— Garota Irresistível

A parte boa de ter um pai ausente quase todo o tempo em sua vida, era que ele não tinha ideia dos meus truques de escapulir as escondidas. E posso dizer que ele caiu direitinho no velho truque de que estava indo para cama cedo dormir.

Sasuke foi embora não havia nem dez minutos, e me esperaria na esquina enquanto eu tinha a missão de burlar o coroa e dá o pé daquela mansão idiota. E depois de colocar meu celular no cós da calça e pegar um pouco de dinheiro que o velho havia me dado mais cedo para comprar algo, eu saí do quarto sem fazer barulho.

Os corredores estavam vazios e desci as escadas quase na ponta dos pés olhando para os lados, fiscalizando se havia algum dos empregados, mas para a minha sorte não havia ninguém.

Eu podia ouvir a voz de meu pai e da minha madrasta, eles estavam em algum canto daquela casa, e foi inevitável a surpresa quando o meu nome ter saído da boca da destruidora de lares. E mesmo que a curiosidade estivesse me matando naquele momento para saber o que aquela bruxa estava falando de mim, eu optei por sair pela porta da frente de fininho.

Me esgueirei na escuridão do quintal enorme para não ser vista pelas sentinelas que estavam de prontidão no portão da frente. Caminhei para os fundos da casa, observando o muro alto, tentando achar uma brecha ou algo que eu pudesse usar como base para poder pular. E para o meu azar, não havia nada.

O quintal era totalmente arquitetado com arbustos, bancos em madeira, piscina, árvores plantadas em pontos estratégicos, jardins... essas coisas. Não havia nada para que eu pudesse puxar ou empilhar para subir aquele muro.

Parei por alguns segundos avaliando aquele muro, observando o embolso liso e pintado, procurando alguma falha que pudesse enfiar o pé, algo assim, mas estava tudo liso e aprumado, digno de uma casa de rico.

Droga.

Eu poderia decretar fim da linha diante daquele obstáculo, me dar por vencida e voltar para o meu quarto, mas como eu sou dessas, a palavra impossível não existia para mim.

Eu olhei para os lados novamente para ver se encontrava algum segurança a volta, mas tudo estava quieto. Voltei minha atenção ao muro e calculei o tamanho, uns dois metros e meios mais ou menos, não sei. O fato era que já havia visto os meninos pulando o muro dos fundos do colégio várias vezes para ter alguma noção do que fazer.

Primeiro eu dei uma boa distância, e em seguida respirei fundo e corri em direção ao muro, tomando impulso para o meu pé na parede, jogando meu corpo para cima para receber o segundo pé a frente do outro e assim meu corpo subiu mais. Os meus dedos agarraram as bordas, primeiro uma mão e depois a outra. E, puta que pariu, minhas mãos tremiam sem forças para aguentar meu corpo que estava pendurado e que me puxava para baixo. Mas eu tinha que aguentar e jogar mais força para os meus braços magricelos. Subi mais meu corpo, conseguindo colocar o braço na borda e depois o outro, e assim ficou mais fácil de puxar o resto do meu corpo e me sentar na borda daquele muro, ofegante, sentindo meus braços doloridos e minhas mãos pinicando.

Consegui concluir a primeira parte e foi inevitável não sorrir com aquela façanha. Eu consegui subir um muro com o dobro do meu tamanho, sozinha. Lá de cima olhei para aonde eu estava antes e depois o outro lado da rua, seria uma bela descida, mas vamos lá.

Quando estava me preparando para descer, algo me chamou atenção. Uma câmera pendurada próximo de uma árvore, com a lente focada para mim. Era óbvio que além de seguranças no portão, deveriam ter câmeras espalhadas pelo quintal. Apenas sorri e estendi o meu dedo do meio para câmera antes de meu corpo sumir do outro lado daquele muro.

Chupa essa coroa.

