa ou um palácio?! – Anna exclamou jogando-se em seu colchão.

Joguei-me a seu lado e falei com um sorriso:

— Foi exatamente isso que pensei na primeira vez que vim aqui!

— Elena, se isso aqui é um palácio, Damon com certeza é um Príncipe! – Anna suspirou, encantada.

Meu sorriso morreu na hora. Sim, Damon era muito bonito. E sim, nossa relação com certeza tinha melhorado nessas duas últimas semanas. Mas um Príncipe? Não, isso Damon estava muito longe de ser. Pelo menos não como Maxon Schreave que faz tudo pela America Singer. Ela sim tem sorte!

Só espero que para a minha irmã, Damon passe essa impressão de Príncipe.

— Elena, por que você não nos contou sobre o casamento? – Anna perguntou de repente. – Eu sei que sou onze anos mais nova, mas queria ter estado com você nesse momento tão especial.

Meus olhos marejaram e o meu coração apertou. Não podia dizer que ela estaria sim comigo no meu momento especial. E que foi justamente por isso que não os convidei. Eles estarão presentes no casamento de verdade.

— Tenho certeza que a sua irmã queria também. E teria feito. Se tivéssemos tido tempo.

Olhei para a porta imediatamente ao ouvir essa voz. Damon estava parado à porta do quarto de Anna com o olhar cheio de raiva para mim.

— Oh, meu Deus! – Anna murmurou. – Você... Você é o Damon?

— Sim – ele respondeu seco, sem tirar os olhos de mim. – Elena, será que podemos conversar?

Dei um beijo bochecha da minha irmã.

— Volto logo.

— Vamos até o meu quarto. Assim podemos conversar longe de toda essa gente – Damon resmungou.

Essa gente.

Mas com quem ele pensava que estava falando?

Assim que entramos em seu quarto, ele bateu a porta com força e me olhou com raiva.

— Será que você pode me explicar como você achou que tinha algum direito de colocar estranhos na minha casa?!

— Primeiro, eles não são estranhos. Eles são a minha família – defendi-os, incomodada pelo jeito com que ele os tratou. – E segundo, eu tentei te avisar, Damon! Mas você não me deu ouvidos, lembra?

— Você podia tê-los colocado em um hotel! – ele exclamou como se fosse a solução mais óbvia.

— Claro que não, Damon! – discordei, indignada. – Os meus pais vieram de Mystic Falls, Virginia, para me verem. Eu não iria botá-los em um hotel. Eles iriam sentir que não eram bem quistos!

Ele pareceu nervoso andando de um lado para outro no quarto.

— Por quanto tempo eles vão ficar aqui? – perguntou entredentes.

— Duas semanas. Quando passar as comemorações de Natal e Ano Novo eles vão embora – respondi, um pouco mais calma.

— Natal? Ano Novo? Elena, nós já temos planos para isso – ele falou como se não tivesse tanta importância.

— Nós? Eu não tenho planos para nada – contrapus.

— Bem, agora você tem – ele determinou.

— Claro, com a minha família.

— Não, Elena. Nós vamos a uma comemoração no Plaza a que eu sempre vou. E no ano novo iremos ao iate de Kol Mikaelson, que por acaso é o dono da empresa em que você irá trabalhar depois do casamento.

— Damon, não me interessa. Vou passar Natal e Ano Novo com a minha família. Você pode ir sozinho – falei segura.

Ele me olhou como se estivesse louca.

— Elena, o que você acha que irão pensar quando me virem sem você? – perguntou de maneira retórica. – Certamente de que estamos com problemas no casamento. O meu tio não demoraria um segundo para tentar roubar o meu lugar na empresa.

— Então você não vai – decretei. – Ou vai sem mim. Porque eu não vou abrir mão de passar essas datas com a minha família.

— Elena...

— Está decidido, Damon! – pus um ponto final na conversa. – Agora, bote um sorriso simpático no rosto e venha conhecer a minha família.

Ele bufou, mas assentiu. Ele sabia que precisava fazer isso. Pelas aparências.

