Claire's Anatomy escrita por Clara Gomes


Capítulo 7
Capítulo 7 – Like I’m Gonna Lose You.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoalzinho do meu coração! Aqui vai mais um capítulo da nossa querida fanfic.
Lembrando que hoje começaram minhas aulas, então as coisas vão ficar muito corridas para mim daqui para frente, então não sei se terei muito tempo para escrever. Mas eu aproveitei bem as férias para escrever vários capítulos, então eu espero que demore para eu precisar dar uma pausa na fic. Bom, não precisamos nos preocupar com isso agora, porque ainda tem muita coisa por vir que já está escrita!
A música de hoje é um amorzinho, assim como a cena final do capítulo ♥ https://www.youtube.com/watch?v=2-MBfn8XjIU
Espero que gostem desse capítulo! Boa leitura!



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Eu já devo ter dito algo sobre dar valor às pessoas, porque nós nunca sabemos quando algo de ruim vai acontecer e perderemos quem amamos. Mas é que isso é realmente sério. Nós tendemos a nos acostumar com a presença do outro, e até evitamos pensar na possibilidade de perdermos um ao outro. Ou você nunca quase chorou ao pensar na possibilidade de perder alguém muito próximo? Eu entendo esse comodismo, e que às vezes precisamos que algo aconteça para abrirmos nossos olhos e pensarmos: “Cara, o que seria de mim sem as pessoas que eu amo?” ou “Esse tempo que eu estou passando sendo orgulhoso, vai acabar fazendo falta quando eu não tê-lo ou tê-la por perto.”

— Vamos! Força! Sem dor, sem ganho! – exclamei, tentando encorajar Akira, que estava lutando para subir uma ladeira. Desde aquele caso do homem obeso, nós fizemos um trato que iríamos cuidar da saúde, começando por sair para correr pela manhã, antes do turno.

— Eu nunca mais faço isso, é a última vez! – retrucou, subindo até mim, ofegante.

— Você diz isso todos os dias, mas não consegue resistir! – gargalhei de sua cara feia – Tchau sedentarismo, olá boa forma! – continuei tentando encorajá-lo – Me dá um A! Me dá um K! Me dá um I! Me dá um R! Me dá um A! Akira! Akira! – tentei imitar uma animadora de torcida, sem muito sucesso.

— O que é isso? Uma cobra mal matada? – questionou uma voz feminina, e quando me virei para ver quem era, percebi que não era ninguém menos que a pessoa que eu menos queria ver: Rebecca.

— O que você faz aqui? – perguntei, franzindo o cenho.

— A rua é pública, eu venho correr aqui todos os dias. – respondeu, correndo sem sair do lugar.

— E por que nunca nos encontramos? – falei um pouco desconfiada.

— Porque você é uma pessoa de azar. – sorriu convencida, e virou-se para Akira – Vai asiático! Mostre suas habilidades ninjas! – riu debochada – Vejo vocês mais tarde, e não se atrasem, hein! – despediu-se e voltou a correr.

— Não vamos. – rebati, e Akira finalmente chegou ao topo da ladeira, parando ao meu lado, cansado – Você está bem?

— Tirando o fato de eu mal conseguir respirar, claro que sim! – respondeu, falando com dificuldade.

— Água? – ofereci a garrafinha, sorrindo inocentemente. O mesmo pegou a garrafa de minha mão e bebeu quase tudo num gole, jogando o resto em sua cabeça – Quer ir para casa? – ele me olhou como se fosse óbvio que sim, e eu ri fraco, pegando sua mão e seguindo em direção ao meu prédio.

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Finalmente estávamos no hospital, caminhando junto com Lexie e o resto dos internos pelo corredor. Akira mancava um pouco, e eu tinha que me concentrar para não rir da situação.

— Okay, hoje estaremos aos serviços da Dra. Arizona Robbins, chefe da pediatria. Já vou avisando que apesar de algumas pessoas terem preconceito com essa área, é uma parte muito difícil, porque além de termos o paciente: a criança, temos os pais, que também devem ser tratados com respeito. – afirmou nossa residente, seguindo pelo corredor – Tentem por favor não se apegarem à criança, fica muito mais difícil se isso acontecer. – continuou, e logo em seguida aproximamo-nos da cirurgiã loira – Dra. Robbins? – chamou Lexie.

