Present Perfect escrita por rvolcov


Capítulo 11
10. Look what you made me do


Notas iniciais do capítulo

Oi, tem alguém aí ainda?



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Capítulo 10. Look what you made me do

 

21/12/2009

Os dedos de Alexander pressionaram as alças da mochila com mais força enquanto ele se aproximava da entrada do sobrado, fitando a corrente de pisca-piscas coloridos que contornavam o telhado acinzentado. Amy havia lhe dito que o pai de Ethan tinha um apreço especial pelo natal - provavelmente por ser um dos poucos feriados que passava com os filhos por perto - mas aquilo era um novo nível de exagero. Havia decorações coloridas e chamativas espalhadas por toda a varanda.

Distraído ao contemplá-las, ele não notou o quão escorregadio estava o último degrau da escada que levava até a porta. A fim de evitar uma queda e acabar quebrando alguma coisa - porque ele era azarado naquele nível -  Alec agarrou-se ao objeto mais próximo.

— Opa, foi mal. - Desculpou-se ao notar que sua vítima havia sido um esqueleto de dinossauro de mais de dois metros de altura.

Apertou o botão gelado da campainha e esfregou uma mão contra a outra, tentando aquecer-se enquanto esperava a boa vontade de algum dos Holmes em abrir a porta. Os olhos vagaram até o Tiranossauro rex uma outra vez, e Alec notou o quão torto o coitado estava agora.

Ele parecia tão feliz e pleno com seu gorrinho de papai noel e cachecol vermelho que seria um crime deixá-lo tão desalinhado.

— Ótimo dia para esquecer as luvas, Alexander. - Praguejou desanimado ao sentir o material frio contra os dedos e, com esforço, conseguiu deixar o dinossauro numa posição similar à de antes. - Pronto, amiguinho, vai ficar tudo bem.

O vento que lhe roubou o gorrinho em seguida pareceu querer provar o contrário.

— Cara, isso vai dar muito errado. - Preveu, depois de apanhar a touca. Com a sua altura, jamais alcançaria o topo do crânio de Rex.

Pousou a mochila com cuidado ao lado da porta antes de dirigir-se ao dinossauro uma outra vez e preparar-se para pular. Era quase uma tentativa de suicídio, considerando todo o gelo espalhado, mas não restava a ele muita alternativa. O menino não poderia sair destruindo os objetos na casa do melhor amigo de sua irmã sem nem ao menos cumprimentar alguém antes.

Como ser tão mal educado quando sabia que estava ali apenas como um convidado?

— Ok, nós podemos fazer isso. - Disse, mais para si mesmo do que para Rex. Tentou pular três vezes antes de dar-se por vencido. - É, amigão, não vai rolar.

Como era de se esperar, não houve qualquer resposta por parte do dinossauro gigante. Mas aquilo não diminuiu a culpa que Alec sentia por dentro.

— Não me olhe desse jeito. - Reclamou, tentando não fitar aquelas cavidades oculares ocas e julgadoras. - Você viu que eu tentei, não tenho culpa da sua cabeça estar tão longe.

A feição de Rex, que antes lhe parecera tão simpática, agora parecia ter sido substituída por uma careta decepcionada.

— Pronto, vai ficar tudo bem. - Disse, tomado pela ideia de deixar a touca sobre um de seus pequenos bracinhos.  - Ok, você pode não estar mais tão receptivo, mas pensa pelo lado positivo, ainda está servindo de decoração! - Tentou animá-lo, sem muito sucesso. Algo ainda lhe parecia muito errado - Pelo anjo¹, é só um gorrinho, cara! Não é como se você tivesse perdido uma parte do corpo, não me olha desse jeito.

— Você está discutindo com um dinossauro de brinquedo?

O questionamento o fez pular e por pouco Alexander não desequilibrou-se sob a superfície escorregadia.

— Eu? - Rebateu surpreso e os olhos arregalaram-se ao perceber que arrancara o braço de plástico de Rex que segurava o gorro vermelho. - Imagina, só cumprimentando o porteiro!

A menina estreitou os olhos muito azuis e enrolou um dedo por uma mecha do cabelo loiro, não parecendo acreditar em suas palavras. Depois de alguns segundos analisando-o, ela suspirou e deu de ombros, quase como se tivesse acabado de se lembrar que não se importava nem um pouco com o que ele estivesse ou não fazendo.

— Você é o Alexander, né? - Perguntou, apoiando o corpo contra o batente da porta de madeira. - O gêmeo da Amelia.

Amy gostava tanto do apoio durante as discussões com os pais acerca do próprio nome que Alec comprimiu os lábios ao ouví-lo. Havia se acostumado a mimetizar as reações da irmã quando se tratava daquele assunto.

Ele confirmou com um aceno de cabeça e os olhos encontraram o braço do dinossauro outra vez.

— E você é…?

Esforçou-se para manter o contato visual enquanto livrava-se das evidências do crime. Depositou a estrutura perto da parede do modo mais discreto que conseguia.