Passamos pela porta do quarto de Anna e ela estava deitada, assistindo à televisão.

Quando nos viu, desligou a televisão, levantou da cama e nos olhou com ansiedade.

— Acho que vocês não foram muito bem apresentados. Anna, este é o meu marido Damon. Damon, esta é a minha irmã mais nova, Anna – apresentei-os.

Damon aproximou-se da minha irmã ostentando um sorriso falso.

— É um prazer conhecê-la – ele falou, dando um beijo no dorso de sua mão.

       – O prazer é meu – Anna murmurou totalmente encantada.

— Você é muito bonita – Damon elogiou. – Se parece muito com a sua irmã.

Ele olhou para mim logo em seguida. Corei. O sorriso que ele ostentava não parecia ser falso agora.

— Obrigada – minha irmã respondeu corada, desviando-me de meus pensamentos.

— Bom, agora que você já conhece a minha irmã mais nova, venha conhecer os meus pais – falei, puxando Damon para fora do quarto.

— Elena! – Anna chamou antes que eu pudesse sair. – Mamãe e papai desceram para a cozinha e Jeremy está passeando pela casa. Só para você saber onde encontrá-los.

— Obrigada, Anna – agradeci, depositando um beijo em sua testa.

Saímos de seu quarto e Damon sussurrou em meu ouvido:

— Então foi por ela que você aceitou o casamento. O que ela tem de tão especial?

— Ela é a minha irmã, Damon. Eu a amo. É só isso – respondi séria.

Ele me olhou quase sem nenhuma expressão e simplesmente falou:

— Eu nunca vou entender a sua adoração pela a sua família.

Claro que não iria entender! Família não era o ponto forte de Damon. Mas é claro que não falei isso para ele.

Descemos a escada em silêncio e dessa mesma maneira caminhamos para a cozinha.

— Não, menina! Deixe que eu faço isso! – minha mãe brigava com Tracy e tentava tirar a bandeja de sua mão.

Meu pai apenas ria olhando a cena.

Pigarrei e o olhar dos dois se voltaram para mim. E para Damon.

— Mãe e pai, quero que conheçam o meu marido, Damon.

— É um prazer conhecê-los, senhores Gilbert – Damon estendeu a mão primeiramente na direção de meu pai.

Meu pai apertou sua mão, mas logo depois o puxou para um abraço. Percebi que Damon ficou um pouco surpreso e desconfortável.

— Deixa de formalidade, garoto. Você é da família agora – meu pai falou enquanto batia em seu ombro.

Quando se afastaram, Damon lançou-me um olhar surpreso e confuso.

— Chame-me de Grayson, filho – meu pai falou fazendo nossa atenção se voltar para ele.

— Faço minhas as palavras de meu marido – minha mãe falou aproximando-se de Damon. – Sou Miranda.

Tentando ainda ser impessoal e polido, Damon pegou a mão da minha mãe e tentou levar a boca, mas foi parado.

— O que é isso, menino?! – minha mãe reclamou. – Só aceito um abraço como cumprimento.

Sem jeito, Damon atendeu ao seu pedido.

— Então esse é o famoso Damon! – Jeremy chegou à cozinha, fazendo Damon e minha mãe se afastarem.

— Sim. Sou eu. E você é...

— Jeremy. O único irmão da Elena – Jeremy apresentou-se com um pouco de seriedade.

Ele estendeu a mão e Damon prontamente apertou-a.

Percebi que o olhar do meu irmão dizia: "Não mexa com a minha irmã ou vai pagar caro". Tive a impressão de que ao menos foi isso que Damon entendeu, pois ele engoliu em seco.

— Então, como foi vocês se conheceram? E como foi toda essa loucura de casamento? Contem-me! Quero saber de tudo! – minha mãe pediu com excitação em sua voz.

Damon e eu trocamos um olhar. Mais mentiras. E dessa vez era para os meus pais. Eu não gostava de mentir para eles.

— Elena trabalhava para mim... – Damon começou e eu forcei um sorriso para acompanhar a "nossa linda história de amor".