DanganRonpa: Death and Despair escrita por DarkAndrew


Capítulo 6
Um lago de águas agitadas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/720242/chapter/6

Sobreviventes: 12

POV Bessee

— M-Murillo... – Não consegui segurar os gritos, comecei a chorar.

Me levantei rapidamente, nem tive tempo de reparar na cena, tudo que eu sabia é que eu estava agora ao lado do corpo sem vida de Murillo e ainda por cima, completamente suja do sangue dele.

Com meus gritos, pessoas foram surgindo, de pouco a pouco, todos estavam lá, me encarando, eu estava chorando demais pra pensar que toda aquela cena havia feito todos pensarem que eu era a culpada.

— Bessee, o que você fez? – Iana me perguntou, assustada.

— Nada, e-eu s-só... – Comecei a gaguejar, era muito difícil falar entre os soluços do choro.

— Você mesma falou que não haveria mais assassinatos!

— Porque você fez isso?

— O que você fez?

Todos ficavam me perguntando várias coisas ao mesmo tempo, desviei o olhar da multidão de pessoas ali e já era noite.

— Bessee... – Ouvi uma voz familiar, e todos pararam de falar no momento que a voz se pronunciou. A diretora saiu de dentre a plateia – Afaste-se do corpo ou vão pensar que você é a assassina – Ela riu de mim.

— Diretora! – Me afastei do corpo e andei até ela – Você sabe que não fui eu que fiz isso! Nós sabemos! Conte a eles que eu não sou a assassina.

A diretora apenas riu.

— As investigações começarão e amanhã a noite teremos outro Julgamento Escolar – Ela alertou.

— E as informações que você sempre nos dá e que nos ajuda? – Amy perguntou.

— Oh, verdade... Muito bem. – Ela continuou – A vítima é Murillo Rocks. O assassinato ocorreu no lago, no final da tarde, a arma do crime foi um objeto pontiagudo. Vocês já tem informações suficientes, investiguem o resto agora.

A diretora saiu andando por entre as pessoas em direção à floresta.

— Bessee – Justin se aproximou de mim – Você é a assassina?

— Eu não matei o Murillo! – Falei, voltando a chorar.

Justin se afastou de mim, e logo todos recuaram e se dispersaram, fiquei sozinha encarando o corpo de Murillo quando de repente, Louis se aproximou:

— Eu não acredito que tenha sido você. – Ele falou – Mas todos acreditam que sim, então você mesma deverá provar sua inocência.

Louis se agachou e pegou uns fios de cabelo na beira do lago. Então comparou o fio de cabelo com os cabelos de Murillo e depois comparou com os meus.

— Bem, isso não é seu nem do Murillo, só pode ser do assassino. – Ele concluiu.

— Pode ser de qualquer um, estavam todos aqui! – Justifiquei.

— Acontece que ninguém mais se aproximou do corpo, Bessee. É seu, do Murillo ou do assassino. E nenhum de vocês dois tem o cabelo nessa tonalidade, então obviamente é do assassino. – Ele pegou um saquinho do bolso e colocou os fios de cabelo – Eu vou te ajudar na investigação, mas me conte o que aconteceu, a verdade de preferência.

— Tudo bem... – Falei limpando as lágrimas do rosto – Após falar com você, nós voltamos pra pescar mais um pouco e ele me ensinou a pescar, depois nós... – Fiz uma pausa – Nós nos beijamos e adormecemos juntos. Quando acordei, ele estava morto do meu lado, foi quando gritei.

— Você não acordou mesmo com um assassinato acontecendo ao seu lado? – Ele perguntou.

— Meu sono é pesado.

— E porque o assassino mataria apenas o Murillo e não você? – Ele perguntou outra vez.

— Eu não sei...

— Murillo tinha richa com alguém daqui? – Ele me perguntou.

— Não, ele era bem quieto. Conversou com poucas pessoas... – Desviei o olhar para o cadáver.

