The Potter's Hope escrita por Sra James Sirius Potter


Capítulo 3
O Conto do Seboso


Notas iniciais do capítulo

O capitulo ficou beeeeeem longo, já aviso, mas espero que gostem.

Boa leitura...



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No capitulo anterior...

Pansy curiosa, fez o que a mãe pediu. Leu a carta e ficou chocada. Então era por isso que a mãe não a amava, ela era adotada! Logo, sentiu lagrimas imergirem de seus olhos e caminhou até a penseira despejando os oito frascos ali dentro, se preparando para o que quer que fosse descobrir ali...

Mas nem em um milhão de anos, esperava descobrir o que descobriria a seguir... Um segredo que deveria guardar a sete chaves, de tudo e de todos, um fardo que passaria a aguentar sozinha e um futuro a decidir e mudar...

Após despejar os oito frascos, Pansy decidiu não ter medo, já estava ali mesmo. Apenas fechou seus olhos e mergulhou com tudo na penseira, sendo levada a uma época e tempo, completamente diferente.

Como se tivesse sido sugada por outra dimensão, caiu em um lugar ensolarado, e seus pés encontraram o chão quente. Quando ela se endireitou, viu que estava perto de um playground deserto. Uma única e grande chaminé dominava o distante horizonte. Duas garotas balançavam-se para frente e para trás enquanto um garoto magricela escondido atrás das moitas as observava silenciosamente. Seus cabelos negros e oleosos muito compridos estavam tão desalinhados que parecia ser de propósito, usando uma calça jeans muito curta, um casaco muito grande e esfarrapado que deveria ter pertencido a um homem adulto e uma estranha camiseta que mais parecia um avental.

Cuidadosamente, se aproximou do garoto e ele não parecia ter mais do que nove ou dez anos, e era amarelado, pequeno, fibroso. Seu rosto fino apresentava uma cobiça indisfarçável quando ele olhava para a mais nova das garotas, que se balançava cada vez mais alto do que sua irmã. Pansy chegara a achar que o garoto havia se apaixonado pela mesma.

— Não faça isso, Lílian! - gritou a mais velha das duas.

Mas a garota tinha levado o balanço até a maior altura de seu arco e voou no ar, quase que literalmente, lançando-se para o céu com gritos de risadas, e ao invés de se espatifar no asfalto do playground, ela subiu como uma trapezista pelo ar, ficando no alto por muito tempo e aterrisando brilhantemente.

— A mamãe disse para você não fazer isso!

Petúnia parou o seu balanço, fazendo um barulho agudo e arranhado ao fincar os calcanhares das sandálias no chão, e saltou, com as mãos nos quadris.

— Mamãe disse que você não tem permissão, Lílian!

— Mas eu estou bem, - disse Lílian, rindo. – Túnia, olhe isso. Olhe o que eu posso fazer.

Petúnia olhou em volta. O playground estava deserto, embora as garotas não soubessem que um garoto estava ali. Lílian pegou uma flor caída da moita atrás da qual o garoto espreitava. Petúnia aproximou-se, evidentemente dividida entre curiosidade e desaprovação. Lílian esperou que Petúnia se aproximasse o suficiente para ter uma boa visão, e então ela abriu a palma da sua mão. A flor, que ali estava, abria e fechava suas pétalas, como uma ostra bizarra cheia de lábios.

— Pare com isso! -gritou Petúnia.

— Não está te machucando, - disse Lílian, mas ela fechou sua mão sobre a flor e a jogou no chão.

— Não é certo, - disse Petúnia, mas seus olhos seguiram o vôo da flor ao solo e permaneceram nela. - Como você faz isso? - ela acrescentou, em um tom de voz longo e claro.

— É óbvio, não é? - o garoto saiu de trás da moita, não podendo mais se conter. Petúnia gritou e correu para trás dos balanços, mas Lílian, embora claramente assustada, permaneceu onde estava. O garoto pareceu se arrepender de ter aparecido. Um pequeno rubor apareceu nas suas bochechas amareladas assim que ele olhou para Lílian.

— O que é óbvio? - perguntou Lílian.

 O garoto tinha um ar de nervosa excitação. Com uma olhada na distante Petúnia, agora parada ao lado dos balanços, ele baixou a voz e disse, - Eu sei o que você é.

— O que você quer dizer?

— Você é... você é uma bruxa, - sussurrou o garoto.

Ela olhou ofendida, como se a chamar de bruxa fosse um xingamento.

— Isso não é uma coisa muito agradável de dizer para alguém!

Ela se virou, com o nariz arrebitado, e foi em direção da irmã.

— Não! - disse o garoto. Ele estava muito vermelho agora, e Pansy pensou porquê ele não tirou aquele casaco ridículo e grande, a não ser que fosse para não revelar o avental embaixo dele. Ele adiantou-se em direção às garotas, parecendo ridiculamente um morcego.

