Mercy escrita por Jupiter


Capítulo 31
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores, eu sei que demorei muito pra postar esse capítulo mas é porque ele é todo especial e eu queria desse para vocês sentirem isso também... ele é um pouco longo mas é porque foi necessário.
Espero que gostem ♥



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"Eu também quero mais tempo com ele.

Você acredita que 60 anos não são suficiente?" ~Grey's Anatomy

 

14 de junho

Ilha de Cape Breton, NS, Canadá

 

O castelo era lindo e tão grande que fazia com que tudo ao seu redor parecesse muito pequeno, Nuria avançou pelo jardim e então cruzou ele subindo as escadas de pedras e indo de encontro com a grande porta que ela abriu usando os seus poderes e revelando um corredor que dava em um grande salão, com grandes janelas de vidros na lateral e no final dele nas laterais se abriam dois corredores que levavam a outros cômodos do lugar, e no centro bem no fundo alguns degraus davam a uma parte mais alta onde estava localizado um pedestal antigo; e exatamente em cima dele um vitral bem grande com o desenho do que parecia ser o cajado em tons de verde que faziam todo o ambiente parecer mágico.

Matiel e Eva se dividiram e foram cada um por um corredor para descobrir o que mais se podia encontrar naquele lugar enquanto que a Nuria ficou no salão, observando tudo ao seu redor com cuidado tentando saber como que conseguiu fazer tudo aquilo sem nunca ter visto nada do tipo e o porquê se sentia em casa naquele lugar.

Ela podia imaginar aquele lugar cheio de pessoas e por um momento sorriu com essa ideia.

A vampira encontrou no primeiro andar uma cozinha grande com muitas mesas enormes e subindo para o segundo andar vendo que ele era todo de quartos e diversas salas que podiam ser usadas para muitas coisas, no terceiro andar onde o moreno já tinha passado tinha mais quartos e um salão que mesmo sendo grande não chegava nem perto de ser como o do andar principal, quase todas as torres estavam naquele andar e todas eram centros de observação; O Anjo subiu para o quarto e último andar sendo o menor de todos e também a última torre que ficava na parte mais alta do castelo tendo somente três portas, sendo duas delas quartos e a outra o que parecia uma biblioteca, o quarto mais longe da escada sendo também o maior estava limpo e parecia completamente novo como se estivesse esperando o seu dono voltar.

Todos retornaram até o pátio principal encontrando a Nuria sentada nos degraus brincando distraída com o cajado enquanto olhava para um único ponto na parede, em sinal claro de que estava com a cabeça bem longe dali; Matiel parou em frente a ela ainda com aquela sensação estranha de que alguma coisa iria dar muito errado em breve.

— Então, o que acharam por aqui? -Nuria perguntou depois de ver o moreno parado em sua frente.

— É uma construção muito grande, são quatro andares onde dois são somente com quartos e banheiros enquanto o último parece ser mais privado tanto que fica na maior torre e tem somente dois quartos e uma biblioteca particular, também parece ser o andar mais seguro. -Matiel falou se sentando ao lado dela suspirando em sinal claro de que estava começando a ficar cansado depois de dias vivendo em agitação com pouco descanso.

— Nesse andar tem a cozinha, uma sala de jantar gigantes alem desse salão, todos os quarto por onde passei estão vazios mas acredito que dê pra colocar muitas pessoas em cada um, também tem uma biblioteca no segundo e mais algumas salas que eu acredito que não sejam quartos. -Eva continuando em pé em frente a eles.

— No terceiro andar tem mais quartos e outro salão, menor que esse mas relativamente bem grande e como todos os outros andares está sem móveis, somente o quarto andar na suíte principal tem móveis e até mesmo roupas de cama limpas. -o moreno falou tentando relaxar mas aquela sensação de alguma coisa estranha estava revirando o seu estômago.

— Então quer dizer que só temos certeza sobre um único quarto e sobre o fato óbvio de que esse lugar é para abrigar muitas pessoas? -a morena falou encarando o seu Anjo e percebendo que ele estava diferente de alguma forma que mesmo ela tentando se concentrar e descobrir, não conseguia, como se tivesse sendo bloqueada por ele.

— Isso não é verdade, você sabe exatamente o que é isso Nuria, você pediu por isso, é a resposta para as suas perguntas; esse é o lugar que você pediu, um lugar onde todos que você salvar vão ficar seguros e serem eles mesmo. -Matiel falou olhando pra ela e sorrindo fraco deixando claro que conhecia ela melhor do que demonstrava, o que fez com que mais uma vez ele sentisse aquela angústia.

— Nesse caso, isso explica o porque o último andar é o único que está pronto e o desenho do cajado no vitral, o castelo não foi só construído por você, ele foi construído pra você. -Eva falou concluindo a linha de pensamento que o ex Anjo estava construindo, o que na realidade fazia sentido para os três.

Na cabeça da Nuria toda aquela história fazia sentido, era exatamente o que ela queria mas ver toda aquela construção causava um certo medo nela, porque tudo aquilo era a certeza que ela podia ter um grande futuro pela frente que logo iria ser destruído já que ela não tinha mais muito tempo de vida.

— Isso foi exatamente o que eu pedi, e eu quero que dê certo, quero uma última boa lembrança. -a morena falou sem precisar dar muitos detalhes já que os seus seguidores sabiam exatamente do que ela estava falando e quando ela continuou fez com que o momento ficasse menos tenso - Eva, vou te dar a missão de viajar atras do grupo que salvamos Memphis, diga a eles que temos um lugar seguro pra eles, onde não precisaram se esconder ou serem outras pessoas.

 

A vampira não demorou muito para sair caminhando do castelo até um certo ponto onde um táxi já esperava ela, tudo que ela sabia é que aquela missão que tinha sido dada a ela era de extrema importância mesmo não tendo certeza de quanto tempo iria demorar, estava disposta a fazer o que fosse precisa para concluir ele com perfeição.

No castelo, Matiel fechou a grande porta de madeira carregando em uma das mãos uma mala que os dois costumavam carregar para emergência, e estendeu a mão para a morena que aceitou de bom grado seguindo ele pelas escadas até o quarto andar onde como todo os andares por onde ela passou se sentiu em casa, assim que chegaram no quarto Nuria foi até a janela observando o quanto o mar era lindo dali de cima.

