DanganRonpa: Death and Despair escrita por DarkAndrew


Capítulo 3
Riscos de vida, riscos de lápis




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Sobreviventes: 15

POV Sophia

Nós só havíamos vindo nos divertir na praia, porque isso teve de acontecer? Senti todas as minhas forças indo embora e soltei um grito tão desesperador quanto a coisa mais desesperadora do mundo. De frente para o corpo de Colin, eu gritei, achei que ia ficar sem voz de tanto gritar.

Bessee e Mishonni pararam de gritar aos poucos e logo eu também parei. O corpo de Colin estava amarrado a uma árvore por uma corda, dando a impressão de que ele havia se suicidado. Ele tinha feridas no braço e no peito, seus olhos mortos agora já não emitiam mais brilho nenhum.

Imediatamente peguei o meu celular do bolso e tirei uma foto da cena do crime. Mishonni pegou o celular da mão rapidamente e gritou:

— Você está louca? Porque fez isso? – Ela falou, quase chorando de desespero.

— Eu também estou chocada... Mas vou ficar mais ainda se todos nós formos executados por errar o assassino – Peguei o celular de volta – Tirando foto, poderemos investigar melhor, quem garante que o assassino não vá mexer na cena do crime depois?

Justin apareceu correndo, de repente e gritou para nós:

— Que gritos foram esses? – Ele congelou instantaneamente ao se deparar com o corpo morto de Colin.

— Houve um assassinato... - Bessee cruzou os braços, logo William, Taylor e Bruce apareceram também e ficaram congelados com a cena por uns instantes. William não demonstrou muita reação, mas parecia estar muito surpreso.

— F-Foi horrível! Eu só vim me divertir com as meninas! – Mishonni abaixou a cabeça deixando sair uma lágrima, enquanto exibia sua cara de choro. Justin foi até ela e apoio a sua mão no ombro da mesma.

— Calma, Mishonni – Ele falou, pacientemente – A culpa não foi sua... – Ele tentou erguer a cabeça dela, mas ela se recusava.

— E eu tive um mau pressentimento ontem a noite... – Taylor disse se aproximando corpo de Colin.

Logo a praia foi dominada por todos os quinze alunos. A diretora apareceu logo em seguida, sorrateiramente, enquanto estávamos distraídos conversando sobre o corpo e sobre quem poderia ser o assassino. Ela deu uma risada sombria e isso desviou a atenção de todos para ela que saiu de dentre os coqueiros e se revelou com os dentes formados em um grande sorriso.

— Ocorreu o primeiro assassinato, não é? – Ela falou nos observando por trás dos seus óculos de sol.

— Você que fez isso, né? – Bessee apontou pra ela ameaçadoramente.

— Eu? – A diretora apontou pra si mesma – Eu não mato as pessoas... Só quando elas quebram as regras... Eu vim ajudar vocês!

— Ajudar? – Agatha perguntou, confusa.

— Isso mesmo. Sempre que ocorrer um assassinato e três ou mais pessoas descobrirem o corpo, eu aparecerei e darei algumas informações que podem ser úteis para vocês, ou podem confundi-los também – Ela riu.

Houve uma pausa entre todos, somente as ondas do mar emitiam algum barulho. Até que finalmente a diretora desfez seu sorriso sombrio e falou algo:

— A vítima é Colin Eddward. – Ela começou – Colin foi morto na praia durante o horário noturno por um golpe no peito por um objeto pontiagudo. Acredito que seja o suficiente. Durante a noite, haverá o Conselho de Classe. Lembrem-se: Ou descobrem o assassino, ou todos vocês morrerão.

A diretora se virou e entrou na parte mais fechada da praia, cheia de coqueiros, desaparecendo de nossa vista. Houve um minuto de silêncio entre todos nós.

— Vamos analisar a cena do crime, galera! – Falei, quebrando o silêncio.

No chão haviam dois livros, uma faca meio enterrada e um lápis quebrado. Taylor se virou para os livros e os pegou. Parou por um segundo analisando aquilo e então saiu andando dali com os livros. Eu sabia que iriam mexer na cena do crime, ainda bem que tirei uma foto antes.