As irmãs o avaliaram, unidas em desaprovação, ambas segurando um dos postes do balanço, como se fosse mais seguro.

— Você é, - disse o garoto para Lílian. - Você é uma bruxa. Eu estive te observando por um tempo. E não há nada errado nisso. Minha mãe é uma, e eu também sou um bruxo.

A risada de Petúnia foi como água fria.

— Bruxo! - ela gritou, sua coragem retornando agora que ela tinha se recobrado do choque da presença inesperada do garoto. - Eu sei quem você é. Você é o filho do Snape! Eles moram lá embaixo na Rua da Fiação, perto do rio, - ela contou a Lílian, e era evidente pelo seu tom que ela considerava o endereço de baixa recomendação. - Por que você estava espionando a gente?

— Não estava espionando, - disse o garoto que Pansy deduziu ter como sobrenome Snape, quente e desconfortável, com os cabelos sujos brilhando pela luz do sol. - Nunca espionaria você, de qualquer forma, - ele acrescentou sem se conter, - você é Trouxa.

Embora Petúnia evidentemente não tivesse entendido a palavra, ela não pode deixar de perceber o tom.

— Lílian, venha, nós vamos embora! - ela disse agudamente. Lílian imediatamente obedeceu a irmã, olhando para Snape quando partia. Ele continuou parado olhando-as até que atravessassem o portão do playground, e Pansy, a única que restou para observá-lo, reconheceu o desapontamento amargo de Snape, e entendeu que ele estivera planejando esse momento durante um tempo, e tudo tinha dado errado...

Antes que Pansy notasse, a cena dissolveu-se e reformulou-se ao seu redor. Ela estava agora em uma pequena moita formada por árvores. Podia ver claramente um rio brilhando ensolarado através dos troncos. As sombras lançadas pelas árvores formavam uma área de sombra verde e fria. Duas crianças estavam sentadas olhando uma para a outra, com as pernas cruzadas no chão. Snape tinha tirado o casaco agora; seu estranho avental parecia menos esquisito com pouca luz.

— ... e o Ministério pode punir você se você fizer mágica fora da escola, você recebe cartas.

— Mas eu tenho feito mágicas fora da escola!

— Está tudo certo. Nós ainda não temos varinhas. Eles deixam de te punir quando você é criança e não consegue se controlar. Mas assim que você faz onze anos, - ele acrescentou com importância, - e eles começam a te treinar, então você deve tomar cuidado.

Fez-se um pouco de silêncio. Lílian tinha pegado um graveto e o girado no ar, e Pansy sabia que ela estava imaginando faíscas saindo dele. Após, ela largou o graveto, inclinando-se para o garoto, e disse:

— Isso é verdade, não é? Não é piada? Petúnia diz que você está mentindo para mim. Petúnia diz que não existe Hogwarts. Isso é verdade, não é?

— É real para nós, - disse Snape. - Não para ela. E nós receberemos a carta, você e eu.

— Verdade? - sussurrou Lílian.

— Definitivamente, - disse Snape, e mesmo com seu corte de cabelo mal-feito e suas roupas estranhas, ele parecia uma figura estranhamente impressionante na frente dela, entusiasmado com a certeza de seu destino.

— E a carta virá realmente por coruja? - Lílian sussurrou.

— Normalmente, - disse Snape. - Mas você é Nascida-Trouxa, então alguém da escola deverá vir e explicar tudo aos seus pais.

— E não faz diferença ser Nascida-Trouxa?

Snape hesitou. Seus olhos negros, ansiosos no escuro esverdeado, moveram-se pelo rosto pálido e os cabelos vermelhos escuros.

— Não, - ele disse. - Não faz nenhuma diferença.

— Que bom, - disse Lílian, relaxando. Estava claro que ela estivera preocupada com isso.

— Você tem uma grande carga mágica, - disse Snape. - Eu vi isso. Todo o tempo eu fiquei te observando...

A voz dele apagou-se; ela não estava ouvindo, e esticou-se no chão cheio de folhas olhando para o topo das árvores frondosas. Ele a observava cobiçoso da mesma forma como a observara no playground.

— Como estão as coisas na sua casa? - Lílian perguntou.

Uma pequena sombra apareceu nos olhos dele.

— Bem - ele disse.

— Eles não estão discutindo mais?

— Ah, sim, eles estão discutindo, - disse Snape. Ele pegou um monte de folhas na mão e começou amassá-las, aparentemente desatento sobre o que estava fazendo. - Mas isso não vai durar muito tempo e vou embora.

— Seu pai não gosta de mágica?

— Ele não gosta muito de nada. - disse Snape.

— Severo?

Um pequeno sorriso voltou à boca de Snape quando ela disse seu nome.

— Sim?

— Conte-me sobre os dementadores de novo.

— Porque você quer saber sobre eles?

— Se eu usar mágica fora da escola – começou Lily.

