Don't Wanna Know escrita por Queen Jeller


Capítulo 23
Capítulo 23 - Just Be


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo está ENORME, mas espero que vocês não desistam dele. Estamos próximos ao aniversário da Mari, logo, o próximo capítulo acontecerá algo MUITO importante rs



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Ele disse que me ama.

Não que eu não soubesse, porque era assim que ele fazia eu me sentir a cada dia mais, mas escutar aquelas palavras saindo da boca dele havia concretizado tudo e eu não sabia como me sentir em relação a isso. Sentindo seu respirar enquanto ele dormia colado a mim e seu corpo inspirando e expirando me fazia estremecer, pois eu sentia que cada um daqueles músculos que mexiam pertenciam a mim agora, como se suas três palavras  tivessem sido como uma promessa de que tudo agora dele pertencia a mim.

Talvez, se eu tivesse ouvido essas palavras de outra pessoa, eu provavelmente sentiria que essa pessoa não sabia o real significado delas, mas eu conhecia Roman e sabia que ele conhecia o peso e o significado dessas palavras para nós e sabia que era por isso que ele tinha falado.

Encostei meus lábios em um beijo carinhoso perto de sua costela, onde meu corpo estava aconchegado, em um tom de agradecimento pelo seu amor por mim. Minha cabeça continuou a repetir várias vezes aquele seu gostoso tom de voz emocionado me dizendo aquelas três palavras.

Deus, eu também o amava. Sabia que amava, embora fizesse tão pouco tempo que estávamos juntos. Ainda estávamos na fase do encantamento, mas eu sabia que o que sentíamos um pelo outro era muito diferente do que eu já havia sentido em qualquer outro relacionamento. Será que ele tinha a dimensão do quão difícil seria para mim assumir isso? Já doía assumir pra mim mesma, quanto mais colocar essas palavras pra fora.

Eu beijei seu abdome novamente e alinhei meu corpo no dele, fechei meus olhos e rezei para que ele tivesse paciência enquanto eu lidava com meus próprios monstros. Senti sua respiração acima da minha cabeça e suspirei junto, de repente me banhando da calma que só ele sabia me dar, fechei meus olhos e dormi.

 

O dia amanheceu um pouco mais cedo pra mim. Às vezes Roman conseguia dormir um pouco mais além do que estava acostumado, mas eu não tinha a mesma facilidade. Me desalinhei de seu corpo e me sentei ao seu lado. Ele se mexeu em um resmungo, provavelmente sonhando, mas continuou dormindo.

Seu corpo tão robusto parecia assustador, e ficava ainda mais com essa aparência por causa da sua cicatriz que por vezes eu até esquecia que estava ali, mas eu via uma leveza em seu sono. Ele não parecia preocupado, cansado, nem nada disso. Parecia relaxado e sabia que ele estava feliz.

Me perguntei se ele havia tido a oportunidade de ter um sono assim antes, com uma infância e adolescência tão caótica e um começo de vida adulto preocupado em corrigir seu passado.

Eu sabia que ele estava vivendo seu sonho e estava feliz de estar dentro dele.

 

Resolvi me levantar e finalmente começar o dia. Quando fiz isso, percebi que o dia estava muito frio. Logo depois de me enrolar no roupão e vestir a calcinha, olhei pela janela e descobri o motivo: estava nevando lá fora. Decidi fazer uma comida quente e me distrai com isso, até ver a porta do quarto da Aubree bater por causa do vento e ela sentada já acordada em sua cama envolta num lençol super rosa. A comida estava pronta.

— Bom dia. — Eu disse chegando até a porta e ela me olhou com um sorriso enorme no rosto.

— Bom dia, tia. Dormiu bem?

— Claro que sim. Posso entrar?

— Claro que pode. — Ela disse então eu entrei e fechei a porta atrás de mim.

Ela cedeu um espaço ao seu lado na cama então eu sentei ao seu lado.

Seu quarto estava quase do mesmo modo que deixamos, exceto pela pequena bagunça que ela já havia feito, provavelmente procurando uma roupa. Suas bonecas no armário, sua foto com seu pai, a cadeira, estava tudo no lugar. Sorri involuntariamente olhando pela segunda vez essa quarto, dessa vez com Aubree e sua cama dentro.

— Eu espero que você tenha gostado de tudo. E saiba que se você quiser mudar algo no quarto, seu pai não vai ficar chateado.

— Meu pai? — Ela perguntou confusa.

