Apenas Amigos escrita por Nicolly Prazeres


Capítulo 8
Recomeço


Notas iniciais do capítulo

Bom dia!
Obrigada, pessoal, pelos reviews, acessos, acompanhamentos, etc! Gratidão e felicidade definem!
Foi só no meu coração que o Eric ganhou um pedacinho reservado?
Boa leitura! ♥



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O cheiro da pele de Eric adentrou minhas narinas e ajudou a me acalmar. Quando as lágrimas cessaram e eu estava sentindo a respiração um pouco mais leve, ele me libertou de seu abraço esmagador e me deu um imenso sorriso, me encorajando a rir também. Arqueei meus lábios num sorriso tímido e ele acariciou meu rosto.

— Tudo vai ficar bem. — Eric me disse. — Você só precisa se dar a chance de recomeçar…

Assenti com o que ele disse, acreditando que realmente aquilo era verdade. Afinal, Eric sabia das coisas.

— Desculpe pela camisa… — Murmurei ao encarar a mancha que minhas lágrimas haviam feito próximo a seu peito.

Ele olhou para baixo e riu.

— Não devia se preocupar comigo quando parece um urso panda.

Instantaneamente virei a cabeça em direção a rua, onde havia um carro estacionado, e mirei meu reflexo no vidro do carona.

— Meu Deus! Que vergonha!

Mais que depressa, abri a bolsa e peguei minha necessaire enquanto Eric ria. Limpei o rímel que havia escorrido sobre minhas bochechas com lenço umedecido e retoquei os cílios em seguida; passei um pouco de pó compacto sob os olhos e bochechas; certifiquei-me de que meu batom não estivesse borrado e me virei para ele, finalmente.

— Tô impressionado! — Eric bateu palmas.

— Qualquer coisa é melhor do que o panda, né? — Tentei rir também.

— Não esquenta! Era só pra você rir… — Garantiu ele. — Esqueceu que já te vi em piores condições?

— Pior do que agora?

— Você duvida? — Eric gargalhou, estendendo a mão, para exemplificar e numerar as tais ocasiões. — Bem, teve aquela vez em que o David não te respondeu pela milésima vez e eu fui junto com a Abby tentar te tirar do armário do zelador; você estava um caco, com os olhos muito inchados por ter chorado por umas sete horas seguidas. Teve, também, aquela vez em que eu fui te buscar na festa de pijama da Patty porque as meninas tinham te jogado numa piscina de tinta e extraviado sua mochila com roupas limpas; a Abby não queria nem saber de te ajudar porque ela nem tinha sido convidada. E teve aquele dia em que-

— Tá bom, Eric! — Segurei a mão dele para que ele parasse de me lembrar como eu era patética. — Eu já entendi!

— Por isso, você não deve se preocupar, tampinha!

Eric aproveitou que eu segurava sua mão e me puxou para mais perto dele e, assim, voltamos a caminhar, porém desta vez, abraçados.

Sem demora, caminhamos por mais dois quarteirões e viramos a direita. A rua estava lotada e podia-se notar que a festa acontecia na terceira casa do lado esquerdo da quadra.

Atravessamos a rua já diante de uma grande casa. Por fora, havia detalhes com pequenos tijolinhos até metade da parede e o restante num tom pastel de amarelo. Os detalhes nas calhas, janelas e portas eram em verde escuro.

— É a casa de algum amigo seu? — Resolvi ceder à minha curiosidade.

— Não. — Eric respondeu calmamente.

Franzi o cenho. De quem seria a casa? Não me lembrava de ninguém do colégio que morasse ali e Eric provavelmente só conhecesse os próprios pais na cidade. Mas, aquela não era a casa dos Marshall!

— Essa não é a casa dos seus pais... — Eu disse soando mais como uma afirmação do que como pergunta.

— Não… Esta é minha casa… — respondeu ele ainda de forma natural.

— Sua casa? — Estranhei. — Você ainda mora em Loveland?

Foi então que me senti o ser humano mais egoísta do planeta, tão ocupada com minhas próprias miudezas que nem me dei o trabalho de perguntar nada sobre a vida de Eric nesses últimos dez anos.

— Sim, Sherlock. — Ele riu da pergunta idiota que eu fiz.