 

Pansy não entendia, afinal quem era Lily? Quem era Severo Snape? E porque vê-los conversando parecia tão importante para ela? O que ela tinha haver com tudo aquilo?

— Eles não te mandam para os dementadores por isso! Dementadores são para pessoas que realmente fizeram coisas más. Eles guardam a prisão dos bruxos, Azkaban. Você não vai terminar lá, você é tão...

Ele ficou vermelho de novo e picou mais folhas. De repente um pequeno farfalhar atrás de Pansy fez ela se virar: Petúnia, escondida atrás de uma arvore, perdeu seu esconderijo.

— Túnia! - disse Lílian, surpresa e dando as boas-vindas, mas Snape levantou-se de sobressalto.

— Quem está espionando agora? - ele gritou. - O que você quer?

Petúnia estava sem fôlego, alarmada por ter sido pega. Pansy pôde perceber que ela estava se esforçando para dizer alguma coisa que o machucasse.

— Então, o que é isso que você está usando? - ela disse, apontando para o peito de Snape. - A blusa de sua mãe?

Veio um barulho. Um galho que estava acima da cabeça de Petúnia caiu. Lílian gritou. O galho atingiu Petúnia nos ombros, ela cambaleou para trás e caiu no choro.

— Túnia!

Mas Petúnia estava fugindo. Lílian voltou para Snape.

— Você fez aquilo acontecer?

— Não. - Ele parecia ao menos tempo desafiador e assustado.

— Fez sim! - Ela estava se afastando dele. - Fez sim! Você a machucou!

— Não – não, não fiz!

Mas a mentira não convenceu Lílian. Depois de mais uma olhada mordaz, ela correu da pequena moita atrás de sua irmã, e Snape parecia infeliz e confuso...

E a cena se reformulou. Pansy  olhou tudo em sua volta. Ela estava agora na plataforma 9 ¾, e Snape estava parado ao seu lado, ligeiramente encurvado, próximo a uma mulher magra, de rosto amarelado e mal-humorado, que se parecia muito com ele. Snape olhava uma família de quatro pessoas a uma pequena distância dali. As duas garotas estavam um pouco afastadas dos pais. Lílian parecia implorar algo a irmã. Pansy logo se encaminhou até elas, para escutar a conversa.


— Me desculpe, Túnia, me desculpe! Ouça... - Ela pegou a mão da irmã e segurou forte, embora Petúnia tentasse se desvencilhar. - Talvez assim que eu estiver lá, não, ouça, Túnia! Talvez assim que eu estiver lá, eu possa falar com o Professor Dumbledore e persuadi-lo a mudar de idéia!

— Eu não – quero – ir! - disse Petúnia, e ela tentou puxar a mão das mãos da irmã. - Você acha que eu quero ir para um castelo estúpido aprender a ser uma – uma...

Seus olhos pálidos moveram-se através da plataforma, sobre os miados dos gatos nos braços de seus donos, sobre as corujas que se agitavam e gritavam umas para as outras nas gaiolas, sobre os estudantes, alguns já vestidos com suas roupas negras, carregando as malas para o trem vermelho ou cumprimentando uns aos outros com gritos alegres depois de um verão separados.

— você acha que eu quero ser uma – uma aberração?

Os olhos de Lílian se encheram de lágrimas assim que Petúnia conseguiu puxar sua mão de volta.

— Eu não sou um aberração, - disse Lílian. - Isso é uma coisa horrível de se dizer.

— É esse o lugar para onde você está indo, - disse Petúnia com satisfação. - Uma escola especial para aberrações. Você e o garoto Snape... esquisitos, é o que vocês dois são. É bom que você seja separada de pessoas normais. É para nossa segurança.

Lílian olhou na direção dos pais, que olhavam em volta da plataforma com um ar de sincero divertimento, apreciando a cena. Então ela olhou de volta para a irmã, e sua voz era baixa e firme.

— Você não achava que era uma escola para aberrações quando escreveu para o diretor e implorou que ele te aceitasse.

Petúnia ficou escarlate.

— Implorar? Eu não implorei!

— Eu vi a resposta dele. Foi muito bondosa.

— Você não deveria ter lido... - sussurrou Petúnia, era particular como você pôde? - perguntou Petunia indignada pela irmã ter lido a carta, que era para ela.

Lílian desviou o olhar meio que olhando para a direção de Snape ali perto.

Petúnia ofegou.

— Aquele garoto encontrou a carta! Você e ele estiveram xeretando no meu quarto!

— Não – não xeretando – - Agora Lílian estava na defensiva. - Severo viu o envelope, e não acreditava que um Trouxa pudesse contatar Hogwarts, isso é tudo! Ele disse que devem existir bruxos trabalhando secretamente nos correios que cuidam da –

— Aparentemente bruxos metem o nariz em todos os lugares! - disse Petúnia, agora tão pálida como tinha ficado ruborizada, interrompendo a irmã. - Aberração! - ela xingou sua irmã, e saiu para onde estavam seus pais...

