CASTELOBRUXO - O Início de Uma História escrita por JWSC


Capítulo 14
CAPÍTULO 14 – A Área Vermelha




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Maria estava de cabeça baixo, soluçando. Acreditava que se fizesse algum barulho alto, mesmo que de choro, o bruxo poderia feri-los, por isso gemia baixo, deixando que as lágrimas escorressem pelas laterais do rosto livremente.

Roberto estava com uma expressão perplexa no rosto. O medo o fez ficar sem reação, fitando o vazio.

— Vai ficar tudo bem — disse Hugo.

Mesmo que o feitiço prendesse as pernas dos garotos, os braços estavam livres. Parecia o efeito do feitiço ou a consequência de usá-lo em três pessoas. Hugo segurava firme a mão de Maria e o braço de Roberto, acreditando que enquanto sentisse o toque dos dois tudo estaria bem. Suas pernas moviam-se contra sua vontade, andando para frente pelo Mini-magizoo.

O bruxo de capuz andava atrás deles, com a varinha apontando para eles.

Neste momento dois patrulheiros surgiram de um corredor, carregando caixas de madeira e conversando distraidamente. Quando viram os jovens e o bruxo, deixaram as caixas caírem e sacaram as varinhas.

O primeiro patrulheiro foi derrubado pelo bruxo encapuzado antes que pudesse levantar a varinha. O segundo escapou do feitiço direcionado para ele e apontou a varinha, mas subitamente Hugo foi elevado do chão, soltando os amigos e ficando a cerca de meio metro do chão. O patrulheiro hesitou, seu treinamento não permitia ferir crianças, o bruxo encapuzado aproveitou a hesitação para atacar. Assim que o patrulheiro caiu, Hugo tocou o chão e logo recomeçaram a andar.

Pouco depois encontraram dois patrulheiros perto da Área Verde, mas ambos foram derrubados pelo bruxo encapuzado antes que pudessem disparar feitiços para se protegerem.

Maria agora tremia enquanto chorava baixo, seus olhos estavam fechados com força. Lágrimas escorriam pelo rosto de Roberto e seu olhar estava desamparado, perdido em uma série de pensamentos silenciosos que rondavam sua cabeça. Hugo tremia e sentia as lágrimas encherem seus olhos, mas sentiu que se desesperasse seria o fim para os três. Começou a olhar pelos cantos, procurando uma forma de salvar os três.

De repente percebeu para onde iam. Haviam atravessado o hall de entrada e caminhado pelo corredor da esquerda, passando pela Área Azul e agora a Verde, o que significava que a próxima área a alcançarem seria a Área Vermelha. Ele sentiu um arrepio subir pela coluna ao constatar tal fato. O que o homem queria lá? O que ia fazer com eles assim que chegasse? Lá haviam criaturas muito perigosas, de nível de periculosidade Especialista (E) ou Letal (L). Será que iria entregar os três como oferenda para alguma criatura? Sua mão suava junto a de Maria e o braço de Roberto estava marcado onde Hugo o havia apertado.

Dois patrulheiros surgiram, acompanhados de um auror no corredor da Área Vermelha. Conversavam sobre algo irrelevante, quando o auror percebeu o grupo aproximando-se e sacou a varinha bem a tempo de bloquear um feitiço disparado pelo bruxo encapuzado. Os patrulheiros abrigaram-se atrás dos pilares do corredor, enquanto o auror preparou para contra-atacar.

Hugo sentiu sua mão escorregar de Roberto quando ele e Maria foram suspensos no ar. O auror teve que parar seu ataque para não atingir as crianças, no mesmo instante um jorro de luz vermelha disparou ao lado da orelha de Hugo. O auror teve que bloquear o disparo que ricochetou no escudo mágico e atingiu um dos patrulheiros, atrás do pilar, que chiou baixo desabou no chão.

— Covarde, me enfrente como um bruxo, seu guirivilo nojento — desafiou o auror.

O homem encapuzado disparou outro feitiço que foi bloqueado pelo auror. O patrulheiro escondido apontou a varinha trêmulo e disparou um feitiço que acertou o archote e fez as chamas irromperem brilhantes até o teto.

— Não faça isso seu idiota, vai acabar acertando os...

Um disparou saído de trás de Maria acertou o auror antes que terminasse de falar, fazendo-o rodopiar no lugar, em seguida outro disparo o jogou para longe, desacordado. O patrulheiro que estava escondido assustou-se e tentou correr, criando um escudo em suas costas. Dois disparos destruíram o escudo e um terceiro fez o homem tombar no chão.

O home encapuzado pareceu se acalmar e refez o feitiço para que as crianças retomassem a caminhada. Logo chegaram na porta vermelha, em forma de cabeça de dragão. O homem colocou uma espécie de amuleto bronze na porta. O objeto soltou um estalo e emitiu o som de engrenagens que se moviam. Em seguida, a cabeça de dragão girou para o lado, expondo o conteúdo que guardava.

Entraram em um corredor branco mármore, onde haviam dez portas cinzentas, com números em prata no meio de cada porta. Caminharam até chegarem em frente a porta de número cinco.

— Finalmente — disse o bruxo encapuzado.

