Don't Wanna Know escrita por Queen Jeller


Capítulo 5
Capítulo 5: Flowers


Notas iniciais do capítulo

Creio que esse é o capítulo mais longo que já escrevi dessa história, mas espero que não seja cansativo pra vocês. As coisas continuam em marcha lenta, mas os dois próximos capítulos serão muito animadores para quem está esperando por algo enfim concreto. Agradeço a todos pelas visualizações e comentários!



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Senti um clarão invadir meus olhos ao piscar. Onde eu estava? Definitivamente não estava na minha casa. Senti algo ligado a um de meus dedos: eu estava em um hospital. Logo minha mente foi clareando sobre tudo que havia acontecido. Senti uma mão segurando levemente a minha. Ao abrir os olhos, vi que era Patterson. Ela estava dormindo sentada ao meu lado e sua mão estava levemente sob a minha. Tentei me mover sem acordá-la, mas movi o lugar onde agora tinha um curativo e gemi pela dor.

Lentamente Patterson foi se acordando pelo barulho que fiz e ela sorriu. Eu estava olhando pros fios que estavam conectados em meus braços e peito e para a roupa de hospital. Deus, como eu odeio hospital, pensei.

— Eu ia perguntar se você está bem, mas pela sua cara de repulsa por estar aqui eu posso concluir que sim. — Ela disse com humor. — Estamos felizes que você está bem. — Ela finalizou.

Ela colocou um buquê de rosas no meu colo e eu sorri, embora não gostasse tanto de rosas, sabia que era um ato de carinho do time por mim.

— Oh, obrigada. — Eu disse sem jeito. — Muita gentileza da parte de vocês.

— Não é nosso, é de… — Ela ia falar quando algo nos interrompeu. Era Roman na porta. — Do Roman. — Ela falou sussurrando.

Eu sorri sem jeito pra ela.

— Hey, — ele começou meio sem jeito — que bom que você está bem.

— Tão bem que não vejo a hora de sair daqui. — Completei.

Roman e Patterson riram juntos.

— Ela voltou tão normal como sempre. — Patterson disse enfim. — Eu vou comer algo e avisar ao time que você ta bem, se não se importam. Você quer alguma coisa, Tasha?

— Além de sair daqui? — Perguntei com humor e ela balançou negativamente a cabeça rindo.

— Não irei demorar. — Ela completou e saiu da sala.

Roman olhou pra mim e pras flores.

— Desculpa por… — Ele ia começar quando eu o interrompi.

— Privilégios do trabalho. Não se desculpe. — Eu disse olhando nos olhos dele.

— Você já leu o bilhete que há? — Ele perguntou franzindo a testa

— Oh, não. — Eu disse pegando-o e olhando

“De Roman e Aubree” havia escrito e logo atrás tinha “Esperamos que você fique bem longo!” com  nome de Aubree, seguido da le “PS: Eu sei que você acha flores bem descartáveis, mas a Aubree insistiu. Roman”. Esbocei um riso ao terminar de ler.

— Então tecnicamente só Aubree que me deu essas rosas, sim? — Disse com humor.

— Eu queria dar, mas sabia que se fosse só por mim você ia falar que são descartáveis então Aubree reforçou que queria dar rosas a você e nós compramos.

— Como ela está? — Perguntei mudando de assunto.

— Ela está bem. Ela sentiu sua ausência hoje e eu contei que você estava se recuperando porque tinha se machucado e ela imediatamente pediu pra comprar flores.

— Ela é muito carinhosa. E os outros?

— Eu não sei. Eu liguei apenas pra ela.

— Você ta aqui desde ontem a noite? — Perguntei incrédula

— Sim. E foi uma paz ter você aqui sem reclamar de nada. Eu quase não teria acreditado que era você, mas sabia que era porque você tava dormindo. — Ele disse com bom humor.

— Patterson será uma garota morta por ter deixado você me ver dormir. —Respondi.

— Shiii. — Ele disse com humor. — O mal humor já voltou. Já temos a verdadeira Zapata de volta.

— Eu odeio você. — Disse com determinação.

— É a terceira vez que você me diz isso em poucos anos que nos conhecemos. Estou quase acreditando que é verdade.

— Já devia ter acreditado. — Completei com deboche, dando de ombros.

— Mas se lhe interessa, eu não vi você dormir. Não ia ferir sua privacidade. A Patterson ficou a noite toda aqui na sala com você. Senti falta das suas reclamações. — Ele finalizou.

Sorrimos um pro outro até que uma enfermeira entrou.

— Hey. Você acordou. — Ela disse animadamente.

— Com a graça de Jesus Cristo, amém. — Eu disse em deboche.

Roman começou a rir.

— Sua amiga disse que você odeia hospital, então eu vim aqui avisar que você terá alta. Só precisamos que você troque de roupas e vamos lhe passar todos os cuidados que você precisa ter e remédio que terá que tomar nos próximos 3 dias. — Ela finalizou, virando-se pra Roman. — Eu vou precisar que você saia de sala, embora você seja namor…. — Ela ia dizer quando a interrompemos.

