Se fiquei esperando meu amor passar escrita por Sofia


Capítulo 1
Capítulo 1 - Dado


Notas iniciais do capítulo

Finalmente criei vergonha na cara para postar minha primeira história, ufa! Confesso, não queria postar enquanto ela não estivesse pronta, mas fui persuadida que postar poderia me forçar a escrever em vez de ficar procrastinando por aí. Vamos ver, né.
Sobre a história, horas de Legião (♥) me inspiraram e fizeram nascer meus 3 bebês: Dado, Daniel e André. Espero que gostem deles ♥
Sem mais delongas, o primeiro capítulo! Boa leitura!



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Dado pulou a janela do quarto de Maria Lúcia vestindo a camisa às pressas quando os dois ouviram a porta da sala sendo aberta.

Ah, espera. Vamos voltar um pouco.

Era domingo quando ele e a menina foram na festa de aniversário de... alguém. O convite viera dum amigo do amigo do amigo do aniversariante, que era um completo desconhecido para Dado. Mesmo assim, a festa prometia ser A festa e ele não perdeu a oportunidade de chamar seu alvo atual para sair e, consequentemente, aproveitar as circunstâncias para dar uma passadinha na cama dela depois. 

Dito e feito: penetras numa festa que se arrastava até 2 da manhã de segunda, os dois saíram em direção a casa de Maria Lúcia sem nem disfarçar as intenções.  E, bem, o que aconteceu entre eles depois...

Voltemos ainda mais um pouco.

Já fazia cerca de um mês que Dado estava dando em cima de Maria, uma menina linda que conhecera em uma festa, investindo incessantemente até que ela começasse a ceder aos seus encantos. Ela era difícil, mais do que as outras com que Dado já havia ficado. Muitos acordes e mimos foram necessários para que ela aceitasse sair da primeira vez, quando foram ao cinema e Dado, convicto de que havia conseguido o passe certo para a cama dela, se frustrou quando trocaram apenas um beijo. Mas às vezes ele se dava ao luxo de gastar mais algum tempinho investindo quando a garota era muito gostosa e ele não desistiu - na segunda vez que saíram, as coisas evoluíram um pouco, assim sucessivamente até o dia da festa. 

E então, resumindo, ela se tornara mais uma garota na sua lista que passara da coluna "não peguei" para a "peguei".

Porque, é, Dado era assim: um romântico incorrigível, fazendo músicas e poesias, dando chocolates e mimos até que conseguisse o que queria. Depois, era óbvio que ele tinha uma estratégia - convenientemente, ele nunca ficava com meninas do seu círculo social, o que significava que ele não as encontraria depois. E então, se afastar era simples: bastava não as procurar e aguardar até que elas desistissem de ser ignoradas. Claro que geralmente esse era um processo rápido - a maioria das garotas também usavam essa estratégia. Assim, sua vida de garanhão passava sem muitas complicações.

Mas dessa vez as coisas tinham sido um pouco diferentes. Não, Dado não estava apaixonado - ele não ousava sentir amor desde Mônica - mas ele gostava de Maria Lúcia. Não se importaria em sair com ela mais vezes se não desconfiasse que a garota começara a se apaixonar por ele, o que era um problema porque Dado não queria magoá-la, mas ele não era mais o tipo de cara que conseguia ficar com uma pessoa só e então ele ponderava sobre até que ponto deveria levar aquilo adiante. Depois de conseguir transar com ela, ele desconfiava que não muito pra frente, na verdade. Não que fosse falta de interesse, mas agora ele não tinha mais um objetivo e achava melhor acabar com isso logo.

Deviam ser por volta das 10 pras 6 da manhã quando ele pulou o muro de sua casa e depois entrou pela janela do quarto de sua irmã mais nova (sem acordá-la, ele notou, quase uma conquista) e foi para o banheiro tomar um banho rápido para ir para a escola. Enquanto secava o cabelo com uma toalha, ele pegou o celular que colocara no carregador ao chegar e o ligou. 7 chamadas perdidas do número de sua casa e 5 mensagens de seus amigos no whatsapp, o questionando se iria para a aula no dia seguinte e também se ele tinha finalmente "conseguido comer a tal da mina que ele estava enrolando a um mês". Respondeu apenas um emoji com carinha pervertida e jogou o celular de volta na cama, sorrindo orgulhoso de si mesmo. Ele tinha pegado A mina. Teria muito do que se gabar durante os próximos dias.