Entregando o cajado para o Matiel ela viu o mesmo voltar a ser apenas o graveto e fez uma anotação mental sobre o quão ligada os dois estavam, e diferente do que aconteceu com o Dean o cajado não queimou a sua mão, foi como se ele segurasse a mão da Nuria somente uma sensação boa.

— Parece que o cajado tem uma trava de segurança, não sei se eu fico chocada com isso ou finjo que mais nada me surpreende. -a morena falou sorrindo fraco e pegou uma toalha dentro da mala entrou no banheiro que tinha dentro do quarto.

O ex Anjo pegou a outra toalha na mala e uma troca de roupa e fui até o outro quarto naquele andar usando o banheiro dele que estava funcionando bem, e se olhando no espelho ele se sentiu bem com que viu, não era mais aquela pessoa que a filha da Escuridão salvou sem nem mesmo saber a sua história, agora com os seus cabelos bem mais curtos seus olhos claros se realçaram era justamente isso que mais acalmava  ela.

Assim que o moreno voltou para o outro quarto encontrou a Nuria parada em frente a janela usando uma das camisetas dele para dormir como acontecia nas vezes que se sentia insegura ou com a mente cheia de problemas, ela estava observando a lua subir ao céu enquanto secava o cabelo com a toalha.

— Você sabe que não deve lavar o cabelo durante a noite, pode acabar pegando um resfriado o que segundo o médico não é uma boa ideia. -ele falou se aproximando dela e puxando a mesma para se sentar na cama e tirando a toalha das suas mãos começou a secar o cabelo dela.

— Eu sei, mas parecia que tinha terra até eu não querer mais nele e você que eu não gosto dele sujo ou qualquer coisa do tipo. -a morena respondeu com a voz fraca e tranquila como uma criança que está tendo os cabelos penteados pela mãe - Você parece cansado, ficar correndo atrás das minhas loucuras não deve ser fácil.

— Eu não me importo de correr atrás das suas loucuras, elas me encantam. -Matiel respondeu com a voz baixa saindo de perto dela e indo pendurar a toalha em uma cadeira perto da janela.

Os dois se deitaram na cama um de frente pro outro se olhando nos olhos e depois de dias viajando, dormindo no carro, em hospitais, correndo pela floresta, naquele momento foi como se eles estivessem novamente em casa.

 

18 de junho

Ilha de Cape Breton, NS, Canadá

 

Depois de quatro dias vivendo naquele castelo os dois já conheciam cada cômodo daquele lugar e principalmente já tinham ideia de o que fariam com todos aqueles quarto que ainda estavam vazios, a morena já conseguia andar por todo ele sem se perder e o quarto do último andar ia ficando a cada dia mais a cara dela enquanto que Matiel depois de algumas idas para a cidade estava começando a fazer o mesmo com o dele.

Os dois haviam usado diversos cartões de crédito falsificados para começar a colocar algumas coisas dentro de toda aquela construção, começando pela cozinha onde colocaram três geladeira grandes mesmo que os dois só estivessem usando um pequeno espaço, a Nuria queria já ter alguma coisa para quando a Eva voltasse e isso incluía os trinta e cinco sacos de dormir que estavam empilhados no salão.

 

Desde o momento em que eles se despediram dos Winchester a filha da Escuridão fez como tinha prometido e ligou o seu celular no número antigo que eles conheciam, e todos os dias ela recebia uma ou várias mensagem do Samuel e muitas vezes elas nem mesmo faziam sentido pra ela ou pra ele mas ainda sim eram importantes. E todas as vezes o moreno fazia a mesma pergunta “Você está bem? Como está o seu coração?” e todas as vezes a Nuria respondia da mesma forma “Eu estou feliz, meu coração ainda está batendo”, ela sabia que deveria dizer a verdade para os meninos mas não conseguia contar que estava morrendo.

Matiel saiu pelo salão principal alcançando o jardim seguiu as escadas até os primeiros degraus onde encontrou a morena sentada ali concentrada em seu celular e parecia estar cantarolando uma música qualquer como se aquele dia tivesse amanhecido simplesmente bom, parando na frente dela os olhos da mesma se voltaram para ele que somente sorriu vendo ela sorrir.

— Está pronta? Não podemos demorar para sair daqui ou não vamos chegar nunca no hospital. -o moreno falou colocando a chave do carro no bolso da calça observando a sua líder que ainda estava sentada no degrau apenas encarando ele.

— Já estou pronta, já arrumei e coloquei uma mala de coisas que a enfermeira falou que talvez fossemos precisar no carro, só estou esperando por você. -a morena falou ainda sem se levantar, como se estivesse esperando alguma coisa acontecer - Você esconderia alguma coisa de mim Matiel?

— Eu não sei se você vai gostar da resposta para essa pergunta, sinto muito por isso mas eu esconderia algumas coisas de você. -Matiel falou sincero e por mais que a garota tivesse pedido sinceridade aquela não era a resposta que ela queria.

— Vamos para o hospital, chega de assuntos desse tipo. -Nuria falou séria deixando claro que estava brava com a resposta e seguindo na frente até onde o carro estava parado.

Ela não se deu o trabalho de tentar fingir que estava tudo bem, se sentando no banco de trás do carro ela foi todo o caminho fingindo que estava sozinha, durante as quatro horas que os dois ficaram juntos naquele pequeno espaço foi como se o ar tivesse sido tirado de seus pulmões; eles não sabiam como se sentir, fazia muitos meses desde que estavam vivendo juntos e como dois apaixonadas que agora que tinham que agir com indiferença não conseguiam.

 

Assim que chegaram no hospital, Nuria foi levada pela mesma enfermeira da última vezes até o mesmo quarto onde ela se lembrava de ter acordado ao lado do seu Anjo e mesmo que ela soubesse que ele estava seguindo de perto, a mesma sabia que o tempo que ficaria ali não seria igual.

— O processo que você vai fazer agora é o mesmo que da última vez, preciso que você venha comigo que eu vou te preparar para entrar no quarto e começar o tratamento enquanto que o seu namorado assina a sua entrada. -a enfermeira falou fazendo os dois se olharem uma última vez antes de cada um seguir para um lado.

