A filha de Juventas - A escolhida de Urano escrita por Luana Cajui


Capítulo 5
Acampamento Meio - Sangue


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui de novo, eu disse que esse capitulo não iria demorar muito, então aqui esta ele, lembrando que eu aceito comentários simples como "Gostei, continua!"



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Capítulo 4

Inúmeras vozes falavam ao mesmo tempo, eram vozes femininas sussurrando, pareciam-lhe, familiares, naquela confusão ela não conseguia se concentrar, algumas vozes eram alegres, outras melancólicas, porém todas tinham um jeito único e belas. De repente o silêncio se fez por poucos segundos, até que todas as vozes começavam a falar num perfeito uníssono em perfeita harmonia.

"A hora chegou

Em dez dias

O despertar estará completo.

Quatro se juntaram,

Contra um.

No Olimpo uma batalha se formará

E Urano despertará.

ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ

Ao abrir os olhos, uma luz forte ofuscou a visão de Mirage, que os fechou novamente tentando se acostumar com o brilho, ela sentiu um cheiro forte de remédios no ar invadindo suas narinas, junto com outro cheiro, uma flor talvez? Lírios ou Damas da Noite? Não sabia, mas era reconfortante.

—Acordada? – Ela ouviu uma voz masculina lhe chamar, quando seus olhos se acostumaram com a luz, Mirage pode deslumbrar um garoto loiro com olhos azuis cintilantes de pele oliva, ele lhe sorriu e levou uma das mãos a um canto logo atrás de seu pescoço perto do ombro, uma dor forte lhe subiu por aquele lugar fazendo a mesma gemer com a dor - Ainda está dolorido? Talvez daqui alguns dias esteja melhor.

"Talvez?" Pensou ela um pouco irritada com a dor. "Como assim talvez?"

Mirage teve a impressão de que foi ignorada. Ela passou os olhos pelo local e pode reparar que aquele cômodo era enorme, repleto de camas, porém uma delas lhe chamou a atenção. Sentado em cima de uma delas estava um garoto de cabelos castanhos, pele bronzeada repleta de cicatrizes, ele encarava Mirage diretamente com uma expressão de poucos amigos.

—Não ligue para ele -disse o loiro sorrindo olhando-a- Ele só está de mau humor. Começou a três dias.

—O que aconteceu há três dias? -Mirage estava rouca e fraca, sentiu uma necessidade de beber água, sua garganta parecia uma esponja de aço de tão áspera.

—Você chegou.- ele riu deixando ela confusa - O topo da Colina começou a ser incendiado, do nada, foi um desespero, se aquele fogo chegasse no pinheiro...bom,-ele se deteve- do mesmo jeito que ele surgiu ele desapareceu.

—E aquela ruiva apareceu com você no topo da colina. -O garoto mal-encarado aproximou-se dos dois, ele carregava uma faca em mãos.

—Aquele ferimento deveria ter te matado pirralha. -pronunciou num tom de raiva.

—Thomaz! -repreendeu o loiro num tom de voz irritado, mas como resposta ele recebeu um olhar intimidador que fez o loiro se calar. Mirage não gostou disso e estava pronta para começar uma discussão quando uma figura ruiva entrava no local acompanhada de um homem numa cadeira de rodas. O moreno se calou quando viu os dois. Daiana sorriu para ele, mas não um que ela distribuía a Mirage, esse era irônico.

—Olá rapazes, podem nos dar licença? Queremos falar com a Mirage e me certificar de que não falaram mais que o necessário. -Pediu educadamente o homem na cadeira de rodas enquanto Daiana se acomodava pulando no pé da cama e os outros dois saiam.

Silêncio predominou incomodo fazendo-a se arrepiar com um pressentimento. Mirage preferiu manter-se quieta enquanto encarava os dois a sua frente.

—Bem, -começou Daiana -Você deve estar confusa Mira....

—Estou demasiadamente desesperada por respostas e água, por favor, pelo amor de Buda!

O homem na cadeira estava ao lado de uma mesinha, ele esticou o braço sob a mesa. uma jarra e um copo apareceram em cima dela. Daiana não pareceu surpresa, ao contrário de Mirage que ficou boquiaberta. O homem rapidamente lhe entregou o copo e sem saber o que falar ela bebeu o conteúdo do copo sem questionar. Era água afinal.

—Como eu estava dizendo, você deve estar confusa Mira. Monstros te atacando de uma hora para outra, ser quase mortalmente ferida.