Havia uma faca nas costas de Murillo, sua expressão era de agonia e dor, como se tivesse sofrido, havia saído muito sangue e tinha uma garrafa com um líquido rosa, aberta e caída no chão. O líquido rosa se misturou com o sangue.

— O que é essa garrafa? – Dei fim a sessão de perguntas dele, interrogando-o.

Louis agachou de novo e cheirou a garrafa.

— Isso é amaciante... – Louis olhou pra mim sem entender – Faz algum sentido pra você?

— Não... Pegue a garrafa, vamos analisá-la! – Falei.

— Precisamos conservar a cena do crime ao máximo, se não podem falar que você mudou ao seu favor.

— Eu não estou me sentindo muito bem... Eu posso voltar ao meu quarto? – Perguntei colocando a mão no estômago.

— Como queira, eu continuarei investigando.

Saí de lá sem dizer mais palavra alguma, eu realmente estava me sentindo mal, o cara que disse que gostava de mim há umas três horas atrás, agora estava morto. E todos pensavam que eu havia o matado. Eu preciso convencê-los do contrário ou todos nós morreremos...

Entrei em minha cabana e tranquei a porta.

— Eu não matei o Murillo... – Fiquei repetindo isso pra mim várias vezes até que fizesse sentido.

POV Amy

Eu, Florence e Iana havíamos combinado de nos reunir naquela noite na minha cabana. Decidimos começar a fazer isso todas as noites como uma “noite de garotas”, iríamos chamar a Bessee, mas estávamos muito assustadas com o que vimos naquela noite. Também pensamos em chamar a Funy já que Florence falou que ela iria mudar o cabelo dela, mas deixamos a ideia de lado. Mishonni estava muito grudada com o Justin por motivos de psicológico sensível e talvez ela o trouxesse junto, então não seria mais uma noite das garotas.

No final, apenas nós três nos reunimos. Florence apareceu logo cedo. Enquanto Iana não aparecia, ela me ajudou a arrumar as minhas roupas.

— Amy, eu já te expliquei, você não pode colocar na mesma pilha as roupas de cima e as roupas de baixo... – Ela falou colocando algumas roupas na minha cama.

— Não tenho como lembrar todos os seus conselhos de organização de roupas, Florence – Justifiquei.

De repente ouvimos alguém batendo na porta.

— Deve ser a Iana... – Florence disse se dirigindo até a porta e em seguida a abriu. Iana estava ali, parada e de mãos vazias.

— Iana! Onde está comida que a gente pediu pra você trazer? – Perguntei.

— Vocês estavam pedindo comida de verdade? – Ela indagou – Achei que iríamos nos reunir para investigar o assassinato e não pra sentar aqui com um bocado de roupas, enquanto comemos e conversamos sobre garotos.

— Mas nós vamos... – Florence falou e olhou pra mim – Não é, Amy?

— Acho bom investigarmos, com toda a confusão que rolou quando descobrimos o corpo, ninguém investigou nada... – Expliquei, levantando na cama.

— Mas a gente tinha planejado ficar aqui! – Florence disse se dirigindo às roupas na minha cama e as organizando, então desviou o olhar pra mim – E a gente já sabe que foi a Bessee.

— Da outra vez achamos que foi suicídio – Respondi – Às vezes as coisas não são o que parecem!

— Vamos ou não investigar? – Iana cruzou os braços na porta, já irritada – Não podemos chegar no Julgamento Escolar de mentes vazias, sem nem ter ideia da cena do crime.

— Verdade, nem consegui reparar nos elementos da cena do crime – Passei a mão pelo pescoço – Eu só vi a Bessee e o corpo do Murillo... – Interrompi a minha própria fala e suspirei um tanto triste com o que acontecera.

— Então, nenhuma de nós prestou atenção! – Iana disse se virando para sair – Vamos logo.