A cena se dissolveu novamente. Snape se apressava pelo corredor do Expresso de Hogwarts enquanto o trem se aproximava do campo. Ele já vestia as vestes da escola, provavelmente trocadas na primeira oportunidade que encontrou para tirar suas desagradáveis roupas de Trouxa. Finalmente ele parou, fora de um compartimento no qual um grupo de garotos barulhentos conversava. Encurvada em um canto ao lado da janela estava Lílian, sua cabeça encostada no vidro. Snape abriu a porta do compartimento e sentou-se no assento oposto ao dela. Ela olhou para ele e voltou a olhar para a janela. Ela estivera chorando.

— Eu não quero falar com você. - ela disse numa voz contida.

— Por que não?

— Túnia me o-odeia. Porque a gente viu a carta de Dumbledore. - disse Lily ainda entre soluços e choros.

— E daí?

Ela deu-lhe uma olha de profundo desgosto.

— Daí que ela é minha irmã!

— Ela é apenas uma... - Ele segurou-se depressa; Lílian, muito ocupada tentando enxugar os olhos sem que ninguém percebesse, não o ouviu. — Mas nós estamos indo! - ele disse, incapaz de suprimir a excitação em sua voz. - É isso! Nós estamos indo para Hogwarts!

Ela assentiu, esfregando os olhos, mas não pode se conter e quase sorriu.

— É melhor você ficar na Sonserina, - disse Snape, encorajado já que ela estava um pouco mais alegre.

— Sonserina?

Um dos garotos que dividiam o compartimento e que não tinha demonstrado qualquer interesse em Lílian e Snape até então, olhou para o lado ao ouvir a palavra, e Pansy, cuja atenção estava focada inteiramente para os dois ao lado da janela, viu um homem magro, de cabelos negros como Snape, mas com aquele ar indefinível e despreocupado, até adorável, que Snape notadamente não tinha. Pansy pensou  " Engraçado, ele parece tanto com o irmão da Mione "

— Quem quer ficar na Sonserina? Eu acho que eu iria embora se isso acontecesse, você também? - o garoto perguntou acenando para o garoto na sua frente, e com choque, Pansy percebeu que o outro garoto se parecia com seu irmão, Sirius. Poderia ser ele?

O garoto que parecia com Sirius  não sorriu.

— Minha família inteira esteve na Sonserina. - ele disse.

— Nossa - disse o garoto que parecia com James - e eu achei que você parecia normal!

 O outro garoto sorriu.

— Talvez eu quebre a tradição. Onde você quer ficar, caso possa escolher?

 O garoto parecido com James brandiu uma espada invisível.

— “Grifinória, onde estão os bravos de coração!” Como o meu pai.

Snape fez um pequeno barulho depreciativo. O garoto voltou a olhá-lo.

— Algum problema com isso?

— Não, - disse Snape, embora seu leve sorriso dissesse o contrário. - Se você prefere ser musculoso ao invés de inteligente...

— E para onde você espera ir, uma vez que você não parece ser nenhum dos dois? - interpelou o garoto que parecia com Sirius.

 O garoto que Pansy chegou a conclusão que era realmente James, caiu na risada. Lílian endireitou-se, bastante vermelha, e olhou de James para Sirius com desgosto.

— Vamos, Severo, vamos procurar um outro compartimento.

— Oooooo...

 James e Sirius imitaram sua voz arrogante; James tentou passar uma rasteira em Snape quando este passou.

— Vejo você por aí, Ranhoso! - uma voz chamou, assim que a porta do compartimento bateu...

E a cena se dissolveu mais uma vez...

 Pansy estava parada bem do lado de Snape e os dois olhavam as mesas das Casas iluminadas pela luz de velas, alinhadas com rostos absortos. E então a Professora McGonagall disse, - Evans, Lílian!

 Pansy observou Lily, com as pernas tremendo, caminhando e sentando-se no banquinho instável. A Professora McGonagall colocou o Chapéu Seletor em sua cabeça, e ele mal tocou seus cabelos vermelhos escuros, quando gritou, “Grifinória!”

Pansy viu Snape dar um pequeno gemido. Lílian tirou o chapéu, devolveu-o a Professora McGonagall, e se dirigiu a mesa alegre da Grifinória, mas assim que chegou, olhou para Snape, e havia um pequeno e triste sorriso no rosto dela. Pansy viu Sirius levantar-se do banco para dar lugar a Lílian. Ela o olhou, e pareceu reconhecê-lo do trem, cruzou os braços firmemente, dando as costas para ele.

A chamada continuou. Pansy assistiu Lupin, Pettigrew, e James se juntar a Lilian e Sirius na mesa da Grifinória. Finalmente, quando apenas uma dúzia de estudantes esperava para ser sorteada, a Professora McGonagall chamou Snape.