Por volta das seis e meia, ele apareceu na cozinha para tomar café da manhã como se nada tivesse acontecido. Sua mãe, Priscila, e sua irmã, Mariane, estavam sentadas à mesa, e ele puxou uma cadeira e sentou, enquanto se preparava para a bronca da mãe. Ele contou em silêncio: 1, 2, 3...

— Eduardo - sua mãe chamou, brava, no exato momento em que ele pensou "começou" - posso saber que horas o senhor chegou em casa E POR QUE VOCÊ NÃO ATENDEU O MALDITO TELEFONE? 

— Foi mal, mãe. Meu celular ficou sem bateria. - A mulher bufou, revirando os olhos. Dado riu e continuou - E acho que cheguei umas meia noite, por aí. Não passou disso.

Sim, Dado mentia descaradamente. Principalmente quando ficava bravo por ser chamado pelo verdadeiro nome, Eduardo, que porventura também era o nome do seu pai. Nota: ele odiava o pai. Logo, ele também odiava qualquer coisa que o lembrasse do pai, inclusive o próprio nome.  Vale citar que a única coisa que tinham em comum era os cigarros. 

— Sei, Dado. Vou fingir que acredito em você - Sua mãe respondeu, servindo outra xícara de café para si mesma - Bom dia, aliás.

— Bom dia - ele também serviu uma xícara de café para si. A vontade de fumar era inevitável pela manhã, mas ele sabia que sua mãe surtaria se descobrisse sobre os cigarros. Tudo bem, ele aguentava mais alguns minutos para poder fumar.  - Dormiram bem?

Sua irmã, usando fones de ouvido sem participar da conversa (ela e mãe deveriam estar brigadas de novo, Dado imaginou), apenas lhe lançou um olhar irônico, enquanto a mãe dava de ombros.

— E você? - Priscila perguntou - "Dormiu" bem, Dado?

Bom, não é como se as noitadas de Dado fossem uma novidade e/ou ele fosse um bom mentiroso. Sua mãe sabia muito bem que ele provavelmente nem havia dormido.

— Opa - ele sorriu, dando uma piscadela - Muito bem.

Sua irmã bufou. Ele sabia que ela era ciumenta, mas provocava mesmo assim. Não que ele mesmo não tivesse ciúmes dela, mas ele sabia que ela era do tipo quieta, o oposto dele. Já sua mãe revirou os olhos de novo e negou com a cabeça, numa expressão de "esse meu filho não presta". Dado ainda se acostumava com essa mudança de atitude da mãe, que antes faria o maior escândalo por ele ter passado a noite fora. 

— Come logo que você vai se atrasar. - a mãe disse, enquanto Dado se levantava comendo uma torrada e ia pra o quarto pegar a jaqueta - E não esquece da jaqueta! - ela gritou.

No quarto, Dado pegou seu celular e viu que André respondera sua mensagem com um "finalmente". Colocou o aparelho na mochila, a mochila em um ombro, checou se o maço de cigarros e o isqueiro estavam bem guardados em seu bolso e saiu do quarto já vestido com sua jaqueta de couro de sempre. Sua mãe sorriu em aprovação.

— Beijo, mãe. Amo você. - Dado se despediu.

— Tchau, meu amor. Boa aula.

— Tchau, maninha - ele piscou, enquanto ela apenas o respondia com um sinal de mão.

Ele foi até a sala e saiu.


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Notas finais do capítulo

E este foi o primeiro capítulo, uma breve apresentação de quem deveria ser o protagonista da história - o Dado.
No próximo capítulo, conheceremos Daniel (que acabou criando vida própria e concorre em protagonismo com o Dado).

Qualquer sugestão/comentário/crítica/dúvida/elogio é bem-vindo!

Obrigada e até o próximo!