— Não vai adiantar mais de nada, a essa altura a Bessee já deve ter modificado a cena do crime a favor dela – Florence pegou a pilha de roupas na cama e levou até o meu armário, tentava demonstrar que estava entediada, mas eu sabia que ela estava se divertindo em arrumar aquilo.

— Mas se não foi ela, ela não tinha motivos para modificar a cena do crime – Ergui as sobrancelhas e encarei Florence – E se ela modificasse, todos saberiam que seria ela e ela não teria razão pra fazer isso se não fosse a assassina...

— Tá. – Ela se virou, ficando de costas para o armário e colocou uma das mãos na cintura enquanto a outra fechava as portas do móvel – Vamos conferir se a cena do crime está modificada, vamos pegar a comida, voltamos e ficamos organizando roupas e conversando sobre meninos! – Ela virou o rosto e olhou para Iana – Certo?

— Nós vamos investigar, Florence – Iana falou entrando na cabana e se aproximando dela – Investigar – Ela repetiu – Examinar o corpo e os itens que compõe a cena do crime para tirarmos conclusões sobre o culpado que...

— Que é a Bessee. – Florence interrompeu Iana de repente.

— Dá pra parar de falar que a Bessee é a culpada? – Me irritei – Pense em outras possibilidades!

— Outras possibilidades? Nós vimos a Bessee toda ensanguentada, ao lado do corpo morto do Murillo – Ela quase gritou.

— Isso não quer dizer muita coisa... – Iana disse – Se a Bessee tivesse assassinado o Murillo, ela não gritaria daquele jeito, chamando a atenção de todos. Satisfeita? Agora largue essas malditas roupas aí e vamos à investigação! – Ela deu meia-volta e saiu pela porta.

Segui Iana, rapidamente, Florence veio atrás de mim, um pouco mais atrasada. Fomos imediatamente para o lago, lá encontramos outras pessoas que já estavam investigando: Bruce, Toby, Funy e William.

Nos aproximamos e então Toby se dirigiu a nós:

— Vieram investigar também?

— Nós viemos – Respondi.

— Ei! – Bruce exclamou de repente – O que é isso? – Ele se agachou próximo aos pés do corpo de Murillo e pegou um fio de cabelo castanho – É cabelo castanho...

Reparando melhor a cena, vi que havia uma faca nas costas de Murillo e bastante sangue não só em sua camisa, como na grama.

— Essa com certeza foi a arma do crime. – Falei apontando pra faca.

— E essa garrafa? – Iana foi até uma garrafa branca jogada no chão com um líquido rosa, aparentemente havia derramado o líquido que havia se misturado com o sangue de Murillo na grama... William logo se direcionou para a garrafa também.

— Isso é amaciante... – Iana falou, cheirando.

William pegou a garrafa, ainda havia um pouco do amaciante nela, então ele virou a frente da garrafa para si, e semicerrou os olhos. Largou a garrafa e deixou-a cair no chão, derramando ainda mais amaciante. Logo em seguida, ele saiu sem dizer mais nada. Iana logo pegou a garrafa de novo e virou a frente dela para si, como William.

— Mas... Aqui está escrito cloro, porque tem amaciante? – Iana virou a garrafa para nós.

Nesse momento eu desviei o olhar para Florence e Florence desviou o olhar pra mim, fiz sinal com a boca de que era para ela ficar calada, e ela apenas assentiu com a cabeça, discretamente, logo nós duas voltamos a atenção para Iana e a garrafa, Toby agora estava do lado dela.

— Porque trariam cloro para o rio? – Toby indagou.

— Talvez mataram o Murillo com cloro e a faca foi só para disfarçar. – Bruce sugeriu.

— Mas isso é amaciante! – Iana justificou - A pergunta é porque trariam amaciante para o rio?

— Para lavar as roupas? – Toby propôs.

— É pra isso que serve a lavanderia, gênio! – Bruce cruzou os braços e foi em direção ao corpo.