Bruce logo se agachou e pegou a faca, pareceu que teve um pouco de dificuldade como se a faca estivesse fincada na areia.

A minha análise da cena foi de repente interrompida por uma voz:

— Eu acho que foi suicídio! – Me virei e vi Agatha conversando com Murillo e Bessee, então me aproximei.

— Não acho... – Murillo disse descrente do que Agatha havia dito.

— Raciocinem! Ele está pendurado por uma corda! – Agatha se virou pra mim – Não concorda, Sophia?

Não pude dizer nada pois Murillo disse na frente:

— Mas ele foi morto por um golpe no coração e não por enforcamento... A própria diretora já disse!

— Ah... Eu esqueci desse detalhe – Ela desviou o olhar para a areia – Mas estamos falando de uma mulher que nos prendeu nessa ilha e nos obrigou a matar, não dá pra acreditar em tudo que ela diz. – Ela ergueu os olhos a Murillo novamente ao falar isso e colocou as mãos na cintura.

— Mas é a única coisa que temos... – Bessee justificou – Precisamos acreditar, não temos opção. É o único caminho que temos para seguir.

— Sempre há outro caminho para seguir... Sempre. – Louis passou por nós e foi embora, sem dizer mais nenhuma palavra, parece que já estava ouvindo toda a conversa há um bom tempo. Aos poucos a praia foi se esvaziando. Olhares distantes e tristes predominavam os rostos de quase todos.

— Mais tarde eu faço a minha investigação, preciso descansar – Murillo saiu sem dizer mais uma palavra sequer.

Agatha percebeu que estava sozinha na praia comigo e Bessee e então saiu andando também, se despedindo.

Eu estava prestes a ir para a minha cabana também quando vi algo no chão:

— O que é isso? – Chamei a atenção de Bessee.

— É um lápis quebrado. – Ela me respondeu e de fato era um lápis quebrado, jogado na areia – Todo mundo tem esse lápis na cabana, junto de um monte de papéis, creio que a diretora fez isso pra que fizéssemos anotações na investigação.

Ao ouvir essas palavras de Bessee senti uma explosão de clareza na minha cabeça.

— Bessee! – Gritei me levantando rapidamente e puxando-a pelo braço para fora dali – É isso! Venha comigo!

POV Iana

Depois que a praia esvaziou, eu decidi voltar lá com as meninas, Florence e Amy, para investigar melhor. Me aproximei do corpo e fiz uma rápida oração.

— E foi por isso que ele não apareceu ontem... – Eu falei quando acabei de orar.

— Nem consigo ver! – Amy disse fechando os olhos com uma expressão de terror e pânico.

— Esperem! Essa corda... – Foquei na corda que pendurava o Colin na árvore.

— Tem um cadáver na sua frente e você fica prestando atenção na corda que ele se matou? – Florence reclamou – Por favor, né? Só não me diz que a corda vai combinar com essa fita que você amarra na sua cabeça.

— Não, Florence... Essa é minha corda. – Falei – A minha corda que sumiu ontem à noite! Quando eu fui pra cabana do Taylor, eu deixei sem querer a porta da minha cabana aberta... O assassino deve ter visto e pegado.

— Mas foi suicídio, não? – Florence indagou.

— Não pode ter sido suicídio – Respondi – Eu sou a domadora de nível super colegial, eu sei bastante sobre cordas e esse nó não é pra suicídio, esse nó foi feito com pressa por alguém inexperiente! Olha como está folgado, impossível alguém se enforcar nisso. Além de que a morte foi por um golpe no coração.

— E essa nem é a pior parte... – Amy falou quando terminei de falar – Ainda precisamos acusar um de nós para morrer... Ou todos morreremos – Ela cruzou os braços.

— Vamos sair daqui, Amy... – Nós três saímos caminhando dali – Vamos tomar um copo de água e nos acalmar...

POV Sophia

— Eu não te dei autorização pra invadir meu quarto assim! – Bessee reclamou enquanto eu focava a câmera do celular.