— Cassie. - Respondeu e algo na forma como o fitava de volta deixou claro que ela sabia muito bem o que Alec estava tentando fazer. - Sou irmã do Ethan.

As íris dela pareciam ter sido pintadas com tinta aquarela e eram do exato tom de azul dos gatinhos que estampavam o suéter de Alec.

— Você não se parece nem um pouco com ele.

O olhar que Cassie lhe lançou fez um incômodo calor espalhar-se por suas bochechas e Alexander considerou seriamente os prós e contras de esconder a cabeça sob uma montanha de neve. Pelo anjo, que péssima coisa para se dizer.

— Você também não lembra muito a sua irmã. - Ela devolveu, recostando os ombros contra o batente de madeira da porta. - Tirando os olhos verdes.

— É uma anomalia genética. - Alec explicou, agradecido por poder falar sobre algo em uma área  que dominava. - Faz umas seis gerações que todo mundo da família do meu pai nasce com os olhos da mesma cor.

— Nossa, que bizarro. - Havia um espanto genuíno em sua voz e aquilo o fez rir. Uma nova rajada de vento passou por eles e Alec esfregou as mãos para espantar o frio. - É melhor você entrar, a Amelia começou a reclamar quando o Ethan dormiu e isso faz mais de uma hora.

Ele assentiu e ajeitou o braço do dinossauro uma outra vez antes de passar por Cassie e cruzar a porta. A temperatura agradável da sala de estar quase o fez suspirar.

— Ela não disse que ia vir aqui hoje, por isso demorei tanto. - Sentiu-se compelido a justificar enquanto tirava as botas e as ajeitava ao lado da porta. - Eu tinha combinado de ir pro hospital com os meus pais hoje, tive que esperar o plantão acabar pra pegar carona.

Cassie esperou até que o menino tirasse a jaqueta impermeável e a pendurasse em um dos ganchos livres do cabideiro.

— Eu nunca iria voluntariamente pra um lugar desses. - Algo em sua expressão fez Alec suspeitar de que havia uma história por trás da afirmação. - Odeio hospitais.

— Só é ruim de verdade quando o paciente é você.

O comentário fez a menina rir e havia covinhas adoráveis nas bochechas dela.

— Acho que você tem razão. - Cassie respondeu após ponderar por um momento e ao notar que ele estava devidamente vestido de acordo com a temperatura no interior da casa, apontou o caminho à esquerda do corredor principal. - Sala de tv. Minha madrasta teve um ataque quando encontrou a porta do quarto do Ethan fechada da última vez, sou babá dos dois agora.

Céus, Alexander nem mesmo conseguia conceber a ideia sem sentir-se nauseado.

Junto da teoria que afirmava que a Terra era plana ou que o homem nunca havia de fato ido à lua, a mera suposição de que sua irmã pudesse ter qualquer relacionamento com Ethan constituía uma das maiores baboseiras que ele já ouvira na vida.

Amy apertava o controle remoto a cada três segundos quando a encontrou.

— Quase que eu mesma fui te buscar. - Ela disse e Alec deixou a mochila no chão antes de jogar-se ao lado dela no sofá. - Por que demorou tanto? O plantão do papai acabou às duas. - Passavam das dezessete agora.

O visor na tela indicava que passava das dezessete agora e os olhos verdes dos irmãos se encontraram. Não levou mais do que do que alguns segundos até que Amy estreitasse os seus em uma feição julgadora.

— Você precisa entender que o caso da mamãe era muito legal. - Alec justificou sabendo o que a gêmea estava pensando. - Um açougueiro escorregou em um moedor de carne e ela precisou reconstruir toda a mão dele.

— Que horror. - Proferida do sofá ao lado, a exclamação de Cassie soou enojada.

— Foi muito nojento. Tinha sangue por todos os lados e o cheiro dava vontade de vomitar.- Ele concordou, e talvez soasse mais empolgado do que deveria ao reviver a cena em sua mente.

— Pelo menos alguém se divertiu hoje. - Amy comentou quando um ronco ecoou pela sala. - Faz mais de uma hora que o Ethan apagou, não acordou nem quando eu gritei que tinha torta de maçã na cozinha. Você não tem noção do tédio que tá aqui.

Alexander abraçou-a de lado, compadecido pelo drama. Então vislumbrou a mochila que havia deixado no chão e um sorriso espalhou-se por seu rosto.

— Isso me lembra uma coisa: você me deve gratidão eterna. - Ele ergueu o corpo da almofada para encarar a irmã, tinha um sorriso travesso no rosto. - Sim, eu consegui.

— Você conseguiu? - A menina quase gritou e havia tamanha animação em sua voz que ele riu. - Eu não acredito nisso!

Há meses os dois confabulavam sobre recriar uma reação química que Amy havia tentado quando criança, porém com os devidos reagentes no lugar das adaptações caseiras que ela fizera. No entanto, conseguir tais elementos acabara se mostrando muito mais difícil que o esperado. Afinal, se em Grey’s anatomy² ninguém confiava em um interno - alguém adulto e já formado em medicina - para fazer mais do que observar em uma cirurgia, como um responsável por todo um laboratório na vida real poderia concordar em entregar a alguém de treze anos um frasco com Iodeto de Potássio?

