The New Pack escrita por Saffra Everdeen Mellark


Capítulo 22
Ela não pode saber




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POV Acacia

Acordo com o sol a bater-me na cara, não sei como consegui dormir tanto, sendo que aquela coisa anda aí fora a ameaçar a vida de todos nós. Tudo é sabido, há bilhetes que chegam a indicar mortes e elas realmente acontecem, o pessoal tem medo, e eles têm todas as razões do mundo.

Decidi sair da cama, já dormi demasiado por hoje. Tomei um banho para acordar e tirar o cheiro a animal que me veio às narinas, definitivamente eu tresandava. Às vezes pergunto-me como o Thomas consegue ficar perto de mim, o meu cheiro a cão suado é terrível!

A Allison tem ficado muito isolada. Ainda penso que foi um erro apagar-lhe as memórias, mas fazer o quê? Já considerei contar-lhe, não tenho medo das ameaças da Lydia, o meu pai nunca a perdoaria, nem ninguém. Ultimamente tenho sabido por ela quando passo em casa do Scott, o que não tem acontecido muito, por isso tenho que lhe ligar. Por alguma razão, ela não me atende muito e a única forma de obter informações é a partir do meu primo que me conta que ela tem andado cabisbaixa. 

O meu pai e a Lydia, apesar de toda a confusão existente, estão a uns dias do maldito do casamento. Estou a pensar seriamente em não aparecer, não estou com disposição para vestir o vestidinho a condizer com a gravada do Thomas, feita dama de honor, ali com um sorrisinho mesmo forçado.

No entanto, já ultrapassei a separação dos meus pais. A única razão pela qual eu ainda não voltei a falar com o meu pai é porque a noiva ruiva dele está sempre em cima, a querer saber de tudo e sempre com aquela cara de enjoada e aquele olhar enojado sobre mim. Até há pouco tempo, eu adorava a Lydia, adorava o meu pai, adorava toda a gente. Neste momento, não posso ver aquela ruiva à frente, não consigo estar com o meu pai por causa dela, e maior parte das pessoas que eu amei algum dia estão mortas ou em perigo de vida, muitas delas estão destruídas e é quase como se estivessem mortas por dentro.

Assim que acabo de tomar banho decido vestir-me. Por esta altura, a minha mãe também já deve estar acordada. Desço as escadas para comer qualquer coisa porque pronto, eu ainda gosto e preciso indispensavelmente de comer. Quer dizer, eu deixo de fazer muitas coisas quando estou em perigo, mas eu sou capaz de comer enquanto fujo porque isso nunca pode faltar.

—O que é que raio é isto? - esta foi a minha reação perante a cena instalada na minha sala/cozinha. - Que é que raio estás aqui a fazer?

—Bom-dia - a minha visão? Jason Raeken, o rapaz inglês, refastelado no MEU sofá, na MINHA sala, na MINHA casa, isto claro, com toda a satisfação do mundo. Mas a voz não era dele, era de outra pessoa, viro-me com curiosidade e deparo-me com alguém que eu não esperava ver aqui. Oh, a minha mãe tem que me explicar esta história muito direitinha!

—MÃE! PORQUE É QUE O TEU CHEFE E O FILHO INSUPORTÁVEL DELE ESTÃO CÁ EM CASA? - gritei para que ela me ouvisse, o que parece ter resultado, já que ela desceu.

—Porque há uma reunião em casa do Scott, reunião essa para o qual estamos atrasados porque alguém ficou a dormir até tarde - eu reviro os olhos. Sinto-me sempre culpada quando adormeço e chego tarde aos meus compromissos, exceto à escola, claro, essa aí eu não me comprometi com ela, fui forçada...

—Eu vou no jipe do pai! - começo logo e viro-me para completar a minha decisão antes que me obriguem a fazer algo para a qual não tenho paciência alguma. - Sozinha.

—Toca a despachar, já devem estar à nossa espera, Bela Adormecida - o inglês irritante diz e eu prego-lhe um soco no nariz antes de sair. 

Entro dentro do meu carro e ligo-o. Aproveito e ouço uma música qualquer do rádio, devia ter ficado a dormir em casa do Thomas, já estaria acordada e em casa do Scott. 

Quando dou por mim estou estacionada em casa do Scott, dois carros estacionam atrás do meu, o da minha mãe e o do Theo. Saio e tranco o meu jipe. Tiro a chave e abro a porta da casa McCall, entrando seguida dos meus acompanhantes. Tal como esperado, todos já estavam instalados na sala para a reunião.

—Bom-dia. Peço desculpa pelo atraso - sou sincera. Olho em volta e vejo a Lydia com o meu pai, questiono-me a mim própria se devo ir lá cumprimentar a figura masculina. Acabo por ignorar e vou lá de qualquer forma. Inclino-me e dou-lhe um beijo na bochecha. - Olá, pai.