Nuria foi levada até um banheiro especial ao lado do seu quarto onde com a ajuda da enfermeira ela prendeu o cabelo e colocou uma touca e depois substituiu as suas roupas por uma camisola hospitalar, a enfermeira colocou a sua máscara e as duas entraram no quarto; os equipamentos já estavam preparados, assim que deitou na cama a enfermeira começou ligando aparelhos para medir os batimentos cardíacos.

— Vamos começar medindo os seus batimentos cardíacos e a hemodiálise, nenhum desses dois vai doer mas os próximos dias vão ser difíceis por isso você precisa ficar mais vinte e quatro horas aqui no hospital depois que terminar essa seção. -a mulher explicou com cuidado nas palavras começando a ligar ela a máquina maior.

— Eu não me lembro de fazer isso da outra vez, tenho que me preocupar ou saber de alguma coisa? -Nuria perguntou baixo vendo as duas agulhas ligadas a ela começarem a ficar avermelhada pelo sangue e o aparelho começar a fazer um barulho não muito alto mas que depois de um tempo iria incomodar.

— Você só tem que ficar quietinha, pode demorar um pouco mas o mais importante é não se mexer muito e tentar descansar porque vai ajudar bastante, nas primeiras vezes pode ser um pouco doloroso porém depois disso tenho certeza de que o seu guardião vai cuidar muito bem de você já que ele se esforçou bastante para entender todo o processo. -a enfermeira falou com calma.

— Tudo ficou um pouco mais complicado desde que tivemos aqui pela ultima vez. -a morena falou se virando e se concentrando no rosto da mulher que não parecia ser tão velha, demonstrava alguém com experiência.

— Eu sei que não posso me envolver na sua vida mas notei que vocês estão brigados, e tenho que dar um conselho pra você, eu já vi muitas pessoas em situação como a sua passarem pelo hospital e sabe do que eles mais se arrependiam nos momentos finais? De não terem amado o suficiente, de terem deixado com que outra coisa ficasse a frente do amor.

Nuria ficou sozinha com as palavras da enfermeira tentando entender se fazia sentido ou se encaixava na sua vida, e não tinha como fingir que não era exatamente o que estava acontecendo com ela e com o Matiel e por mais que ela não quisesse assumir no fundo também tinha o medo de morrer sem ter a certeza de que aproveitou ao máximo os seus últimos momentos.

Como a enfermeira havia dito todo o processo fazia com que ela sentisse muito sono mas o barulho não fazia com que ela conseguisse dormir e ela nem queria, porque sabia que logo o moreno iria chegar e mesmo que não fosse conversar com ele já ia sentir a sensação de segurança.

Assim que o Matiel entrou no quarto ele estava com a máscara no rosto fazendo com que os seus lindos olhos azuis ficassem ainda mais bonitos, se sentando ao lado dela ele tentou fingir que nada estava afetando ele mas era claro que ele não estava feliz com isso, nenhum dos dois estava.

— Você vai ficar do meu lado até terminar? Não gosto de ficar sozinha. -a morena falou baixando deixando o seu recesseio de lado e se concentrando no medo que sentia.

— Eu vou ficar do seu lado até o fim da minha vida, não vou te deixar sozinha. -o moreno respondeu por trás da máscara segurando na mão dela e tentando passar confiança nas suas palavras.

A hemodiálise não era um processo rápido, já estava escurecendo quando o médico passou pelo quarto retirando o aparelho da Nuria que estava dormindo e mesmo que ela estivesse fazendo o que havia sido ordenado pra ela, que era descansar, ainda sim o seu rosto estava pálido e os seus olhos estavam começando a ficarem fundos.

Como havia prometido Matiel nem mesmo se moveu durante todas aquelas horas, ele permaneceu sentado ao lado da morena intercalando o seu olhar entre ela e o livro antigo que ele estava lendo, ele tentava de todas as formas achar as resposta para o enigma que estava em sua cabeça mas parecia que a todo momento um novo surgia. Ele tinha grandes dúvidas, mas tinha principalmente medo de que tudo se tornasse real e ele acabasse fazendo o seu maior pesadelo se tornasse real.

Um barulho no seu bolso fez com que o Matiel deixasse o livro de lado e pegasse o celular da Nuria que estava tocando, e quando viu quem era, ele queria desistir de atender mas ao olhar para a morena viu ela abrindo os olhos sonolentos tentando entender o que estava acontecendo e de onde vinha aquele barulho.

— É de um dos Winchester, Samuel, você quer que eu atenda? -o moreno perguntou baixo se aproximando mais dela de forma que ela não precisasse forçar muito a voz para falar.

— Por favor, eu já falei com ele hoje então ele não iria ligar se não fosse importante mas não diga nada sobre isso. -ela respondeu baixo apontando o olhar para a máquina que estava ao seu lado mesmo que desligada, fazendo o outro somente concordar com a cabeça.

 

Telefonema ON

— Sim. -Matiel falou assim que atendeu o telefone mesmo que estivesse concentrado na morena que estava deitada mas que nem mesmo parecia estar lá de tão cansada que se sentia.

— Matiel? Eu queria falar com a Nuria, porque precisava da ajuda dela, tem como passar pra ela?

— Ela não pode falar agora, você precisa da ajuda dela pra fazer o que? -o moreno perguntou realmente interessado tirando o celular do ouvido e ligando o auto falante dele.

— Achamos alguns pergaminhos antigos que está escrito nas línguas dos Anjos, a gente até tentou chamar o Castiel pra ver se ele traduzia pra gente mas ele não veio, então queríamos a ajuda de vocês pra saber o que temos. -Sam falou tentando explicar da melhor forma mas sem dar muitos detalhes, e a explicação foi mais do que o suficiente para que a Nuria quisesse ajudar.

“Peça para que venham” foi tudo que a morena sussurrou fazendo uma cara estranha em sinal de que não estava se sentindo muito bem.

— Venham pra Nova Escócia, Canadá, vai ser uma viagem longa depois mandamos um endereço para encontro.

Telefonema OFF

 

— Você tem certeza? Se o Castiel está envolvido com isso eu acho melhor que a gente não se envolva, ainda dá tempo de desistir. -o moreno falou guardando o celular entregando um copo de água para sua líder.