— Não podem ter dado amaciante ou cloro pro Murillo morrer de qualquer jeito – Iana disse largando a garrafa no chão e fazendo-a derramar mais líquido como William – Ele não aceitaria tomar produto químico assim de boa, né? Concordam, Amy e Florence? – Iana se virou para nós, que estávamos quietas até agora, não queria falar que troquei o amaciante pelo cloro, eles podiam pensar que eu era a cúmplice ou até mesmo a assassina!

— Concordo. – Respondi.

— Vamos pra cozinhar pegar a comida? – Florence revirou os olhos.

— Estamos investigando! Shh! – Iana encarou Florence com o dedo na boca, pedindo silêncio.

— Vocês acreditam ter sido a Bessee a assassina? – Toby perguntou.

— Acho que não. – Iana respondeu.

— Mas ela estava ao lado do corpo, e ainda por cima, completamente suja de sangue! Sangue do Murillo, provavelmente, já que ela não tinha feridas! – Bruce falou.

— Pois isso não prova nada! – Iana falou – Vou deixar minhas explicações para o Julgamento Escolar, aguardem.

— Vamos meninas, tá ficando tarde para a nossa “noite das garotas”. – Eu disse dando meia-volta para ir embora, e então vi Funy que nos encarava, talvez pensando “Noite das garotas? E nem me chamaram?”, o que me deixou com um sentimento de culpa, mas segui a diante.

— Noite das garotas? – Bruce perguntou como se estivesse zombando de nós.

— É isso aí! Vamos pegar a comida na cozinha! – Iana piscou pra Bruce, demonstrando que não se importou com o deboche dele, então ela e Florence me seguiram.

Ao nos afastarmos um pouco mais, indo para a cozinha, questionei:

— Quando falamos de noite das garotas, a Funy ficou olhando pra gente, acha que devemos convidá-la para a próxima?

— Pode ser, dizemos que essa foi só uma noite experimental... Podemos chamar mais meninas também. – Iana sorriu – Como a Mishonni.

— Vocês têm que chamar a Funy, ela ficou de arrumar o meu cabelo. – Florence passou a mão no cabelo exibindo-o – E eu de arrumar o look dela, laranja não é o melhor estilo para inverno. Não mesmo!

Logo chegamos na cozinha, percebemos que a faca de número 4 que havia sumido, a segunda maior, era a que estava presa ao corpo de Murillo, provavelmente.

Eu e Iana preparamos alguns sanduíches, pedimos para Florence pegar nossas roupas no varal, na lavanderia, enquanto isso. Ela foi, mas voltou somente com a minha e com a dela.

— Iana, sua roupa ainda não está seca. – Ela justificou.

— Sem problemas, amanhã eu pego! – Iana falou colocando uma fatia de queijo em outro pão de forma e depois o cobrindo-o com outro pão.

— É o suficiente, vamos? – Falei organizando os sanduíches em pratos. Saímos e voltamos ao meu quarto. Passamos uma noite agradável entre amigas, conversando e comendo. No final, todas dormimos no meu quarto, juntas na minha cama. Como o tempo estava frio, foi até bom ter mais calor humano para dormir. Quando acordamos no dia seguinte, elas foram embora.

Era nessa noite o Julgamento Escolar para descobrirmos o assassino de Murillo, eu estava muito ansiosa, talvez mais do que nas outras vezes. Era basicamente questão de vida ou morte. Acusamos ou morremos. Simplesmente a situação mais desesperadora que todos já enfrentamos em nossas vidas.

POV Toby

Amanheceu. Eu estava com muito medo porque é hoje o Julgamento Escolar, e eu não quero morrer, assim como ninguém quer. Fui para a sala de jantar tomar café da manhã, até pensei em ir ao lago olhar a cena do crime por um tempo e tentar achar algo, mas eu já estava desesperado o suficiente para ficar encarando corpos mortos, então simplesmente fui comer.

Cheguei à cozinha e encontrei Taylor, ele estava sozinho.

— Bom dia – Falei.

— Ah, bom dia... – Ele respondeu, encostado ao balcão, tomando café.