— Você casou? Seus pais… — Hesitei em perguntar coisas tão indelicadas, mas eu precisava entender o que tinha acontecido com Eric, tamanha era minha culpa pela falta de contato nos últimos anos.

— Calma, tampinha! Meus pais estão bem! — Eric ainda ria. — Podemos visitá-los antes de você voltar para Denver, inclusive… Eles vão gostar de ver você!

Engoli em seco, tentando sorrir. Então, ele só poderia estar casado… Talvez com tantos filhos quanto Patty…

— Claro! Vai ser ótimo…

Esperei que ele respondesse minha primeira pergunta, mas nada aconteceu. Eric apenas subiu a grande rampa, passando pela garagem e chegando à entrada principal.

Quando Eric ia colocar a mão na maçaneta, a porta se abriu. Nós dois sobressaltamos.

— Ah, você está aí, safadinho! — Uma loira com decote avantajado disse olhando diretamente para Eric. — Já estava indo buscar você naquela droga de reunião!

— Já cheguei, Judy! — Eric respondeu rindo.

— O pessoal não vem? — A tal Judy ainda ignorava completamente a minha presença.

— Logo devem estar chegando…

— Nossa! O que foi isso na sua camisa? — Judy mirou a mancha e, num único impulso, grudou no cós da calça de Eric e o puxou para dentro. — Vamos lá pra cima trocar isso!

A porta ficou aberta e eu vi Eric sendo puxado pela loira abusada para a escada que ficava logo ao lado da porta, do lado direito. Eles subiram as escadas e desapareceram no corredor.

Ainda estupefata com a situação, caminhei lentamente para dentro da casa e fechei a porta atrás de mim. A casa era enorme também por dentro e estava cheia de pessoas que eu não reconhecia.

Caminhei sem pressa pelo vestíbulo, analisando as fotografias que estavam expostas em um aparador. Entre as imagens que encontrei estavam Senhor e Senhora Marshall posando com o filho único, algumas paisagens da região e, entre todas, uma em especial me chamou a atenção…

Eu, Abby e Eric estávamos na varanda da casa dos meus pais. Prontos para o baile, nós três sorríamos, animados, sem nem imaginar que a noite ia ser um completo fracasso. Neste mesmo baile foi que Kate o deixou. Por que ele guardaria uma lembrança de uma noite tão terrível quanto aquela?

Peguei o porta-retrato e passei o dedo indicador sobre o vidro como se acariciasse o rosto daquele garotinho. Ele havia ficado realmente arrasado. Nunca havia visto Eric tão desapontado assim. Eu queria poder tirar a dor dele, assim como ele sempre fez com todos os meus problemas e preocupações. Não era justo que alguém legal como ele tivesse que sofrer e, mais cedo naquele dia, deu para notar que ele ainda estava sentido com o que houve, senão ele simplesmente deixaria a ridícula da Kate de lado e não faria aquela ceninha para mexer com ela.

Colocando o porta-retrato novamente sobre o aparador, fiz uma nota mental para conversar com ele sobre isso mais tarde. Ah! E eu não podia esquecer de perguntar quem diabos era “Judy”. Revirei meus olhos e passei por um casal que se agarrava perto da passagem para a sala.

Muitas pessoas dividiam os sofás da sala de estar e alguns até estavam sentados na mesa de centro. Outros dançavam e conversavam em pé. Não havia uma pessoa sequer sem um copo de bebida e foi por isso que logo fui abordada por um rapaz loiro

— Olá! — Ele sorriu de forma convidativa.

— Oi… — Tímida como sempre fui, não consegui responder à altura.

— Não pude deixar de notar que você está sem um copo e o nosso lema aqui é beber depois perguntar. Então, por favor, coopere com o bom funcionamento da festa!

Não pude deixar de rir.

— Ok. — Respondi.

— Ótimo! — Soltou ele, orgulhoso de haver me persuadido.

Eu o segui até a cozinha, onde estavam mais centenas de pessoas, e ele me serviu com vodka e suco de maracujá.

— Obrigada. — Peguei o copo de sua mão e tomei um generoso gole.

— Fico feliz que esteja com sede! — Brincou ele. — Qual é seu nome, mocinha?

— Evelyn. Quer dizer, Eve… — Respondi, atrapalhada. — E o seu?