— Silêncio! Quer sair feia na foto? Aliás, foi você quem abriu a porta, eu só pedi educadamente... – Finalmente consegui ajustar a câmera do celular – Agora não se mexe, eu preciso enquadrar bem porque é pelo bem da nossa vida, mon amour.

CLICK! Tirei a foto.

— Não entendi pra que você quer uma foto minha com o meu armário mostrando todas as minhas coisas! Invasão de privacidade! – Bessee reclamou novamente.

— Simples. Todo mundo tem lápis e um monte de papéis nas suas cabanas, não é? Então tirando fotos de todos os armários de todas as cabanas...

— Descobriremos de quem era o lápis quebrado na praia – Bessee completou, sorridente – E consequentemente, o assassino.

— Isso mesmo, amiga! – Guardei o celular no bolso – Vamos para o meu quarto porque eu estou muito a fim de provar que sou inocente também!

POV Justin

Eu estava no lago, buscando inspiração novamente, pensando e pensando no assassinato, na investigação, no futuro conselho de classe, e na futura possível morte horrível que todos teríamos se errássemos o assassino, e também na morte que o assassino sofreria se acertássemos.

— Em instantes começará o Julgamento Escolar, onde os estudantes terão de se reunir para descobrir o culpado do assassinato de Colin Eddward, ou morrer tentando. Boa sorte aos inocentes e ao assassino. – A diretora acabara de dizer isso, provavelmente por um auto-falante que ecoou por toda a ilha.

— Justin! Justin! – Abri os olhos imediatamente e me virei pra trás – Oh, desculpe, te interrompi? – Mishonni estava ali com o seu ar de inocência.

— Não... – Sorri, sendo simpático – Eu estava apenas pensando... Perceba como esse rio é ótimo para pensamentos... – Estendi a minha mão pela água, inspirando o ar puro dali – Eu venho aqui todos os dias. – Houve um silêncio e então me virei para ela novamente – Desculpe, você tem alguma coisa pra falar?

— É que ninguém resolveu adentrar a floresta da ilha ainda, sabe... – Ela explicou – E eu fui lá logo depois que encontramos o corpo. Acabei encontrando uma casa. No meio da floresta! Quando eu vi, eu vim correndo te avisar porque não queria ir lá sozinha, entende?

— Sei... – Tomei a frente – Vamos? Precisamos investigar essa casa, pode ser importante! – Ela me seguiu para a floresta da ilha.

Ficamos quietos boa parte da trilha, ouvindo apenas o som dos pássaros, mas eram raros sons de canto de passarinhos. Parecia que nem os animais gostavam de ficar naquela ilha. Quem gostaria? Após algum tempo de silêncio eu decidi quebrar todo esse clima falando algo:

— Aqui tem muitas árvores... Distintas umas das outras... – Falei sorrindo – A flora é bastante diversificada nessa ilha, em outras palavras.

— E são árvores grandes e bem cuidadas, parece que alguém as rega todos os dias. – Mishonni disse.

— Mishonni – A chamei e ela virou o seu rosto pra mim enquanto continuávamos a andar – Porque você me chamou pra vir com você?

— Eu falei que não queria vir sozinha de novo, lembra? – Ela respondeu.

— Mas porque logo eu? – Perguntei apontando pra mim.

— Você foi o... O primeiro que eu encontrei. – Ela respondeu friamente.

— Sério? – Falei, sem dizer mais uma palavra.

— Na verdade... Eu procurei a Sophia e a Bessee primeiro, mas não as encontrei, então eu fui te procurar – Ela falou – Você me parece um dos mais confiáveis aqui.

— É? – Falei, sem jeito, talvez foi uma das primeiras vezes em que eu não soube o que falar.

— A casa! – Mishonni apontou pra uma grande e velha casa, toda quebrada, de madeira já apodrecida, mas ainda assim era grande. Grande é pouco. Era enorme! – Eu falei! – Ela correu até lá.

— Espera! Pode ser perigoso... – Ela já havia corrido, não adiantava mais, apenas a segui, devagar – O que isso está fazendo aqui? – Indaguei quando vi a majestosa casa que agora era só uma mansão velha, ou melhor, caindo aos pedaços.