— Hey, Dra. Grey. – sorriu simpática, e nos olhou – Vejo que trouxe seus patinhos internos, bem-vindos à pediatria! Lembrando que pediatria é barra pesada, e é mais difícil do que parece. – disse a médica – Acompanhem-me, por favor. – continuou, e após dar alguns passos, apoiou-se no calcanhar, seguindo apenas com as rodinhas de seu tênis.

— Nós temos que levar isso a sério? – questionou Rebecca, revirando os olhos.

— Eu quero um! – exclamou Anastasia, sorrindo animada.

Andamos o resto do caminho em silêncio, até chegarmos no quarto do paciente. Ao entrarmos no local, pude ver que era uma garotinha loira, que sorria animada, enquanto conversava com os pais.

— Com licença, Candice? – indagou Arizona, chamando a atenção da família.

— Dra. Robbins, não esperávamos que passaria tão cedo hoje. – afirmou a mãe da menina, sorrindo – Temos boas notícias? – perguntou, com esperança transbordando sua voz.

— Sim, conseguimos um pulmão para essa mocinha. – respondeu a cirurgiã, sorrindo largo – Daqui a pouco a Dra. Altman virá explicar a operação, e tirar quaisquer dúvidas que vocês tiverem. Nós já discutimos, e a cirurgia será nesta tarde. – explicou, animadamente – Você está preparada, Candice? – questionou, olhando para a garota, que apenas assentiu, com um sorriso maravilhoso no rosto – Ótimo, vejo vocês mais tarde. Fiquem tranquilos, ela está em boas mãos. – finalizou Dra. Robbins, e quando se virou para sair, deparou-se com Teddy Altman e Alex Karev adentrando a sala.

— Não importa o que aconteça, eu sempre acabo voltando para pediatria. – comentou Alex, sorrindo ironicamente para Arizona, e dando um sorriso um pouco mais malicioso para Lexie, que pareceu se constranger um pouco. Todos sabíamos do caso dos dois, e que um dos motivos por ela e Mark não estarem mais juntos é que ela havia dormido com Alex.

— Bom, vou deixá-los a sós com nossa cirurgiã cardiotorácica, me bipem se precisarem de qualquer coisa. – afirmou Arizona, negando a cabeça levemente para o comentário de Karev, e finalmente deixando a sala.

Seguimo-la até seu próximo paciente, e aposto que a pergunta que todos estavam se fazendo era: quem de nós iria participar da cirurgia?

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— Okay, eu sei que vocês todos estão se perguntando quem vai nos ajudar com a operação. – disse Arizona, depois de sairmos do quarto de seu último paciente – Nós vamos precisar de dois internos dentro da SO, um para a parte de pediatria, e outro para a parte cardiotorácica. Para os outros não se sentirem inúteis, poderão revezar para irem se atualizar do progresso da cirurgia, e avisarem os pais. – explicou, escrevendo alguma coisa em um prontuário – Agora virá a parte mais difícil. Vocês escolherão entre si, quais serão os dois a participarem da cirurgia. – afirmou, sorrindo diabolicamente, e fazendo nós nos entreolharmos, um clima competitivo já se formando – Venham com uma resposta até uma hora e meia antes da cirurgia, senão ninguém participa! Divirtam-se. – finalizou e afastou-se, nos deixando boquiabertos.

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— É claro que um dos participantes da cirurgia será eu, agora o outro fica a critério de vocês. – afirmou Rebecca, sentando-se no banco que ficava em frente aos armários. Pouco tempo depois do “desafio” ser lançado, fomos até o vestiário dos internos, para tomarmos nossa decisão.

— Hey, por que você já é certeza? Aqui está todo mundo na mesma, nem vem! – rebateu Anastasia – Vamos fazer uma votação justa.