 Pansy caminhou com ele até o banquinho, observando-o colocar o chapéu na cabeça.

— Sonserina! - gritou o Chapéu Seletor.

E Severo Snape seguiu para o outro lado do Salão, longe de Lílian, onde os estudantes da Sonserina o recebiam felizes, onde Lúcio Malfoy, com um distintivo de monitor brilhando em seu peito, deu palmadinhas nas costas de Snape quando este se sentou ao seu lado...

E a cena mudou...

Lílian e Snape estavam andando pelo pátio da escola, evidentemente discutindo. Pansy se apressou para alcançá-los e ouvi-los. Quando chegou perto, ele percebeu o quão maior eles estavam. Poucos anos pareciam ter se passado desde a Seleção.

— ... pensei que fôssemos amigos? - Snape dizia, - Melhores amigos?

— Nós somos, Sev, mas não gosto de algumas pessoas com quem você anda saindo! Desculpe-me, mas eu detesto Avery e Mulciber! Mulciber! O que você vê nele, Sev, ele é asqueroso! Você sabe o que ele tentou fazer com o Bille Olen outro dia?


Lílian chegou a um pilar e encostou-se nele, olhando para o rosto magro e amarelado.

— Não foi nada demais, - disse Snape. - Foi uma brincadeira simples, só isso...

— Foi Magia Negra, e se você acha isso engraçado...

— E as coisas que o Potter e seus amigos fazem? - interpelou Snape. Sua cor novamente voltou quando ele disso isso, parecendo incapaz de segurar seu ressentimento.

— O que o Potter tem a ver com isso? - disse Lílian.

— Eles xeretam durante a noite. Tem alguma coisa estranha com aquele Lupin. Aonde ele sempre vai?

— Ele está doente, - disse Lílian. - Eles dizem que ele está doente...

— Todo mês na lua cheia? - disse Snape.

— Eu sei sua teoria, - disse Lílian, e soou fria. - Por que você está tão obcecado com isso? Por que se preocupa com o que eles fazem durante a noite?

— Só estou tentando te mostrar que eles não são tão maravilhosos como todos pensam que são.

A intensidade de seu olhar fez Lílian corar.

— Pelo menos eles não usam Magia Negra. - Ela baixou a voz. - E você está sendo mal-agradecido. Eu ouvi o que aconteceu na outra noite. Você foi xeretar aquele túnel sob o Salgueiro Lutador, e James Potter salvou você do que tinha lá embaixo...

O rosto inteiro de Snape se contorceu e ele explodiu:

— Salvou? Salvou?! Você acha que ele estava bancando o herói? Ele estava salvando o próprio pescoço e de seus amigos também! Você não vai – Eu não vou permitir que você...

— Me permitir? Me permitir?

Os olhos brilhantes e verdes de Lílian pareciam fendas. Snape recuou imediatamente.

— Eu não quis dizer – Só não quero ver você fazer papel de boba para – Ele gosta de você, James Potter gosta de você! - As palavras pareciam escapar contra a sua vontade. - E ele não é... todo mundo acha... grande herói do Quadribol... - A amargura e o desgosto de Snape despedaçavam-no incoerentemente, e as sobrancelhas de Lilian estavam cada vez mais levantadas em sua testa.

— Eu sei que James Potter é um idiota arrogante, - ela disse, cortando Snape. - Eu não preciso que você me diga isso. Mas a idéia de humor de Mulciber e Avery é completamente má. Má, Sev. Eu não entendo como você pode ser amigo deles.

 Pansy duvidava que Snape tivesse escutado as restrições dela à Mulciber e Avery. No momento em que ela insultou James Potter, todo o corpo dele relaxou, e quando eles voltaram a caminhar, havia uma nova primavera nos passos de Snape... Dava para ver que Snape realmente odiava James Potter e tinha medo que Lily se apaixonasse pelo mesmo.

E a cena se dissolveu...

 Pansy viu novamente Snape saindo do Salão Principal após seu N.O.M. de Defesa Contra as Artes das Trevas, para fora do castelo e parando, perdido em pensamentos, próximo da árvore onde James, Sirius, Lupin e Pettigrew estavam sentados. Pansy entao viu James, Sirius e seu grupo azarando Snape  e observou Lílian se aproximar do grupo para defender Snape. Se aproximando dos que estavam ali presentes, ela ouviu Snape, em sua humilhação e fúria, gritar para ela a palavra imperdoável: “Sangue-ruim.”

A cena mudou...

— Desculpe-me.

— Eu não quero saber.

— Desculpe-me!

— Poupe seu fôlego.

Era noite. Lílian, que vestia um pijama, estava parada com os braços cruzados na frente do retrato da Mulher Gorda, na entrada da Torre da Grifinória.

— Eu só vim porque Loren me disse que você não sairia daqui até me ver.


— Eu disse, era a única forma de te ver e eu estaria disposto até a passar a noite inteira aqui para isso. Eu nunca quis te chamar de sangue-ruim, foi só que...