— Eu não sei, mas fiquei com medo de voltar depois que encontrei. Vamos entrar? – Mishonni colocou o pé na escadinha para subir e de repente o seu colar começou a apitar e um brilho vermelho foi emitido do mesmo.

— O que é isso? – Mishonni falou com medo.

— Área proibida. Saiam daí ou serão PUNIDOS! – Uma voz robotizada repetia a frase enquanto o barulho vindo do colar aumentava tanto em tom quanto em velocidade.

— MISHONNI, SAIA DAÍ! – Gritei enquanto a vi entrando em desespero, o brilho vermelho do colar ficava cada vez mais intenso. A diretora havia avisado sobre isso, o colar iria explodir, junto da cabeça dela.

Mishonni estava sem reação, nem se mexia, apenas encarava o colar, corri até ela e a puxei pelo braço com toda a minha força. Após nos afastarmos um pouco, o barulho e o brilho se cessaram rapidamente.

— Mishonni... Porque você não saiu dali? – Perguntei a ela.

— Eu estava com tanto medo que eu não consegui me mexer... – Ela me abraçou impulsivamente e eu retribuí o abraço.

— Calma... Não vamos mais voltar aqui... – Falei a conduzindo para longe daquela casa, saindo da floresta.

POV Amy

Já era 18:00, a diretora havia nos informado por auto-falante que o julgamento escolar aconteceria ao ar livre, próximo às nossas cabanas. Eu entrei no banheiro feminino para tomar um banho na banheira.

Logo, Agatha entrou no banheiro também.

— Oh... Desculpe... Tem problema se eu ficar aqui? – Ela deu um passo pra trás – Eu só queria arrumar o meu cabelo e retocar a maquiagem.

Escondi um pouco mais o corpo debaixo da água, deixando apenas cabeça, pescoço e ombros a mostra.

— Pode entrar sim. – Falei e Agatha fechou a porta, se dirigindo até o espelho para se arrumar.

— Eu acho isso estranho... – Ela falou após algum tempo enquanto ainda se arrumava.

— Isso o que? – Perguntei esperando uma resposta do tipo “o jogo de assassinatos” ou algo parecido.

— Os banheiros serem tão próximos da sala de jantar... Só eu que acho isso uma idiotice? Que arquiteto planejou essa casa? – Ela falou se virando pra mim.

— Não sei... – Falei desviando o olhar – Que tipo de pergunta é essa?

— Como assim? – Ela colocou as mãos na cintura.

— É que estamos prestes a arriscar nossas vidas num conselho de classe maluco onde temos que descobrir que um dos nossos amigos é o assassino de outro de nossos amigos ou vamos acabar morrendo. – Falei tudo de uma vez.

— Eu havia me esquecido disso... – Ela cruzou os braços e sua expressão facial se converteu a tristeza, ela abaixou a cabeça e passou a mão em uma das mechas do cabelo.

— Você suspeita de alguém? – Perguntei, porque eu estava sem nenhuma suspeita até agora.

— Não... E eu nem quero ter suspeitas de ninguém! Tá tudo tão confuso... Eu estou torcendo para que tenha sido tudo um suicídio. Eu não suportaria ver um de nós morrendo de novo... – Ela abaixou a cabeça ainda mais e fechou os olhos.

— Se eu soubesse que tudo isso iria acontecer – Suspirei – Jamais teria sido dançarina.

— Entendo. – Ela disse, pondo fim à conversa e se virando para o espelho de novo para terminar de se maquiar.

— Reúnam-se em dez minutos para o Julgamento Escolar! – A diretora disse por auto-falante, acompanhado de uma risada maléfica.

— Então... Eu vou indo... – Agatha começa a andar lentamente em direção a porta.

— Me espera! Eu estou tomando banho! – Peguei a toalha rapidamente, me enrolei. Agatha saiu do banheiro para que eu pudesse vestir a minha roupa e fomos para o Julgamento Escolar, ao ar livre.

Ao chegar lá, já estavam uma boa parte dos estudantes, e a diretora sentada numa espécie de trono ou poltrona. Olhando bem, faltavam apenas William, Bessee e Sophia chegarem.