A conversa foi longa repleta de monstros, deuses gregos e de como eles se mudam de país e atualmente estarem nos Estados Unidos. Ás vezes eles tinham filhos com os mortais e que Mirage e Daiana eram filhas de algum desses deuses assim como os outros naquele lugar. Vez ou outro Mirage fazia uma careta ou duas e pedia mais água o que causou pena na ruiva.Ela precisava ficar sozinha por algum tempo, então ela saiu dali com Quiron enquanto a morena afundava em seus próprios pensamentos.

P.O.V Daiana

Havia deixado Mirage "sozinha" na enfermaria, sozinha entre aspas, pois Leon esgueirou-se para dentro assim que virei as costas. Talvez em companhia dele ela acalmasse durante a conversa a mesma ficava mexendo inquietamente os dedos uns nos outros, claramente irritada e ansiosa. Deixá-la sozinha era a melhor opção.

Assim que deixei Quiron no escritório do Sr.D, procurei sair da casa grande quando senti um peso forte sobre meus ombros, como quando se sente observado.

"Era só o que me faltava!"

Sai rapidamente do local a passos apressados, passei pela quadra de vôlei onde alguns "engraçadinhos" resolveram dar aqueles assobios idiotas, mas logo receberam um dedo do meio em resposta. Fui até o lago, deveria ser umas dez horas da manhã aproximadamente e estava frio demais para as atividades ali, nenhuma náiade estava por perto então caminhei até a beira e olhei meu reflexo na água.

—Saía logo daí, sei que está me observando.

Não me dei nem ao trabalho de revirar os olhos quando ouvi aquela risada, senti o ar tremular perto de mim quando algo envolveu minha cintura e me puxou para trás. Virei-me rapidamente e encarei aquele homem de uns vinte e poucos anos vestindo camiseta do Metallica, uma jaqueta de couro, uma calça militar acompanhada por botas bem pesadas, e uma faca presa a cintura, os olhos vermelhos me encaravam junto a um sorriso presunçoso.

—O que você quer? -cerrei os punhos, a presença daquele idiota me deixava irritada aos extremos.

—Eu preciso querer algo para vê-la? -assim que me viu recuando para o lado o mesmo avançou na minha direção.

—Eu senti seu olhar sobre mim quando estava na casa grande, você só me procura quando quer algo Phobos.

O sorriso no rosto dele aumentou o que me irritou bastante.

—Ora, não diga isso ruivinha, sabe que você é uma das minhas favoritas.

Senti meu rosto ser erguido, Phobos se aproximará tão rápido que não tinha percebido, ele segurava meu rosto com uma das mãos, na tentativa de me afastar ele passou o outro braço pelas minhas costas como num abraço e colou seu corpo ao meu me impedindo de fugir.

—Me solta...-ameacei mantendo a voz calma.

—Se não o que, anjo? -ele aproximou seu rosto do meu, com o sorriso. -Que fique claro quem é o mais poderoso aqui.

Antes que o mesmo conseguisse me beijar dou um pisão no pé dele com o salto da minha bota, assim que ele recua me desvencilho de seus braços correndo para me afastar.

—Que fique claro que eu...

Rápido, ele é rápido, no instante seguinte estava caída na areia úmida com os braços imobilizados.

—Deveria ter cuidado ruivinha. -Phobos olhou diretamente em meus olhos, pude ver uma ilha inteira pegando fogo e um vulcão entrando em erupção, sinto meu corpo estremecer - Alguém que foi esquecida pelo pai como você não tem tanto poder, eu poderia destruí-la. -o peso dele foi jogado sobre mim, o rosto dele se aproximou do meu e ele finalmente teve o que queria, ele me roubou um beijo, mas ele não queria apenas aquilo – Uma Meio-Sangue bela e brilhante como você, não ter sido de ninguém é um profundo desperdício, eu poderia te dar muito mais Daiana, torná-la minha, só minha, pela eternidade. -Ele sussurrou próximo a minha boca após se separar poucos centímetros.

—Palavras vazias não colam comigo, você já tentou antes, verões atrás e não deu certo. –Sussurro de volta, pude perceber uma leve queda no olhar dele.

—Você é...

—Eu sou?...

—Diferente.

—Você já disse isso das outras vezes, agora me solta!

—Não! -Ele gritou no meu rosto, o que admito, me assustou bastante, mas logo o mesmo pareceu arrepender-se. - Olha Daiana...- quando o mesmo iria voltar a falar como alguém descente ele se interrompeu e desviou o olhar do meu, ele saiu de cima de mim e estendeu a mão, a segurei e no outro instante já estava em pé -Preciso ir.