Peguei uma xícara e derramei café nela, eu precisava de energia para hoje! Coloquei algumas várias colheres de açúcar no café e mexi, eu gosto do café bem doce, diferente de muitas das pessoas, detesto coisa amarga.

— Descobriu alguma coisa na investigação? – Ele me perguntou ao tirar a xícara dos lábios.

— Não... E você? – Tomei um pouco do café.

— Nem fui investigar.

— Por quê? – Perguntei curioso.

— Eu estou um pouco... – Ele interrompeu a fala para beber café – Um pouco triste...

— O que aconteceu?

— Perdi meu notebook – Ele respondeu – A diretora proibiu o uso de tecnologia, lembra? Para não correr risco de ninguém usar, eu e mais umas pessoas pegamos todas as tecnologias daqui e jogamos no lago. Outro motivo pelo qual não investiguei, voltar ao lago traz lembranças do meu notebook...

Ele tomou outra vez o café, dessa vez demorou mais, o que supôs que ele estava tomando tudo, de repente tirou a xícara da boca e a colocou na pia ao lado dele.

— Boa sorte em achar o culpado, eu vou só assistir – Ele saiu da cozinha e eu continuei tomando meu café.

O dia passou, mas a minha ansiedade não. Ela estava cada vez maior, cada vez pior. Inquietude e desespero resumiam meus sentimentos naquele dia.

POV Bessee

A tarde já caía e a noite já subia, estavam todos contra mim, achando que era eu a assassina do único homem que já gostou de mim. Passei quase o dia todo trancada no quarto, pedi ao Louis que me levasse comida de vez em quando, eu não suportaria sair e ter que encarar olhares e cochichos sobre mim, coisas do tipo “Cuidado, ela é a assassina”, quando na verdade eu não fiz absolutamente nada.

Quando a noite começou pudemos ouvir pelo alto-falante.

Reúnam-se fora de suas cabanas! Em dez minutos vai começar o Julgamento Escolar para descobrirem o assassino de Murillo Rocks, o Pescador de Nível Super Colegial. Boa noite e boa sorte. Vão precisar... – A chamada se encerrou com uma risada estranha por parte da diretora.

Realmente pensei em ficar no meu quarto e não ir para o Julgamento, mas logo que o pensamento veio à minha cabeça, ouvi alguém batendo à porta da minha cabana. Fui até lá e abri. Era Louis.

— Vamos, Bessee? Precisamos de você lá para provar sua inocência. Afinal, não queremos morrer... – Ele falou, o que me encorajou bastante. Decidi ir até o Julgamento Escolar, decidi lutar por minha vida e pela vida dos outros.

— Vamos lá! – Sorri e saí da cabana, indo a encontro da diretora.

Louis ficou do meu lado e enquanto as pessoas iam chegando, ele me alertou:

— Fique calma, se tudo der certo, não morreremos.

Conforme algumas pessoas chegavam, olhavam pra mim com certo ar de desaprovação, isso me desestimulava, mas eu fazia esforço para me lembrar das palavras de Louis, tudo ficaria bem, afinal, não sou uma assassina.

A diretora estava sentada em sua poltrona como da última vez, uma caixa de isopor do seu lado.

— Que comece o Julgamento Escolar! – Ela falou, abrindo a caixa e tirando um picolé de morango de lá, quando todos já haviam chegado.

— É normal que comecemos a falar da arma do crime... – Iana tomou a frente.

— Que foi obviamente a faca que estava nas costas dele... Próximo tópico? – Justin prosseguiu.

— Em minha investigação, eu pensei que não pode ter sido a faca, e que ela só estava lá para atrapalhar, como no outro caso – Iana disse.

— E o que seria? – Mishonni perguntou.

— Nem faz sentido debatermos! Sabemos que foi a Bessee – Justin acusou se virando para mim.

— Não cometi assassinato nenhum! – Levantei o dedo para Justin.