Ele parecia admirado.

— Eve? Você é a Eve? A Eve do Black Tiggers?

Sorri timidamente.

— É… Acho que sou eu…

— Uau! É uma honra finalmente te conhecer! — Ele estendeu a mão para me cumprimentar formalmente. — O Eric sempre fala muito de você!

— Fala? — Eu estava surpresa. Legal da parte dele não ter se esquecido de nós, dos nossos momentos com a Abby e ainda falar de nós para os novos amigos. Só talvez ele não tenha mencionado nada para a tal Ruby.

— Sempre! Nem parece que faz dez anos que vocês não se veem! — Ele riu.

— O destino errou alguns cálculos, mas estou de volta… — Disse envergonhada por ter ficado ausente por tanto tempo.

— Eric deve estar muito feliz.

— Deve estar… Mas não acho que seja porque eu voltei…

O rapaz fez menção em me questionar por que eu dizia aquilo, no entanto, seu olhar desviou-se de mim para a entrada da sala de estar. Virei minha cabeça e vi Eric encostado na porta da entrada principal e, de perfil, seu semblante parecia ser de irritação. Como eu suspeitava, aquela oferecida da Ruby era algo mais que amiga, visto que estava basicamente pendurada no pescoço do coitado, como uma das mais pesadas correntes dos rappers da atualidade.

Incomodada, eu virei de volta para o rapaz em minha frente e tentei desviar minha atenção da porta principal.

— Você não me disse qual o seu nome… — Lembrei-o.

— Ah, me desculpe! — Ele também voltou a prestar atenção em nossa conversa. — Me chamo Ricky!

— Muito prazer, Ricky! — Suspirei tentando encontrar algum assunto para puxar com ele. — Você trabalha com o Eric?

— Na verdade, nós fizemos um curso de fotografia juntos há uns anos. — Ricky contou. — Vim apenas para visitá-lo, como sempre faço nessa época do ano.

— Ah, claro. — Mais uma vez, me senti uma amiga mais que desnaturada. — De onde você é?

— Salt Lake City.

— Jura? — Indaguei, animada. — Fiz a faculdade lá.

— Legal! Gostou da cidade?

— Adorei! O povo é muito hospitaleiro e as paisagens são incríveis!

— É verdade! Concordo plenamente!

Logo, Eric se aproximou de nós.

— E aí, Ricky? Vejo que já conheceu minha garota… — Corrigindo: Eric e suas piadinhas se aproximaram de nós.

— Pois é… E ela é mais bonita do que você dizia… — Salientou Ricky.

Para variar, minhas bochechas esquentaram. Quase certeza que eu estava, novamente, representando uma plantação de cranberries.

— Mas já tem dono… — Eric sorriu orgulhoso e envolveu meu pescoço com seu braço direito.

— E você também, né?! — Cutuquei-o.

Turn down for what? — Ricky cantarolou, me fazendo rir.

— Querem uma bebida? — Desconversou Eric, enfiando as mãos nos bolsos da calça jeans. — Está quente aqui…

— Já estamos bebendo, Eric. — Rebati.

— Stike 2. — Provocou Ricky.

— O que você fez com ela na minha ausência, Ricky? — Eric questionou. — Eve costuma ser tão doce…

— Nós não fizemos nada. — Disparei antes que Ricky pudesse falar. — Já você… Estava bem ocupado, não?

— Strike 3. — Ricky gargalhava. — Mais um e você tá fora, garotão!

— Retiro o que eu disse por você ser doce, tampinha. — Eric riu. — Vejo que trocou as ferraduras…

— Vejo que trocou de camisa…

Ricky bateu palmas.

— Você é a melhor, Eve! A melhor! — Ele beijou meu rosto. — Conseguiu calar o garotão!

— Hey, irmão! — Eric o repreendeu. — De que lado você está?

— Do lado dela, obviamente.

Eu e Ricky demos um “hi-five” e rimos.

— Ah, é assim? — Eric mirou o copo nas mãos de Ricky. — Só pra lembrar que você está bebendo da minha cerveja…

— Sem problemas, mano… — Ricky deixou o copo sobre a bancada a seu lado. — Eu bebo da vodka que a Ruby trouxe.

Revirei os olhos.

— Pode ficar com meu copo, inclusive. — Fiz menção em entregá-lo a Ricky.