A descida que parecia ser mais fácil acabou que foi a mais dolorosa. Meus pés sentiram todo o impacto do corpo e que acabou não aguentando e me fazendo ir de bunda ao chão, com as mãos espalmada no concreto, impedindo o resto do corpo de não ir para trás.

— Ai. Ai. Ai. Ai. Ai.

Mano, eu quase chorei de dor.

Meus pés doíam, minha bunda doía e minhas mãos estavam com vários arranhões. Eu havia me quebrado.

Puta merda.

Mas eu tinha que ignorar aqueles dores e me pus de pé com certa dificuldade, tendo consciência que não demoraria para que meu pai descobrisse que eu havia fugido para poder colocar seus cães de caça ao eu encalço.

Comecei a correr pela rua meio que mancando, como se minha vida dependesse daquilo. Havia algumas pessoas que passavam e me olhavam horrorizadas. Pessoas ricas que nunca havia visto alguém de cabelos cor-de-rosa pular um muro.

O que eu não faço por aquela banda.

Encontrei Sasuke me esperando na esquina, estava oculto pela sobra de um muro de outra casa de algum grã-fino. Ele desencostou as costas da parede assim quando me notou, arqueando as sobrancelhas quando me via mancando que nem uma cabra manca.

— O que aconteceu?

— Me... esborrachei quando... pulava o muro – respondi ofegante, meu rosto numa careta enquanto desacelerava o passo.

— Se machucou? – Ele me olhou de cima abaixo enquanto eu parava a sua frente com minha mão em seu ombro, jogando o meu peso para ele que segurou minha cintura.

— Não estou... sentindo... o meu traseiro.

Minha garganta estava seca enquanto tomava folego, normalizando a minha respiração.

— Se me deixar posso verificar o seu traseiro mais tarde.

Revirei os olhos e me afastei dele quando senti sua mão na minha bunda.

— Idiota.

 E um sorriso sacana se abriu em sua boca.

— É melhor nós irmos, Naruto ligou e disse que seremos os próximos a tocar.

Apenas o segui por aquelas ruas, eu não mancava mais, mas meus pés estavam ainda doloridos.

— Próximos?

— Sim, tem algumas bandas que irá tocar hoje – e me olhou de lado. – Shikamaru disse que haveria um olheiro a procura de novos talentos.

Parei de andar fazendo-o parar também e me fitar com seu corpo todo virado para mim.

— Você está falando sério?

— É, mas se ficarmos aqui parados não iremos tocar e a chance já era.

Podia sentir meus lábios se curvarem para cima, e a animação tomou conta de mim, me fazendo rodear seu pescoço com meus braços e beijar a sua boca.

— Isso é demais – eu disse sorrindo, mas logo minha boca foi recapturada por Sasuke, aprofundando o beijo e aquecendo todo o meu corpo, deixando minhas pernas bambas.

— É realmente demais – respondeu, agarrando minha mão e me puxando para o ponto de ônibus.

*  *  *

O Luminous Bar era um dos maiores bares da cidade, e o palco onde tocava uma banda com um som legal era grande também. Shikamaru estava nos esperando na porta quando chegamos. Ele nos conduziu para uma outra porta que ficava nos fundos, alegando que nossas identidades falsas - que era mais falsa que uma nota de três - não iria enganar ninguém na entrada do bar.

Encontramos os outros meninos e posso dizer que nenhum deles disfarçou a surpresa quando me viu com um novo visual. Naruto foi o primeiro a comentar depois que me agarrou naquele abraço apertado de urso:

— Naruto, você está me sufocando.

Ele me soltou, olhando-me de cima abaixo, deslumbrado.

— Você está diferente, o que aconteceu com você? Cortou o cabelo.

— Consequências de um pai rico.

— Pai rico? – Disse Gaara me olhando espantado. – O seu pai não quer me adotar não? Eu iria adorar ter um guarda-roupa legal.

Dei um soquinho em seu ombro, revirando os olhos.

— Todo seu se quiser, com guardas e cachorros.