— Agora faltam somente mais três... – A diretora disse cruzando as pernas na poltrona.

Após algum tempo os que faltavam apareceram.

— Já que estamos todos aqui, vamos começar o julgamento escolar para descobrir o assassino de Colin Eddward. Podem debater entre si. – A diretora sorriu e peguei um saco cheio de pipoca que estava ao lado da poltrona e então começou a comer, como se se divertisse com tudo aquilo.

— Por onde devemos começar? – Mishonni perguntou.

— Quem foram as últimas pessoas que tiveram contato com ele? – Toby perguntou levantando o dedo.

— Durante a tarde eu havia o chamado para vir ao meu quarto a noite. – Taylor respondeu.

— Você foi o último que falou com ele, então você é o culpado! – Bruce gritou.

— Não é hora pra conclusões. E nem está perto da hora. – Louis falou, pacientemente.

— Não foi o Taylor! – Iana gritou – Eu, a Amy e a Florence ficamos no quarto dele durante toda a noite.

— A noite! – Bruce cruzou os braços – E durante a tarde quando ele foi visto pela última vez?

— Mas o crime foi cometido durante a noite... Só se a diretora estava mentindo! – Eu falei me virando pra diretora que saboreava sua pipoca.

— O que? Eu nunca minto! Colin morreu durante a noite! – Ela colocou mais uma pipoca na boca.

— Eu sei de uma coisa... Ele estava indo pro meu quarto quando morreu, tenho certeza! – Taylor falou mostrando dois livros, os mesmos que estavam na praia – Aqui estão os livros que eu o pedi pra levar. E sim, pertencem a ele. Está escrito “Colin Eddward” com a letra dele nos dois. – Taylor mostrou a capa dos livros.

— Agora está claro... – Justin cruzou os braços – O assassino viu o Colin saindo de sua cabana e aproveitou para matá-lo, mas como o corpo foi parar na praia?

— E quanto à arma do crime? Qual foi o objeto pontiagudo que o matou? – Murillo perguntou, deixando mais outra dúvida.

— Relaxem! Eu encontrei a arma do crime! – Bruce tirou do bolso uma faca ensanguentada, mas o sangue já estava seco – Uma faca! – Ela nos mostrou a faca.

— Mas porque tem esse número “3” nela? – Toby perguntou.

— Ontem eu passei na cozinha por volta de uma hora da manhã e uma das cinco facas havia sumido – Bessee falou – Eu reparei que todas as facas tinham números de um a cinco, definidas por tamanho. A número 3 era a faca do meio, que sumiu e foi encontrada na praia.

— Então já sabemos que a arma do crime foi a faca, não é? – Agatha perguntou.

— Não. – Louis falou alto.

— O que foi? – Agatha perguntou.

— Um momento... A arma do crime foi mesmo a faca? – Louis disse cruzando os braços – Ou só foi algo para nos confundir?

— O que quer dizer com isso? Tá óbvio que foi a faca que perfurou o coração do Colin! Porque ela estaria na areia? – Agatha perguntou gesticulando com as mãos – Além disso, segundo a Bessee, uma das facas sumiu, isso não prova que não foi ela que pegou!

Houve um minuto de silêncio entre todas, percebi que caras feias encaravam a Bessee.

— Agatha – Louis disse após um tempo – Eu verifiquei as feridas do Colin, e vocês podem ir verificar agora se quiserem. A ferida no braço era profunda e larga, obviamente foi causada pela faca, mas ele não morreu por corte no braço, mas sim perfuração no coração. E a ferida do coração era pequena e estreita, a não ser que o assassino tenha pegado também a faca número “1” o que é muito fantasioso na minha opinião, a arma do crime não foi a faca. Foi outro objeto pontiagudo e menor, mas os dois objetos foram usados no crime. – Louis parou de falar por um instante e então depois continuou – Ninguém tem mais outra teoria? Vamos discutir, é pra isso que serve o Julgamento Escolar, não é? Argumentos melhores?

