Novamente Alice escrita por Sol


Capítulo 5
Olhos de cristal


Notas iniciais do capítulo

Eu demorei um milénio eu seiii e.e mas n me matem, eu tive uns problemas e.e



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|Alice|

 

—Rosas! – Exclamei assim que chegamos na vila, um arco de boas vindas enfeitava a entrada e algumas lojas já podiam ser vistas, inclusive uma floricultura simples, que exibia rosas de diversas cores em sua vitrine. —Que lindas!

—Não temos tempo para turismo, Alice! É uma urgência, lembra?

—Eu sei, só não posso acreditar. – Sorri enquanto seguíamos pela estrada de terra. —Eu jamais imaginei que algo assim fosse real!

—Mas você queria que fosse, não é?

—Um mundo que sempre esteve nos meus sonhos... Talvez... Mas aprendi que não só de sonhos podemos viver.

—Com o tempo você vai entender, a realidade é aqui e agora. Vamos por ali! – Ele apontou um beco. —Vai nos levar até uma estrada mais segura.

Suspirei encarando a floricultura e a entrada da cidade, talvez algum dia eu pudesse vir aqui com minha família.... Segurei meu colar seguindo White, não poderia desistir nunca, era uma promessa que eu fazia a mim mesma.

—É aqui? – Perguntei quando chegamos do outro lado.

O caminho que seguiríamos era uma estrada de terra esquecida que passava por trás daquela vila, segundo White era o caminho mais seguro, mas precisávamos nos cuidar mesmo assim.

Seguíamos em silencio, apenas com o som dos nossos passos e de alguns pássaros no céu, ele havia me entregado um capuz para caso a rainha conhecesse minha aparência. Algumas poucas casas pequenas e quase inabitadas apareciam em nosso caminho, ás vezes eu via alguém pensando na vida ou crianças sujas e mal arrumadas correndo por algum quintal.

—Quem são essas pessoas? – Perguntei terminando de comer uma maçã quando uma moça ruiva, de vestes simples e expressão cansada, passava por nós, seu olhar se mantinha baixo, ela carregava sacolas em uma das mãos e uma menininha nos braços.

—Cidadãos comuns! – White respondeu, sem sorrir. —Pessoas que não aprovam guerras e que não têm a mínima culpa de não terem nascidos nobres e cheios de regalias. – Ele parecia realmente irritado, seu punho livre estava cerrado e sua voz soava cortante. —Mas são os únicos que sofrem diretamente os efeitos da guerra.

—Guerra? – Eu olhava para os lados com mais atenção, andando um pouco mais devagar. Uma criança vinha agora pela rua, um menino ruivo com uma boina e roupas surradas e largas, ele vinha puxando um carrinho de mão carregado de espigas de milho e outras verduras naturais. Ele arfava um pouco, o sol estava quente, seus pés estavam descalços, ele cambaleava um pouco e não ousou nos encarar ao passar por nós.

Mas eu mantive os olhos focados na visão do menino por um bom tempo, ele parecia sofrer, por que não parava para descansar? Por que estava trabalhando? Aquele menino deveria ser mais novo que eu...

Por que? Eu nunca sequer tive que lavar um prato durante toda a minha vida, eu tive uma infância regrada...

Mas...

—Alice? – White me chamou, ele olhava desconfortavelmente para todas as direções que não a do menino. —Não se esqueça dessas pessoas.... Jamais... – Ele sussurrou baixinho e assobiou para o menino, o pequeno o encarou curioso e um tanto receoso, ele ainda tinha a maçã que havia pegado nas mãos, intacta e a entregou ao menino. —Vai ser nosso segredo.

O menino sorriu minimamente e agradeceu, se pondo a comer a fruta, White apenas se virou em minha direção, o olhar baixo e, sem dizer mais nenhuma palavra, voltou a andar.

. . .