Gaara fez uma careta, massageando o local aonde soquei.

— Acho que mudei de ideia.

— Então, Sakura – começou Neji, passando o braço por meus ombros –, a gente podia marcar um dia para dar um rolê aí, você sabe...

— Cai fora, Hyuuga.

Sasuke o empurrou, fazendo o braço de Neji desprender de mim para em seguida ocupar o lugar com seu braço nos meus ombros.

Gaara apontou para nós.

— Ih ah lá, o lance de vocês é sério mesmo?

— Só um cego que não vê – respondeu Shikamaru se aproximando da gente. – Se preparem que vocês vão tocar agora. E dê o melhor, por que o olheiro pode ser qualquer um daquela plateia.

— Já soube, Sakura, podemos ser os próximos a ser descobertos por um caça talentos. – Disse Naruto, me puxando das posses de Sasuke que franziu o cenho, para ocupar meus ombros com seu braço pesado.

— Vamos torcer para que hoje seja o nosso dia de sorte – respondi, tirando o seu braço em volta dos meus ombros. Olhei para aqueles meninos. - E parem de dar em cima de mim só por que eu mudei um pouco de visual, seus interesseiros.

— Já nem quero mais – murmurou Neji olhando para os lados.

Revirei os olhos e fitei Sasuke que também revirava os seus. Nossos amigos não valiam nem dez centavos.

Quando a banda que tocavam encerrou sua apresentação, o cara vestido de colete e gravata borboleta anunciou a nossa banda. Aquele era o sinal para nós mostrarmos do que éramos capazes.

E não demorou para nos arrumarmos naquele palco, com todas as pessoas sentadas em suas mesas nos olhando, contribuindo para aquele friozinho no estômago, esperando o que nós havíamos trazido para aquela noite. E eu percebi que aquele poderia ser um começo de uma carreira. Alguma daquelas pessoas nos olhando poderia ser o tal olheiro que procurava algo diferente, e eu me senti diferente. Eu podia fazer melhor do que ser apenas uma cantorazinha de uma bandinha. Eu queria ver a vocalista de uma banda.

E era por isso que quando o som das baquetas de Naruto soou na bateria, começando os primeiros acordes, abrindo para o som das guitarras e baixo dos meninos, eu me senti mais confiante do que nunca em frente aquele pedestal enquanto batia as palmas para cima, induzindo a plateia fazer o mesmo, animando todos. Balancei a minha cabeça para os lados, esperando a minha vez para soltar a minha voz ao som de Factory Girl do The Pretty Reckless. E aquela música nunca me definiu como me definia naquele momento.

Eu estava me sentindo, irresistível.

I am a factory girl won't you pardon me

(Eu sou uma garota irresistível, você não vai me perdoar)

I can make my whole world in the back seat

(Eu mostro o meu mundo inteiro em um banco traseiro)

Hunts Point what a joint show me how to treat a John

(Em Hunts Point fumando baseados para me divertir com o John)

Can someone save me, save me from what I'm on

(Alguém pode me salvar, me salvar do que estou me metendo)

Wait a minute girl

(Espere um minuto garota)

Can you show me to the party?

(Você pode me mostrar a festa?)

Wait a minute girl

(Espere um minuto garota)

Can you show me to the party?

(Você pode me mostrar a festa?)

Sasuke e Gaara me acompanhavam naquela parte do refrão. Suas vozes mesclando com a minha, deixando o som bem legal e animando ainda mais a plateia que se levantavam de suas cadeiras, cantando juntos, animados:

Just let me in through the back door

(Apenas me deixe entrar pela porta dos fundos)

Just let me in through the back door, baby

(Apenas me deixe entrar pela porta dos fundos, baby)

Just let me in through the back door

(Apenas me deixe entrar pela porta dos fundos)

Just let me in

(Apenas me deixe entrar)

Wait a minute girl

(Espere um minuto garota)

Can you show me to the party?

(Você pode me mostrar a festa?)