—Olá, Acacia - ele parece aliviado e feliz com a minha ação. Descobri por mim própria que não vale a pena renegar o meu pai, aquele que me ama, por causa da bruxa da noiva dele que é minha sogra.

—Foi uma surpresa não teres dormido com o Thomas - o ser ruivo ao lado comenta sem lhe ter sido pedido.

—Para mim também foi uma surpresa dormires com o meu pai quando já eras casada - sorrio ironicamente e consigo ouvir a minha mãe a prender o riso, juntamente com o Liam e o Thomas. Vou para perto dele e beijo-o rapidamente. Olho em volta e vejo duas presenças que não esperava. - Que é que eles estão a fazer aqui?

—A Allison está melhor e ela tem passado algum tempo comigo, o Darius é o filho dela, é legitimo ele também comparecer - olho para o Scott com um olhar de "Estou capaz de te matar", sinto os meus olhos mudarem de cor, mas rapidamente fecho-os e volto ao normal.

—Oh, estás a ver a Allison? - ouço a minha mãe perguntar, noto os batimentos cardíacos dela alterar, provavelmente está tão chocada como eu.

—Eu sei que eu fiz coisas terríveis, mas eu não estava bem, não era eu ali. Eu também sei que nunca me vais perdoar, mas eu sei que ao menos te expliquei porque o fiz - o Thomas abraçou-me de lado como uma forma de encerrar o assunto.

—Falando de novo, este ser que nos tem atormentado é poderosíssimo em vários aspetos e não sabemos do que é capaz - o Thomas começa a introduzir o verdadeiro assunto desta reunião.

—É uma banshee, ou pelo menos tem alguma a trabalhar no assunto. Ninguém consegue prever tanta morte - eu anuncio. - A questão é como revelá-la.

—Temos duas opções, podemos usar um banshee ou uma divergente - a Allison Argent meteu-se, ela no fundo é a caçadora, ela sabe o que fez.

—Ou podiam usar alguém ainda melhor. Não é o Cão do Inferno que tem uma ligação com a banshee? - a minha melhor amiga mete-se e todos olhamos para ela. - Pensem, se arranjarem um Cão do Inferno, vocês têm uma chance de descobrir algo.

—Era capaz de ser uma boa ideia - o Thomas concorda e eu penso como ele. A Allison estava certa, não sei se é do seu conhecimento ou do seu lado caçadora, mas ela disse algo brilhante.

—Nesse caso, eu vou falar com o Parrish e ver o que ele consegue fazer - a Lydia levanta-se para sair e o meu pai segue-a.

—Bem, penso que a reunião terminou... - o Liam intervém. - Eu vou para casa, vou ver se almoço qualquer coisa em condições. Thomas, podes levar a Acacia.

—Vens? - ele convida-me e eu sorrio.

—Claro! - eu aceito prontamente, talvez seja bom relaxar durante uns momentos. Isto tem-me deixado doente, o não saber nada ou saber pouquíssimo dá cabo de mim, não me dá informação suficiente para proteger as pessoas que são inocentes.

—Também podes vir, Malia - o Liam convidou a minha mãe que se virou para ele de imediato.

—Claro - ela aceita prontamente e dirige-se para a porta.

—Malia... - o Scott chamou-a mas ela saiu. Não percebi esse comportamento, mas terei que investigar isso depois.

—Ok... Allison, falamos mais tarde, ok? Calculo que o meu primo e tu vão sair hoje... - lanço-lhe um sorriso e ela responde com outro um tanto quanto forçado. O Derek chega perto dela e abraça-a, dando-lhe também um beijo na cabeça.

—Hoje vamos um filmezinho cá por casa mesmo - ele conta-me e eu fico feliz por eles se terem um ao outro. Acho que são a combinação perfeita, eles precisavam de ser felizes, e se o são um com o outro, eu aceito isso com grande felicidade.

—Está bem, depois nós falamo-nos. A minha mãe está estranha e ainda tenho que decifrar o porquê - dou um beijo na bochecha de cada um deles, e dou um grande e apertado abraço à Allison. Sinto-a sempre tão distante ultimamente e não sei... já me perguntei se a tenho deixado de lado ou se ela simplesmente já não gosta de passar tanto tempo comigo como dantes. Confesso que sinto imenso a falta dela e de como as coisas eram antes disto tudo.

—Malia, está a começar a notar-se e não tarda a Acacia vai saber. Mas pior, ele merece saber o que aconteceu - ouço o Liam aconselhar a minha mãe. De que é que raio é que eles estão a falar?

—Liam, eu não posso dizer-lhe, eu nem sei que fazer! A Acacia não pode descobrir nada, pelo menos, não por agora - ela meio que sussurra. Decido acabar com o ouvir a conversa e apareço.

—Vamos? - chego e noto que eles se assustam. Opto por fingir que não sei de nada, é melhor assim. Se por agora eu não posso saber, vou respeitar isso, ela acabará por dizer-me ou eu acabarei por descobrir.

Agora o que ela esconde intriga-me, o que pode ser tão grave assim?

 


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