Depois de sondar por algumas horas, Alexander descobrira que quando se tratava do novo encarregado do laboratório de bioquímica do North Manchester General Hospital, bastava uma barra de chocolate Lindt e a promessa de que não contaria a ninguém sobre flagrá-lo assistindo Pretty Little Liars.

— Ethan! - Amy chamou e jogou uma almofada na direção do menino. -  Acorda! A gente vai fazer pasta de dente de elefante!

O melhor amigo de sua irmã resmungou e virou de lado.

— E se você não levantar antes que a gente encontre a água oxigenada, eu vou deixar a Amy testar em você. - Alec completou e com um último protesto, Ethan finalmente abriu os olhos.

Nada como a ameaça de ter o cabelo descolorido para forçar alguém a deixar o sofá.

 

 

16/07/2017

 

Connor analisava duas fatias de pão de forma com tamanha meticulosidade que um estranho até poderia imaginar que não se tratava de um produto padronizado. Ethan, bastante ciente de que não havia nada no universo - daquele restaurante, pelo menos - capaz de distinguir um pão do outro, bufou com impaciência.

— Sabe, não vou precisar de uma torradeira se você continuar encarando a minha comida com essa raiva toda. - Seu melhor amigo disse em um hipócrita tom de voz entediado.

Aquilo o fez rolar os olhos. “Pelo menos economizaríamos energia elétrica”, pensou com desgosto.

Perceber o quanto aquele tipo de frase se assemelhava aos discursos ecológicos de Amy fazia-o sentir algo retorcendo-se em seu estômago. Míseros quinze dias já haviam sido suficientes para que a ruiva impregnasse sua mente como uma maldita erva-daninha.

Sabendo que seu estado de espírito em nada poderia melhorar caso continuasse seguindo o raciocínio, Ethan desviou o foco para o rapaz ao seu lado. Em um único gesto, tomou as fatias de pão das mãos de Connor e as enfiou sem delicadeza na torradeira à sua frente.

— Ei! - Ele protestou indignado, os olhos azuis arregalando-se em descrença. - Como eu vou bater os meus macros agora?

— Sei lá. - Ethan deu de ombros. Não costumava levar a sério as escolhas de marombado de Connor quando estava de bom humor, quiçá naquele momento. - Mas na próxima vez que for demorar tanto assim para escolher a merda de um pão, me deixa passar na porra da sua frente antes.

Ethan fitou os botões prateados do eletrodoméstico no balcão à sua frente, regulou a temperatura e adiou ao máximo o momento em que teria de desviar o olhar para o amigo. Quando por fim o fez, encontrou uma expressão ofendida no rosto de Connor.

— Vai me dizer o motivo dessa escrotidão toda? - Ele perguntou, arqueando uma sobrancelha. - Ou vou ter que adivinhar que raios certa ruiva aprontou dessa vez?

Ethan largou o prato de porcelana sob o balcão, emitindo um grunhido frustrado em seguida.

— Por que caralhos você sempre assume que as coisas estão relacionadas à Amy? - Questionou, tentando não aumentar o volume de seu tom de voz. - Eu sou um ser humano, seres humanos também têm dias ruins. Ou vai me dizer agora que eu não tenho esse direito?

— Claro que tem. - Connor concordou com um aceno. - Mas você tem abusado demais desse direito nas últimas semanas pra conseguir me fazer acreditar que seu mau humor é fruto do acaso cósmico.

A torradeira emitiu um som alto e as grades pularam com as fatias de pão agora douradas. Ethan agradeceu por poder desviar o foco de Connor e suas acusações certeiras, mas depois de posicionar a comida no prato de maneira meticulosa, não encontrou o melhor amigo no lugar de antes.

— Agora você com certeza bate seus macros. - Ironizou quando o rapaz retornou pouco depois, o prato repleto de uma pilha de panquecas recém-saídas das cozinha.

Connor estendeu-lhe o dedo do meio.

— Vai falar agora?

— Nada do que eu falar vai ser novidade pra você. - Ethan suspirou desanimado e estendeu uma das mãos em direção a um potinho com geleia de morango industrializada. - Essa garota é louca e imprevisível.

Ele não sabia muito bem que reação estava esperando, mas a gargalhada escandalosa que Connor deixou escapar o surpreendeu.

— Treze anos. - Comentou, quando conseguiu se controlar. - Treze anos que vocês se conhecem.

Ethan franziu o cenho em uma expressão confusa.

— E daí? - Questionou enquanto o observava o rapaz apanhar um vidro de Maple Syrup e despejar sobre as panquecas.

— E daí, - Connor continuou. -  Que só agora você percebeu que a Amy não bate bem das ideias? - Havia certa incredulidade em seu tom de voz. - Você é mesmo lerdo pra caralho.

Apesar de não ser a primeira vez que ouvia aquilo a seu respeito, Ethan deu as costas ao amigo.

