A Piece of Us escrita por Kokoro Tsuki


Capítulo 8
08 — Internção


Notas iniciais do capítulo

OLHA NÓS DE NOVO AQUI GRAÇAS A INÊS BRASIL LINDA DO MEU CORAÇAUM~

Oi gente, tudo bom? Dona autora aqui dizendo que ama vocês com um capítulo novo ♥ Ah, eu preciso avisar que a frequência das atualizações talvez caia um pouquinho, tá? Eu estou entrando naquele maldito bloqueio criativo, e ainda por cima tem umas outra história pra atualizar hahahaha, então me discurpa -p

Enfim, vamos ao capítulo pessoas lindas ♥



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Internação

 

INTOXICAÇÃO alimentar. Internado por alguns dias.

Essas eram as palavras que invadiam a cabeça de Yuuri enquanto o médico falava sobre o estado de saúde de seu filho, mas sequer conseguia prestar atenção, tamanho nervosismo e sentimento de culpa. Em sua cabeça passavam as mais variadas possibilidades, teria sido o bolinho de arroz do jantar? O Katsudon do almoço? O peixe de dois dias atrás? Ou mesmo o leite que Yukiteru tomara antes de dormir?

E mais importante, Yuuri se perguntava o que havia feito de errado para que adoecesse o filho. Sabia estar sendi insano, afinal, coisas como aquelas não poderiam ser controladas, mas ainda assim era como se tivesse erado em algum ponto, e agora seu menino estaria preso a uma cama de hospital por sabe-se-lá quanto tempo.

Ao seu lado, Victor ora lhe encarava, ora se voltava ao que o médico falava. O russo sentia seu coração bater com força, e rapidamente, como se fosse a qualquer momento sair por sua boca, e se quesionava se era essa a sensação que Yuuri tivera cada vez que Yukiteru havia ficado doente em seus três anos de vida, e mais do que nunca, queria estar ao lado do menino, mesmo que consequentemente isso significasse ficar ao lado do outro pai deste.

"Por quanto tempo?" o moreno finalmente teve coragem de externar, levantando os olhos cobertos pelos óculos de armação azul. "E quando... Ele vai ser intenado?" a voz de Yuuri tremeu com a última sentença, e ele se sentiu com as mãos atadas.

"Eu sugiro que seja feito imediatamente." o profissional respondeu, o fitando de cima abaixo. Aquilo estava deixando Yuuri desconfortável desde que haviam entrado naquela sala. "E bem, como é uma criança, os sintomas da intoxicação são mais graves, assim como seria em um idoso, ainda mais levando em conta a idade." deu de ombros, e seus olhos baixaram para fitar os formulários. "Mas como se trata de um menor, eu preciso da autorização da senhorita para que possa iniciar a internação agora."

"Pode por favor me chamar de senhor?" Yuuri pediu, ainda que soubesse que para algumas pessoas, não adiataria insistir. Seria pedir demais ter sua identidade de gênero respeitada? Soltou um longo suspiro, e pegando uma caneta, assinou onde o médico lhe indicava. Já estava nervoso, e ter sua própria identidade desrespeitada em nada ajuda em seu estado emocional.

O profissional da saúde ainda disse algo em relação a iniciarem o processo imediatamente, mas o Katsuki não ouviu, saindo da sala antes sendo prontamente seguido por Victor. Yuuri sabia aque sua atitude não era nada racional, mas queria envolver o filho em seus braços e abraçá-lo com toda sua força. Ele era seu porto seguro, e nada mudaria isso.

Talvez depois ligasse à Yuko e lhe avisaria que estaria ausente no Ice Castle por tempo indeterminado, talvez nem avisasse, afinal, em uma hora ou outra a maiga acabaria por saber. Se aproximou do casal de noivos na ala de espera, e a primeira coisa que fez foi pegar o menino ainda adormecido do colo do cazaque, e lhe apertar contra seu corpo, como se pudesse protegê-lo do mundo, ainda que estivesse ciênte de que era impossível.

