Preço do Amanhã escrita por Cristabel Fraser, Sany


Capítulo 21
Atlas


Notas iniciais do capítulo

Boa noite… Fim de domingo e aqui esta mais um capitulo, sei que as vezes (muitas vezes) as atualizações demoram, mas não vamos desistir da fic. Eu e a Bel temos muitos planos para esse enredo, porém o tempo é inimigo nessas horas ainda sim vamos terminar com certeza até porque temos leitores lindos e maravilhosos que nos deixam felicíssimas.
E hoje o capitulo é dedicado a MayLiam que fez uma linda recomendação, muito obrigada é muito bom saber que esta gostando.



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Alguns viram o sol
Alguns viram a fumaça
Alguns ouviram a arma
Alguns dobraram o arco
Às vezes o fio
Deve estar esticado pela nota
Pegos no fogo, diga oh
Estamos prestes a explodir

Carregar seu mundo
Eu vou carregar seu mundo
Carregar seu mundo
Eu vou carregar seu mundo

Alguns estão longe
Alguns procuram por ouro
Algum dragão para matar
O Céu, esperamos, está logo ali na estrada
Me mostre o caminho, Senhor
Porque estou prestes a explodir...

(Atlas - Coldplay)

Meus batimentos cardíacos batem além do normal. Talvez seja as câmeras ao nosso redor, se preparando para uma breve entrevista comigo e Peeta, para verem como andam as coisas, ou o fato de que, logo mais será a colheita e a todo momento só consigo pensar na minha irmã, e nos irmãos de Gale.

— Peeta, Katniss e pequena Hope, Caesar entra no ar em... 5, 4, 3, 2, 1... – Effie chama nossa atenção e meu marido, e eu, abrimos o sorriso mais artificial que conseguimos.

Bem-vindos, sejam bem-vindos. Ano passado tivemos várias surpresas vindas do Distrito 12. Doryan Mackenzie foi o vencedor e nosso casal mais amado esperavam o primeiro herdeiro que logo, na turnê deste ano, veio ao mundo aqui mesmo na Capital para nos prestigiar. E pra falar um pouco mais disso antes da Colheita, e matar nossa ansiedade antes dos Jogos, estamos conectados ao vivo com o casal mais apaixonado de toda Panem...— E nesse momento alargamos ainda mais nosso sorriso quando a voz de Caesar fala conosco. – Aí está ela, a garota em chamas, segurando nos braços a... ah meu Deus... não posso acreditar! É a mesma garotinha que vimos tão rápido depois de nascer? — A empolgação dele chega ao extremo e logo escutamos sua risada eufórica, quando a câmera dá um zoom no rosto da nossa filha, que está bem ativa.

— É sim, nossa garotinha, Caesar. Graças a generosidade a Capital nunca estivemos tão felizes, saudáveis e aptos para cuidar dela. Como pode ver, nossa Hope está muito bem. – Peeta é tão convincente ao agradecer a Capital que por um segundo quase acredito.

Ah, que isso Peeta, é o mínimo a se fazer quando o casal sensação nos presenteia com essa maravilha que é a filha de vocês. Olha que menina mais doce e graciosa. E está nítido o quanto ela gosta das câmeras. Olha isso, nasceu com carisma. Não sei dizer a qual beleza ela puxou mais. — Todos nós rimos teatralmente. – E a mamãe, é tão coruja quanto aparenta?— A câmera agora foca em mim.

— Sim, sou muito coruja. A todo momento verifico se ela está bem e confortável.

— Agora gostaria de saber se os boatos que ouvi são verdadeiros e terei a oportunidade de entrevistar essa preciosidade pessoalmente? – Peeta que sorri e responde a pergunta.

— É sim Caesar, Hope vai conosco e sei que vai adorar conhecer todos vocês.

— Acho que falo em nome de toda Capital que estamos contando os minutos para vê-la pessoalmente, afinal, vocês devem pelo menos essa demonstração a nós. Sei que muitos aqui estão esperando vocês com muitos presentes para a Hope. Boa Colheita e voltamos mais tarde com a cobertura e os nomes dos novos tributos deste ano.

Me sinto aliviada quando posso levantar do sofá da nossa sala. Cinna trouxe um vestido exclusivo para Hope. O tecido e as cores eram as mesmas das nossas roupas. Segundo ele, era a mais nova tendência, a família sair combinando. Como se isso importasse pra mim, ainda assim, meu amigo preparou todo um guarda roupa para que ela encantasse os moradores da Capital.

A princípio não iriamos leva-la. Já havíamos deixado tudo combinado com minha mãe que ficaria com ela – se tudo desse certo, com a ajuda de Prim – porém, uma ligação de Effie contando que o 12ª andar do Centro de Treinamento estava preparado para receber nossa filha, foi o primeiro sinal de que teríamos que mudar os planos. E a carta do presidente foi apenas uma formalidade.

Confesso que não gostava da ideia de envolve-la tão precocemente nas artimanhas da Capital. Entretanto, Peeta parecia feliz em leva-la conosco.