—Eu percebi -sorrio fracamente, rapidamente dou um selinho nos lábios dele apenas para provocar e saio andando –“Noís se vê” por ai .

Sem esperar resposta alguma saio dali indo novamente para a casa grande.

P.O.V Daiana OFF

ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ

Assim que Daiana retornou a enfermaria pode ver o meio-sangue de Apolo conversando com Mirage enquanto trocava as ataduras nas costas dela.

—Sai da frente fogaréu! - Daiana foi empurrada enfermaria adentro pelo filho de Ares, Thomaz trazia em seus braços um garoto, ele parecia ter uns 11 anos, muito novinho.

—O que houve com ele? -Perguntou Leon.

—Caiu da Parede de Escalada, do topo bem na lava. -Explicou o moreno colocando o menor numa cama e pegando uma caixa embaixo da mesma.

—Já estou indo ai. – Avisou o filho de Apolo.

A ruiva caminhou até Leon, segurou seu braço com uma força fora do comum e o arrastou até onde os outros dois estavam.

—Eu cuido da Mirage, ele é prioridade! -Ela falou com um pulso firme fora do normal.

Daiana foi até Mirage, ignorando os olhares pasmos de Leon e de Thomaz. Em poucos minutos ela já tinha terminado de trocar as ataduras e acabou percebendo que os cabelos de Mirage estavam molhados e com um cheiro muito bom.

—Tomou banho? -Perguntou.

—Sim- Mirage respondeu -O loiro me levou no "vestiário", três dias sem tomar banho não fazem bem a ninguém. -ela riu fracamente enquanto voltava a vestir uma camiseta regata do acampamento, com certeza Quiron havia entregado.

—Realmente, você estava começando a cheirar como um javali.

As duas gargalharam com a piada interna, mas a ruiva recebeu um olhar de advertência do garoto de Ares do outro lado do local.

A língua dela foi o que ele recebeu em resposta.

—Posso levar ela pra ver o acampamento Leon?

—Hã? Ah, claro, pode...tchau.

Daiana sorriu para Mirage e entregou um par de All-Stars que foram calçados rapidamente, as duas saíram da casa grande. Daiana estranhamente começou a tagarelar, a outra a ouvia atentamente enquanto encarava os locais que a ruiva apontava. Ela já tinha lhe mostrado os campos de morango (aos quais Daiana roubou alguns), os estábulos, a quadra de vôlei (sem assobios dessa vez.) e a área dos chalés em forma de U invertido, o que chamava mais atenção neles era a aparência peculiar, um tinha um brilho amarelo cegante  que irritou muito os olhos de Mirage. Um com brilho verde repleto de plantas e flores ao redor o que agradou muito Mirage, mas o que mais chamou a atenção dela foi o chalé roxo cheio de videiras e parreiras de uvas. Ao questionar sobre as uvas a ruiva disse que só os filhos de Dionísio poderiam se quer toca-lás por serem encantadas, nem precisou dizer que Mirage ficou chateada, uvas a davam uma sensação nostálgica e não poder come-las dava-lhe uma sensação ruim. Daiana prosseguiu a expedição enquanto explicava por que alguns chalés estavam praticamente destruídos, segundo ela há alguns anos Cronos estava tentando renascer e para isso ele se apossou do corpo de Luke Castellan, um traidor filho de Hermes, e que um tal de Percy Jackson o estava tentando deter.

—Filho de Zeus? -Perguntou.

—Não, Poseidon -Esclareceu ela.

Cronos pareceu despertar o interesse de Mirage, sentiu bem no fundo de seu coração uma pontinha de ódio e quando Daiana citou a guerra que estava prestes a começar não a deixou mais tranquila.

—Cronos quer voltar para destruir os deuses? -Perguntou enquanto as duas passavam pela área dos chalés, recebendo alguns olhares curiosos dos demais semideuses.

—Sim, e quer destruir o Olimpo, por isso ele está reunindo o maior número de monstros e semideuses que consegue para sua causa, Quiron, aquele homem que você viu na cadeira de rodas, ele teme que o traidor tente atacar o acampamento novamente.

—Novamente?

—Ano passado, as tropas dele tentaram invadir o acampamento por uma das entradas do Labirinto de Dêdalo.

—Aqui tem uma entrada?- Perguntou espantada.

—Tem sim -Daiana riu -Mas depois falamos nisso.Vou te mostrar onde será a nossa casa esse verão.