— Não somos namorados. — Dissemos ao mesmo tempo.

Ela riu.

— Ok.

— Eu preciso ir pro orfanato então estou indo. Espero que você fique bem. — Ele disse por fim.

— Eu vou ficar. Tenha um bom dia e abrace a Aubree por mim. — Respondi.

— Eu com certeza vou abraçar. — Ele disse sorrindo e fechando a porta.

Me virei pra enfermeira que me ajudou a sair da cama. Estávamos indo pro provador em silêncio até que chegamos lá. Tirei lentamente aquele vestido ridículo do hospital e ela me deu minhas roupas. Enquanto eu me vestia ela começou a falar.

— Eu sei que não é ético se meter na vida pessoal dos pacientes, mas… — Ela começou, mas eu a interrompi.

— É só não se meter. — Respondi.

— Se esse cara não é seu namorado, ele com certeza quer muito ser. — Ela começou. — E eu sei que você parece o tipo que não quer escutar essas coisas, que não quer saber a verdade mesmo quando ela ta na sua cara, mas esse cara gosta muito de você. Ele passou a noite aqui, não quis entrar enquanto você não tivesse acordada só pra não entrar sem sua permissão e assim que amanheceu ele fez questão de comprar flores pra você.

— Ele comprou flores porque nossa aluna pediu. — Eu respondi.

— Ele comprou porque ele quis. Escutei ele falando no telefone essa manhã. Ele apenas falou com ela sobre você ter se machucado, mas que você estava bem e em breve ia voltar pra ela. — Ela concluiu. — Ele quem comprou rosas pra você.

— Estou pronta. — Eu disse saindo do provador com as novas roupas minhas que Patterson havia trazido.

— Sua amiga está esperando você na recepção com suas flores, sua receita e seus remédios.  — Ela disse, dessa vez me olhando mais séria. — Boa recuperação.

— Obrigada. — Respondi saindo da sala e indo ao encontro de Patterson.

Ela estava no saguão me esperando. Peguei minhas coisas e logo ela estava com o carro. Entramos e eu respirei fundo. Não toquei em qualquer assunto porque no final eu só queria trocar esse curativo e descansar. Embora tivesse dormido muito, hospital sempre me deixava num cansaço interminável. Patterson me deixou em casa. Ela entrou comigo. Tudo ainda estava como eu havia deixado. Coloquei as flores e as chaves em cima da mesa de centro.

— Você vai ficar bem? — Ela disse olhando pra mim.

Me virei pra ela.

— Vou sim. Isso já aconteceu antes. Eu sei como me virar. — Eu disse sorrindo e indo ao encontro dela. — Obrigada por se preocupar comigo. — Eu disse abraçando-a.

Ela me abraçou também, mas com medo que me machucasse ela me abraçou levemente.

— Você não precisa agradecer. Nós somos amigas. É isso que fazemos uma pela outra. Lembra? — Ela disse olhando no meu rosto. — E você precisa agradecer ao Roman. Ele não saiu por um minuto do hospital até dizerem que você estava bem. Ele se preocupa com você.

— Eu fico feliz pela preocupação de vocês. — Respondi alisando os cabelos dela. — Mas eu vou ficar bem. Você tem que ir trabalhar. — Finalizei sorrindo.

Ela deu um beijo em minha testa.

— Qualquer coisa só nos ligue, ok? — Ela perguntou e eu balancei a cabeça.

— Sei que você vai me ligar antes de eu pensar em ligar.

Ela sorriu e saiu.

Aproveitei para tirar a roupa. A coloquei no cesto de roupas sujas e tirei o curativo delicadamente. Fui ao banheiro, tomei banho e coloquei qualquer pijama. Fui para cozinha e coloquei as flores em um jarro. Olhando pra elas cheguei a conclusão que havia gostado de ganhá-las, afinal de contas. Fiz bastante comida, mas acabei comendo pouco. Fui assistir TV esperando miseravelmente que aquela tarde passasse.

 

Roman POV

 

— Tio Roman. — Aubree veio correndo em meu sentido e me abraçou. — Como ela está?

— Ela vai ficar bem. — Respondi sorrindo confortavelmente pra ela. — Ela mandou um abraço pra você.

— Eu queria abraçar ela. — Ela exclamou.

— Ela vai voltar em breve. — Disse tentando deixá-la confortável.

— Mas eu quero saber se ela ta bem. — Ela disse com teimosia.

— Aubree, — eu comecei me virando pra ela — você confia em mim?

— Sim

— Eu estou dizendo que ela está bem.

Ela acenou com a cabeça e entrou dentro da sala. A atividade era a mesma de sempre, mas dessa vez eu senti uma ausência. A cadeira do meu lado estava vazia.

O sinal do almoço tocou e aquela tarde as crianças estavam livres. Eu porém sempre escolhia ficar lá. Estava sentado no pátio quando Aubree veio sentar ao meu lado.

— Você devia ir dormir. — Eu disse olhando pra ela.

Ela começou a rir.

— Eu não estou com sono, bobinho.