— Por um tempo eles foram minha família, eu quero poder ajudar como eles fizeram por mim durante um tempo, eu sinto como se fosse ser a minha última oportunidade. -ela respondeu baixo tentando achar uma posição mais confortável para ficar deitada

— Se você vê eles dessa forma, eu não me importo de ajudar mas você deve saber que mentir não vai ajudar eles a sofrerem menos. -Matiel falou se sentando, apenas observando o quanto aquele momento mesmo sendo mai sleve que os anteriores ainda sim está sendo difícil.

Nuria somente queria ficar deitada naquela cama e dormir eternamente sentindo aquela sensação de paz momentânea mas o fato de que algo em seu corpo estava doendo fazia com que ela quisesse somente tentar esquecer, estava se sentindo fraca, diferente e como se sentia no castelo. Ela odiava aquele sentimento de desistência mas era exatamente o que estava passando pela sua mente.

— Eu tive um sonhos essa noite, uma voz me dizia “deixe o destino fazer o que prometeu pra vocês", o que você acha isso significa?

— Eu não sei o que isso significa, mas eu sei que da mesma forma como isso pode ser nada pode significar muita coisa. -o moreno falou se sentando na cama encostado nos travesseiros e com cuidado deitando a Nuria em seu peito fazendo com que ela se sinta segura e em casa.

 

20 de julho

Ilha de Cape Breton, NS, Canadá

 

Nuria estava encostada ao lado do Matiel no carro, ela usava a vestidos como os da sua mãe e estava vestida com a capa mesmo que sem o capuz o que ainda sim fazia com que ela parecesse incrivelmente linda, o moreno segurava o cajado em uma das mãos enquanto que com a outra ele fazia um leve carinho nas costas da sua líder como se estivesse tentando acalmar ela.

Eles estavam parados na entrada da cidade quando avistaram o impala 67 dos Winchester avançando em alta velocidade somente parando por um momento ao lado deles abaixando o vidro.

— Acho que tem um carro nos seguindo, acho que é melhor a gente sair daqui e ir para um lugar mais seguro. -Sam falou quando abaixou o vidro deixando claro que eles estavam preocupados e que principalmente só tinha os dois dentro do carro.

— Se seguirmos eles vão acabar nos encontrando, temos que nos livrar deles aqui mesmo, Sam pega meu carro e entra com ele na mata junto com o Dean enquanto que eu e o Matiel vamos verificar se tem realmente alguém seguindo vocês, não saiam de lá até eu ligar pra um de vocês. -Nuria falou entregando a chave do carro pro Winchester mais novo vendo ele rapidamente sair do carro que estava e entrar no carro arrancando dali com rapidez e entrando em uma estrada que ficava escondida por ali.

A morena colocou a touca da capa e pegou o seu graveto que estava com o Matiel, que cresceu em sua mão se tornando o seu cajado, e foi andando devagar pela estrada de encontro com um carro que seguia em alta velocidade em direção a ela; que ergueu o cajado em direção aos céus o que fez com que seus olhos ficassem cinzas e então batendo ele no chão abriu um burraco no chão fazendo a frente do carro afundar e as duas pessoas que estavam dentro dele voar para fora e pararem flutuando em frente a ela.

— Quem são vocês? Como acharam esse lugar? -ela perguntou entre dentes fazendo com que eles se revelarem as suas verdadeiras faces.

— Os Winchester nos trouxeram até aqui, e vocês nos mostraram o cajado, agora já podemos matar todos e voltar para o nosso líder. -uns dos demônios, o que aparentava ser o líder entre eles, falou não só deixando a morena irritada como também querendo acabar logo com tudo aquilo.

— Eu acho que vocês entenderam errado o que vai acontecer aqui, você não vão matar ninguém e muito menos levar o meu cajado. -a filha da Escuridão se aproximou mais de um dos demônios e apoiando a sua mão esquerda em seu rosto ela abriu a sua boca sugando a alma escura para fora do corpo humano e trazendo a mesma para si.

E da mesma forma que fez com um dos demônios ela fez com o outro e então quando percebeu olhou para o lado vendo o seu Anjo encarando ela da mesma forma como sempre fazia, ela conseguiu respirar porque sabia que mesmo que estivesse mudando um pouco todos os dias, ainda sim alguém iria estar olhando pra ela como ela ainda fosse a mesma.

— Como você se sente? Ouvi histórias sobre como a sua mãe ganhou força para confrontar Deus dessa forma quando foi liberta, eu acho realmente incrível que você também possa fazer isso. -o moreno falou se aproximando dos corpos e vendo se as cascas ainda estavam vivas, mas o que encontrou foi somente dois corpos já mortos e agora vazios.

— Estou ficando cada dia mais parecida com a Amara né? Queria saber o que o meu pai acharia disso, não sei se ele acharia que é uma coisa boa. -a garota respondeu rindo fraco usando os seus poderes para colocar o corpo de volta dentro do carro criando o que parecia um acidente de carro perfeito.

— Eu acho que ele já te via parecida com ela a muito tempo, vocês podem não ser idênticas fisicamente mas conhecendo as duas fica claro que pensam da mesma forma, até mesmo nas pessoas que escolhe proteger e ter em seu coração. -Matiel falou sorrindo fraco e apontando com a cabeça para a mata em volta da estrada de onde se via os Winchester saindo de lá e se aproximando a pé, e mesmo que ainda estivesse sentindo que alguma coisa ruim iria acontecer ele tinha a certeza de que a Nuria iria ficar bem.

Dean e Sam se aproximaram dos dois olhando para os lados com atenção tentando entender o que tinha acontecido em tão pouco tempo, mas mesmo que não fosse difícil saber o que aconteceu ali eles não queriam acreditar que aquela era a nova realidade; a moreno entregou o cajado pro Matiel, que encolheu no mesmo momento em que tocou em suas mãos, e fez o mesmo com a capa e somente então abraçou o Sam que aceitou de bom grado enquanto que tudo que o Dean fez foi entregar a chave do carro e se afastar.

— Sinto muito que a gente tenha trazido esses demônios até vocês, mas a gente não sabia mais pra quem pedir ajuda, o Matiel é o único Anjos que conhecemos que conseguimos falar já que o Castiel está desaparecido desde que você foi embora do bunker. -Sam falou com calma tentando explicar de forma resumida tudo que vinha acontecendo nos últimos tempos.