— Sim, foi ele quem arrumou tudo. Eu só o ajudei a montar a cama aqui e organizar suas roupas.

Ela virou-se de repente e me abraçou. De uma maneira forte, que tirou um sorriso do meu rosto de gratidão. Eu realmente senti como ela estava feliz, e eu sabia o quanto Roman estava. Eles emanavam felicidade naquele momento até mesmo dormindo e só Deus sabia como eu também estava igualmente feliz por fazer parte disso.

— Eu gostaria de ter algo mais aqui. — Ela disse e se afastou, me olhando nos olhos. — Uma foto minha com a senhora e meu pai. A senhora também é minha família, embora ainda não seja casada com meu pai.

Eu só respondi com um riso nervoso e abri meus lábios, mas nada saiu. Era incrível como esses dois haviam feito eu ficar sem palavras com tanta coisa boa que estavam me fazendo sentir.

— Podemos colocar, depois. Fotos suas com a tia Jane, tio Kurt e seus amiguinhos. Podemos fazer um mural. E… falando em seu pai, ele está dormindo, mas ele já sai pra comer tudo, então vamos comer logo.

Ela passou a mão no rosto e riu.

— Aquele ali se não acordar vai chegar aqui na hora do jantar.

Não pude não rir e fomos pra cozinha, mas ela se virou em meu sentido.

— Tia, vou tomar banho antes. Posso ligar música aqui?

Eu a olhei em confusão.

— Claro que pode, querida. Não precisa me pedir nada. A casa é sua.

— Mas é sua casa, também, a senhora e meu pai já praticamente moram juntos aqui.

Mais uma vez ela me deixou sem palavras. Logo que me virei, Roman estava saindo do quarto apenas com uma calça cinza de moletom, o cabelo super assanhado e se espreguiçando.

— Bom dia. — Ele disse vindo em meu sentido e me abraçando.

Seu corpo estava quente e eu pousei minha mão em seu peito.

— Jesus, você está tão aquecido. Como aguenta esse frio sem nenhuma camisa?

— Eu tenho você pra me aquecer. — Ele disse e me beijou.

Logo que nos separamos, eu sorri e ele também.

— Vocês irão me acostumar mal com tanta felicidade toda hora.

— Vamos? — Ele respondeu fingindo deboche. — Eu espero que sim.

Nos sentamos para comer e alguns minutos depois Aubree chegou.

— Eu espero que você não tenha comido tudo. — Ela disse com um ar super bem humorado e abraçou o pai por trás.

— Aqui está o seu, princesa. — Ele colocou o prato em seu alcance e ela sentou ao nosso lado.

Ela estava totalmente aquecida do pescoço aos pés com meu cachecol, uma blusa de frio amarela e uma calça preta, assim como as meias que ela usava quando estava frio dentro de casa.

Estávamos planejando nossa ida a área de patinação de Rockfeller, que Aubree alegava nunca conhecer, quando o telefone tocou. Era Weller.

— Eu espero que você não venha me dizer que Jane está a caminho. — Eu disse antes de qualquer coisa, o que o fez rir.

— Tendo um bom momento? Infelizmente liguei pra cortar seu barato. Estão precisando de você com urgência no FBI.

— Sério? — Rebati com preguiça. — Estou tendo um ótimo café da manhã em família.

— Desculpa te tirar disso, mas precisam de você pra uma missão infiltrada em Chicago. A inteligência de lá irá te dar todo suporte.

— Arghhh! — Revirei os olhos. — Ok. Estarei no escritório em breve.

Desliguei o telefone e os olhei com carinha triste.

— Pessoal, infelizmente terei que ir trabalhar. Por tempo indeterminado.

Aubree me olhou com tristeza.

— E nossa patinação?

— Querida, eu espero que possa voltar para irmos logo, mas não devo sequer voltar hoje. Ou essa semana.

Ela respirou em frustração e Roman me olhou confuso.

— Tengo que ir a un misión disfrazada. — Disse em espanhol para que ele entendesse e não Aubree. Ela sabia que eu era policial, mas pela sua própria segurança, não era bom que compartilhássemos qualquer coisa a mais sobre isso com ela.

— No puede ir otra persona? — Ele perguntou e eu suspirei, tanto em frustração como por escutá-lo falar em espanhol. Amava seu sotaque falando meu linguajar.

— Creo que no. Weller sabía que yo estaba con ustedes. Él no me habría llamado si otra persona pudiera.

Todos nos olhamos triste, Aubree mais ainda.