— Ah, é claro, até porque com certeza alguém vai querer votar para pôr outro dentro a SO. – retrucou Diego, andando de um lado para outro.

— Nós deveríamos nos basear no desempenho de cada um... E escolhermos quem teve menos erros durante os últimos dias. – sugeriu Akira, fazendo os três que se pronunciaram primeiro revirar os olhos.

— Eu fui ótima durante esses dias, então eu continuo sendo um dos escolhidos. – Cooper deu de ombros, cruzando os braços.

— Ah, por favor, não foi tão ótima assim não! – falei, rindo fraco, e senti o olhar assassino da garota contra meu rosto.

— Melhor do que você, com absoluta certeza! – exclamou, levantando-se e se aproximando de mim – Vocês não sabem da melhor. – continuou, parando extremamente próxima de mim e encarando-me profundamente, porém referindo-se aos outros.

— Que porra é essa? – questionou Diego, franzindo o cenho – Vocês não estão se pegando, né?

— Longe disso! – respondeu a morena, sem tirar os olhos de mim – Vocês sabem quem foi o primeiro interno a perder um paciente? – virou-se para eles, sorrindo satisfeita.

— Algum perdedor dos outros residentes? – disse Gomes, olhando-nos desconfiado.

— Não! Foi uma perdedora da nossa querida Lexie Grey... – riu maleficamente, e esticou os dois braços em minha direção, indicando que eu era a pessoa de quem ela estava falando – Apresento a vocês, Claire Scofield, mais conhecida como a primeira interna a matar um paciente... Quando foi mesmo? Ah é, no primeiro dia, uma das pacientes do Shepherd né? – finalizou, fazendo-se de desentendida.

Respirei fundo, sentindo minha mão coçar para não dar em cheio na cara dela. Que vadia! Eu confiei um segredo a ela, e na primeira oportunidade ela usou-o para me derrubar!

— Eu retiro o que eu disse aquele dia... Você é uma vadia desgraçada SIM! E é tão insegura que precisa jogar tão baixo para conseguir roubar uma paciente minha... – rebati, ficando bem próxima dela, novamente – Mas vocês querem saber de outra melhor ainda? Já que é o momento para jogar merda no ventilador, vamos brincar. – sorri maldosamente – Nossa médica perfeita, a Dra. Cooper, diagnosticou uma paciente como uma leve virose... Mas o melhor é que a paciente na verdade tinha um tumor no estômago, e era inoperável! – ri de nervosismo – Ela não sabe nem dar um diagnóstico corretamente, pessoal! Como que uma médica dessas pode participar de um transplante de pulmões? Reflitam. – finalizei, afastando-me.

— Sua vagabunda, pelo menos a mulher está viva! Parece que a sua não está, não é? – retrucou, rindo fraco.

— Pelo menos eu sei diagnosticar um paciente! Parece que você não, não é? – falei no mesmo tom, desafiadoramente.

— Parem com essa merda! – reclamou Diego, bufando – Querem lavar a roupa suja, façam isso longe daqui, porque está me dando nos nervos!

— Falou o outro! Esse daqui também perdeu um paciente, viu gente? – apontei para o rapaz de olhos azuis, fora de mim – Esquecemos de pedir um ECG, e quando o paciente foi para a mesa de cirurgia, morreu com o coração sangrando.

— Sério? O que eu te fiz, hein garota? Como você é boca aberta hein, caralho! – exclamou o jovem, parecendo inconformado – Pois é, nós erramos, e nos custou a vida de um paciente. E daí? Quem aqui não cometeu um erro que pôs a vida de um paciente em risco?

— Eu nunca. – afirmou Akira, dando de ombros.

— Nem eu. – disse Anastasia, sorrindo fraco.

— Ah, por favor! Só porque nós não sabemos, não quer dizer que vocês sejam os perfeitinhos! – disse Gomes, possuído pela raiva – Quer saber, eu detesto pediatria mesmo, então foda-se! Os dois que supostamente nunca cometeram erros médicos podem ficar à vontade, eu estou fora. – pegou seu jaleco branco e saiu do vestiário rapidamente, furioso.