— Ei, espera. - Connor chamou atrás dele, correndo para alcançá-lo e quase derrubando uma das panquecas no processo. - Você ainda não me contou o que ela fez agora.

— Quem fez o quê? - Hollie perguntou curiosa.

Os dois estavam próximos o suficiente da mesa para serem ouvidos pela garota e sua irmã, que estavam sentadas juntas em uma das mesas no centro do restaurante. Ethan não sabia dizer com certeza se a ausência de Amy e Alexander o alegrava ou o decepcionava, já que o primeiro lhe pouparia de um crime e o segundo implicaria o fim daquele assunto insuportável.

Limitou-se a pousar o prato no lugar vago ao lado de Cassie e puxar a cadeira para sentar-se ali, fingindo não notar os olhares curiosos na sua direção.

— Amy. - Connor respondeu enquanto se sentava no lugar à sua frente e Ethan teve a impressão de ver a irmã disfarçar um rolar de olhos pela visão periférica.

— Mas antes que vocês continuem, alguém precisa dizer que ela não vai aparecer tão cedo. Eu esqueci a água benta lá em cima e não quero morrer por ter invocado o demônio.

Hollie atirou uma uva em sua direção e o acertou no nariz.

— Ela foi com Alec levar o Mochaccino para passear. - Disse, pegando outra uva e a rodando entre os dedos polegar e o indicador. - Queriam aproveitar o tempo nublado pra fazer algo ao ar livre.

— A gente não ia naquele parque aquático, Volcano Bay? - Connor questionou sem entender.

— Isso foi antes do alerta de tempestade. - Hollie esclareceu e o rapaz exclamou um “Ah” baixinho. - Mas voltando ao assunto, o que aconteceu agora?

— Eis a questão, minha cara. - Connor lembrou-a enquanto mastigava um pedaço das panquecas. - Parece que ela aprontou algo ontem que deixou o coleguinha aqui muito puto, mas ele não quer compartilhar.

Em uma sincronia irritante, o casal pousou os talheres na mesa para poder fitá-lo com interesse. Ethan reprimiu a vontade de mandar os dois a um lugar não muito educado.

— Qual é, compartilha com a gente. - Pediu e havia um quê de gatinho de botas do Shrek na forma como ela o encarava  - Amy fez tantos planos que eu já desisti de acompanhar a ordem dos acontecimentos.

A ideia de que havia ainda mais coisa por vir levou Ethan a engolir em seco. Pelo jeito, o universo não planejava mesmo permitir que ele sobrevivesse às próximas seis semanas.

— Bom, por onde eu começo? - Indagou-se, coçando o queixo a fim de forçar uma imagem pensativa. - Primeiro ela escondeu dezessete despertadores no meu quarto, depois me presenteou com uma bomba de glitter e me atacou no meio de um parque de diversões feito uma maníaca. Como se não bastasse, manteve distância durante dias e então não só me deu um puta spoiler falso sobre o livro que eu estava lendo como mandou ligar os irrigadores no jardim. Enquanto.eu.estava.lá.  - O casal à sua frente riu com vontade, mas sua irmã se limitou a apertar seu antebraço e dirigir-lhe um olhar de apoio. - No dia seguinte, o recheio de todas as minhas oreos foi substituído por pasta de dente, eu fui atingido por um jato de coca-cola que tinha um mentos que Vader sabe como foi parar na tampinha da garrafa e hoje eu acordei com o cabelo cor de rosa. Eu precisei lavar tudo várias vezes seguidas pra deixar de parecer um flamingo. Satisfeitos agora ou querem que eu compartilhe mais?

— Desculpa, cara. - Connor não parecia nem um pouco arrependido pela crise de risos. - É que teu sofrimento acaba sendo engraçado pra caralho pra quem vê de fora, lei de Murphy te fodeu com força.

Ethan lançou-lhe seu melhor sorriso irônico.

— O livro sobreviveu? - Cassie perguntou, como se aquela tivesse sido a revelação importante e não o fato dele estar com o cabelo colorido.

— Sequei com o secador. - Ethan respondeu, tentando não observar a nojenta cena que era Connor colocando metade de uma panqueca na boca de uma só vez. - Ficou um pouco borrado, mas pelo menos não foi perda total.

— Que bom, aquela edição especial não foi nem um pouco barata. - A fala foi interrompida por uma tosse alta de Connor.

Hollie estendeu-lhe o copo com suco com preocupação e o rapaz sorveu o líquido em desespero. Precisou tossir mais algumas vezes até conseguir recuperar a cor e o fôlego.

— Foi praga da Amy, certeza. - Connor disse os três o fitaram sem entender. - Por estarmos falando dela pelas costas.

— Você faz parecer que ela é um ser abominável. - Havia certa irritação na postura de Hollie. A morena odiava que falassem de tal forma sobre a prima. Eram melhores amigas e ela se sentia no dever de defendê-la. - Amy não costuma fazer as coisas sem um motivo

— Pelo anjo, ela se formou em química só pra poder explodir as coisas de um modo mais eficiente. - Connor espetou o pedaço de panqueca com o mesmo vigor com que argumentava. - Não me leve a mal, eu adoro a Amy, mas sinto medo dela noventa por cento do tempo.