Houve uma grande pausa de silêncio entre todos, acredito que todos ainda suspeitavam da Bessee, eu também suspeitava, um pouco, mas não acho que ela seria capaz de cometer aquilo, está tudo confuso...

— Ok... – Agatha falou por fim – Você já provou estar certo! – Ela cruzou os braços – A faca não foi a arma do crime, o que foi então?

— Minha parte favorita – Sophia falou, sorrindo, o que era muito estranho naquele momento em que todos estavam tão apreensivos – Finalmente.

— Como assim parte favorita? – Perguntei.

— Eu e a Bessee encontramos na praia, perto do corpo, um lápis quebrado – Sophia mostrou o lápis quebrado que havíamos visto na praia, tinha um pouco de sangue na ponta.

— Em todos os quartos, literalmente todos, há uma pilha de papéis e um desses lápis no armário. – Bessee cruzou os braços – Certo, diretora?

A diretora parou de comer sua pipoca para responder:

— Sim, eu coloquei para que fosse mais fácil fazer anotações pras investigações... – A diretor colocou a mão no fundo do saco de pipocas, parecia que estava acabando, e tirou um punhado de pipocas, enfiando tudo na boca de vez.

— Com base nisso... – Bessee continuou – Foi fácil descobrir quem é o assassino, aquele que não tinha um lápis no quarto e que o usou para perfurar o coração do Colin.

— Agora vai mandar a gente ir até às nossas cabanas pegar um simples lápis só pra provar que não somos assassinos? – Florence resmungou – Por favor, eu que não vou! Alguém vai lá e pega pra mim. Acha que vou me locomover de onde eu tô só pra pegar um lápis? Nem por dinheiro!

— Não precisa não tá, fofa? – Sophia disse piscando pra ela – A gente invadiu o quarto de vocês e tirou foto dos armários. Relaxem, babies.

— Como é que você invadiu meu quarto, mal amada? – Florence colocou as mãos na cintura e afrontou – A porta fica trancada sempre!

— A Sophia não ia conseguir... Mas eu sou a Lutadora de Nível Super Colegial – Bessee disse exibindo seus músculos.

— Você arrombou a porta da minha cabana? – Florence gritou – Se vocês bagunçaram as minhas roupas quem vai virar lutadora aqui sou eu e vocês vão ver o que vou arrombar!

— Minha filha, cala a boca logo! Eu tô com o fim do caso no meu smartphone, tá tudinho aqui! – Sophia disse ligando o celular.

— E também já sabemos quem foi o assassino... – Bessee sorriu.

— Mas e se alguém trocou os lápis de quarto apenas para incriminar outra pessoa? – Agatha perguntou.

— Mas as portas sempre estão trancadas, Agatha... – Bessee respondeu. Nesse momento as minhas suspeitas da Bessee desapareceram completamente.

— Você é lutadora, deve ter arrombado as portas antes, não? – Agatha cruzou os braços.

— Mas eu e a Sophia fomos a todos os quartos juntas depois, se já tivesse alguma porta arrombada ela veria e desconfiaria que eu era a assassina e o dono da cabana também saberia, né? – Bessee argumentou brilhantemente.

— Você deve ter consertado! – Agatha acusou mais uma vez.

— Como se aqui não nos dão ferramentas? – Bessee já parecia irritada com toda a acusação para si, quando finalmente Sophia falou:

— As imagens carregaram! – Ela virou o celular para todos nós e foi passando as fotos. No quarto de todos havia uma pilha de papéis e um lápis. As fotos foram respectivamente do quarto de Bessee, Sophia, o meu, Iana, Toby, Funy, Bruce, Louis, Taylor, Justin, Murillo, William, Florence e Mishonni. Após mostrar todas as fotos com o lápis, houve um intervalo de silêncio.

— Viram? Todos os quartos têm o lápis! Isso é besteira, vamos seguir outra linha de raciocínio... Que outro objeto pontiagudo pode ter matado o Colin no coração? – Agatha disse rapidamente, já irritada.

— Ah, mon amour – Sophia disse sorrindo pra ela – Segura a marimba aí, nem mostrei todas as fotos.

— O que é marimba? Do que ela tá falando? – Taylor indagou.