— Escapou? - Não havia piedade na voz de Lily e Pansy chegou até a ter pena de Snape. - Tarde demais. Eu escuto desculpas suas por anos. Nenhum de meus amigos entende porque eu ainda converso com você. Você e seus preciosos amiguinhos Comensais da Morte, veja bem, e você nem se importa em negar! Você nem se importa com o que vocês estão se tornando! Você mal pode esperar para se juntar a Você-Sabe-Quem, não é?

Ele abriu a boca, mas fechou sem falar nada.

— Não posso fingir mais. Você escolheu seu lado, e eu escolhi o meu.

— Não – ouça, eu não tive a intenção...

— de me chamar de Sangue-ruim? Mas você chama todos com o mesmo nascimento que o meu de Sangue-ruim, Severo. Por que seria diferente comigo?

Ele esforçou-se para voltar a discursar, mas com um olhar desdenhoso ela virou-se e entrou pelo buraco do retrato...

O corredor se dissolveu, e a cena demorou um pouco a tomar forma: Pansy parecia voar através de formas e cores que mudavam, até que o lugar se solidificou mais uma vez e ela estava parado no topo de uma colina, deserta e fria na escuridão, o vento assoviando através dos galhos das poucas árvores sem folhas.  Snape já  adulto ofegava, avançando pelo local, com sua varinha firmemente segura em sua mão, esperando por alguma coisa ou alguém... Seu medo também infestou Pansy, apesar de Pansy saber que não poderia ser machucado, e olhando sobre os ombros, imaginava o que Snape estaria esperando...

Então um brilhante e afiado raio de luz branca voou pelo ar. Pansy acreditou que fosse um raio, mas Snape caiu de joelhos e sua varinha voou de sua mão.

— Não me mate!

— Essa não era a minha intenção.

Qualquer som da aparatação do homem que se parecia muito com as descrições que Pansy ouvira sobre Dumbledore, foi abafado pelo som do vento nos galhos. Ele parou perante Snape com suas vestes chicoteando ao redor, e seu rosto foi iluminado pela luz lançada pela sua varinha.

— Bem, Severo? Que mensagem Lorde Voldemort tem para mim?

— Não – nenhuma mensagem – Eu estou aqui por minha conta!

Snape esfregava as mãos. Ele parecia meio louco, com seus cabelos negros espalhados voando ao seu redor.

— Eu – eu vim com um aviso – não, um pedido – por favor –

Dumbledore abaixou a varinha. Apesar das folhas e troncos ainda voarem através do ar da noite ao redor deles, um silêncio caiu no lugar onde ele e Snape se encaravam.

— Que pedido um Comensal da Morte poderia fazer a mim?

— A – a profecia... a predição... Trelawney...

— Ah, sim, - disse Dumbledore. - Quanto dela você reportou a Lorde Voldemort?

— Tudo – tudo que eu ouvi! - disse Snape exasperado. - É por isso – essa é a razão – ele acha que significa Lílian Evans!

— A profecia não se refere a uma mulher, - disse Dumbledore calmamente. - Fala de um garoto nascido no final de Julho –

— Você sabe o que eu quero dizer! Ele acha que se trata do filho dela, ele vai caçá-la – matar todos eles...

— Se ela significa tanto para você, - disse Dumbledore, - certamente Lorde Voldemort a poupará? Você não poderia pedir misericórdia pela vida da mãe, em troca da do filho?

— Eu pedi – eu pedi a ele...

— Você me dá nojo, - disse Dumbledore em um tom de desdém, Snape parecia se encolher um pouco, - Você não se importa, então, com as mortes do marido e do filho dela? Eles podem morrer, desde que você tenha o que quer?

Snape não disse nada, apenas olhou para Dumbledore.

— Esconda todos, então, - ele disse rouco. - mantenha ela – eles – salvos. Por favor.

— E o que você me dará em troca, Severo?

— Em – em troca? - Snape encarou Dumbledore por um tempo incrédulo, e Pansy esperava que ele protestasse, mas após um longo momento ele disse, - Qualquer coisa.

O topo da colina se desfez e Pansy estava agora na sala de Dumbledore, e alguma coisa fazia um som terrível, como um animal ferido. Snape se afundava na cadeira e Dumbledore estava parado bem atrás dele observando-o severamente. Após um momento, Snape levantou seu rosto e tinha a aparência de um homem que tinha vivido cem anos de miséria desde que partiu do topo da colina.

— Eu pensei... que você fosse... mantê-la... a salvo...

— Ela e James confiaram na pessoa errada, - disse Dumbledore. - Como você, Severo. Você não esperava que ele a poupasse?

A respiração de Snape era superficial.

— O filho dela sobreviveu. - disse Dumbledore.

Com um pequeno aceno de cabeça, Snape parecia espantar uma mosca nojenta.