— Querida. Eu prometo que em breve volto e daí vamos patinar juntas, ok? — Disse e beijei a testa dela, que continuou me olhando com desânimo, mas não podia fazer nada.

— Preciso ir. — Falei olhando para Roman e ele acenou com a cabeça.

Fui tomar banho e quando estava me vestindo, ele entrou no banheiro.

— Ela continua emburrada porque você não estará aqui. — Ele disse.

— Eu sei, mas é algo que não posso controlar. Desculpa.

Ele beijou minha testa.

— Você vai ficar bem? — Ele me agarrou pela cintura e eu coloquei meus braços acima de seus ombros. Seus olhos pareceram preocupados.

— Vou sim. Espero voltar em breve. Gosto de estar aqui.

— Nós adoramos ter você aqui também.

Meu celular apitou e era mensagem, provavelmente do FBI, então nos largamos.

Terminei de me vestir e quando sai, Aubree estava saindo arrumada e Roman tinha trocado de roupa.

— Podemos ir deixar você? Vamos na casa da Jane e passamos perto do trabalho antes.

— Claro. — Respondi com um sorriso e fomos.

Quando chegamos na esquina, Roman parou o carro e me deu um beijo mais caloroso que normalmente nos dávamos quando estávamos na frente da Aubree.

Depois, Aubree me abraçou bem forte.

— Volte logo. — Ela afirmou. — E bem. — Finalizando com um sorriso.

Eu dei um beijo em seu rosto e me despedi. Esperando realmente voltar logo, mas a missão não me ajudou muito.

 

Foram quase 3 semanas tentando derrubar uma rede de contrabando de armas. Entendi o motivo pelo qual tinham me chamado. A pessoa quem eu devia fingir ser chamada Halsey tinha o mesmo tipo que eu e também tinha que falar espanhol já que a negociação acontecia toda para o México e a Colômbia, dois lugares que eu conhecia bem por já ter várias missões por lá. Passei uma semana para me infiltrar sem dar pistas que era policial e 10 dias para derrubar eles com provas concretas sem me colocar em perigo ou colocar outras pessoas que também estavam participando.

Foram 17 dias fora de casa. Longe dos meus amigos, da minha rotina, de Roman e Aubree. Geralmente eu costumava me adaptar com certa rapidez a essas situações, mas dessa vez foi mais complicado. Eu senti uma falta maior do que possa descrever de Roman. Senti falta da sua companhia, de poder conversar com ele enquanto fazia as coisas e dormir bem aconchegada a ele depois de fazermos amor.

Isso só me fez ter certeza que eu também o amava. Íamos fazer três meses apenas de namoro, mas já estávamos construindo uma vida juntos. Já dividíamos nossas vidas, planos e sonhos. Já havíamos adaptado silenciosamente nossas casas a nós dois, nossa rotina e também a vida de Aubree. Eu já não me via sem eles dois e sabia que eles já não viam suas vidas sem a minha. Eu já não era a mesma. Ele havia me mudado sem pedir licença, assim como eu o havia mudado pra melhor. Ele havia me dado uma família e eu estava feliz em poder ser parte da família que ele estava formando e ficar longe dessa família por 3 semanas foi o suficiente para não mais ter medo ou temores em relação a fazer parte disso. Eu sabia o que eu queria e o que eu queria era estar ao lado dele, mais do que tudo.

Chegar no FBI foi um alívio para mim. Pelo cansaço e também por estar viva. Por poder reencontrar meus amigos. Encontrei Patterson assim que entrei no elevador.

— Olha quem voltou! — Ela disse me abraçando animadamente. — Estávamos com saudades de você!

— Eu também estava com saudades de você. Fizeram muita bagunça enquanto eu não estava por aqui?

Ela riu em resposta.

— Só um pouco, mas sentimos falta de você aqui pra bagunçar essa cidade com a gente. O que é Nova York sem Tasha Zapata?

— Nada! — Respondemos ao mesmo tempo e eu sorri. Ela parou na minha frente quando desci do andar.

— Eu acho que dessa vez eu realmente senti falta de vocês. Acho que encontrei meu lar aqui e também minha família e…

— Você ta saindo com alguém! — Ela afirmou, o que me fez automaticamente corar.

Me senti sendo colocada na parede, mas era Patterson, então eu pude finalmente falar.