— Temos uma última foto pra mostrar. – Sophia virou o celular para si novamente e passou a foto – Preparados? – Ela mostrou o celular com a foto do quarto de Agatha onde havia uma pilha de papéis, sem o lápis.

Após ver essa foto, todos entramos em estado de choque. Agora sabíamos! Agatha era a assassina de Colin! O silêncio estava penetrando na minha alma que não conseguia digerir o que acabara de acontecer.

— Bem – A diretora virou o saco de pipoca de cabeça pra baixo e mais nada havia saído, obviamente havia acabado, então ela simplesmente jogou o saco no chão – Creio que podemos começar a votação, não?

— É uma pena, Agatha... Não vimos o seu lápis em mais nenhum outro lugar do quarto, então o lápis quebrado na praia era seu. Você é a assassina. – Bessee falou, fria porém direta.

— Então que comece a... – A diretora foi interrompida de repente.

— Pois eu ainda não me convenci de que a Agatha é a assassina. – Louis cruzou os braços e fechou os olhos.

— O que um geógrafozinho qualquer sabe? – Sophia ergueu o celular com a foto do quarto de Agatha – Nós temos provas!

— Por mais que eu tenha achado a atitude de vocês brilhante, não prova que o lápis quebrado na praia era dela. – Louis abriu os olhos e falou pacientemente.

— Como assim? – Bessee ergueu o punho e deu um passo a frente, mas foi contida por Sophia.

— Vocês tiraram fotos do quarto do Colin? – Ele perguntou.

— Achamos que seria falta de respeito invadir o quarto dele... – Sophia justificou – Após a sua morte...

— Então o lápis pode ser do Colin ou da Agatha – Louis disse – E se ele estava indo se encontrar com o Taylor quando o culpado tentou o matar com a faca? Mas na briga, o assassino pegou o lápis de Colin e o assassinou com o lápis dele, perfurando-o no coração e matando-o, e isso nos dá suspeita de qualquer um novamente... – Louis encerrou.

— Mas isso não explica porque o lápis da Agatha não estava na cabana dela. A menos que ela nos mostre o lápis dela agora, ela deixará de ser a principal suspeita! – Bruce apontou pra ela.

Antes que Agatha pudesse se pronunciar uma voz meio rara de ser ouvida passou pelos ouvidos de todos:

— Eu posso dar o fim ao caso... – William se pronunciou e tirou do bolso um lápis como o dos outros, inteiro.

— De quem é esse lápis? – Sophia perguntou – O de todos estavam em seus quartos.

— Do representante de turma, achei no bolso da calça dele. – William respondeu – Que garantia dou que o lápis não é meu? Se eu tivesse pegado o meu lápis apenas pra falar isso aqui, a blogger e a lutadora não teriam o encontrado no meu quarto, então é sim do Representante de Turma.

— E se você pegou de outra pessoa? Arrombaram as portas! – Agatha argumentou.

— Mas eu não tinha como saber que elas fizeram isso. – William desviou o olhar pra Agatha e então voltou a nós – Continuando, ele levava isso para o programador quando foi pego se surpresa por alguém com uma faca. Numa tentativa de assassinato, a faca cortou o braço do representante de turma e ele correu para a praia, para tentar se salvar, mas o assassino foi atrás dele. Ele brigou com o assassino e consegui fincar a faca na areia, deixando o assassino sem armas. Bem, era o que ele pensava. Enquanto ele estava fraco pelo seu ferimento no braço, o assassino aproveitou e pegou o seu lápis que sempre leva a todos os lugares, enfiou em seu coração, matando-o.

Houve uma pausa, e William deu um pigarro e então continuou:

— E quis fingir que foi uma auto mutilação seguida de suicídio. Pegou a corda da domadora, já que a mesma deixou a sua porta aberta na noite de passada e todos aqui sabem muito bem disso, ela foi perguntando a todos se viram sua corda. Pois bem, o assassino usou a sua corda para pendurar o representante de turma pelo pescoço num coqueiro, mas aquele nó não se parecia nada com nó de suicídio, não é domadora? Num momento de desespero, com medo de que alguém visse, o assassino fez um nó qualquer, deixou o lápis jogado no chão, junto com todas as outras coisas. Agora, quem é a pessoa que fez tudo isso? Já se perguntaram quem levaria papéis e lápis a todos os lugares se não a Jornalista de Nível Super Colegial. – William apontou pra Agatha com o lápis, fechou um dos olhos e fez com o que lápis parecesse uma arma – Bang! – Ele diz como se tivesse atirado.