Hollie riu e balançou a cabeça, como se não conseguisse acreditar nas palavras.

— Você compete com o Mochaccino no quesito medo, Connor. - A acusação levou seu amigo a abrir a boca em surpresa e protesto. - Você já me acordou com gritos de madrugada porque encontrou uma barata no banheiro.

— Eu levei o maior susto. - O rapaz tentou se defender e Ethan lançou-lhe um olhar de descrença ao morder uma torrada. - Eu estava lá, completamente vulnerável e sonolento e de repente páh! Aquela desgraceira saída das profundezas do inferno se materializou na pia! E ela estava encarando aquilo que não deve ser encarado sem permissão. Juro que me senti violado.

Ethan teve de rir do drama.

— Vocês estão fugindo do ponto principal.

— E qual seria esse ponto, meu caro?

— O fato de que sua prima é completamente pirada e vai acabar me matando caso alguém não interfira. - Respondeu a Connor aquilo que, na sua opinião, estava bastante óbvio.

Hollie deixou escapar um suspiro que chamou a atenção dos rapazes.

— Eu não queria dizer nada, porque vocês sabem que eu tenho mais conhecimento de causa do que posso compartilhar. - Começou a dizer e pousou o garfo na mesa para poder encarar Ethan.  - Mas você sabe que provocou, não é?

Foi a vez dele de largar os talheres, sentindo-se irritado. Ethan apertou as têmporas com uma das mãos, tentando não xingar alto.

— Você sabe que essa situação não se construiu sozinha, não é? - Indagou e já não havia muito controle em sua voz. - Vocês adoram me culpar por tudo sendo que não sabem um terço do que aconteceu.

— Então nos ilumine com os fatos. - Hollie pediu e também não havia muito sinal de paciência em suas palavras. - Porque faz dois anos e eu continuo sabendo a mesma coisa da época: que vocês brigaram por causa do Henry - A menção ao ex-namorado da ruiva o fez cerrar as mãos em punhos de maneira involuntária - E que depois de voltar para Chicago, você a ignorou totalmente.

A garota pousou um cotovelo na mesa para que o braço servisse de apoio para seu queixo, esperando sua explicação. Tomado pela incredulidade, Ethan balançou a cabeça em negativa.

— Bem que as coisas poderiam ser simples assim. - O riso baixo poderia competir entre os mais irônicos já esboçados por ele.  - Mas já que a Amy te contou tão pouco, eu compartilho mais: foi ela quem parou de falar comigo e me ignorou por semanas sem motivo algum. Eu voltei pra Manchester e tentei conversar e entender o que estava acontecendo, ela me mandou embora e disse para eu ficar longe. - O aperto de Cassie intensificou-se em seu braço e Ethan expirou com força, sentindo-se exausto. - Eu só cansei de discutir e acatei o pedido.

Aquela era uma versão bastante resumida dos fatos, mas Ethan podia notar que surpreendera Hollie mesmo assim. Ela fechou a boca diversas vezes, como se quisesse muito dizer algo e não conseguisse encontrar as palavras corretas.

— Apontar culpados agora não vai adiantar de nada - Sua irmã disse a fim de apaziguar os ânimos dos dois e por um fim à discussão.

— O que a gente faz, então? - Connor indagou, começado a considerar se deveria abanar a morena com um guardanapo. Hollie estava assustadoramente calma.

— Eu não faço ideia. - Ethan admitiu.

Cassie fitou-o com a seriedade que um professor usaria para dirigir-se a um aluno bagunceiro.

— O que aconteceu entre vocês tem que ser resolvido entre vocês.  Mas a curto prazo, eu diria que o melhor a fazer é dar à Amy o que ela quer.

— Ta aí outro mistério do universo. - Dessa vez, o humor na risada que escapou de Ethan foi verdadeiro. - Como é que eu vou saber o que ela quer? Não sei se lembra, mas tem uns anos que a gente não conversa.

Cassie não riu.

— Se até eu sei, você também sabe. - Foi a vez dela de ser fitada por três pares de olhos igualmente confusos. - Oras, Ethan, ela quer a mesma coisa que queria quando percebeu que você a estava ignorando: sua atenção.

 

**

Quando Amy contara à sua orientadora sobre a absurda ideia dos pais de tirá-la do país durante todo o verão, esperava que a Dra Farr fosse compartilhar de sua indignação. No entanto, tudo o que a premiada cientista lhe dissera fora para aproveitar as férias e, quem sabe, deixar os estudos de lados por algum tempo. Como nenhuma das duas esperava que a última parte fosse ser levada muito a sério, a Dra Farr também mexera alguns pauzinhos.

— Vai ser útil na próxima etapa da sua carreira, Amy. - Explicara ela, após revelar que havia agendado visitas a alguns de seus colegas. A notícia teria menos impacto caso estes não fossem chefes de importantes laboratórios no Vale do Silício. - Contatos são fundamentais no meio científico também.