— Quanto mais eles gostarem dela, melhor e mais segura ela vai estar. Eles precisam achar que Hope é como eles, que faz parte da Capital. – Tinha medo desse plano dele, porém era o melhor que tínhamos.

 

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Nossa caravana esse ano era sem dúvida maior do que imaginávamos. Afinal, quatro mentores, um bêbe e dois tributos era um grupo considerável.

A colheita teve um clima ainda mais tenso do que o normal, já que o novo pacificador chefe vinha impondo o terror em nosso Distrito. Confesso que pela primeira vez prestei uma atenção especial no vídeo sobre os Dias Escuros, principalmente quando apareceu o Distrito 13. Talvez os rumores sobre a existência fossem realmente reais.

Foi um alívio não escutar o nome da Prim e nem dos irmãos de Gale, entretanto, doeu ver o olhar de pavor dos dois jovens escolhidos. A despedida entre eles e as famílias, não foi algo fácil de se fazer. No entanto, daríamos o nosso melhor, mas a certeza de trazer um deles pra casa, era invariável.

Durante a viagem de trem tentamos ao máximo conhece-los. Doryan estava sendo muito gentil com os dois, enquanto isso, Peeta e eu nos empenhávamos nos cuidados com nossa pequena que pareceu estranhar nossa cabine, e com isso tive que colocá-la para dormir em cima de nós dois. Mas conforme fomos nos aproximando de nosso destino, ela pareceu mais relaxada. Fazíamos de tudo para que estivesse confortável.

De alguma forma, Hope parecia ter puxado Peeta no assunto carisma e não teve nenhum problema com as câmeras ao nosso redor. A população da Capital estava eufórica para vê-la e mesmo antes de desembarcarmos era possível ouvi-los dizendo o nome dela.

Na grande cerimônia de abertura, Caesar faz uma breve entrevista conosco para apresentarmos Hope a Capital. Ela remexia as perninhas demonstrando empolgação enquanto eu a segurava, realmente era uma cópia do pai no quesito afeição. Todos a aplaudiam e gritavam o nome dela.

Quando chegamos em nossos aposentos ela foi logo dormindo.

— Ufa, é um alívio estarmos a sós. – Peeta comenta enquanto retira sua roupa.

— Não sei se sinto pena da ignorância dessa gente, ou raiva por serem tão cegos – falo ajeitando a manta em cima de Hope que dorme serenamente. – Em pensar que ela era tão frágil quando nasceu aqui... – comento acariciando o rosto de nossa menina e ela acaba por esboçar um sorriso e outro.

— Ela está bem agora, é isso o que importa. Faremos o possível para protege-la. – Peeta diz às minhas costas. Quando o encaro já está sem suas roupas de cima e isso me faz estremecer. – Quer tomar banho comigo? – pergunta com inocência, mas sinto meu rosto se aquecer com essa ideia.

— Pode ir primeiro. Vou ficar aqui velando o sono dela por mais algum tempo. Depois eu vou.

Ele assente com a cabeça e some do meu campo de visão. Volto meu olhar para minha pequena - que descansa tão profundamente - e não tem como meu peito não se encher mais de amor por ela.

Haymitch e Doryan haviam ficado responsáveis pelas dicas e estratégias, passando a maior parte do tempo no Centro de Treinamento, enquanto Peeta e eu, nos empenhávamos em achar patrocinadores, o que não foi muito difícil, visto que todos pareciam querer falar conosco.

Um dia antes da grande noite de entrevista com os tributos, Peeta, Hope e eu decidimos passar o dia no terraço. Pedimos bastante comida, pegamos alguns cobertores e subimos. Fizemos um piquenique em família. O dia todo no jardim de flores que tocam com o vento. Comemos. Deitamos ao sol. Fiz uma coroa com as trepadeiras e a todo o instante Hope quis agarrá-la com suas mãozinhas espertas.

Enquanto eu tinha ela em meus braços Peeta nos desenhou. Era maravilhoso observar sua expressão enquanto o lápis deslizava sobre o papel. Algum tempo depois acabei cochilando sobre seu colo e Hope sobre meu peito. E mais tarde o sinto me acordar levemente.

— Achei que não iria querer perder o pôr-do-sol.

— Obrigada. - Sorrio pra ele. É um cenário espetacular, amarelo e laranja, atrás do horizonte da Capital. – Olhe filha, o sol está se pondo, e aquela é a cor favorita do papai. – Coloco ela em pé e encosto seu pequeno rostinho junto ao meu, em seguida, sinto Peeta me abraçar por trás e descansar o queixo sobre meu ombro. Acabamos rindo com alguns sonzinhos que nossa filha balbucia.