— Basicamente eu não estou só saindo. — Eu disse com um riso nervoso, mas não era daquele modo que eu queria me assumir pra Patterson, ainda mais com risco de alguém aparecer e ouvir. — Mas eu estou realmente gostando de alguém.

— Você parece feliz com isso e eu também estou feliz por isso. Você sempre foi feliz sozinha, mas fico feliz que você arrumou mais alguém pra compartilhar tudo isso. Ele deve ser um rapaz de sorte! Posso saber quem é?

— Sim, ele é um rapaz de sorte. E eu acho que você saberá em breve, mas não ago…

— Roman! — Ela me interrompeu e me deixou ainda mais corada, mas antes que eu dissesse algo, vi Roman aparecer logo atrás de mim, ficando ao nosso lado.

— Oi Patterson. — Ele então se virou para mim. — Você voltou!

Seu sorriso era um poço de veneno em que eu queria me afogar depois de tantos dias vendo-o apenas em minha mente.

— Para tristeza dos haters.

— Você está bronzeada. Esteve aproveitando alguma praia enquanto trabalhava?

Eu ri nervosamente, percebendo que ainda estava corada então Patterson me interrompeu.

— Ela está apenas corada porque estava me dizendo que está gostando de alguém.

Roman me olhou com brilho nos olhos.

— Ele deve ser um cara de sorte.

— Ele com certeza é. — Eu respondi o encarando então o celular de Patterson apitou.

— Preciso ir, pessoal. — Ela disse depois de olhar o celular e então levantou o olhar para mim. — Mas você vai me contar isso, viu?

— Prometo que uma hora ou outra vou.

— Eu não vou esperar muito.

— Ta bom. — Respondi acompanhado de um sorriso e ela se foi.

 

Logo que ela se afastou, vi que Roman estava com um sorriso bobo no rosto e ele me acompanhou em direção a sala de reunião, onde Weller estava e eu precisa entregar a ele a pasta do caso para ir embora.

— Você sabe que eu preciso aprovar esse cara antes de você se assumir, né?

Eu o olhei com ironia.

— Ele é um cara legal. Ele é introvertido, mas depois que você o conhece percebe que ele engraçado, inteligente e muito divertido. Acho que você vai gostar dele.

Ele sorriu pra mim e me abraçou quando estávamos no corredor que estava vazio.

Tinha sentido tanta falta do seu toque e do seu cheiro, que me deixei aconchegar por alguns segundos. Senti seus lábios em minha testa então o olhei.

— Senti sua falta. — Disse sem rodeios. — Por que você está aqui?

Antes que pudesse responder, uma voz conhecida nos interrompeu.

— Tasha! — Era Kurt acompanhado de Jane.

Eu e Roman nos desvencilhamos rápido, mas eles já haviam percebido.

— Estou de volta! — Tentando encobrir minha vergonha pelo quase flagra com humor.

— Estamos felizes que você está. — Ela disse e me abraçou, colocando distância entre mim e o Roman e então olhou com desconfiança para nós dois e fixou seu olhar no irmão.

— O que você está fazendo aqui?

— Eu o chamei. — Weller interrompeu e depois de trocar um olhar comigo continuou. — Mas já resolvemos, né?

Ele piscou pra ele e então Roman respondeu.

— Sim. Eu já estava indo, só vim dar um abraço nessa criatura que estava sumida. — Ele completou batendo na minha cabeça.

Jane olhou pra nós dois e sorriu.

— Aqui está. — Eu disse entregando minha pasta pro Weller.

— Você pode ir pra casa e voltar somente na segunda. Trabalhou por 17 dias. Está cansada. — Ele disse e olhou pra Roman,que tentava de qualquer jeito não transparecer seus sentimentos a sua irmã.

— Posso te dar uma carona? — Roman perguntou. — Estou indo pra casa. Não me incomoda passar na sua antes.

— Eu adoraria. — Respondi em um sorriso.

Me despedi de Jane e Weller e eu e Roman fomos rumo ao elevador, mas não sem antes eu escutar Jane fofocar com Kurt.

— Ela gosta dele também. Tenho certeza.

Quase voltei para respondê-la que sim, mas olhei pro homem que estava ao meu lado e preferi ir matar minha saudade com ele.

A resposta para Jane, Patterson e os outros poderiam ficar para depois.


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Notas finais do capítulo

Eu AMEI escrever esse capítulo pois amei escrever sobre os sentimentos da Tasha e como a ausência do Roman por 17 dias fez ela acordar pra perceber que não faz mal amá-lo. Espero que vocês gostem e comentem!



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