Fora o único argumento capaz de lhe convencer de que alguma coisa boa poderia sair daquela viagem. E agora ela estava grata por ter algo a que ansiar pelas próximas semanas além do momento em que Ethan acabaria caindo em mais uma de suas pegadinhas.

Amy sabia que a ideia de pregar peças no rapaz provavelmente estava no topo das mais estúpidas e infantis que já tivera. Tinha também plena consciência de que em algum momento ele começaria a revidar, o que poderia gerar consequências catastróficas para as ações de qualquer um deles. Entretanto, não conseguia arrepender-se de verdade por ter cruzado aquela barreira.

Não havia mais um oceano separando-a de Ethan; ignorá-lo deixara de ser tão simples quanto o apertar de um botão no celular. E uma vez que o universo a estava forçando a lidar com a existência do rapaz e toda a bagagem que o acompanhava, Amy não podia pensar em nada mais justo do que obrigá-lo a fazer o mesmo a seu respeito.

Tempos desesperados pediam medidas desesperadas. E por Vader, Amy estava desesperada.

— Você vai acertar o extintor de incêndio.

Era difícil dizer o que mais a surpreendera, se o comentário enquanto estava imersa em pensamentos, ou o autor dele: Ethan não estava há mais de dois metros de distância quando ela ergueu os olhos. O susto foi tamanho que Amy quase deixou que o amontoado de folhas que carregava caíssem

Ela agradeceu ao notar que de fato o enorme objeto vermelho estava à sua frente.

— Você me poupou de uma queda e tanto.

A expressão de Ethan era difícil de ler, uma paradoxal mistura de irritação e vontade de sorrir. E Amy não se lembrava de tê-lo visto sorrindo de verdade uma única vez desde que haviam se reencontrado.

Ethan estava constantemente agindo como se tivesse acordado do lado errado da cama ou comido algo estragado no café da manhã. Ou pelo menos fora essa a impressão que ela tivera nos raros momentos em que haviam interagido, já que ela não o observava de longe.

Claro que não.

— Não há de quê. - A resposta fora tão formal que Amy sentiu-se compelida a desviar o olhar para os papéis que tinha em mãos. No topo do primeiro deles podia ler em negrito um estudo sobre síntese, design e função molecular. - Não que você mereça, é claro, falei pensando em evitar danos materiais.

Amy estreitou os olhos, um sorrisinho irônico ameaçando brotar em seus lábios.

— Claro.

— Manter a integridade física do hotel é importante.

— Definitivamente. - Concordou com um aceno de cabeça, fingindo seriedade ao aproximar-se até parar ao lado dele. - Precisou de quantas lavagens pra se livrar do rosa?

Ethan mordeu o lábio inferior, como se para reprimir um xingamento e dessa vez ela não reprimiu o sorriso vitorioso. O confronto direto era muito mais satisfatório que a indiferença.

— Algumas. - Admitiu, não parecendo muito feliz a respeito da informação.

— É uma pena que seu cabelo seja tão escuro, o papel crepom não pegou direito. - Havia um lamento genuíno em sua expressão. - Seu sono já não é tão pesado, precisei improvisar.

— Sinto muito por isso. - Ethan respondeu sarcástico e inclinou-se para sussurrar em seu ouvido. - O inverno está chegando³.

Tão rápido quanto havia se aproximado, ele se afastou.

Amy franziu o cenho confusa enquanto observava o rapaz caminhar até o final do corredor e apertar os botões para chamar o elevador. Levou mais tempo do que deveria para perceber que Ethan não estava apenas citando a estampa da camiseta que ela vestia.

— Ah… Amy? - Voltou a chamar, quando as portas se abriram. - Eu teria escolhido verde, é mais a minha cor.

Ela riu e tirou o cartão magnético do bolso.

— Vou tentar me lembrar disso na próxima. - Informou com uma piscadela e entrou no quarto, ainda não muito ciente de que raios havia acabado de acontecer ali. - É a segunda vez que você aparece aqui em menos de uma semana - Devo me preocupar?

Alec lançou-lhe um sorriso travesso e estendeu-lhe uma sacola plástica pesada quando ela se sentou ao seu lado na cama. Mochaccino não demorou a correr em seu encontro e começar a pular, exigindo atenção.

— Claro que não. - O irmão respondeu enquanto Amy coçava atrás das orelhas do cachorro. - Hoje estreia a nova temporada de Game of Thrones e eu vim assistir com você, como manda a tradição.

— Com algumas adaptações, é claro. - Lembrou-o e dentro da sacola, encontrou parte do kit essencial do seriador Mckinnon: pacotes de salgadinho e barras de chocolate. Imaginou que encontraria o engradado de cerveja no frigobar. - Não é como se pudéssemos fazer um programa de casalzinho agora.  - Alexander estreitou os olhos e Amy imediatamente soube o que ele pretendia dizer. - Poupe o discurso, meu término com o Henry foi a decisão certa.