Arranquei o microfone do pedestal e curvei meu corpo para frente, cantando agora solo aquele último verso:

It's gonna be a real good time

(Isso vai ser muito divertido)

Comecei a caminhar pelo palco, contagiada com aquela adrenalina enquanto os acordes solo dos instrumentos tocavam. Os meninos estavam dando tudo de si, para deixar o som ainda mais perfeito.

Parei na beirada do palco voltar a cantar com Sasuke fazendo o backing vocal:

I'm waitin for my man on Hollywood and Vine (so fine)

(Estou esperando pelo meu namorado no Hollywood & Vine (tão elegante))

Gettin done in L.A sun I'm on N.Y time

(Sob o Sol de Los Angeles, estou no fuso horário de Nova Iorque)

Take a look at those red lights green lights blowin my mind

(Veja só essas luzes vermelhas, luzes verdes, explodindo minha mente)

I'll show you something if you show me a good time

(Eu vou te mostrar algo se você me mostrar como se divertir)

Wait a minute girl

(Espere um minuto garota)

Can you show me to the party?

(Você pode me mostrar a festa?)

Wait a minute girl

(Espere um minuto garota)

Can you show me to the party?

(Você pode me mostrar a festa?)

Gaara agora nos acompanhou novamente:

Just let me in through the back door

(Apenas me deixe entrar pela porta dos fundos)

Just let me in through the back door, baby

(Apenas me deixe entrar pela porta dos fundos, baby)

Just let me in through the back door

(Apenas me deixe entrar pela porta dos fundos)

Just let me in

(Apenas me deixe entrar)

Wait a minute girl

(Espere um minuto garota)

Can you show me to the party?

(Você pode me mostrar a festa?)

Voltei ao solo mais uma vez, deslizando minha mão por minhas pernas coberta pelo skinny rasgado, sentindo-me a mulher mais poderosa com aquele microfone e aquelas atenções em mim. E eu sabia que podia ser muito mais do que eu imaginava.

Here she comes, she's comin around again

(Lá vem ela, ela está por aí de novo)

Here she comes, she's comin around again

(Lá vem ela, ela está por aí de novo)

Here she comes, she's comin around again

(Lá vem ela, ela está por aí de novo)

Here she comes yea she's cummin again

(Lá vem ela, sim, ela vai gozar de novo)

Wait a minute girl

(Espere um minuto garota)

Can you show me to the party?

(Você pode me mostrar a festa?)

I said wait a minute girl

(Eu disse, espere um minuto garota)

Can you show me to the party?

(Você pode me mostrar a festa?)

Sasuke voltou a me acompanhar, cheguei mais perto dele e por alguns segundos nossos olhares se encontraram, mais foi o suficiente para notar o quanto eles brilhavam excitados naquele palco e por mim.

Sorri, me virando para a plateia.

Wait a minute girl

(Espere um minuto garota)

Can you show me to the party?

(Você pode me mostrar a festa?)

Wait a minute girl, wait a minute, wait a minute girl

(Espere um minuto garota, espere um minuto, espere um minuto garota0

Wait a minute girl

(Espere um minuto garota)

Can you show me to the party?

(Você pode me mostrar a festa?)

Hey girl, can you show me to the party?

(Ei garota, você pode me mostrar a festa?)

Girl, want you show me to the party?

(Garota, você gostaria de me mostrar a festa?)

Terminei sozinha aquele último verso, extasiada e dopada de emoção:

Hey can you let a couple of my friends in too?

(Ei, pode deixar alguns amigos entrarem também?)

A nossa recompensa foram os aplausos e assobios da plateia que gritavam por mais, e mais, e mais... E não tinham como negar a eles e demos mais.

Cantamos mais cinco músicas e terminamos com I Hate Myself For Loving You da Joan Jett, que levou todos ao delírio.

Nos abraçamos no fim daquele show, extasiados com a adrenalina de estar no palco, era uma coisa surreal que despertavam os nossos instintos para música.