O som das risadas dos homens, dos copos de bebidas sendo batidos nas mesas e as exclamações que volta e meia se sobressaiam em meio às risadas; isso parecia definir aquele ambiente, aquele bar estava lotado e barulhento.

—Por ali! – White apontou uma porta cinza ao lado do balcão de madeira.

—An... Certo. – Tentei não encarar tanto os homens ao redor, eu senti os olhares sobre mim, foi quase imediato, foquei o olhar no chão e segui White sem dizer uma palavra.

Eu odiava estar exposta quando não era planejado. Eu odiava não poder sorrir, acenar e depois me isolar como sempre fiz em festas de família, ali eu estava em um lugar que jamais poderia imaginar, eu estava absolutamente perdida e exposta.

Passamos pela porta rapidamente, do outro lado o silencio só não era absoluto por causa dos ruídos do bar, uma mulher ruiva estava sentada em uma das várias mesas daquele lugar, em sua maioria vazias.

—Onde estamos? – Eu sussurrei nervosa.

—Estamos quase lá!

A mulher olhou para nós e acenou positivamente, indicando outra porta no fundo e nós seguimos até ela.

White assentiu, passando pela porta de madeira que ela indicou, e eu rapidamente o segui, queria sair de lá bem rápido.

Um grande quintal se estendia a minha frente, no meio dele, estranhamente, duas grandes árvores se colocavam lado a lado. Seguimos até elas e White suspirou.

—Vou pedir a senha, já volto, me espere aqui. – E dizendo isso ele voltou até o bar e eu suspirei, parada com os braços cruzados.

—Ei garota? – Me arrepiei ao ouvir uma voz atrás de mim e encarei de relance um homem negro e alto que sorria malicioso, suas roupas eram semelhantes as dos soldados que me atacaram. —Você não se acha muito princesinha para um lugar como esse?

Engoli em seco, se ele me descobrisse eu estaria em uma situação péssima, pelo fato de estarmos perto do portal é bem provável que os homens que me atacaram tenham estado aqui, ou pior, que ainda estejam aqui.

—Estou falando com você!

—Me deixe em paz!

—Está desacatando uma autoridade? – Ouvi seus passos ao se aproximar e encarei o chão, não iria ceder assim, eu nem sequer era desse mundo, meu pai é um nobre respeitado e eu...

—Ei! – Ele me puxou com raiva e me obrigou a encará-lo. —Se acha muito esperta? Menina insolente!

Ele ergueu uma das mãos e eu dei uns passos atrás, fechando os olhos no momento em que senti o tapa vindo, porém um grito soou e eu abri os olhos assustada, o homem havia me soltado.

—Mas o...

Um lobo branco e gigante estava sobre o homem, ele rosnava ferozmente e o assustava, o homem tremia e encarava o animal com um medo visível.

—Enory – Ouvi ao longe uma voz feminina, O lobo me olhou nos olhos, eram cristalinos, ele se curvou minimamente e uivou para o céu, logo se pondo a correr em direção a voz.

O homem fugiu acuado, correndo aos tropeços para longe e esbarrando em White ao passar pela porta.

—O que houve aqui, Alice?

Ainda sem ter o que dizer eu me virei para tentar encarar o lobo mais uma vez, e a dona daquela voz, porem só puder ver seus cachos castanhos enquanto ela corria em direção a floresta.

—Alice! – White correu em minha direção enquanto eu seguia completamente em choque. – Você está bem?

—Lobo...

—O que? Não tem lobos em copas, Alice.

—Mas eu vi um...

Ele pareceu pensar, mas desistiu ao suspirar.

—De todo modo... – Suspirou. – Temos que seguir em frente, consegui a senha para usar o portal. – Ele se virou e encarou as árvores, dizendo em alto bom som: "AViena jrc".

Então as folhas das árvores se agitaram, como se uma ventania houvesse passado por ela, mesmo que o tempo estivesse calmo. —Vamos rápido, antes que os soldados percebam!

White me puxou pelo braço e nós passamos por entre as árvores.

 


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