— Se vocês querem saber alguma coisa sobre a rádio dos Anjos, eu tenho que dizer que não tenho mais acesso a isso. -Matiel falou começando a ter ideias sobre o que eles estavam planejando e o quanto podia ser perigoso, principalmente para sua líder.

— Não queremos a rádio dos Anjos, queremos alguém que saiba ler a língua deles. -Dean falou pela primeira vez desde que havia chegado no Canadá.

— Podemos ajudar com isso, mas não vamos fazer aqui onde estamos muito expostos, temos que ir para o mais longe que pudermos desses corpos enquanto os demônios ainda não deram falta de dois dos seus.

 

Nuria e Matiel foram no carro da frente sendo seguidos pelos Winchester, ainda estava próximo do horário de almoço mas mesmo assim a morena já sentia como se estivesse escalando uma montanha e mesmo que estivesse tentando fingir que estava tudo bem, estava claro que era um dos efeitos colaterais da hemodiálise que ainda iriam permanecer com ela durante os próximos dias; porem com todos os lados ruins também vinham os bons, que era todo o cuidado e carinho que ela recebia do moreno.

O ex Anjo estava fazendo tudo que podia e até mesmo tentava o que não podia, somente para fazer com que aqueles dias fossem os melhores tanto para ele quanto para a sua líder mas ainda sim o sentimento de que o tempo deles estava acabando não saia de sua mente.

— Você anda muito quieto nos últimos dias, o que está acontecendo? -Nuria falou abrindo as janelas do carro deixando o sol entrar e o vento balançar os seus cabelos.

— Estive pensando, você sabe que meu coração é completamente e totalmente seu e eu sempre colocarei você em primeiro lugar né? E é engraçado que depois de tantos anos vivendo, eu só veja o sentido das coisas agora que te conheci. -Matiel falou não virando o rosto pra ela com medo de ver a expressão que ela tava.

— Você está me assustando Matiel, tem alguma coisa acontecendo né? Você não pode fazer assim, me conta o que é, não carregue esse fardo sozinho. -a morena falou com aquela voz de fazia com que ela conseguisse tudo o que queria, e mesmo sem olhar o seu Anjo sabia que se olhasse nos olhos dela iria acabar falando o que estava sentindo e não era o que queria.

— No momento certo você vai saber, mas quero que me prometa que se alguma coisa acontecer você vai ficar segura ao lado do Sam e do Dean, eu tenho certeza de que eles vão cuidar muito bem de você. -o ex Anjo falou parando o carro na beira da praia que era o lugar onde a morena havia escolhido para eles se envolverem nos problemas que iriam envolver Anjos.

— Vamos conversar com calma quando voltarmos para casa, agora vamos somente esperar que tudo isso passe para que a gente volte a ter paz. -a Nuria respondeu abrindo a porta do carro e saindo dele deixando tanto a capa quanto o cajado lá dentro deixando por um segundo o Matiel perceber que talvez aquela tinha sido a primeira vez que ela chamava o castelo de lar.

 

Samuel abriu o porta malas do carro, revelando as armas de sempre e principalmente uma caixa preta cheia de desenhos que os irmãos bem conheciam e no momento em que o ex Anjo viu a caixa soube que com toda certeza aquilo iria trazer problemas; ele puxou o Winchester mais novo para um canto onde podia não só questionar a verdade sobre aquele item mas também dar a oportunidade da Nuria conversar em paz com o Dean.

— É aqui que você se escondeu durante todo esse tempo? -o loiro perguntou olhando o mar e se referindo a ele.

— Não foi sempre aqui, mas sempre perto do mar, não importa onde. -a morena respondeu olhando o mar e respirando fundo tentando fazer com que aquela situação que a meses atrás iria ser lindo, mas que naquele momento era desconfortável.

— Você tem certeza de que está segura ao lado dele? Eu posso te salvar, te levar embora desse fim de mundo… -Dean tentou falar mas foi calado pela Nuria que olhou para ele piscando os olhos de formar doce.

— Dean, não espere o final dessa historia pra perceber que eu sou dona de mim mesma, do Castelo e do Dragão, eu não preciso que você me salve. -a morena sorriu fraco de forma doce igual os seus olhos, mesmo que as suas palavras tivessem sido de certa forma duras.

— Você não precisa que ninguém te salve ou somente eu? Por que pelo que me parece o Matiel está sempre ao seu redor, e isso é para fazer exatamente o que então?

— Ele não é alguém que vai salvar o meu corpo de ferimentos ou coisas assim, mesmo que ele faça exatamente isso na maior parte das vezes; ele é alguém que salva a minha alma, exatamente como um Anjo. -Nuria respondeu dessa vez não só sorrindo doce como também com palavras doces - Vamos nos juntar com os dois, seria errado somente eles ajudarem a resolver isso.

Os dois se juntaram aos outros dois que depois de uma breve conversa resolveram que ainda iriam ler o pergaminho que estava dentro da caixa, mas ainda não sabiam como exatamente, se iriam somente abrir a caixa e ler ou se iriam tomar mais cuidado; a morena somente escutou a conversa até aquele momento, não se meteu no que os homens falavam até perceber o quanto podia ser perigoso mas antes que ela pudesse dizer alguma coisa Matiel somente olhou pra ela e sorriu confiante o que fez com que ela somente concordasse com a cabeça e se juntasse a eles tentando resolver o problema.

Com todos os problemas resolvidos Sam tirou a caixa do porta malas e colocou nas mãos do irmão, o ex Anjo se aproximou do Dean abrindo a caixa e tirando de lá de dentro o pergaminho se afastando ele ficou parado em meio a praia observando com atenção aquele pedaço de papel antigo lendo aquelas palavras que para muitos seria confuso e estranho mas para ele era somente o que fazia desde que ganhou a sua graça de Deus; o moreno levou vinte minutos, dos quais ficou completamente concentrado em ler e entender com cuidado tudo o que dizia ali mas antes que pudesse dizer o que estava vendo se surpreendeu por escutar o barulho de asas batendo e então silêncio.

E quando ergueu os seus olhos em direção ao que acontecia à sua volta, Matiel se viu em outra realidade.