— O filho dela sobreviveu. Ele tem os olhos dela, precisamente os olhos dela. Você se lembra da forma e cor dos olhos de Lílian Evans, eu tenho certeza.

— NÃO! - gritou Snape. - Se foi... morta...

— Isso é remorso, Severo?

— Eu queria... eu queria que eu estivesse morto...

— E que utilidade isso teria para alguém? - disse Dumbledore friamente. - Se você amava Lílian Evans, se você realmente a amava, então seu caminho de agora em diante está limpo.

Snape parecia observar através de uma neblina de dor, e as palavras de Dumbledore pareciam levar um tempo para atingi-lo.

— O que – o que você quer dizer?

— Você sabe como e porque ela morreu. Faça com que isso não tenha sido em vão. Ajude-me a proteger o filho de Lílian.

— Ele não precisa de proteção. O Lorde das Trevas se foi...

— O Lorde das Trevas retornará, e Harry Potter estará em perigo mortal quando ele ressurgir.

Houve uma grande pausa, e devagar Snape recobrou seu autocontrole e sua própria respiração. Finalmente ele disse:

— Muito bem. Muito bem. Mas nunca – nunca conte, Dumbledore! Isso deve ficar entre nós! Jure! Eu não posso tolerar... Especialmente o filho do Potter... Eu quero a sua palavra!

— Minha palavra, Severo, que eu nunca revele o melhor de você. - Dumbledore suspirou, olhando para o rosto feroz e angustiado de Snape. - Se você insiste...

A sala dissolveu-se e reformulou-se instantaneamente. Snape andava para lá e para cá em frente a Dumbledore.

— .medíocre, arrogante como o pai, determinado a violar as regras, encantado por descobrir ser famoso, sempre buscando atenção e impertinente...

— Você vê o que espera ver, Severo, - disse Dumbledore, sem tirar os olhos da cópia de Transfiguração . - Outros professores disseram que o garoto é modesto, agradável, e razoavelmente talentoso. Particularmente, eu o achei uma criança encantadora.

  Dumbledore mudou de página, e disse, sem levantar os olhos, - Fique de olho em Quirrel, ok?

Um redemoinho de cores, e agora tudo estava escuro, Snape e Dumbledore estavam parados um pouco afastados do hall de entrada, enquanto os últimos retardatários do Baile de inverno passavam para irem dormir.

— Bem? - murmurou Dumbledore.

— A Marca de Karkaroff também está ficando mais escura. Ele está em pânico, ele teme represália; você sabe o quanto de informações ele passou ao Ministério após a queda do Lord das Trevas. - Snape olhou de lado para o perfil do nariz quebrado de Dumbledore. - Karkaroff pretende fugir se a Marca queimar.

— Pretende? - disse Dumbledore calmamente, ao mesmo tempo em que Fleur Delacour e Roger Davies vinham sorrindo pelo terreno em frente. - E você tentará se juntar a ele?

— Não, - disse Snape, seus olhos negros pousando-se nas figuras de Fleur Delacour e Roger Davies. - Eu não sou um covarde.

— Não, - concordou Dumbledore. - Você é um homem muito mais corajoso do que Igor Karkaroff. Você sabe, às vezes eu acho que nós Selecionamos cedo demais...


Ele partiu, deixando Snape, aparentemente abalado...

E agora Pansy estava na sala do diretor novamente. A sala parecia grande, se a sala ja era grande, Pansy imaginava como deveria ser em Hogwarts. Era noite, e Dumbledore afundava de lado na cadeira parecida com um trono atrás da mesa, aparentemente semi consciente. Sua mão direita caída para o lado, preta e queimada. Snape murmurava encantamentos, apontando sua varinha do pulso até a mão, enquanto com a mão esquerda ele segurava um cálice cheio de uma poção dourada espessa que derrubava pela garganta de Dumbledore. Após um momento, as pálpebras de Dumbledore pestanejaram e se abriram.

— Por que, - disse Snape, sem preâmbulo, - por que você colocou aquele anel? Ele carrega um feitiço, certamente você percebeu isso. Por que, ao mesmo, tocá-lo?

O anel de Servolo Gaunt estava em cima da mesa em frente a Dumbledore. Estava quebrado; a espada de Grifinória ao lado dele.

Dumbledore sorriu.

— Eu... fui um tolo. Imensamente tentado...

— Tentado pelo quê?

Dumbledore não respondeu.

— É um milagre que você tenha conseguido retornar até aqui! - Snape parecia furioso. - Aquele anel carrega um feitiço extremamente poderoso, contê-lo é o máximo que nós podemos fazer, eu pausei a maldição em uma mão por enquanto...

Dumbledore levantou sua mão negra, sem uso, e a examinou com uma expressão de interessante curiosidade.

— Você fez muito bem, Severo. Quanto tempo você acha que eu tenho?

