Pov Viktor

A esta hora ela deve estar em lua de mel, mas não é comigo, eu a perdi, não fui capaz de conquistá-la.

Esse banho não está me relaxando, levantei-me da bainheira e me sequei, enquanto colocava a camisa ouvi um grito, alguém me chamava, não alguém Ela. 

Hermione não está aqui, ela está casada, disse a mim mesmo. Abotoei a camisa e segui para a sala, joguei-me no sofá. A inquietação me venceu, afinal não custaria muito do meu tédio ir até lá, peguei a varinha e caminhei para a porta, as pedras da trilha até o portão machucavam meus pés descalços.

Abri o portão e vi a rua escura, não consegui acreditar no que meus olhos estavam vendo, ali estava ela de joelhos no meio da rua e pouco distante dela havia alguns homens caídos, tirei as proteções e corri para a rua, ela estava de perfil e quando me aproximei apontou a varinha para mim.

— Hermione...

— Viktor. - Disse ela levantando-se cambaleante, ela me abraçou. - Não acredito que te encontrei. 

Lágrimas percorriam as bochechas dela, eu segurei seu rosto entre as mãos e o virei,  o canto de seu lábio do lado  esquerdo sangrava.

— O que faz aqui? 

— Não pude me casar.

Pov Hermione

Viktor me guiou para dentro de sua propriedade, fiquei parada enquanto ele colocava feitiços de proteção ao redor da casa. Então caminhamos por uma trilha de pedras que levava a varanda de uma casa escura, a unica luz saía de uma janela de vidro. Meu salto enterrou-se nas pedras e me desequilibrei, sem qualquer aviso, Viktor me pegou no colo e levou-me até a varanda.

O segui para dentro da casa. A sala era aconchegante e pequena com um sofá, uma mesa de centro e uma lareira. 

— Sente-se, vou cuidar dos seus machucados.

Sentei-me no sofá e coloquei a bolsa de lado. Viktor saiu por um corredor, tirei os saltos e senti o chão de madeira sob meus pés. 

Viktor voltou molhando um algodão com uma poção, ele sentou-se ao meu lado e colocou o frasco sobre a mesa.

— Me deixe ver. - Pediu. Inclinei o rosto e ele colocou o algodão sobre meu ferimento. Gemi em desconforto com o ardor. - Me desculpe.

— Não. - Falei enquanto segurava a mão dele que começara a afastar-se do meu rosto.- Eu é que peço desculpas, passei os ultimos anos tentando fingir que não te amava quando cada célula do meu corpo clamava por você. Eu te amo Viktor...

Ele me interrompeu com um beijo rápido e maravilhoso antes de afastar o rosto do meu, seu hálito tinha cheiro de menta, seus dedos roçavam carinhosamente em meu rosto e a pele dele cheirava a sabonete.

— Eu também te amo, sempre amei. - Sussurrou ele. - Eles te machucaram em mais algum lugar? Aqueles drogados?

— Meu braço direito. - Falei. Viktor tocou meu braço e apertou com cuidado, contorci o rosto em desconforto.

—Não acho que esteja quebrado, talvez só tenha machucado alguns musculos, nada que uma massagem não resolva. -  Ele começou a massagear meu braço observei as sobramcelhas arqueadas dele, suas mãos causavam-me arrepios.  

— Como sabe tanto sobre machucados? - Perguntei.

— Sou um atleta lembra? Me machuco o tempo todo. - Nós rimos.

Nossos olhos se encontraram e demoraram-se, como se um quisesse ver o que o outro estava pensando, Viktor pigarreou e pegou o frasco de poção. 

— Quer beber alguma coisa? - Perguntou. Assenti. - Já volto.

Ele caminhou de volta pelo corredor, olhei ao redor e vi uma foto nossa no baile da escola, Viktor beijava minha mão e erguia os olhos para mim, ambos rimos, a cena se repetiu, eu sequer sabia da existência dessa foto.

Viktor voltara com duas taças e uma garrafa de vinho, mas eu não queria beber, não queria conversar sobre as razões que me levaram alí, só queria me perder nos braços dele. 

Aparentemente, Viktor também não queria beber, ele colocou as taças e a garrafa na mesa e enterrou a mão em meus cabelos olhei fundo nos olhos dele e o segurei pelo rosto.

Nossos lábios se encontraram com o ardor e a saudade de anos sem se encontrar. Viktor agarrou-me pela cintura e me puxou para junto de si, ele me ergueu do sofá e parou o beijo ambos rimos e inspiramos profundamente, ele me colocou no chão quando abriu a porta de um quarto.

Amanhã nós conversariamos sobre meu caminho até aqui, amanhã teria medo da exposição de um relacionamento com Viktor Krum, amanhã nós fariamos qualquer outra coisa, mas hoje, hoje apenas seriamos um do outro com o amor e a saudade que ambos guardamos em nossos corações todo esse tempo.