— Meus parabéns, Claire! Se você tem problemas comigo, tudo bem, mas com o coitado do garoto? Vergonhoso. – provocou a morena.

— Você que começou tudo isso! – exclamei de volta, revirando os olhos.

— Parem com isso, eu hein, parecem duas crianças, que saco. – falou Anastasia, aparentando ter perdido a paciência – Akira e eu vamos participar da cirurgia, e vocês duas atualizam os pais, e chega disso! Se quiserem brigar, façam isso fora desse hospital, Jesus!

— Quer saber, tanto faz, não gosto de pediatria também. – Rebecca tentou parecer indiferente – Divirtam-se com essa merda, tchau! – saiu da sala, deixando nós três a sós.

— E você Claire, concorda com essa decisão? – perguntou Akira, calmamente.

— Dane-se, podem fazer a droga da cirurgia! – respondi, revirando os olhos.

— Eu vou estudar, você vem, Akira? – disse a loira, ameaçando sair da sala.

— Depois eu apareço por lá. – falou o asiático, me encarando com um olhar preocupado, enquanto eu respondia com um gélido.

— Okay, vejo vocês depois. – despediu-se e abandonou o local, deixando Aoki e eu a sós.

— Vai lá com sua companheira de cirurgia, eu não preciso de você aqui. – falei hostilmente, indo até meu armário.

— Sério? – riu-se ironicamente, e escorou no armário ao lado do meu – Você está bem? Por que nunca me contou sobre a paciente do Shepherd? – continuou, com preocupação na voz.

— Era um segredo! Eu só contei para aquela traíra para tentar acalmá-la, no dia em que ela diagnosticou a paciente errado. – respondi, negando com a cabeça – Eu fui tão burra! Por que eu fui confiar nela? Todos sabemos que ela é uma vadia que não guarda segredo. – afirmei, inconformada.

— Você tentou ser uma pessoa amiga num momento ruim, eu acho nobre da sua parte. – disse, sorrindo com compaixão – Está tudo bem, é normal perder pacientes nos primeiros anos, faz a gente se tornar melhores médicos. – finalizou me abraçando, e fazendo carinho em minhas costas.

— Obrigada, Akira. Já me sinto melhor, pode ir se preparar para a operação. É uma grande cirurgia! – falei, ainda abraçada com ele. Em partes, na verdade eu queria ficar sozinha, mas precisei de um jeito mais carinhoso de conseguir isso.

— Okay, a gente se vê mais tarde. – concordou e afastou-se um pouco, deixando um beijo leve em meus lábios antes de encerrar o contato físico.

— Caso eu não te veja antes da cirurgia, boa sorte. – desejei, tentando sorrir o mais verdadeira que conseguia.

— Muito obrigado. – respondeu, beijando-me novamente antes de sair, finalmente me deixando sozinha. Soquei o armário e respirei fundo, com um turbilhão de más memórias invadindo minha mente.

—-

A cirurgia já havia começado há mais de uma hora, e Diego e Rebecca haviam sumido do mapa, então acabei sendo a única a ir e informar os pais. Olhei no relógio e saí da galeria, descendo para a sala de cirurgia. Entrei pela porta principal mesmo, apenas segurando uma máscara na frente da boca.

— O que eu devo dizer aos pais? – perguntei, tentando não transparecer o tédio.

— Diga que a operação ainda está em seu início, e terá mais muitas horas de duração. – respondeu Teddy, sem tirar os olhos de seu trabalho.

Assenti e deixei o local, seguindo para a sala de espera. Logo avistei os pais da garota, que pareciam felizes, porém preocupados. Aproximei-me com um sorriso educado no rosto, tentando transmitir calma.

— Olá, meu nome é Dra. Scofield, e eu vou atualizá-los sobre a cirurgia de sua filha. – apresentei-me, e os dois me olharam com mais preocupação.

— Aconteceu alguma coisa com nossa filha? – questionou a mãe, levantando-se.

— Não, a cirurgia ainda está em seu início, e temos muitas horas pela frente. – afirmei, fazendo a mulher suspirar aliviada.