Ele olhou em volta vendo que estava sentado em uma cadeira de praia em frente ao mar, vestindo roupas de verão e a lua estava em sua forma mais majestosa e perfeita brilhando no céu daquela noite de forma com que fazia tudo aquilo ser até mesmo estranho; Nuria que estava mais a frente brincando na água do mar completamente distraída cantarolando uma música que possivelmente nem existia mas no momento em que viu o moreno olhando pra ela sorriu de forma doce e apaixonada pra ele e caminhou em sua direção.

— Estava me olhando a quanto tempo? Deveria ter ido até mim, a água está do jeito que a gente gosta, calma e quentinha. -a morena falou doce se aproximando e se ajoelhando ao lado dele.

— Gostar de te olhar, você é sempre tão bonita, principalmente em frente a esse cenário. -o moreno respondeu o que veio em sua mente mesmo que quisesse falar outra coisa.

— Você que sempre me vê com esses olhos, sabemos muito bem que somente sou bonita porque você me ama e eu agradeço todos os dias por isso. -Nuria contrariou sorrindo e se sentando no colo do seu protetor que passou os braços em volta dela como se fosse natural.

— Você é bonita porque eu te amo, mas por quê eu acho que tem mais alguma coisa nisso? -Matiel perguntou mas antes que pudesse fazer mais perguntas a morena se aproximou mais dele selando os seus lábios em um beijo provocante e cheio de desejo.

Mas o Matiel viu algo diferente, o beijo era tão bom e perfeito que fazia com parecesse errado e no momento em que se separou dela e olhou em seus olhos viu o que estava errado.

— Você pode até ser a Nuria mas não é a Nuria pela qual eu estou disposto a morrer, você é só uma boa ilusão que eu ganhei para que não pudesse ver a verdade. VAMOS LÁ, APAREÇA CASTIEL, EU SEI QUE TODO ESSE PLANO NÃO PODIA SER DE MAIS NINGUÉM. -o moreno gritou afastando aquela versão da morena de si e se levantando e parando em meio a praia fechou os seus olhos com força pensando naquela que realmente tinha o seu coração.

Quando abriu os olhos estava de volta à praia junto com os Winchester, a Nuria e o Castiel que parecia incrédulo com todos os eventos recentes.

— Como você saiu de lá? As pessoas costumam demorar dias para achar algo de errado. -o Anjo falou pro Matiel que somente se aproximou da garota ficando entre ela e ele.

— De lá onde? Do que você está falando Castiel? Por que apareceu de repente aqui depois de tanto tempo sem dar notícias ou responder aos chamados? -Dean perguntou soltando a caixa no chão e se aproximando tentando entender o que exatamente estava acontecendo ali.

— Ele quer esse pedaço de papel antigo, poderia ter pegado ele antes mas resolveu vir atrás dele somente agora porque tinha medo de não conseguir decifrar e por isso precisava da nossa ajuda, não é mesmo Castiel? -Sam falou começando a juntar os pedaços da história e começando a fazer a ligação - Você precisava do Matiel, mas por que?

— Porque o Castiel não é um Anjo tão poderoso quanto diz ser, ele precisava de alguém para fazer o serviço do qual ele não era capaz. -Nuria saindo de trás do moreno falou irônica fazendo com que o Anjo sentisse mais raiva crescendo dentro de si e começasse a cegar as suas ideias e ordens recebidas.

Castiel já não era mais o mesmo Anjo que havia ajudado os Winchester durante tantas confusos, era como se agora ele fosse outra pessoa, ele não passava de mais um Anjo seguindo ordens de outro Anjo que também seguia ordens; a raiva de estar sendo julgado e usado estava transbordando em seu corpo fazendo com que ele esquecesse as ordens que haviam sido entregues e quisesse fazer somente o que tinha vontade e estava em seu alcance.
Ser julgado daquele jeito parecia não só errado mas para ele era como ser julgado de morte e ele faria qualquer coisa que estivesse ao seu alcance, e naquele momento era se livrar de quem estava em seu caminho.
— VOCÊ NÃO TEM DIREITO DE FALAR DE MIM SUA HUMANA INÚTIL! -Castiel gritou fazendo surgir uma arma angelical em sua mão, e sem pensar duas vezes arremessou a faca na direção da Nuria que mesmo tendo como fugir da faca ficou congelada no lugar.
— NURIA! -Sam e Dean gritaram ao mesmo tempo já tendo idéia de como iria acabar aquele momento.
Mas no sorriso diabólico do Castiel e os rostos cheios de terror dos Winchester, Matiel foi mais rápido e já entendendo o que aquela sensação que estava cercando a sua cabeça significava, correu em direção a morena e no último momento entrou na frente da arma que atingiu em cheio o seu peito fazendo com que ele perdesse o ar e as forças em sua perna.
— Matiel! -Nuria falou com a voz fraca se ajoelhando junto com ele, fazendo ele se deitar na areia com a cabeça em seu colo e enquanto colocava a mão na ferida junto com a faca foi parado pelo moreno.
— Você está bem? Tem que tomar cuidado, você pode acabar se machucando. -ele respondeu com a voz doce e fraco, já estava sentindo que a sua morte estava próxima depois de tantos anos.
O seu corpo estava perdendo forças, ele já não sentia as suas pernas e com os poucos movimentos que conseguia fazer sem se sentir completamente exausto segurou a mão da morena e sorriu pra ela o que somente fez com que ela deixasse inúmeras lágrimas caíssem.
— Tem que ter alguma coisa que a gente possa fazer para ajudar. -Sam falou tentando se aproximar mas foi impedido.
— Fiquem longe da gente! Vocês causaram isso! -a morena gritou levantando uma barreira entre eles e os Winchester e o Castiel que estava congelado no mesmo lugar.
— Tá tudo bem Nuria, não foi culpa deles, eu já sabia que isso ia acontecer então pelo menos estou feliz por você estar bem, se lembre do que eu te disse no carro. -o moreno falou baixo colocando a mão no seu ferimento e puxando a arma do seu corpo enchendo a sua mão e o seu peito de sangue.