— Eu sinto que chamamos a atenção do olheiro, isso eu tenho certeza – declarou Naruto balançando as suas baquetas no ar, um sorriso aberto no rosto.

— Estou imaginando a grana que a gente vai ganhar quando bombarmos.

Não é nem preciso mencionar o avarento que disse isso, né?

— Eu sairia da aba do meu pai e não precisaria viver de mesada – disse Neji enquanto íamos para um canto mais afastado do palco.

— Você ganha uma gorda mesada e ainda reclama, seu filho da mãe – reclamou Gaara.

— Uma mesada que é jogada na cara e é cortada sempre que faço algo de errado.

Revirei os olhos.

— Vocês ficam sonhando aí, mas já se perguntaram quanto vamos faturar hoje? – Sasuke questionou, chamando a atenção de todos.

— Umas cinquenta pratas com certeza – respondeu Naruto dando de ombros.

— Mano, isso não é justo, eles devem estar pagando quanto pelo show? – Perguntou Gaara. – Eu não estou vendo nenhum benefício em nossa banda. Só a Sakura que deu uma repaginada e está parecendo humana.

— Vá te catar – e franzi o cenho.

Não iria ficar ali ouvindo as baboseiras daqueles idiotas. A saudade que sentia daqueles energúmenos havia sumido em apenas alguns minutos que fico perto deles.

— Ei, Sakura, aonde vai? – Naruto perguntou, me fazendo parar e olhar para trás.

— Vou pegar uma bebida.

— Se você não sabe, o sistema aqui é bem rigoroso para vender bebidas a menor de idade, Miley Cyrus. – Disse Neji com aquele tom debochado que detesto.

— Então apenas observe quando voltar com a minha bebida, Jet Li – retruquei, chamando-o pelo nome que está em sua identidade falsa.

— Ai. – Gaara como sempre colocando lenha na fogueira.

Apenas me afastei, ouvindo eles zoando Neji e bagunçando todo aquele cabelão amarrado num rabo de cavalo frouxo.

Quando cheguei ao bar como não quer nada, observando o barman que estava de costas preparando algo para um cliente ao lado, uma voz soou atrás de mim:

— Olha quem eu encontro aqui!?

Virei-me dando de cara com aquele amigo do Itachi, o tal Sasori que havia dado em cima de mim um tempo atrás e que mal sabia o meu nome. E olhando ele ali agora de frente para mim com aquele sorriso de segundas intenções e me devorando inteira com os olhos, eu tinha certeza que ele não se lembrava meu nome, pois seu cérebro ficava na cabeça de baixo.

— Ah, você – e me debrucei no balcão, sem papo para trocar com ele.

— Nossa, assim você faz com que a minha presença seja o fardo. – Seu tom era de uma magoa fingida.

— Você aguenta.

Ele sorriu de lado, bem charmoso para falar a verdade, mas não fazia meu coração acelerar e nem minhas pernas vacilarem como o sorriso do Sasuke fazia.

— Quase não a reconheci, está diferente... – e me olhou de cima a baixo novamente, sem um pingo de descrição - e mais gata.

— Hm. – Ignorei sua investida e vi quando o barman havia se virando para mim. - Uma cerveja.

— Identidade.

Revirei os olhos e saquei meu celular do bolso, arrancando a capinha e sacando minha identidade falsa.

— Miley Cyrus? – O barman olhava para minha identidade e depois para mim com as sobrancelhas arqueadas.

Também arqueei as minhas, toda trabalhada na marra.

— Algum problema?

Cara, existia pessoa mais cínica do que eu?

Ao meu lado eu podia ouvir Sasori prendendo uma risada, comprimindo os lábios e virando a cara para o lado.

O barman apertou os olhos para mim, nem um pouco convencido naquela falsidade ideológica, e eu fui cínica e cara de pau o suficiente para rebater contra.