— Faz sentido – Florence riu – Ontem eu fui procurar a Agatha por que queria que ela escrevesse em seu jornal que eu quebrei a minha unha, mas acabei não a encontrando na cabana, foi o momento exato em que ela estava assassinando o Colin – Florence riu outra vez enquanto todos encarávamos Agatha horrorizados – Ei, Sophia, você vai escrever sobre mim, né?

— Pode deixar, fofa! – Sophia respondeu.

— Agora sim vocês chegaram numa decisão, não? – A diretora levantou-se da poltrona – Vocês afirmaram que Agatha Green foi a assassina de Colin Eddward!

Houve um silêncio entre todos nós, enquanto Agatha derramava lágrimas.

— E acertaram! – A diretora ergueu os braços, sorridente – Parabéns! Vocês continuam vivos, menos Agatha...

— Agatha... – Falei quase chorando – Porque você fez isso?

— Eu queria sair daqui... – Ela abriu os olhos, ainda chorando, borrando toda a maquiagem que ela havia ficado tanto tempo fazendo no banheiro. Se maquiou pra morrer – Eu iria escrever uma matéria sobre tudo o que aconteceu aqui, ficaria rica e famosa com a melhor notícia do mundo! E essa mulher louca seria presa e condenada a morte! – Agatha apontou pra diretora com expressão de raiva.

— A única condenada a morte aqui foi você, linda. Nem tente escapar ou o colarzinho explode – A diretora riu, mas logo desfez essa expressão – Uma pena que o desejo de uma vida bem sucedida como jornalista atrapalhou todas as suas férias na ilha, Agatha... – Houve um momento de silêncio, muitos choravam, outros ficavam quietos, tristes.

A diretora finalmente falou:

— Chega de drama e lamentação! Está na hora da punição! – Ela falou “punição” rindo.

— Punição? – Agatha arregalou os olhos.

— Você será condenada pelo crime que cometeu, Agatha Green. Me siga. – Agatha seguiu a diretora, sem mais forças pra dizer qualquer outra coisa.

De repente, uma televisão que estava ali o tempo todo, mas só notamos incrivelmente quando ela ligou, talvez porque estava de noite. Nela, aparecia a imagem da diretora:

Olá estudantes, por meio dessa televisão, vocês podem acompanhar a execução de Agatha Green, a assassina de Colin Eddward, jornalista de nível super colegial. Eu preparei uma execução especial para ela.

Muitos saíram. Muitos ficaram. Eu fiquei. Estava paralisada com tudo.

Agatha foi colocada numa grande cadeira de ferro, de tortura. Um microfone gigantesco apareceu, além de vários auto falantes que começaram a emitir sons perturbadores. Era visível a agonia no rosto de Agatha, presa a cadeira por algemas. O som ficou tão agudo que os ouvidos de Agatha explodiram e ela começou a gritar de dor, o sangue jorrava dos lados da cabeça dela, e então uma enorme câmera fotográfica apareceu e tirou várias fotos de Agatha, em uma das fotos, o flash foi tão grande que o monte de papéis que estavam ao redor do local foi incendiado e o local por inteiro pegou fogo, junto de Agatha, na cadeira, o som se cessou assim que o fogo alcançou os auto falantes e os destruiu.

Após essa cena, a televisão desligou. Fiquei traumatizada. Eu voltei para o meu quarto, cabisbaixa. Sem dar mais nenhuma palavra. Isso é realmente um pesadelo. E não é um pesadelo qualquer, é o pior pesadelo que uma pessoa pode ter o azar de ter. Infelizmente, era tudo realidade.

Já morreram dois. Eu estou com medo.


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