— Eu não te culparia por se arrepender, não é como se eu também não sentisse falta do cara. - Aquele era um puta eufemismo, Alec fora fã de carteirinha de seu ex-namorado e se mostrara arrasado pela partida de seu veterano.

Henry era alguém muito fácil de se lidar e o fato de estar alguns anos a frente de seu irmão na área médica fazia com que por diversas vezes ele tivesse mais interesses em comum com o Alec do que com ela.

— Eu não queria um relacionamento à distância, você sabe disso. - Suspirou e tentou não rir ao ouvir o latido de Mochaccino à seus pés, demandando atenção.

— E você sabe que quando a gente quer, dá certo. - Ele se referia ao fato de ter namorado por dois anos com Cassandra enquanto ela terminava o ensino médio em Chicago. - A mudança dele pra Brisbane nem é permanente.

Amy rolou os olhos, tomando o cachorro nos braços mais para tentar cortar o assunto do que qualquer outra coisa.

— A bolsa é pra toda a residência, Alec. Ele não vai voltar depois disso.

— E agora nem tem porquê mesmo.

Os dois se encararam por um momento, trocando olhares acusadores no lugar de frases, até que Amy não conseguiu mais segurar.

— E a Cassandra?

Ela não pretendia abordar o assunto. Sua reaproximação de Alexander era recente e mencionar os problemas no paraíso justamente agora não lhe soava muito delicado. No entanto, se o irmão não pretendia filtrar as opiniões sobre sua vida amorosa, Amy não via porquê reprimir a curiosidade.

— Por que vocês não estão juntos agora? - Questionou, observando enquanto Alec se levantava para pegar algo no frigobar. - Você disse que veio até aqui pra manter a tradição, mas... Ela não faz parte disso também?

Alexander expirou pesadamente, estendeu-lhe uma Heineken longneck e pousou uma outra sobre a mesinha de centro.

— É… Complicado.                 

Amy arqueou uma sobrancelha, uma tentativa discreta de fazê-lo continuar a falar.

— Certo, não vou mais discutir. - Alexander ergueu os braços em sinal de rendição e puxou Mochaccino para si. O buldogue roncou, satisfeito com a atenção. - O importante é a gente continuar a se reunir pra ver a melhor série da atualidade

O barulho da tranca do banheiro a assustou, não imaginava que mais alguém pudesse estar ali.

— Vocês superestimam demais essa série. - Hollie disse e saiu do cômodo vestindo um espartilho preto com detalhes em vermelho, uma calcinha rendada e cinta-liga na mesma tonalidade.

Alexander exclamou um “meus olhos!” e jogou-se contra a cama, cobrindo o rosto com travesseiro. Por sorte aquele se tratava de um colchão do tipo quando um se mexe o outro não sente, caso contrário, ela e Mochaccino teriam sido arremessados para o outro lado do quarto.

— Blasfêmia! - A palavra teria saído como um grito caso o som não tivesse sido abafado pelo travesseiro.

— Ela tem razão. - Amy concordou e o irmão fitou-a com incredulidade. - Eu poderia facilmente sobreviver sem Game of Thrones.

— Todo ano vocês dizem isso e todo ano torcem para os episódios vazarem, porque não aguentam mais esperar.                        

— Eu fico curiosa até com o especial da semana no Subway. - Hollie rebateu enquanto caminhava até eles. Mochaccino foi até a ponta da cama, tentando cheirá-la, mas Amy o puxou para perto antes que ele acabasse caindo. - Mas vou te poupar de ter que encontrar outro argumento por enquanto. O que acham?

Alec descobriu o rosto por tempo suficiente para ver a morena dar uma voltinha.                  

— Que esqueceram de te entregar metade do tecido desse negócio. - Ele respondeu, a voz soando abafada outra vez.                        

— Não seja recatado, Alexander. - Sua prima rolou os olhos, puxando um pequeno fio solto em sua meia calça escura. Teve sorte de não ter aberto um rasgo enorme no tecido fino através dessa ação. - É como se eu estivesse de biquíni.

— Não, não é.                     

Amy achou prudente desviar o assunto antes que uma daquelas discussões sem vencedores se instalasse.

— O que estão pensando em fazer hoje? - Perguntou curiosa e depois da expressão facial permitida somente aos maiores de idade, viu-se obrigada a completar. - Além de transar, é claro.

Hollie riu enquanto subia o zíper de uma saia de cintura alta também preta.                      

— Em uma realidade em que torrent existe, Connor quer deixar pra assistir o episódio depois e aproveitar a noite pra ir em um pub. - Ela deu de ombros ao observar-se no espelho. - Mas eu pretendo convencê-lo a me levar ao Diva Royale, um show de drag queens que tem lá no centro.

— Interessante. - Amy comentou, passando os dedos pelas dobrinhas de Mochaccino. - Por favor coloque imagens disso no seu vlog.

— Seu pedido é uma ordem. - Hollie riu e apontou para a câmera no criado mudo. Amy esticou-se para alcançá-la e entregou o objeto à morena em seguida - E vocês?