— Obrigada... – disse, sorrindo grata – É necessário que nós fiquemos aqui?

— Não necessariamente. – falei, negando com a cabeça.

— É que nós queríamos ir buscar um presente para nossa filha... Para quando ela acordar da cirurgia. Nós o compramos hoje, e queríamos busca-lo... – explicou, um pouco nervosa.

— Podem ficar à vontade, se tiverem um telefone de contato, eu posso ligar de hora em hora até vocês voltarem, para mantê-los informados. – ofereci, e ambos sorriram animadamente.

— Muito obrigada, nós queremos sim! – exclamou e ditou o telefone para mim, enquanto eu anotava em um pedaço da papel.

— Fiquem tranquilos, ela está nas melhores mãos, e eu estarei sempre atualizando vocês. – disse, concordando com a cabeça.

Os dois agradeceram e deixaram o hospital, enquanto eu voltei para a galeria. A cada hora, eu descia até a Sala de Operações para checar o progresso da cirurgia. Contudo, duas horas seguinte, ninguém atendeu à minha ligação. Depois de várias tentativas, eu comecei a me preocupar, pois a mulher havia me assegurado que estavam voltando ao hospital.

Decidi não falar nada para a equipe da cirurgia, e fui até a Emergência, para o caso de algo ruim ter acontecido. Cheguei no local torcendo para não encontrar nada sobre eles, e aproximei-me do balcão das enfermeiras.

— Alguém poderia me dizer se um casal com o sobrenome Stinson chegou aqui? – perguntei, tentando parecer por curiosidade.

— Não, por quê? – respondeu uma das enfermeiras.

— Por nada, muito obrigada. – afirmei, e quando me afastei, pude ver duas macas entrando, e uma equipe se movendo junto com Owen Hunt rapidamente. Aproximei-me e tentei ver os rostos dos pacientes, então virei-me para um dos paramédicos que os acompanharam para dentro – Vocês têm identificação? – questionei, olhando-os novamente.

— David e Brittany Stinson. – falou o paramédico, também voltando-se para eles – Duvido um pouco que vão sobreviver, foi uma batida feia...

— O que houve? – indaguei com desespero na voz.

— Um caminhão avançou no sinal vermelho e deu em cheio no meio do carro dos dois. – respondeu, com pena – Você os conhecia?

— Mais ou menos... – disse, tristemente – Eles são os pais de uma paciente que está em cirurgia agora.

— Meu Deus. – olhou-me chocado – Isso vai ser difícil...

— Com certeza vai. – concordei – Obrigada.

O mesmo assentiu e deixou o local, enquanto eu observava os médicos tentando salvá-los. Fizeram massagem cardíaca, desfibrilaram, administraram remédios, mas nada os estabilizava. Depois de aproximadamente uma hora tentando, eles decidiram anunciar a hora da morte, e não pude conter uma lágrima, que escorreu solitária em meu rosto. Owen deixou a sala, e ao me ver chorando, parou em minha frente, me olhando curioso.

— Você está bem? – perguntou, atenciosamente.

— Eles eram os pais de uma garota de 10 anos de idade que está recebendo um par de pulmões nesse exato momento na SO 3. – respondi, sem tirar os olhos do casal.

— Droga... – reclamou Hunt, passando a mão em seu rosto – É a Teddy que está operando?

— Sim... – falei, e voltei meus olhos para ele – Eu deveria contar a ela?

— Espere até a cirurgia acabar... Enquanto isso, acione o Serviço Social, e procure pelo parente mais próximo. – afirmou o ruivo, olhando-me tristemente.

Concordei com a cabeça e olhei os dois corpos, antes de deixar o lugar.

—-

O resto do dia foi horrível para mim. Depois de ligar para o Serviço Social, entrei em contato também com a única avó, que era a materna. Ao fim da cirurgia, contei tudo à Teddy e Arizona, e a pediatra quase teve um ataque de pânico, devido aos vários meses que estiveram passando juntos.

