Edward PDV

Terminei o dever de casa e fui para varanda frontal de casa. Carlisle, meu pai, ainda estava no trabalho, e Esme estava no seu escritório, mergulhada num livro que ela começou a escrever. Enquanto isso, pra variar, eu pensava em Bella.

Já se foram semanas demais. Tudo voltou ao normal, certo?

Errado.

Bella se agarrou à Emmet de uma forma forte, e isso me afastou mais dela, principalmente por que Emmet não fala comigo – não para menos: eu furei o olho dele! Jasper e Alice se olham e às vezes sorriam um pro outro, mas não andaram mais juntos. Rosely não anda com mais ninguém. Não passa de uma garota a mais no meio de todas lá na escola, e aparentemente ela não se esforça para mudar isso. Digamos que ela decaiu. Alice e, por mais incrível que pareça, Jacob são os únicos que falam comigo. Alice por que, a final, ela não tinha nada contra mim e nem eu contra ela, e Jacob por que, bem, ele virou professor pra minha irmã.

De toda forma, Alice é a figura feminina que consegue chegar mais perto de Bella, nem que seja com um “oi”, e Jacob é sempre o elo mais forte que existe entre Bella e eu. Irônico como eu uso este fato para saber dela, saber como ela anda ou o que está acontecendo. Eu sei que Jacob só me atura por causa da minha irmã (não sei como eles viraram tão amigos), e também por que meu pai paga a ele semanalmente uma pequena quantia para ensiná-la. Quer dizer... Pagava. Há dias Jacob não recebe mais nada por isso. Mas, enfim... Desde aquela odiosa manhã, todo mundo se estranhou, e a ideia de “esperar a poeira baixar” foi totalmente sucumbida por toda a confusão.

Sobressaltei na cadeira da varanda quando ouvi duas fortes buzinadas. Olhei para o lado e vi Alice descendo de seu carro na frente de casa.

— Alice? Você por aqui? – Perguntei tentando parecer convincente, mas duvido muito que tenha conseguido.

— Não, Edward, eu sou sua fada-madrinha, esqueceu? – Ela sorriu docemente para mim.

De um tempo para cá Alice cortou o cabelo e pareceu mais madura, contudo, essa história de “fada-madrinha” distorce essa imagem. Esse apelido é graças ao fato de ser ela minha quase-única companhia para me tirar da obscuridade.

— Fale fadinha, o que você veio fazer aqui em casa? – Perguntei.

— Desde que ela saiu da sua vida você se esqueceu de tudo! Esqueceu até que é grosseiro perguntar algo assim a uma visita! – Ela tagarelou caminhando graciosamente até a outra cadeira à minha frente.

— Certo, Alice, sem gracinha, por favor. E, me desculpe.

— Tá perdoado. Agora, falando sério. Eu já sei!

— Sabe o que? – Minha voz foi mais desanimada do que eu poderia esperar, e acho que quase magoei Alice por isso.

— Sei com quem Bella vai ao baile.

O nome de Bella sendo pronunciado em alto e bom tom me fez estremecer. Meu coração pareceu reavivar, nem que fosse por uns segundos.

— E com quem é, Alice?

— É com o Jass... – Alice admitiu esmaecendo a um ponto de tristeza.

— Jasper? – Perguntei incrédulo. Alice balançou a cabeça morbidamente.

— Foi. Jasper e ela estavam conversando na mesma mesa que Ângela hoje, e ele convidou. Bella aceitou logo, segundo Ângela. E, até onde eu vi, Emmet está tentando chamar a Rosely...

— Rosely?! – Quase falei alto demais. — Como ele pode ainda fazer isso depois...?

— Ele a ama, ora bolas! – Alice encurtou a verdade. Isso fez eu me sentir pior. — Ele não vai desistir e, pelo andar das coisas, acho sinceramente que ele tem chance.

Rolei os olhos em puro cansaço. Nada mais acontecia de forma feliz. Estava tudo se encaixando tão mal.

— E agora, o que você vai fazer?

— Eu vou a esse baile de qualquer jeito! – Alice respondeu prontamente. — É a nossa formatura Edward!

— É a sua, pois eu não vou não...

Antes que eu pudesse assimilar qualquer coisa, senti meu rosto quente e ardendo. Toquei com minha mão o local em chamas onde o tapa de Alice ainda parecia bater.

— Por que você fez isso? – Perguntei chocado trazendo meu rosto de volta pro lugar.

Alice estava na minha frente, de pé, altiva, com as mãos na cintura.

— Isso é para você nunca mais repetir uma besteira dessas Edward Cullen! Droga! – Ela parecia mesmo brava. — Escuta aqui, garoto, eu vou falar só mais essa vez: naquele maldito SEU primeiro dia de aula, você era tão galante e encantador... Pô, Edward, não foi à toa que eu beijei você naquele maldito refeitório. Ou você pensa que eu sou tão fácil assim? – Tentei dizer que não, mas ela simplesmente prosseguiu: — Enfia isso na sua cabeça! Foi depois daquele maldito beijo que Rosely se mordeu de ciúmes, por que ela se interessou pelo seu poder de atração. Depois daquele maldito dia, teve o maldito dia do jantar, onde eu acabei sozinha num restaurante com um garoto incrível que eu nunca tinha percebido até então. Mas, enquanto isso, você estava naquele maldito salvamento, tirando a Bella da água, não que eu reprove isto, foi um ato lindo, mas... Droga Edward! Foi por você que Bella ficou viva, e foi por você por quem ela se apaixonou também. Por você, por você e por você! Tudo desde que você chegou aqui em Forks. E, se alguém pode fazer algo pra concertar tudo isso, droga, Edward, esse alguém é você!