Daiana guiou a outra até o décimo primeiro chalé, o de Hermes, o chalé mais simples dali. A ruiva abriu a porta rapidamente quase arrancando ela das dobradiças.

—Hello Everybody, aqui é a maravilhosa Daiana dona da porra toda, rainha desse chalé, falando diretamente da porta com uma nova campista, que todos tenham um bom dia! -Gritou animada

O que? Pensaram que Daiana era uma pessoa madura? Pessoa maduras não imitam a Sardonyx, na verdade Daiana esta longe de ser madura, está mais pra um broto verde.

—Oi Daiana!-um coro de vozes infantis e juvenis veio de dentro do chalé despertou o nervosismo de Mirage.

Daiana entrou no chalé sem cerimônias, deixando Mirage do lado de fora, ela não se sentia segura para entrar.

—Vamos Mira, entra ou vai ficar ai plantada como uma mandrágora -A ruiva não esperou resposta, pegou a outra pelo braço. O constrangimento da menor era grande, detestava chamar atenção e neste momento todos estavam prestando atenção nela.

—Travis, cadê o gato? -Daiana parou na frente de um beliche, onde um garoto com feições elfícas estava deitado, ele sorriu para a ruiva e sem falar nada apontou pra um canto da parede onde estava uma caixa de papelão junto a duas mochilas e uma maleta.

—Não deixei ninguém tocar nas suas mochilas Diana.

—É Daiana! -falou um pouco irritada.

—Tanto faz.

Ela bufou, puxou Mirage e juntas foram até aquele canto, a morena sem cerimônias abriu a caixa e retirou um filhote sonolento de dentro, Daiana se sentou ao lado dela, observando.

—Ela é muda? -Perguntou Travis, já que não ouviu se quer um fio de voz da companheira de Daiana, que terminou por olha-lo de maneira mortal.

—Não, ela só é tímida, já não fala muito, agora com essa confusão desses dias, ela não irá falar nada com os outros.

—Por que ela trouxe o gato? - outra pessoa do chalé perguntou, outra pessoa que recebeu um olhar mortal.

—Olha, -começou- o gato foi a única coisa que restou a ela, então chega de perguntas.

—Qual o nome do gato?

"Esse povo não sabe parar de fazer perguntas?"

—Gato! -disse irritada.

—Que criatividade -debochou Travis, mas logo se arrependeu ao ser bombardeado por estalinhos que estavam nos bolsos de Daiana bem no meio da fuça.

—Mais uma gracinha e eu jogo fogo grego em você!

O garoto levantou-se puto da vida e saiu do chalé batendo o pé, Mirage começou a rir enquanto a ruiva a encarou.

—Como você é má Daiana -disse ela em meio aos risos.

—Eu sou a rainha dessa poha, ele tem mesmo é que respeitar.

ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ

 A manhã e a tarde passaram voando, algumas garotas tentaram aproximar-se de Mirage, porém não conseguiram, ela era muito fechada. Daiana saiu para fazer alguma coisa e deixou Mirage para trás, ela não se incomodou ,enquanto ninguém dirigisse a palavra estaria tudo bem. A morena deixou o gato dormir e pegou a mochila em busca do caderno que sempre desenhava e escrevia, mas acabou encontrando somente o de capa azul que ganhou recentemente, decidiu começar pelo que estava em branco já que não encontrava o outro, mas tinha algo estranho, ao tira-lo da mochila ela pode ver manchas de sangue no roda pé e um líquido negro por entre as páginas, um arrepio subiu por suas costas e o ferimento pareceu ficar mais dolorido assim que abriu, as páginas que antes estavam em branco foram tomadas por uma tinta negra, mas isso não foi o assustador, ao tocar as folhas a tinta pareceu regredir e nisso palavras foram formadas na folha:

"Do brilho mais forte ao brilho mais fraco as vozes das estrelas sempre definirão o destino de mortais, deuses e criaturas

A hora chegou

Em dez dias

O despertar estará completo.

Quatro se uniram,

contra um

quando a batalha começar

Urano despertará"

Um grito saiu da garganta de Mirage ao terminar de ler aquilo, o livro foi jogado e só parou quando atingiu um dos beliches, todos ali a olharam espantados, Travis que havia voltado quando Daiana saiu apanhou o livro e o leu, olhando em seguida para a garota pálido e sem o sorriso irônico.

—Alguém leva ela para a Casa Grande, precisamos falar com Quiron, talvez Cronos não seja a única ameaça nessa guerra.


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