"O que aconteceu, Katsudon?" Yuri perguntou, e arqueou uma sobrancelha de leve para a maneira desesperada que o japonês parecia abraçar Yukiteru.

"O Yuki vai ter que ficar um tempo aqui." foi Victor quem respondeu, para em seguida suspirar. Sentia que o ex-noivo não estava lá na melhor condição de dizer alguma coisa, e o entendia completamente, afinal, também queria abraçar o menino com força, e dizer que tudo ficaria bem. "E vocês dois vão voltar à Yu-topia, vão ter uma uma apresentação importante daqui alguns dias e o Yakov já deve estar arrancando os cabelos."

"Você não é meu avô para mandar em mim desse jeito, velho!" o louro gritou, para logo em seguida ser repreendido por uma das recepcionistas ali. Baixou o tom de voz, para em seguida fitar o russo mais velho com seus olhos de um verde intenso. "O Katsudon Junior vai ficar bem?"

Victor sorriu terno. Ouvir Yurio falando daquela menira sobre seu filho, como alguém querido, conseguia lhe tirar um pouco da preocupação de seus ombros.

"Claro, se ele for como eu logo estará patinando de novo." respondeu em meio a um riso, tentando tranquilizar a fada russa, ainda que Yuri não parecesse ter acreditado completamente, acabando por apenas aceitar sair com um pedido de Otabek. Para Victor, eles eram o casal mais perfeito que conheceria em sua vida.

E pensar que esse casal poderia ser Yuuri e ele, casados e com um filho.

Balançou a cabeça negativamente, de forma a espantar os pensamentos que inundavam sua mente e caminhou novamente em direção a Yuuri, que tentava embalar Yukiteru. A criança parecia ter acordado e, com dore, voltara a chorar de forma sentida, dolorida. Victor sentia seu coração na mão diante a cena.

Tocou nos cabelos escuros do garoto, que escondeu a cabeça contra o peito do moreno. Por um momento se perguntou o porquê de crianças precisarem ficar doentes. Eles, os pais, não podiam tomar essas doenças para si?

"Se quiser, Victor" ouviu a voz de Yuuri, e no mesmo segundo se voltou para ele. "Pode ir. Só permitem um acompanhante no quarto, e eu vou ficar com o Yuki. Você deve estar cansado."

Victor ainda demorou um pouco para responder, como se não conseguisse acreditar no que acontecia, e agora começava a repensar: pela primeira vez, estavam conversando em paz, sem rancor, sem raiva ou ironia. Eram como dois pais preocupados discutindo sobre a saúde do filho — e na realidade, não era muito diferente disso. E de certa forma, isso lhe aquecia o peito, sentia um pequeno desejo que poderem conversar daquela maneira sempre.

"Vou ficar." respondeu, e deu de ombros em seguida. Victor não percebeu quando começou a sorrir. "Vou esperar o horário de visitas, e ficar aqui com vocês."

Yuuri apenas assentiu, para em seguida suspirar uma outra vez. Não sabia quanto tempo ficaria ali, mas certamente demoraria a passar.

 

—...—

 

Algumas horas já haviam se passado quando Victor se sentou em um banco do lado de fora do quarto infantil, esperando que o horário de visitas se iniciasse. Batia os pés no chão de maneira impaciente ao aguardar, quando tudo o que mais queria era entrar ali. Já havia sido reconhecido por algumas pessoas, dado autógrafos a outras e até mesmo tirado fotos com alguns fãs, mas naquele momento, sua fama era o que menos importava.

Ele mesmo não sabia quantas vezes havia consultado o aparelho celular, esperando que finalmente apontasse as doze horas em ponto. Uma das enfermeiras até mesmo chegara a ir falar com os médicos, com o diretor do hospital para liberar a visita de Victor antes do horário marcado, mas o pedido fora negado.

Respirou fundo, e levantou a cabeça assim que viu Yuuri abrir a pora do quarto e sair em seguida, avisando que poderia entrar. Victor sorriu, e seguindo o moreno, entrou.