— Nós vamos fazer como os mortais comuns e aproveitar o sinal aberto da HBO pra assistir à transmissão mundial simultânea. - Alec respondeu depois de finalmente descobrir o rosto.

Deparou-se com a prima ajeitando os seios para ressaltá-los no decote da blusa verde clara. Bom, ao menos ela já não estava mais de roupa íntima.

Apesar de ser três meses mais novo, Alexander tinha Hollie como uma irmã pequena que devia proteger a todo custo (talvez porque sua própria irmã fingia-se de durona demais para permitir-se ser cuidada da mesma forma). Por esse motivo, era muitíssimo complicado para ele ter de lidar com o fato de Hollie ter uma vida sexual sem sentir vontade de vomitar ou arrancar as bolas do cretino.

Principalmente quando o cretino em questão era alguém que ele conhecia, como Connor.                        

— Você sabe em qual mala eu coloquei o scarpin preto?

Amy fitou-a com incredulidade.

— Provavelmente na que você colocou todos os outros sapatos.

— Ora, ora, parece que temos um Sherlock Holmes por aqui - Hollie ironizou e então parou por um momento, uma expressão intrigada no rosto maquiado. Ela sumiu de vista e voltou pouco depois com o scarpin em mãos. - Acho que estou pronta.

— Bom mesmo, o episódio tá pra começar. - Hollie mandou um beijinho na direção de Alec no exato instante em que o interfone tocou, anunciando a chegada do entregador de pizza. - Deixa que eu vou.

Amy assentiu e gritou um use proteção para a prima antes que a porta fosse fechada. Mochaccino virou de barriga para cima, perdido em um sono de dar inveja e ela sorriu como uma mamãe orgulhosa de seu filhote, pegando o celular para tirar uma foto.

Entrar no aplicativo do whatsapp para checar as mensagens foi um gesto inconsciente, abrir o contato de Ethan, nem tanto. Esperou por alguns segundos, analisando a foto de perfil e ponderando quais palavras usar, até desistir de uma vez.

Alexander abriu a porta, carregando a caixa de pizza com maestria e Amy deixou o celular de lado.

— Descobriu em qual canal fica a HBO? - Perguntou, sentando ao seu lado na cama e Mocha abriu os olhos assim que sentiu o cheiro da comida. Ela assentiu e usou um guardanapo para poder pegar uma fatia para si.

Não tinha dado a primeira mordida quando a energia caiu.

— Você só pode estar de brincadeira comigo! - Amy exclamou com certo desespero, olhando para o teto. - O episódio vai começar!

— É um puta hotel chique. - Alec tentou acalmá-la, embora ele mesmo não parecesse muito certo de suas palavras. - Eles devem ligar o gerador daqui a pouco, aposto que acontece antes de eu terminar de contar até trinta.

Amy não o levou a sério, colocando a pizza sobre o criado-mudo e levantando-se para abrir a porta do quarto e verificar a situação com algum dos funcionários. A surpresa foi constatar que não havia nada de incomum no corredor, as luzes de incêndio nem mesmo estavam ligadas.

— Alec, o problema é só aqui. - Disse e havia certa urgência em sua voz. O relógio apontava um minuto para o início da série e ela sentia-se à beira de uma síncope. - Você ligou alguma coisa na tomada errada?

Seu irmão negou com a cabeça e as luzes acenderam-se outra vez. O alívio que a atingiu foi tamanho que ela quase gritou uma prece aos deuses que não acreditava. Correu em direção à pizza e jogou-se ao lado de Alec no colchão em seguida, sem querer perder um minuto da atração que começava.

Amy deu um tapinha no braço dele para externar a animação e a adrenalina por quase ter perdido as cenas iniciais.

Quando perguntarem o que aconteceu aqui, - Ela mal conseguia respirar enquanto ouvia o tom épico das palavras da personagem. - diga que o norte se lembra.

Um barulho alto foi ouvido e todo o ambiente escureceu de uma só vez. Amy gritou em um misto de susto, frustração e raiva.

Sobre o criado-mudo, a mensagem que chegaria de Ethan segundos depois diria simplesmente:

Quando perguntarem o que aconteceu aqui, diga que os jogos começaram.

Ps: a senha do wifi é “pelaforça”, caso esteja pensando em baixar o episódio depois que a transmissão acabar.

 

~*~

Observações:

¹Pelo anjo: expressão comum no universo de Instrumentos Mortais de Cassandra Clare.

²Grey’s Anatomy: série de drama médico. Mundialmente conhecida pela quantidade de desgraças a que seus personagens são submetidos.

³O inverno está chegando: lema da casa Stark, uma das envolvidas na Guerra dos Tronos da saga As Crônicas do Gelo e Fogo, de George R. R. Martin.

 


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Notas finais do capítulo

É complicado ter essas pausas na escrita porque a gente como autora acaba ficando super insegura, com medo de ter perdido o jeito e tudo mais, então por favor, se tiverem um tempinho, deixem um comentário! Mesmo se for só um pra me avisar que vocês existem, eu preciso muito saber que vocês ainda não desistiram de mim!

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