Aproximou o mesmo amuleto da porta e houve o estalo, o som de engrenagens e a porta abriu-se para dentro, expondo um local escuro e silencioso.

— Vocês, entrem — o bruxo fez um aceno com a varinha e Roberto começou a caminhar. Ele atravessou o portal, sob o olhar atento do bruxo encapuzado. Em seguida foi a vez de Maria passar com o olhar atento do bruxo as suas costas. Vendo que não havia ocorrido nada com os garotos, o bruxo adiantou-se, trazendo Hugo junto, mas antes que pudesse passar a porta fechou-se com um estrondo.

— Mas que... — o bruxo rosnou. — O que houve? — tentou colocar o amuleto na porta, mas mesmo depois do estalo e das engrenagens trabalharem, não houve reação da porta.

— Ela não abrirá novamente — disse uma voz calma, vinda do fundo do corredor, na direção oposta de onde haviam entrado.

Hugo não reconheceu a pessoa que vinha em sua direção, até que a luz iluminou o rosto velho e familiar. Orlando aproximou-se com calma, vestido em seu sobretudo de diretor, negro com as letras CB em dourado, costuradas com linhas douradas.

— Assim que entrei, eu ativei a segurança extra desta Área. O Obturador não funcionará mais.

— Muito bem, Orlando — disse o bruxo encapuzado. — Continua inteligente, mesmo depois de velho.

— Essa voz... Achei que não era possível, mas você está vivo, não é, Gregório?

O bruxo encapuzado riu e tirou o capuz. Metade de seu rosto era normal, mas a outra parte era deformada, como se tivesse tido uma reação alérgica grave que não voltou ao normal. O olho estava quase encoberto pela deformação avermelhada e os cabelos não haviam crescido naquela parte da cabeça. Hugo não viu o rosto do homem, mas tremia de medo sob seus dedos, que agora apertavam seu ombro.

— O que achou? Gostou de sua obra, Orlando? — Gregório girava o rosto, mostrando todos os cantos onde a deformidade o atingira. — Infelizmente não posso continuar nosso reencontro e dar-lhe o troco por esta graciosidade, Orlando. A F.U.L.A.M. precisa da criatura que está ali dentro e eu pretendo leva-la.

— A F.U.L.A.M. está acabada, Gregório. Já se foi, junto com o Juan e os seus aliados, trinta anos atrás.

— A F.U.L.A.M. JAMAIS CAIRÁ PARA OS LIXOS! — berrou Gregório. Respirou fundo e prosseguiu: — Logo, você descobrirá que todos aqueles que apoiam os lixos do mundo bruxo sofreram com eles, Orlando. Estupefaça!

O jorro de luz vermelho explodiu em um escudo mágico, criado por Orlando que revidou com uma torrente azulada. Gregório moveu a varinha e Hugo foi arrastado para sua frente. Orlando levantou a varinha e fez o jorro de luz explodir no teto.

— Cuidado, Orlando. Não quer ferir um de seus alunos — o sorriso se escancarava no rosto deformado de Gregório e os olhos brilhavam.

— Deixe ele fora disso. É somente entre nós dois.

— Deixe a varinha no chão, você perdeu, Orlando.

Os dois bruxos se encararam por um momento e Orlando calmamente levantou as mãos, em sinal de rendição. Gregório riu e soltou Hugo no chão fazendo um movimento rápido com a varinha.

Expelliarmus!

O feitiço voou pelo ar em busca de seu alvo, mas Orlando havia visto o movimento e jogou a varinha para o alto antes que o feitiço tivesse sido disparado.

O feitiço de desarmar acertou sua mão vazia e nada fez. No instante seguinte a varinha de Orlando veio voando para sua mão e ele disparou um relâmpago dourado. Gregório puxou Hugo para sua frente, mas disparo passou por cima da cabeça de Hugo, como uma serpente, desviando daquele que não era seu alvo, atingindo Gregório no rosto.

Hugo caiu no chão de joelhos enquanto Gregório ficou em uma posição estranha, meio torto, como se fosse cair no chão, mas a queda foi impedida na metade. Hugo sentiu seu corpo ser puxado para longe do homem suspenso e uma mão pousou em seu ombro.

— Está tudo bem agora, garoto — disse a voz calma de Orlando.

Gregório se recuperou, tombou no chão e berrou:

— VOCÊ VAI ME PAGAR!

A varinha levantou e um brilho surgiu na ponta, mas antes que o feitiço continuasse uma voz vinda de trás gritou:

Expelliarmus!

A varinha de Gregório disparou para trás e foi pega pelo professor Alexandre. Três aurores e cinco patrulheiros surgiram atrás do professor. Os aurores avançaram, disparando cordas que apertaram os membros de Gregório com anacondas.

— Ainda bem que acabou — disse Orlando.

— Diretor! — chamou Hugo e apontou de modo desesperado para o número cinco prateado. — Maria e o Beto! Estão lá dentro.

O olhar de medo que Orlando fez foi o suficiente para a esperança fugir do corpo de Hugo. Não sentiu mais as pernas e tudo parecia confuso a sua frente. A última coisa que viu foi o diretor correr para a porta empunhando a varinha e pronunciando encantamentos. Hugo caiu no chão, olhando para a parede e para a porta de número seis.


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