"Como ele está agora?" perguntou, ainda que sorridente, Victor se corroía de preocupação.

"Bom, o Yuki está bem melhor." deu levemente de ombros e Victor percebeu o quanto Yuuri parecia tenso e cansado. "Agora ele está dormindo mais tranquilo e a febre baixou, acho que por causa do soro."

E apenas naquele momento o russo notou o tubo de soro ligado a uma das veias do menor, e a área um pouco avermelhada e inchada. Aquilo lhe doía o coração, ainda que soubesse o quanto era necessário.

"Você já ligou para sua casa?"

"Sim, mas o Yurio já tinha avisado tudo mundo." respondeu, para se sentar em uma das cadeiras ao lado da cama do filho, e Victor fez o mesmo. "Não importa quantas vezes o Yuki fique doente, eu continuo agindo como se fosse a primeira vez que ele teve uma febre ou uma cólica, com o mesmo desespero."

"Eu imagino que tenha sido difícil para você." Victor sentiu vontade de se estapéar com as próprias palavras. Era claro que havia sido difícil, ainda mais estando sozinho. E em seu íntimo, Victor desejava ter estado ao lado dele naqueles momentos, talvez não de forma romântica, mas gostaria ao menos de poder tê-lo apoiado.

"Foi, muito." Yuuri disse, entre um suspiro pesado. Sequer havia percebido que estavam conversando normalmente, sem ataques, sem rancor. "Mas eu tive minha família e os Nishigori por perto. Ah, e o Phichit também."

"Phichit?" o mais velho arqueou de leve uma das sobrancelhas. O tailandês sabia da existência de seu filho e ele não?

"Sim, ele tem sido mais que nunca meu melhor amigo." Yuuri se inclinou para acariciar os cabelos do filho. Um sorriso de desenhava em seus lábios por já não sentia uma alta temperatura vinda da testa do menino. "Aliás, me pergunto se ele já chegou. Quando liguei, de manhã, ele disse que viria o mais rápido possível."

Quando Victor não respondeu, Yuuri não estranhou, e apenas se concentou em acariciar os cabelos escuros da criança adormecida. O outro não sabia exatamente o que dizer, e muito menos identificar o sentimento que crescia em seu peito? Ciúmes? Nunca, Victor Nikiforov não sentia ciúmes. Além de que, sempre soubera que tanto Yuuri quanto Phichit eram bem próximos, e moraram juntos por cinco anos.

Algumas outras questões permeavam sua mente aos poucos. Da última vez, eles eram amigos. E hoje, o que seriam? Teriam algum outro tipo de relação? E por que estava pensando nisso ao invés de se preocupar com Yukiteru, que apesar de não estar mais com febre, continuava doente.

"Vocês estão namorando?" antes mesmo que tivesse percebido, Victor perguntou para se arrepender instantaneamente em seguida. "Oh, não precisa responder, isso é pessoal. Desculpe."

"Eu não vou responder." foi a única fala de Yuuri, antes de dar de ombros novamente. "Você sabe que o Phichit e eu somos quase como irmãos. Ele esteve ao meu lado sempre, e me ajudou muito com o Yuki, nada demais. E eu nem deveria estar me justificando para você, para começo de conversa, não temos mais nada."

Ele está certo. Não temos mais nada, não tem porque ficar com essas perguntas idiotas, mas...; pensou, e seus olhos azuis se voltaram a criança adormecida, e logo depois para o teto branco acima de si. Mas ainda assim não gosto de pensar nisso... Ah, para Victor! Você é um homem adulto de trinta e dois anos, não pode estar com ciúmes do melhor amigo do seu EX, só porque ele soube do seu filho antes de você.

Soltou um longo suspiro e cruzou os braços, não havia mais o que dizer, apenas fechar os olhos enquanto ouvia a voz do jovem patinador tailandês encher o quarto.


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Notas finais do capítulo

Tchau meus bb lindjo ♥ Até o próximo ♥