Nós ficamos no telhado até o sol se despedir totalmente e então, silenciosamente, descemos até o nosso quarto. Damos banho em Hope e nós mesmo tomamos o nosso. No jantar a conversa girava entorno dos nossos tributos e na noite da entrevista. Sinto um tremor ao notar que um dos Avox que nos serve é Darius. Fiquei imaginando o que tinha acontecido com ele depois que o novo pacificador surgiu em nosso distrito, mas a última coisa que pensei, foi vê-lo aqui nos servindo tendo a língua mutilada. Peeta ao perceber minha repentina mudança, me encaminha para o quarto e fica um tempo me distraindo.

Na grande noite, apesar de bem tímidos, Laurel e Aegon se saíram bem frente a plateia da Capital. Ainda assim, mesmo sendo um dos Distritos mais patrocinados só os levou aos oito finalistas. Durante os Jogos não quis acompanhar da sala, onde os outros mentores ficavam, até mesmo por conta de Hope. Então permaneci no nosso andar. Peeta sempre estava comigo e vez em quando trazia uma notícia. E foi numa tarde em que entrou na sala, enquanto eu amamentava Hope nos meus seios, eu soube que os dois tinham morrido na arena.

 

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Voltar para o 12 sem os dois jovens, que saíram conosco, foi difícil. Mas ao notar a estação vazia me fez sentir um alívio, depois de tantas câmeras nos perseguindo naquelas semanas. Fomos visitar as famílias para dar nossas condolências e dessa vez, olhar para aquelas mães, teve um  peso diferente par mim.

— Me sinto péssima. – Nosso quarto estava escuro, mas sabia pela respiração dele que estava acordado. – Sei que a culpa não é nossa, que fizemos o que podíamos mesmo assim, o olhar daquelas mães, eu não...

— Sei o que quer dizer. Deve ser uma dor insuportável.

— Não consigo imaginar minha vida sem a Hope sem que doa. Só de pensar na possibilidade, e elas... aquelas duas mulheres nunca mais vão ver os filhos. Nem ao menos se despediram direito. A última imagem que terão, será àquela vista pela televisão. Isso porque elas foram obrigadas a ver como eles foram mortos cruelmente.   

— É horrível... – Peeta suspira me apertando um pouco mais a ele.

— Queria que isso acabasse. Às vezes eu só queria que fosse diferente. – Minha voz sai melancólica.

— Às vezes eu sonho com um lugar, onde nossa filha, possa só ser criança. Sem cercas, onde ela possa simplesmente ser ela mesma. Um lugar que não terei medo da sorte vir a faltar e...

— E ela acabe naquele inferno – completo.

— Eu faria qualquer coisa Katniss, por ela e por você.

— Eu sei que faria. – Beijo levemente sua mão que está sobre a minha. Realmente sabia que ele faria qualquer coisa pra nos proteger. Me aninhei mais em seus braços em busca de uma proteção, um sentimento de paz que só ele conseguia proporcionar.

As semanas se escorreram rapidamente, e mesmo o clima no Distrito não sendo um dos melhores, conseguíamos levar nossas vidas dentro de uma rotina agradável. Não havia tentado ir a floreta e sabia que Gale também não estava arriscando caçar. Não quando cada movimento dele, parecia ser seguido de perto pelos pacificadores. As cicatrizes em suas costas sempre seriam a marca da brutalidade do regime imposto pelo presidente. Haymitch estava inquieto como se a cada minuto esperasse por um confronto devido ao que fizemos.

— O que acha de irmos ver o papai? – Não que eu gostasse de sair com Hope pelo Distrito, mas ela estava crescendo e não podia ficar o tempo todo em casa.

Segui o caminho até o centro do distrito com minha filha no colo. As ruas estavam consideravelmente movimentadas, mas a maioria da população parecia andar olhando sempre para o chão - como se o simples fato de andar com a cabeça erguida - pudesse gerar problemas.

— Ei, veja se não é a princesinha mais linda desse Distrito. – Esdras aparece na nossa frente com um largo sorriso e Hope logo se anima ao ver o tio. – Oi Katniss. – Ele me cumprimenta, embora sua atenção esteja toda voltada a sobrinha. - Vem com o tio. – Ela não hesita em me trocar por ele. – Estava com saudade de você pequena.

— Como vai, Katniss? – Delly sorri timidamente e faço o mesmo.

— Bem e você?

— Bem também.

— Adivinha quem vai marcar a data do casamento? É o titio aqui!

— Sério?

— Fomos ver uma casa é pequena, mas ao que tudo indica vai dar para pagar.

— Que ótimo, parabéns estou realmente feliz por vocês.

— Obrigada. – Delly responde com seu típico sorriso de simpatia.

Continuamos nossa caminhada juntos em meio a uma conversa agradável. Logo avistei a padaria, a alguns metros, mas de repente o som alto de um estrondo nos fez parar de imediato. E como se tudo estivesse em câmera lenta, vi as chamas e a fumaça na padaria Mellark.

Peeta!


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Notas finais do capítulo

É isso… Por favor, não desejem nossas cabeças por esse final. acreditem é um acontecimento importante para o enredo. Sobre os comentários já vimos todos e adoramos cada um deles, vamos responder assim que possível.
Uma excelente semana.
Beijos