— Nessas horas é que a gente descobre quem são os amigos… — Eric murmurou.

— Amigos, amigos; negócios à parte! — Vendo que a zoeira tinha ultrapassado qualquer limite, Ricky o abraçou e Eric fingiu desdém.

— Porra, Ricky! Me ajuda um pouco!

— É tudo brincadeira, Eve… Não pega pesado com ele, não… — disse Ricky. — É só você estalar os dedos e o garotão fica aos seus pés!

— Valeu, parceiro! — Eric reclamou da “ajuda” de

— Hey, vaca! — Ouvi a voz de Abigail se aproximando.

— E aí, vadia? — Respondi sorrindo.

— Isso, sim, é parceria! — Ricky riu da forma como nos tratamos.

— Você não viu nada… — Garantiu Eric.

— Nem pra me chamar pra vir contigo, né, sua ridícula!? — Abigail estava atacada e enquanto gesticulava, virou o rosto para a sala. — Não acredito! Eles estão jogando 7/11!!! — Ela agarrou meu braço. — Vamos jogar!!!

— Me ajudem! — Pedi socorro para Eric e Ricky, mas eles apenas riram de mim.

Infelizmente, eu estava com sorte nos dados naquela noite. Eu só tirava a droga do sete e do onze e em todas as vezes eu tinha de virar uma dose de vodka pura. Uma pena não estarmos jogando por dinheiro. Apesar que, do jeito que sou sortuda, se fosse por dinheiro, eu já estaria pobre!

Eu não sabia dizer quanto tempo se passou, mas eu já estava rindo de tudo e falando alto. Percebi que Kate e David estavam lá, assim como outros colegas do colégio, mas eu não queria ter de falar com nenhum deles. Procurei por Eric e o vi conversando com umazinha qualquer. Não gostei daquilo e levantei.

— Tô fora, galera! — O pessoal chiou e reclamou em resposta, menos Abby, que me chamou de fraca e continuou jogando. — Claro, né, seus filhos da puta, só eu tô bebendo aqui!

Eric passou a observar a movimentação no sofá e eu fui em sua direção. Vendo que eu estava próxima o bastante, simulei um leve desequilíbrio e me lancei nos braços dele.

— Eve! — Eric se assustou, deixando a garota de lado e me dando toda sua atenção. — Tá tudo bem??

— Melhor agora!

Dei-lhe um grande sorriso. Quis dar a língua para a cadela que estava com ele, mas eu ainda tinha consciência de que aquilo seria ridículo. Por isso, o chamei para dançar. Ok, eu sei que também foi uma ideia idiota, mas eu precisava tirar ele de perto daquela aproveitadora.

— Eric! — A imbecil ainda quis reclamar.

— Desculpe, Lana… Ela precisa de mim… — Ouvi-o dizer.

Depois, eu não sei se foi a bebida ou quê, mas sorri para Eric, contente por sua prontidão, e começamos a dançar, junto de algumas outras pessoas, próximo a lareira.

— O que você pensa que está fazendo? — Eric riu para mim.

— Uma vez, um amigo meu me disse que eu só precisava me dar a chance de recomeçar. — Sorri de volta.

Me deixei envolver por aquele momento. Eu estava imensamente feliz. Fosse ou não fosse o álcool, eu não mais estava arrependida de voltar para Loveland. Estava me sentindo mal por não tê-lo feito antes.

Eric me apoiava pela cintura e eu me segurava em seus ombros. Ficar em pé após dezenas de doses de vodka não é o mais indicado a se fazer e, além disso, não indico tentar dançar com seu melhor amigo de infância depois de beber tanto.

Ele ria, pois provavelmente eu estivesse demasiadamente desengonçada e fazendo papel de idiota.

— Hey, tampinha! Vamos na cozinha tomar um refrigerante?

Eu não queria acabar com aquela sensação de não ter vergonha de nada e me sentir à vontade para fazer e falar o que eu quisesse, mas Eric estava tentando ser legal e eu não queria que ele parasse. Portanto, eu o segui sem protestar.

Na cozinha, Eric abriu a geladeira e pegou uma latinha de refrigerante. Em um novo e limpo copo ele despejou o refresco de cola e me disse para beber. Fingi que não tinha ouvido ele me chamando e continuei a dançar ao som da música que tocava.