— Por favor, não me deixe.
— Nuria, já passamos por isso uma vez e tenho que dizer a mesma coisa, você estando bem nada mais importa, eu já vivi muito tempo, já vi príncipes nascerem, crescerem e se tornarem reis, já vi nações se tornarem grandes e também vi as mesmas nações caírem em ruínas mas de tudo isso ter te conhecido ainda sim foi a melhor coisa que me aconteceu. -Matiel falou sentindo a sua garganta cheia de sangue e o peito gelado, e foi quando com uma mão que pegou na da sua líder entrelaçando os seus dedos.
— Você não pode fazer isso, você prometeu que ficaria comigo, você não pode me deixar. -a voz da morena não passava de um sussurro cheio de dor e sofrimento.
— Ter estado com você foi estar no verdadeiro paraíso, eu alcancei a felicidade máxima que se é permitido e vou seguir em paz, você tem que me prometer que vai fazer a mesma coisa; siga em frente, mostre ao mundo o quão maravilhosa você é, e não tenha mais medo. -Matiel sussurrou sorrindo colocando a sua mão vaga no rosto da Nuria que mesmo que tivesse ficado sujo de sangue ela não se importou porque sabia que aquele era o último gesto dele.
— Eu quero mais tempo com você, eu preciso de mais.

Nuria abaixou a sua cabeça colando a sua testa no corpo já sem vida do Matiel sentindo a ligação que eles sentiam e era tão forte e profunda se desligar, antes ela era como uma grande fogueira mas desde que ele tinha sido ferido pela arma angelical aquela grande fogueira começou a se apagar e naquele momento não havia restado mais nada além de um buraco gigante de saudade.

— Você sabia que eu ia ficar bem, eu estou com o colar, não precisava ter feito isso por mim. -sussurrou como se fosse um segredo entre eles.

Ela não queria se mexer, tinha medo de se mover e então perder mais alguma coisa importante sobre ele, tinha medo de se afastar do corpo do moreno e então nunca mais conseguir ficar perto dele de novo; o seu choro era tão intenso e alto fazia com que até mesmo as pessoas que estavam fora da bolha de proteção sentissem o seu desespero por perder alguém.

— Eu quero ser boa, eu quero fazer com que você fique orgulhoso de mim, eu quero seguir em frente, crescer e mostrar pro mundo que eu não sou um monstro mas eu não vou conseguir, sem você é muito difícil; sem você do meu lado eu me sinto vazia, me tornei somente alguém que tem raiva crescendo dentro de si. -a garota sussurrou se afastando minimamente do moreno e olhando pro seu rosto, fazendo carinho em seus cabelos e sentindo a sua pele que um dia havia sido tão quente mas naquele momento era fria e já não transmitia paz e então sem perceber os seus olhos ficaram cinzas.
E era exatamente daquela paz que ela precisava naquele momento mas enquanto mais tentava se controlar com mais ódio sentia, Nuria colocou o corpo do Matiel no chão se sentindo cega e então se levantou desfazendo a bolha de proteção.
— Nuria, vamos conversar, eu sei que é difícil perder alguém mas você não pode perder o controle, tem que manter a calma ou pode fazer uma bobagem. -Dean falou no momento em que viu ela se aproximando do Castiel e erguendo a sua mão fazendo o cajado surgir em sua mão pequeno e então se tornando grande e então congelando os Winchester no mesmo lugar.
— Eu estava bem, estava quieta mas você resolveu vir até aqui e tirar a minha paz, isso não vai ficar assim, eu não vou perder ele enquanto você sai vitorioso; você não resolveu que era sua vez, e me tirou o Matiel? Agora é a minha vez, e eu vou destruir o paraíso. -a morena falou a voz baixa com os olhos ainda cheios de lágrimas, então jogou o Castiel no chão com tanta força que ele se sentiu desnorteado e antes que ele pudesse tentar fugir ela pisou nele fazendo os seus olhos cinzas ficarem claros como um raio.
Nuria olhou o cajado em suas mãos sentindo mais poder passando pelo seu corpo e sorriu para o Castiel, um sorriso triste e cheio de dor acompanhado por olhos claros com lágrimas e quando olhou para os céus e ergueu o seu cajado usou o seu poder com força em direção ao céu.


No céu, todos os Anjos sentiram ele estremecer como se estivesse alguma coisa batendo nele e no momento em que aquela sensação chegou até a Amara ela sumiu de seu quarto indo até o encontro do seu irmão que estava sentada sozinho em seu paraíso favorito.
— Eu acho não preciso dizer que algo está errado, por favor, me diga que não foi você, me diz que isso não está relacionado a um ato seu; você não conhece a minha filha, ela está tão furiosa que vai acabar perdendo o controle e todo aquele poder espalhado pelo mundo vai ser muito pior do que aconteceu quando eu fui libertada.
— E o que você quer que eu faça? -Deus olhou para sua irmã realmente querendo que ela lhe desse uma resposta para o problema.
— Faça o que não pudemos fazer por todos esses anos, mime ela, dê tudo o que ela quiser não importa o que for. -a morena falou respirando fundo vendo que ficar ali não era a melhor opção para ninguém já que aquele era o alvo principal.
— O que ela está tentando fazer? -Chuck perguntou sentindo todo o céu vibrar de forma tão intensa que fazia lembrar a forma que ele tinha criado os terremotos e vulcões.
— Vamos até ela e então implore pela vida de todos os seus filhos. -Amara falou sentindo que aqueles ataques só iriam piorar e não iria demorar muito tempo que acabasse prejudicando os paraiso e aquelas almas que viviam ali.

 

Amara e Chuck surgiram na praia em frente a Nuria, diferente das últimas vezes em que Deus tentou achar a localização da sua sobrinha ele não teve nem mesmo oportunidade de chegar perto de onde ela estava mas naquele momento foi como se ele tivesse sido atraído para ela e para todo o seu poder; ele queria se aproximar mas somente ficou parado no lugar observando a grande quantidade de poder que era necessário para causar tanto estrago igual ela estava fazendo. A Escuridão vendo o seu irmão parado no lugar pegou em sua mão e sussurrou em seu ouvido que ele deveria ter coragem o que naquele momento parecia uma ideia simples mas que era exatamente o que ele precisava para avançar e tentar uma comunicação e observou Dean e Sam próximos a ela congelados ao lado de um corpo sem vida no chão.

— Não achei que você fosse aparecer, achei que iria ficar escondido vendo eu destruir o mundo como aconteceu na última vez. -Nuria falou alto sem olhar para ele mas sabendo que ele estava ali.

— O que você está fazendo Nuria? Por que quer destruir o mundo de repente? -seu tio tentou entender o que acontecia, e o que causava a sua raiva mas principalmente porque Castiel estava no chão aos seus pés.