Akira e eu estávamos deitados na cama, ambos olhando para o teto, pensativos. O dia de hoje havia abalado o psicológico de várias pessoas, e não foi diferente conosco. Depois de alguns minutos em silêncio, virei-me para ele, decidida a fazer essa pergunta.

— O que somos? – questionei, olhando-o curiosa.

— Como assim? – respondeu com uma pergunta, me olhando confuso.

— Nosso relacionamento. – disse, desviando o olhar para seu peitoral desnudo – Nós estamos... namorando?

— Bom, nós dormimos juntos quase todos os dias, não vemos outras pessoas, compartilhamos sobre nossa vida... Acho que somos um casal de verdade. Então sim, estamos namorando. Se você quiser. – afirmou, sorrindo carinhosamente.

— É claro que eu quero! – sorri largo – É só que... Depois de hoje, eu parei para pensar... Aquela garotinha tinha tudo antes de ser sedada, pais que a amavam, uma família linda, e de repente, quando ela acordou da cirurgia... Não tinha mais nada. Ela é filha única, e o parente mais próximo é a avó de 80 anos. Então, eu estou cansada de relacionamentos superficiais com as pessoas. Por isso te perguntei. Eu quero saber exatamente o que temos, pois se acontecer alguma coisa amanhã ou depois, eu teria certeza do que nós éramos.

— Eu vou te dizer exatamente o que somos. – encarou-me, seriamente – Quando eu vim para Seattle, eu tinha um propósito, que era aprender tudo o que podia com Derek Shepherd, e me tornar um neurocirurgião tão bom quanto ele. Bom, quando eu te vi pela primeira vez, confesso que te achei linda, porém não estava nos meus planos tentar nada com ninguém. Mas conforme eu fui te conhecendo de verdade, meus planos mudaram muito... Não posso dizer completamente, pois ainda quero ser um neurocirurgião tão bom quanto o Shepherd. Contudo, eu quero que isso ocorra comigo estando ao seu lado. Eu nunca imaginei que seria capaz de amar tanto uma pessoa, conhecendo-a por tão poucos meses... Porém, depois que te conheci, eu mudei de ideia. – sorriu fraco, quebrando um pouco do seu olhar sério – Eu quero crescer com você. Casar-me com você. Ter filhos com você. Não estou falando agora, porque ainda somos muito jovens... Mas quando eu me tornar um neurocirurgião, e você se especializar na área que preferir, quando estivermos estabilizados, é aí que quero deixar tudo mais sério. Porque eu acredito que somos reais, Claire. É para valer. Eu te amo, e isso é a maior verdade que eu sei. Nem medicina é tão verdade quanto isso. Então se alguma coisa acontecer amanhã ou depois, saiba que é exatamente isso que somos: reais.

Fiquei paralisada diante de suas palavras. Elas carregavam tanto amor, tanta emoção, e soavam como a maior verdade do mundo. Por um momento eu quis pausar aquela imagem e voltar um milhão de vezes, para nunca mais esquecer.

Não fui capaz de responder nada, apenas beijei-o com todo o sentimento que tinha dentro de mim, e de repente toda a parte ruim daquele dia havia ido embora.

É disso que eu estou falando. Não deixe assuntos pendentes. Diga o que sente. Esclareça tudo que ainda está confuso para você. Peça perdão. E valorize. Valorize as pessoas, valorize os momentos, valorize as relações. Ligue para aquele velho amigo que você não conversa faz anos, mas fez uma baita diferença na sua vida. Faça as pazes com aquela pessoa que você ama, mas é muito orgulhoso e não quer “perder” a briga. Converse com seus pais, se você ainda os tiver. E deixe todo mundo saber o que você sente por eles, pois amanhã, daqui uma hora, ou até mesmo agora, pode ser tarde. E uma vez que essa pessoa se for para sempre... Acabaram suas chances. Então não deixe isso acontecer.


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Notas finais do capítulo

A Claire e o Akira estão tão fofos, né? Dá até vontade de morder. Eu queria ter um Akira na minha vida haha
Espero que tenham gostado do capítulo, contem aí o que acharam nos comentários. Beijos!



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