— Não se exalte, Bessee... – Louis falou baixo, em meu ouvido e então fiquei calma.

— Existem provas que sugerem que não foi a Bessee a assassina – Amy falou.

— Poderíamos saber quais são? – Bruce perguntou, erguendo uma sobrancelha.

— Vocês são muito burros, né? – Florence olhou com cara de desprezo para todos, especialmente para Justin – Se a Bessee tivesse matado o Murillo, pra que ela gritaria no momento do assassinato? Para que ouvíssemos e víssemos que era ela a assassina para que ela pudesse ser executada? Por favor, pensem antes de falar merda!

— Florence, achei que você pensava que era a Bessee – Amy disse se virando para ela.

— Ainda penso, só quis ter um minutinho de fama. – Florence piscou pra Amy.

— Mas ela estava completamente suja... Suja do sangue do Murillo, ela não tinha feridas no corpo! – Bruce argumentou.

— Eu posso explicar! – Gritei, desviei o olhar para a diretora, ela havia aberto a caixa de isopor outra vez e pegado outro picolé, de limão – Eu estava dormindo com o Murillo...

Houveram suspiros e cochichos entre todos imediatamente.

— Vocês não entenderam, idiotas! Eu não estava transando com ele! – Falei irritada – Havíamos ido pescar, ele me ensinou a pescar e então nós caímos na grama e acabamos adormecendo pois estávamos muito cansados, quando acordei vi o Murillo morto em minha frente.

— Está dizendo que o assassino matou o Murillo mas não matou você que estava do lado? – Florence – Ou ele é muito burro, ou quer morrer... Você não viu quem era?

— Eu tenho sono pesado... – Passei a mão pelo pescoço.

— Se não pode nos dizer quem é, então é você! – Bruce me encarou.

— Vocês querem parar de me acusar? – Gritei.

— Não há outras suspeitas... – Mishonni revirou os olhos.

— Isso não significa que seja eu a assassina – Após minha fala houve um silêncio geral.

Após um tempo finalmente alguém decidiu se pronunciar:

— E aquela garrafa branca? – Foi o Justin quem indagou.

— Era amaciante – Iana respondeu.

— Estranho que no rótulo da garrafa de amaciante dizia cloro – William observou – Porque levariam cloro ou amaciante para o lago?

— É aí que entra a minha teoria – Iana disse animada – Deram o amaciante para o Murillo e ele morreu assim, ele não morreu por facada, era só uma distração.

— Opa... Esqueceram que eu falei que a arma do crime foi um objeto pontiagudo? – A diretora parou de chupar seu picolé de limão – Eu nunca minto. Sua teoria está quebrada, Iana.

— O amaciante foi pra outra coisa, então... – Iana falou, sem graça – Mas porque estava com o rótulo de cloro? Não faz sentido!

— Na verdade, faz sim... – Amy desviou o olhar para o chão, parecia um pouco desapontada consigo mesma – Fui eu quem troquei os rótulos de amaciante e cloro na lavanderia.

Todos arregalaram os olhos e começaram a surgir rumores de que Amy era a assassina.

— Calma! Não é o que estão pensando, a Florence sabe de tudo! – Amy deu um passo a frente – Eu troquei os rótulos do amaciante e do cloro. Eu queria pregar uma peça na Iana, ela usaria o cloro pensando que era o amaciante e logicamente as roupas dela estragariam.

— Então foi você? – Iana colocou as mãos na cintura – E elas estragaram mesmo!

— Desculpa, mas eu só estou tentando dizer que a pergunta correta seria: Porque o assassino levaria cloro para o rio? – Amy recuou.

— Eu percebi uma coisa enquanto eu investigava – Justin falou – Eu vi o lacre da garrafa jogado no chão, significa que abriram a garrafa no lago. E isso é estranho, porque o amaciante estaria lacrado se todo mundo usou? A lógica seria estar aberto.