Alice tagarelou e gritou tudo ao mesmo tempo. Mas, quando pensei ter acabado, tomei fôlego para falar, mas ela simplesmente continuou:

— Droga e mil vezes droga! Olha pra mim, - ela se postou na minha frente sentando na ponta da cadeira, — eu estou aqui, com você, quando eu queria mesmo era ter ido pra casa de Jasper e me divertir, como eu só consigo com ele! Enquanto isso, a Bella está na casa dela, se afogando em lágrimas, pois, caso te interesse, os pais dela se divorciaram ontem! E mais: Se você não for lá naquela maldita casa, Edward, e dar um jeito nessa porcaria toda, eu só sei que vou ficar sem meu Jasper, e você sem a sua Bella. Então, homem, vê se entende de uma vez que: Bella TE AMA! Por que eu sei que nenhuma garota se esqueceria tão rápido de você! Vai lá e me dá a esperança de ter meu Jasper de volta, senão...

Alice se calou subitamente e respirou fundo. Parecia que ela ia explodir. E foi mais ou menos isso o que aconteceu... Só que em lágrimas. A abracei carinhosamente. Ela tinha razão no fundo. Não era justo. Nada estava sendo justo, com nenhum de nós dois. E, ao final, o único certo acabou sendo Emmet que, mesmo depois de tudo, aparentemente persiste em quem ama...

— Desculpa Alice... Eu sei que estou bancando o trouxa meio emo e tudo mais... Sem ofensa ao Jasper... – Alice deu uma curta risada.

— Ele é o emo mais lindo e incrível que já existiu.

— Não sei se compartilho da mesma opinião. Mas sim, você está certa: eu tenho que fazer algo. – Estiquei-me para frente e beijei a testa de Alice. — Valeu. Mas... Agora, desde quando você sabe sobre os pais de Bella?

— Francamente Edward, eu sabia que você não presta atenção mesmo! Está todo mundo comentando lá na escola: “senhor e senhora Swan se divorciam!”.

— Sério?

— É. E, pelo que você já me falou, isso é duro pra ela. Pensa bem... Pode ser sua...

Não deixei que Alice terminasse, saí correndo até meu quarto para pegar a chave da moto. Chegando lá, me deparei com uma pasta cheia de papéis que eu remexi ontem à noite. Depois de pegar a chave, passei um olhar mais atento por cima do monte de páginas. Tinha algo ali que me chamava... Mas o que era? Foi aí então que eu vi.

Perfeito! Ou melhor: perfeita!

Era isso! Mesmo que não adiantasse de nada. Mesmo que ela pense que vou usufruir disto para tê-la de volta. Não importa o que ela pense. Isto é dela. Foi feito para ela. E ela terá de recebê-lo de mim.

Corri de volta pela casa, mas fui interrompido no caminho por Esme.

— Opa, opa, aonde vai correndo Edward? – Ela falou passando a mão pelos olhos cansados provavelmente de tanto escrever.

— Mãe, a senhora precisa dar um tempo. Por que não vai descansar?

— Com você eufórico deste jeito? E de quem é aquele carro ali fora? Temos visitas?

Eu estava eufórico?

— Não mãe, é só a Alice. Agora, deixa-me ir? E eu não estou eufórico! – Tagarelei.

— Só a Alice? Edward! Ela é uma visita sim! Onde a pobre está? – Senti o tom de censura na voz dela, e preferi não contrariar mais.

— Está na varanda.

— E você não a convidou para entrar? – Mamãe parecia chocada. Claro, ela é a senhora gentileza em pessoa!

— Mãe, acredite, eu não posso fazer sala pra ela agora, mas talvez ela vá adorar conversar com a senhora, ok? – Esme me fuzilou com os olhos estreitos.

— Edward Cullen, eu não lhe dei esta má educação!

— Tudo bem, desculpe, senhora Cullen – nós dois nos surpreendemos, pois eu nunca usara o nome de Carlisle para designar minha mãe antes. — Mas se me permite, eu tenho que correr!

Passei por Esme esperançoso de que ela não fosse falar mais nada. Mas não.

— Para onde? – Seu timbre forte me freou.

Virei-me para ela num suspiro. Mas não suportei muito tempo e sorri. Percebi o desentendimento nos olhos dela.

— Ver Bella, mãe.

Respondi simplesmente.

Vi o queixo de Esme despencar enquanto eu me voltava para a porta. Assim que saí, Alice sobressaltou e correu até onde minha moto estava.

— E o que você vai fazer agora? Vai lá? – Ela perguntou rapidamente enquanto eu colocava o capacete. Eu assenti com um aceno.

— Alice! – Esme falou lá da porta.

Enquanto Alice sorria para minha mãe, e vice-versa, acelerei para longe dali. Aquelas duas iriam ficar o resto do dia conversando sobre mim e minha atual atitude, eu tinha certeza disso. Mas que se dane qualquer outra coisa! Agora era minha vez de pôr fé em mim mesmo, por Bella.

Continua...