— Conheço ela, Brow – Sasori interferiu a meu favor, depois que controlou a sua vontade de rir. Ele apontou para mim, ganhado a atenção do barman. – Não se engane com esse rostinho de boneca, ela é mais velha que eu.

O barman não pareceu convencido disso. Quem seria idiota para acreditar naquela identidade falsa de camelô? Mas para minha alegria ele não questionou novamente, devolveu minha identidade falsa e se virou para a geladeira.

Sasori aproximou seu rosto e falou baixo em meu ouvido:

— Acho que está me devendo uma.

— Não estou te devendo nada – ignorei sua aproximação repentina e guardei a identidade dentro da capinha do celular.

— Ainda se fazendo de difícil?

Dei um passo para o lado, conseguindo meu espaço novamente e o fitei.

— Gato, eu não banco a difícil, eu sou difícil.

Ele sorriu, mostrando todos os seus dentes.

— Gosto de garotas difíceis.

— Então vai procurar uma para você.

Sasuke brotou de repente, se metendo no meio entre mim e Sasori com aquela pose de marrento diabólico.

— Ah, o irmão do Itachi. – A voz de Sasori soou azeda, não se intimidando e peitando Sasuke. – Novamente se intrometendo aonde não é chamado.

Nessa hora o barman colocou a garrafa de cerveja a minha frente que logo agarrei, dando um gole generoso.

— O intrometido aqui é você que está dando em cima da minha namorada.

A palavra namorada pareceu pegar Sasori desprevenido que agora nos olhava surpreso. Bom, eu também estava surpresa, com o gargalo da cerveja na boca e os olhos arregalados. Sasuke nunca decretou que somos namorados, apenas estávamos indo aonde a maré estava nos levando.

Sasori tentou me ver por cima dos ombros de Sasuke que tampava toda a sua visão com seu corpo.

Quanta possessão.

— É verdade o que esse merdinha está falando, Saika?

Segurei a vontade de revirar os olhos.

Eu não disse que ele havia esquecido meu nome?

Respondi com apenas um levantar de ombros enquanto bebia mais outro gole da minha cerveja. Não estava afim de gastar minha saliva com aquele babaca com amnésia.

Sasuke o empurrou, nenhum pouco satisfeito por ter sido chamado de merdinha, fazendo Sasori dar alguns passos para trás e chamar atenção de algumas pessoas que estavam por perto.

— Se eu ver você perto dela de novo, eu vou quebrar a sua cara, seu bosta. – Sasuke ralhou, irritado, tentando partir para cima de Sasori, mas o impedi, puxando o seu casaco.

— Sasuke, deixa esse cara para lá, não vale a pena. – E voltei meus olhos para o cara que nos olhava agora com desprezo. - Ah, Sasori, o meu nome é Sakura. Pronuncia ele direito da próxima vez.

Sasori se afastou, e Sasuke se virou para mim com todo veneno.

— E o que você estava fazendo dando trela para aquele filho da puta?

Por que ele estava falando comigo com todo aquele ódio? Franzi o cenho.

— Eu não estava dando trela para ele, e você está sendo um imbecil!

— Imbecil. – Ele me olhava incrédulo.

— É isso mesmo que você está sendo, um imbecil.

— Eu vi vocês dois de longe – ele retrucou, jogando sua razão na minha cara, como se eu estivesse pecando.

— Então viu que não aconteceu nada demais.

Ele apontou para a minha cerveja.

— Foi ele que pagou essa merda para você?

— Essa merda que pagou fui eu. – E dei um tapa em seu dedo. - E quer saber, vai te catar. Não estou afim de ficar aturando o seu ciúme besta não. Você me estressa.

Juro que eu vi fumaça saindo do nariz de Sasuke, o bichinho estava putinho.

— E você me deixa maluco.

— Problema é seu – e dei as costas para ele e comecei a me afastar.

— Sakura.

Apenas levantei o dedo do meio como resposta e me esgueirei no meio daquelas pessoas, indo atrás dos outros. Iria esfregar a minha cerveja na cara de Neji.