— Mas quando eu fui usar o amaciante – Amy falou – Só havia mais um pouquinho, eu troquei os rótulos do amaciante que ainda estava lacrado e do cloro que a Iana usou...

— Tudo bem... – Mishonni disse e então houve um grande silêncio entre todos.

— Como vocês estão moles hoje! – A diretora falou pegando outro picolé, dessa vez de uva – Vamos logo, nós não temos a noite toda! Quem é o assassino de Murillo Rocks?

— A pessoa que tinha razão para levar cloro ao lago. – Taylor disse e fez uma pausa – Não é?

— Não há razão para levar cloro a um lago... – Mishonni respondeu.

— Mas não temos outro caminho para seguir, precisamos pensar! – Justin ajeitou os óculos no rosto e então houve outra pausa ente todas, dessa vez maior.

— Sempre há outro caminho – Louis quebrou o silêncio – O que sabemos até agora? Vamos reunir as informações!

— O assassino pegou o amaciante na lavanderia, pensando que era cloro. Ele queria levar o cloro ao rio por algum motivo. – William começou a falar – Indo para o rio, ele passou pela cozinha e pegou uma faca para tirar o lacre da garrafa de amaciante, eu creio. Então ele chegou ao rio, encontrou o pescador e a lutadora e resolveu matar um deles. A grande dúvida é porque o assassino mataria somente um. Somente o pescador, e isso é o que incita que a lutadora é a assassina.

— Já apresentamos provas de que não foi a Bessee – Louis falou – Porque ela gritaria chamando a atenção de todos para o próprio crime? Faz sentido? Querem mais provas de que a Bessee é inocente nesse caso? Eu tenho.

Todos encararam Louis, surpresos. E então Louis colocou a mão no bolso de seu short e tirou de lá um saquinho, o mesmo que ele havia colocado os fios de cabelo quando estávamos investigando, então ele continuou.

— Fios de cabelo castanho, encontrei quando estava investigando com a Bessee - Ele aproximou o saco com os fios perto do meu cabelo para comparar - Percebam que o cabelo do Murillo é preto, assim como o da Bessee – Então ele colocou o saco perto do cabelo dele – E o meu é vermelho – Não tem como ser de nenhum de nós, apenas do assassino.

— O assassino então tem cabelo castanho e estava levando cloro para o rio. – William concluiu.

— Exato! – Louis concordou – Assim inocentamos a Bessee e abrimos uma rodada de acusação de suspeitos, alguém tem ideia de quem teria cabelo castanho e teria algum motivo para levar cloro ao rio?

Houve uma pausa. Todos encaravam uns aos outros, trocavam olhares assustados e desesperados.

— Fui eu.

Todos ouviram uma voz extremamente baixa vinda do meio de todos, não conseguíamos reconhecer de quem era devido a que foi apresentada baixo demais.

— Quem? – Mishonni perguntou olhando para os lados.

— Fui eu! – A voz aumentou, e o sujeito ergueu a cabeça e andou a frente, mesmo querendo parecer corajoso, ele estava com uma cara péssima de desespero – Eu disse que fui eu...

Houve um silêncio total, apenas a diretora sorrindo enquanto chupava seu picolé, talvez o quarto ou o quinto da noite.

— Eu peguei o amaciante pensando que era cloro e eu que abri o lacre com a faca – Ele suspirou – Eu que matei Murillo Rocks. – Ele apontou para o seu cabelo castanho – Vejam! Eu tenho cabelo castanho!

Toby recebia olhares alarmantes de todos, alguns procuravam algum sentido nisso tudo, enquanto outros tentavam apenas se controlar para não sair correndo.

— Não vejo sentido... – Louis encarou Toby.

— Eu explico – Toby suspirou outra vez – Durante a tarde, todos estavam em seus quartos, eu decidi ir para o lago e ir nadar um pouco, afinal eu sou o Nadador de Nível Super Colegial. Acontece que aquelas águas do rio ou da praia não eram suficientes para mim, eu sentia falta da piscina. Eu peguei o cloro na lavanderia, peguei uma faca na cozinha para tirar o lacre. O lacre realmente estava ruim de abrir, quando usei a faca de mau jeito, cortei alguns fios do meu cabelo – Ele passou a mão pelo cabelo – E então quando eu fui tentar de novo...