Ri do jeito que ela falou, até que ela ficou séria.

— Tio Roman. O senhor vai me levar pra casa nesse final de semana? — Ela perguntou franzindo a testa.

— Sim, florzinha, mas só se você quiser. — Respondi tentando deixá-la confortável.

Ela agarrou e abraçou meu braço.

— Eu quero, tio. — Ela disse com um sorriso. — Eu super queria que você fosse meu pai e me levasse sempre pra casa. — Ela finalizou aconchegando-se em meu braço e eu sorri.

Enfim sabia que adotar Aubree era uma boa decisão, pois do mesmo jeito que eu a queria como filha minha, ela me queria como pai.

O meu celular vibrou. Era mensagem da Tasha.

“Obrigada pelas flores. Eu sei que não foi ideia da Aubree e sim de você.”

Respondi com um emoji sorrindo timidamente. Não queria que ela tivesse descoberto, apenas queria que ela ficasse feliz pelas rosas, independente de achar que foi ideia minha ou de Aubree. Aubree viu que era ela e clicou na câmera, fazendo instantaneamente uma ligação em vídeo. Tasha atendeu imediatamente.

— Desculpa. — Eu disse nervoso e virei a câmera pra Aubree. — Foi ela quem ligou.

— Oi tia Tasha. — Aubree disse acenando com a mão animadamente.

Tasha também sorriu animadamente. Era contemplativo ver as duas sorrindo assim uma pra outra.

— Oi, florzinha! Estou com saudades de você.

— Nós também estamos. Sentimos sua falta hoje. — Ela respondeu. — A senhora vai ficar bem?

— Vou sim. Não se preocupe. — Tasha respondeu com fervor. — Em breve a gente volta a brincar de amarelinha.

— Ta bom, tia. Boa tarde. — Ela disse e quando Tasha deu tchau com as mãos ela desligou.

 

***

 

Eu estava deitada ainda no sofá quando alguém bateu na porta. Já era noite então imaginei que era Patterson, mesmo tendo dito a ela por mensagem que não era necessário voltar aqui hoje. Olhei no olho mágico para ver que era Roman… e Aubree. Minha boca e meu coração sorriram imediatamente ao ver os dois ali.

Abri a porta devagar e vi os dois. Aubree estava com um buquê de girassóis amarelos. Ela abraçou minha perna e convidei Roman pra entrar.

— Trouxe pra você. — Ela disse me oferecendo as flores.

— Obrigada, pequena. — Eu disse pegando-as. — Eu fico feliz que você esteja aqui.

Convidei Roman pra sentar no sofá e após juntar as flores de Aubree com as dele me sentei na outra extremidade. Aubree sentou entre nós e me abraçou.

— O seu machucadinho ta melhor? — Ela perguntou curiosa.

— Só doendo um pouquinho, mas vai ficar melhor. — Finalizei sorrindo pra ela.

Ela me abraçou novamente. Como eu havia ficado feliz ao reencontrá-la.

— Toma remedinho, tia. Eu preciso ir ao banheiro. — Ela disse saindo do sofá e eu a indiquei onde era.

Ela fez seu caminho e foi, o que me fez dobrar toda minha atenção para Roman. Percebi que ele estava com uma grande bolsa que era da Aubree.

— Obrigada por ter trazido ela aqui. — Comecei.

— Na verdade ela também pediu, embora eu tenha pensado nisso antes, mas eu não queria incomodar você.

— Vocês nunca me incomodam — Respondi e percebi que Roman ficou vermelho.

— Ela fica muito mimada quando ta perto de você. Fala com vários inhos no final das palavras. — Ele observou.

— Isso é sinal que ela gosta de mim. Ta com ciúmes? — Perguntei com humor.

— Não. — Ele sorriu sério. — Isso é sinal que ela gosta de você e isso é algo bom.

Tentei mudar de assunto.

— Vocês saíram pra comprar algo? — Perguntei apontando pra bolsa.

— Oh, não. — Ele disse um pouco sem jeito. — Ela vai passar o final de semana comigo.

— Você vai tentar adotá-la? — Perguntei um pouco animada, pois ficava feliz em saber que Aubree teria alguém que gostava dela como Roman gostava.

— Já estou em processo. — Ele disse um pouco tímido até que Aubree chegou perto da gente.

— Roman vai tentar ser meu papai. — Ela disse se colocando entre nós e me olhando no olho. — Você bem que poderia tentar ser minha mamãe.

Sorri não só nervosa com a afirmação, mas com a confirmação que veio dentro de mim. A confirmação que eu havia rapidamente gostado da ideia de ser uma família com Aubree e Roman.

 


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Notas finais do capítulo

Eu sei que o processo de adoção não é assim, até porque eu sou adotada (Não da maneira convencional, mas eu também passei por conversa com assistente social), mas eu quis fazer assim. Roman está em uma fase do período adotivo onde a criança se divide entre o novo pai e o orfanato, assim a assistente social analisa se aquilo está sendo ou não proveitoso pra criança. Espero que tenham entendido e aguardo comentários!



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