— Gosto quando dança, tampinha… — Eric me disse de forma maliciosa.

Me virei para ele e sorri.

— Gosta mesmo? — Falei baixo.

Eric se aproximou e lentamente grudou nossos rostos, movendo seu corpo junto ao meu.

— E gosto também quando você me obedece…

Estreitei o olhar e o empurrei para longe de mim. Enquanto Eric ria, eu fui até a bancada e me contive para não acabar rindo também, mas minha atuação era péssima sob o efeito de álcool.

— Você se acha demais, garoto! — disse após um generoso gole de refrigerante, referindo-me ao poder de sedução que ele gostava de usar com todas as garotas.

— Mas você me obedeceu… — insistiu ele.

Revirei os olhos, enquanto Eric ria ainda mais. Esperava que ele não conseguisse exercer tal poder sobre mim.

— Essa porcaria ficaria muito melhor com um pouco de vodka! — Reclamei após beber mais um gole do refrigerante.

— Quero que você aproveite essa noite de liberdade estando totalmente sã, tampinha! — Eric riu. — Qual vai ser a graça se você não se lembrar?

Dei de ombros e assenti. Eric, mais uma vez, tinha razão.

— Você não me contou o que aconteceu contigo depois do colégio… — Lembrei de minhas notas mentais e resolvi perguntar.

A animação de Eric deu espaço para um leve toque de constrangimento.

— Nada demais… — Ele repetiu uma resposta pronta que eu conhecia bem.

— Qual é, gato? — Tentei imitar a voz de Eric, quando ele me disse mais ou menos a mesma coisa. — Duvido que em 10 anos o destruidor de corações, o garanhão de Loveland, o pegador, rei da noite, Eric Marshall, não tenha feito nada de interessante!

Eric voltou a rir.

— Você sabe bem como a vida em Loveland é agitada… — ironizou ele.

— Bem capaz que você não saiu daqui nesses 10 anos, Eric! — estreitei o olhar. --  E outra: você sempre foi o agito deste lugar! Tô sabendo que todo ano você faz uma festa como essa…

— O que mais o Ricky entregou pra você?

— Pior que mais nada… — Apoiei o rosto na mão esquerda e bufei. — Ele nem me contou quem é aquela loira peituda que te agarrou mais cedo…

— A Judy? — Eric gargalhou.

Revirei os olhos.

— Andam dando nome às galinhas agora? — Cuspi sem remorsos.

— Gosto da sua sinceridade quando bebe, Eve! — Eric estava se divertindo com o modo como eu estava me portando. — Agora só falta você dizer que está com ciúmes…

Bebi mais um pouco do meu refrigerante.

— Eu não… — Fingi desdém.

— Sei! — Eric zombou. — Você não sabe mentir, tampinha! Nunca soube!

— Pelo menos, sou uma pessoa confiável, né Marshall!!? — Provoquei-o, virando meu corpo em sua direção e deixando apenas a mão esquerda sobre a bancada.

O problema de estar levemente alterada diante de Eric, era que eu subestimava o fato de ele ser o maior paquerador do Colorado.

— Confiável e encantadora… — Eric imitou minha pose, fazendo exatamente o mesmo movimento e ficando de frente para mim.

Minha guarda baixou mais uma vez. Fosse por suas palavras, por sua presença ou simplesmente pela proximidade de nossos rostos, eu só sabia dizer que estava fragilizada.

Estranhamente, eu não quis pará-lo e nem percebi se minhas bochechas coraram ou não. O fato era que eu estava muito mais desinibida depois daquele joguinho com os shots de vodka e Eric parecia gostar mesmo disso. Olhei fixamente e de forma insinuante em sua direção, na mesma intensidade em que ele costumava fazer.

Mas mesmo naquelas condições, não consegui permanecer destemida por tanto tempo e desviei meu olhar, mordendo o lábio em seguida.

O que estava acontecendo comigo?


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Notas finais do capítulo

Alguém tem que acabar com essa confusão da Eve! Pleeeeeeeease!

Bem, eu sei que este capítulo ficou GIGANTE em comparação aos outros... Eu até acho que só agora essa desproporção foi me incomodar... Será que consigo alterar/melhorar isso?