Ele começou a chorar, mas logo limpou as lágrimas e continuou:

— Quando eu fui tentar de novo, a faca escorregou da minha mão e caiu nas costas do Murillo, o lacre já havia sido aberto, mas eu não queria mais ir para o lago agora, ver o Murillo morrendo na minha frente e todo aquele sangue jorrando de suas costas... Eu deixei a garrafa cair e o amaciante se misturou com o sangue, eu saí correndo de lá, chorando, antes que me vissem, no início eu pensei em esconder tudo e tentar sair da ilha mas... – Ele voltou a chorar, dessa vez mais do que antes – Mas eu não matei porque eu queria, não era certo vocês morrerem por minha culpa... Me desculpem... – Ele não conseguiu esconder o quão estava triste e quanto mais o olhávamos, mais lágrimas saíam de seus olhos.

— Acho que já chegaram numa decisão... – A diretora disse limpando a boca suja de picolé com a manga de sua jaqueta – Então está na hora da votação! – Ela sorriu e abriu os braços comemorando.

— Eu já assumi a culpa, não é preciso votação, diretora... – Toby se dirigiu a diretora e ficou ao lado dela – Vamos para a minha execução.

— Calma, eu separei as falas para esse momento, não estrague! – Ela o repreendeu – Vocês acham que Toby Jackwell é o culpado pelo assassinato de Murillo Rocks – Ela fez um intervalo de apreensão – E estão corretos... Infelizmente o Toby confessou tudo então não houve o desespero que eu queria que houvesse... Toby, me siga. – Ela saiu andando para a floresta e Toby a seguiu, chorando, mas sem relutar.

Logo a televisão que estava presente ali o tempo todo ligou e a imagem da diretora apareceu:

— Olá estudantes, por meio dessa televisão, vocês poderão ver a execução de Toby Jackwell, o assassino de Murillo Rocks e Nadador de Nível Super Colegial. A execução foi preparada especialmente para ele por mim.

Algumas pessoas foram embora, tristes. Outras ficaram para ver. Eu fiquei observando a televisão e então Louis se aproximou de mim e falou:

— Eu falei que iria dar tudo certo... – Após isso ele saiu sem dizer mais nada.

A execução começou. Toby estava acorrentado ao chão de uma sala e haviam grandes canos na parede. De repente começou a sair água dos canos, mas não em grande quantidade. A água foi invadindo a sala e já alcançavam o tornozelo de Toby, quando começou a sair em uma maior quantidade. O nível da água foi subindo cada vez mais e Toby tentava se soltar das correntes que o prendiam ao chão, mas a água já batia em sua cintura. Começaram a sair piranhas dos canos também, a água só ia subindo e as piranhas atacavam Toby fazendo-o ter pequenas partes corpo arrancadas brutalmente. Quando a água já havia chegado a sua cabeça, incapacitando-o de respirar, as piranhas atacaram-no, todas de uma vez só. Após sangue espalhar-se por toda a água e as piranhas se dispersarem vimos o esqueleto de Toby, ainda acorrentado ao chão. Toby estava morto.

A televisão desligou. Eu e os demais que estávamos ali saímos e fomos para as nossas cabanas.

Estamos aqui há poucos dias e já houveram cinco mortes. Restam apenas onze pessoas, eu achei que não haveriam mais assassinatos, eu achei que pararíamos com a Agatha e aceitaríamos viver aqui nessa ilha para sempre com a diretora, mas eu estava enganada. Parece que a onda de assassinatos só estava começando. Eu poderia ser a próxima vítima ou a próxima assassina, o que poderia acontecer?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "DanganRonpa: Death and Despair" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.