Os primeiros raios de sol reluziam no horizonte. Bella cavalgava o mais rápido que podia, o vento do início da manhã batia forte em seus cabelos e fazia a sua pele arrepiar. O seu coração estava em ritmo frenético. As gotas de suor percorriam pelo o seu corpo.

Na vila as amazonas começavam a rotina, algumas alimentavam os animais e outras preparavam-se para caçar ou arar a terra. Bella diminui a velocidade ao chegar porque não queria chamar muita atenção. Ela desceu do cavalo e amarou a sua corda numa viga. Adentrou numa tenda em que a privacidade das mulheres era preservada por um tecido. O lugar tinha um cheiro forte de ervas.

— Rose! – Bella chamou.

Uma garota de longos cabelos loiros parou de separar a vagem. Ela estava de costas para a visita.

— Sim! O que deseja? – perguntou ainda de costas.

Bella aproximou-se.

— Preciso que você me faça um favor!

— Eu não faço favores! Procure outra pessoa!

Bella quis rebater mais se conteve.

— Eu sei que a sua avó está doente e que você não sabe caçar muito bem... Então eu lhe ofereço ... todos os grãos de arroz da nossa plantação por uma semana.

Rosalie virou-se para encarar a amazona. Seu nariz e suas bochechas estavam avermelhadas por causa do sol.

— E para o que seria?

— Primeiro você vai ter que me prometer segredo!

— Mas eu nem sei o que é como posso prometer algo?

— Apenas me prometa e terá o que eu lhe ofereço.

— Se é tão sério assim... Então eu quero os grãos da colheita do mês – Rosalie levantou-se com dificuldade.

— Não posso lhe dar isso. Da quinzena pode ser?

— Três semanas da colheita?

— Sim! Está fechado!

As duas apertaram as mãos.

— Suponho que seja uma tarefa difícil – supôs.

— Não para você. Mas ... envolve um corte profundo e... não sei se infeccionou.

— É um animal ferido?

— Mais ou menos isso!

— Pode traze-lo!

— Ele não está na vila.

— Então por que não contou para alguma guardiã?

— É complicado. Você terá que ir lá – Bella deu dois passos em direção a Rosalie que recuou um pouco – Prometa que não contará para ninguém!

***

Bella desceu primeiro e ajudou Rosalie a descer da garupa do cavalo. O sol já estava mais forte, mas a areia da praia continuava fria.

— É aí que está?

— Sim.

Bella estava tensa ao imaginar qual seria a reação da curandeira. Enquanto isso ela desamarrava as trouxas que havia preparado para ocasião. Rosalie seguiu em direção ao casebre mancando. O lugar estava malcheiroso. Assim que viu o homem a loira paralisou. A amazona temeu a reação da outra.

— A quanto tempo isso está aqui?

— Isso é um homem.

— Eu sei o que é um homem. Sou mais velha do que você não se lembra?

O som das vozes das mulheres não atrapalhou o sono do estrangeiro.

Rosalie agachou e deu alguns tapas leves no rosto do forasteiro para que ele acordasse. Ele assustou-se e ficou sentado e encarou aquele par de olhos azuis que transmitiam medo e raiva.

— Deixe-me ver a sua ferida – disse Rosalie rispidamente.

— Quem é você?

— Não é da sua conta!

Edward encarou Bella com o olhar de dúvida.

— Ela veio para ajudar – disse Bella preocupada.

Rosalie verificou as duas perfurações onde o galho havia atravessado.

— Não está infeccionado, mas vou precisar costurar.

— Não seria melhor cauterizar?

Rosalie deu um leve sorriso.

— Confia em mim, vai ser melhor costurar!

O processo todo não foi muito demorado. Rosalie limpou e depois começou a fazer os pontos de forma artesanal. No final colocou algumas ervas que Bella no conseguiu identificar em cima das feridas.

— Obrigado!

A curandeira saiu sem dizer uma palavra.

Bella aproximou-se do forasteiro.

— Eu trouxe algumas coisas para você!

Bella abriu os sacos que havia trazido. Eles continham algumas frutas, duas broas, dois bolsões e num canto separado do resto embrulhado num tecido havia carvões.

— Aqui tem leite e esse tem água – disse Bella entregando os bolsões.

— Agradeço o que você está fazendo por mim!

Bella assentiu com a cabeça.

— Meu nome é Edward. Qual é o seu?

— Isabella, mas me chamam de Bella.

— Bonito nome!

— Obrigada! – Bella sorriu.

Por alguns instantes encarou aqueles olhos encarou aqueles olhos verdes.

— Talvez mais tarde eu volte! – disse Bella seguindo para fora da cabana.

Rosalie contemplava o mar.

— Há quanto tempo ele está aí?

— Vai fazer dois dias.

Rosalie encarou Bella com os olhos marejados de lágrimas.

— Sabe o que você está fazendo é muito perigoso. A minha guardiã morreu pelo mesmo motivo.

— Tem a ver com aquele homem que foi encontrado na ilha há uns dez anos mais ou menos?

— Vamos voltar para vila!

Rosalie mancou até chegar onde o cavalo.

Era impressionante como as pessoas deixavam perguntas em aberto.

***

Bella dedicou-se até o fim do dia a colheita de milho colocando tudo na sua cesta de palha. Ela preferia gastar energia no trabalho do que pensando nas dúvidas que tinha. A amazona estava exausta, mas ainda continuava a colher.

Uma mulher de pele escura galopava ao redor da colheita.

— Estão dispensadas todas! – gritou em alto bom tom.

Bella continuou como se não tivesse escutado. A mulher que estava no cavalo aproximou-se.

— Estão dispensadas! – disse num tom ríspido.

Bella finalmente parou.

***

No caminho de volta para casa Bella decidiu não prosseguir com as outras em vez disso ela caminhou em direção ao casebre onde havia encontrado todos aqueles objetos estranhos.

Ao entrar no casebre o lugar parecia estar do mesmo jeito que havia saído no outro dia. Ela não sabia qual iria ser a decisão do conselho, mas até agora elas pareciam neutras a descobertas da amazona.

Bella revirou as fotos, as roupas, os objetos, até que encontrou em um dos baús um objeto de tamanho médio que refletia a sua imagem. Ela virou de um lado para outro para entender o que estava acontecendo, conseguia se ver melhor do que no reflexo do rio. Como numa brincadeira de criança testou todas as joias que encontrava. Até que começou a sentir um cheiro de fumaça.