— Eu vou destruir o seu mundo, porque alguém destruiu o meu. -a garota falou desviando o seu olhar do céu e então por um momento olhando para Deus que pode entender o porque ela tinha tanto poder naquele momento.

Ela não estava furiosa como Amara tinha falado momentos antes, ela estava triste, estava deprimida e devastada e todos esses sentimentos ruins estava fazendo com que perdesse o controle.

— Como destruíram seu mundo, Nuria? -Amara perguntou se aproximando sentindo todo aquele poder que era tão parecido com o seu sendo usado para destruir o céu.

— Eles mataram o meu Anjo, Matiel foi morto. -a garota falou fazendo todo o céu ficar escuro e o som alto de trovões ser ouvido por todo o país.

A mãe da garota tentou não parecer surpresa mas somente correu até onde os Winchester estavam vendo o corpo do ex Anjo caido no chão, ela se ajoelhou ao lado dele vendo que ele havia sido morto por uma arma angelical o que trazia sentido para o Castiel jogado aos pés da morena recebendo cargas do seu poder que em um tempo iria matar ele.

— É triste que ele tenha morrido mas é errado você trazer escuridão para o mundo, você não pode destruir tudo Nuria. -Chuck falou se aproximando ainda mais o que só fez com que a garota ficasse mais brava e começasse a flutuar a alguns metros a cima da terra.

O céu passou a ficar mais escuro o que fazia com que desse contraste da morena que estava começando a ficar toda brilhante como os seus olhos   

— Eu ouvi uma vez que a luz vence a escuridão, então deixe eu te mostrar uma coisa Deus, HOJE EU VOU DESTRUIR TUDO ONDE A LUZ TOCA E ENTÃO QUANDO SOMENTE A ESCURIDÃO CHEGAR EU VOU FAZER ELA REINAR EM ABSOLUTO NO QUE SOBRAR DESSE LUGAR MISERÁVEL QUE A TERRA SE TORNOU. DOS SEUS QUERIDOS ANJOS NENHUM VAI RESTAR COM ALMA. -a morena gritou com raiva deixando de chorar e fazendo a sua voz parecer como barulho de trovões.

Nuria olhou para Castiel que agora estava em pé na areia e desceu com força até o solo batendo o cajado no chão e com a outra mão puxando o Anjo até ele ficar em sua frente de joelhos, e sem fazer muito esforço colocou a mão no rosto dele começando a sugar a sua graça da mesma forma como já tinha feito naquele mesmo dia.

Amara observando o que a sua filha fazia e sabendo o que iria acontecer depois que ela sugasse toda a graça de um Anjo se levantou da onde estava ajoelhada e correu até o seu irmão pegando em sua mão e em uma junção do poder dos dois eles congelaram o tempo.

— A minha filha não está sendo ela mesmo nesse momento, mataram o protetor dela e isso fez com que ela se tornasse uma bomba relógio, é muito poder em mãos que estam trêmulas e a unica forma de fazer isso parar é dando controle pra ela.
— E o que a gente precisa pra fazer isso? Ela está prestes a destruir todo o Canadá e uma grande parte dos Paraísos. -Chuck perguntou sentindo a sua sobrinha começando a escapar daquele seu truque.
— Não é o que e sim quem, o controle dela vem de um ser e não de um objeto. -Amara falou apontando para o corpo do Matiel. - Eu sei que você já fez isso diversas vezes com o Castiel e por isso estou te implorando, não como alguém preocupada com o mundo mas como uma mãe preocupada com a sua filha, faça só mais uma vez, por favor; a Nuria não vai suportar toda essa dor dentro dela e depois quando usar isso para destruir o mundo não vai suportar ver o que fez.

Deus havia jurado para si mesmo quando sua irmã saiu da sua prisão de que não faria novamente o que fez com o Castiel, ele tinha prometido que deixaria o rio do destino correr da forma que achasse melhor iria parar de construir barreiras mas ele também tinha plena consciência de que o que a Amara havia falado estava certo. Sua sobrinha era muito poderosa porém não havia aprendido a deixar sua humanidade de lado e sempre continuar seguindo, e essa iria ser a sua destruição.

Chuck respirou fundo estendendo a sua mão e tirou a graça do Castiel das mãos da Nuria e fez ela flutuar até o Matiel onde desapareceu junto com o corpo, no mesmo momento em que o tempo voltou a correr; a morena se surpreendeu ao não sentir a graça o Anjo e soltando um grito estridente jogou ele no chão e se virou andando na direção de Deus pronta para atacar ele quando foi parada por uma mão em seu braço.

— Nuria…

— É impossível! Não tente usar os seus truques contra mim. -a morena gritou sentindo os seus olhos encherem de lágrimas o que fez com que começasse a chover em sintonia com o que ela sentia.

— Nuria, olhe pra mim, eu estou bem, nada vai acontecer comigo e vamos todos ficar bem, eu não morri, eu não vou te deixar e prometo nunca mais te assustar desse jeito. -o moreno falou baixo ainda tocando o braço dela e fazendo ela olhar pra ele com aqueles olhos claros como raios, que ele achava tão lindo mas nunca tinha visto tão hipnotizantes e intensos - Está tudo bem, não precisa fazer mais nada, eu estou aqui, olhe pra mim, só vamos pra casa onde vamos ficar só eu e você.

— É você mesmo? Eu vi você morrer, você morreu nos meus braços, eu estou enlouquecendo? -a garota sussurrou soltando o cajado, que caiu no chão, e colocando as duas mãos no rosto dele não só tendo certeza de que não estava ficando louca, como também sentindo aquela sensação que somente ele tinha.

Ele sempre foi como encontrar a paz mas naquele momento ela podia sentir nele muito mais do que paz, era como se tudo que ele transmitia tivesse se multiplicado e fosse inundar ela; era a sua graça de Anjo fazendo os seus sentimentos aumentarem e deixasse tudo mais forte, como se fosse um amplificador. E toda aquela paz que ela estava sentindo se espalhou pelo mundo, de diversos jeitos mas sempre o que era melhor sendo ele em forma de arco íris ou chuva para a seca.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e que não me abandonem logo agora que estamos na reta final da fanfic... Até o próximo ♥



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