O tom de Dumbledore era de simples conversa, como se ele estivesse perguntando sobre a previsão de tempo ou que horas eram. Snape hesitou, e então disse:

— Eu não sei dizer. Talvez um ano. Não há encantamento para esse tipo de maldição que reverta o processo para sempre. Ela se espalhará aos poucos, é do tipo de feitiço que ganha força com o tempo.

Dumbledore sorriu. A notícia de que ele tinha menos de um ano de vida parecia ter pouco ou nenhuma importância para ele.

— Eu sou um afortunado, extremamente afortunado, de ter você, Severo.

— Se tivesse me chamado um pouco mais cedo, eu talvez tivesse sido capaz de fazer mais, ganhar mais tempo para você! - disse Snape furioso. Ele olhou para o anel quebrado e a espada. - Você achou que quebrar o anel pudesse quebrar o feitiço?

— Alguma coisa assim... eu estava delirando, sem dúvida...- disse Dumbledore. Com esforço ele se endireitou na cadeira. - Bem, realmente, isso adianta bastante coisa.

Snape parecia altamente perplexo. Dumbledore sorriu.

— Eu me refiro ao plano de Lorde Voldemort no que concerne a mim. O plano de querer que o garoto Malfoy me mate.

 -  O Lorde das Trevas não espera que Draco tenha êxito. Isso é apenas para punir Lúcio pelos recentes fracassos. Uma longa tortura para os pais de Draco, enquanto eles assistem o garoto falhar e pagar o preço.

— Resumindo, o garoto tem uma sentença de morte pronunciada sobre ele assim como eu, - disse Dumbledore. - Agora, eu acredito que o sucessor natural para o trabalho, uma vez que Draco falhe, seja você?

Houve uma pequena pausa.

— Isso, eu acredito, é o plano do Lorde das Trevas.

— Lorde Voldemort prevê um momento num futuro próximo em que não precisará de um espião em Hogwarts?

— Ele acredita que em breve a escola estará nas mãos dele, sim.

— E se realmente isso acontecer, - disse Dumbledore, e quase, parecia, uma observação, - eu tenho a sua palavra de que você fará tudo que estiver ao seu alcance para proteger os estudantes de Hogwarts?

Snape assentiu firmemente.

— Ótimo. Agora então, sua prioridade é descobrir o que Draco está fazendo. Um adolescente assustado é um perigo para os outros e também para si mesmo. Ofereça a ele ajuda e assistência, ele deve aceitar, ele gosta de você...

— Muito menos desde que seu pai perdeu o favoritismo. Draco me culpa e acredita que usurpei a posição de Lúcio.

— De qualquer forma, tente. Estou menos preocupado comigo do que com vítimas acidentais que possam surgir através dos planos que ocorram ao garoto. Finalmente, é claro, há apenas uma coisa a ser feita para salvá-lo da ira de Lorde Voldemort.

Snape levantou as sobrancelhas e seu tom era sarcástico quando perguntou:

— Então você deixará ele te matar?

— Certamente que não. Você deve me matar.

Houve um grande silêncio, quebrado apenas por um estranho estalo. Fawkes, a fênix, estava um pouco atormentada no poleiro.

— Você gostaria que eu fizesse isso agora? - perguntou Snape, sua voz carregada de ironia. - Ou gostaria de uns instantes para elaborar um epitáfio?

— Oh, não, não ainda, - disse Dumbledore, sorrindo. - Eu ouso dizer que o momento se apresentará por si só no decorrer do curso. Veja o que aconteceu hoje a noite, - ele indicou sua mão murcha, - nós podemos ter certeza que acontecerá em aproximadamente um ano.

— Se você não se importa em morrer, - disse Snape bruscamente, - por que não deixar que Draco faça isso?

— A alma do garoto ainda não está tão danificada, - disse Dumbledore. - Eu não gostaria que isso acontecesse por minha causa.

— E a minha alma, Dumbledore? A minha?

— Você é o único que conhece o dano a sua alma por ajudar um velho homem a evitar a dor e a humilhação, - disse Dumbledore. - Eu peço esse grande favor a você, Severo, porque a morte está vindo até mim tão certamente quando os Chudley Cannons atingirão o último lugar da liga esse ano. Eu confesso que prefiro uma partida rápida e indolor a um prolongado e bagunçado encontro, que poderia ser, por exemplo, se Greyback estiver envolvido, eu ouvi que Voldemort o recrutou? Ou a querida Belatrix, que gosta de brincar com a comida antes de comê-la?

Pansy se surpreendeu. Não era possível, será que Bellatrix havia virado uma comensal da morte? Tudo bem que Bellatrix havia se afastado dela e Hermione nos últimos tempos, mas poderia Bellatrix virar uma comensal da morte?

 O tom de Dumbledore era leve, mas seus olhos azuis estudavam Snape. Por fim, Snape deu um breve aceno de cabeça.

Dumbledore parecia satisfeito.

— Obrigado, Severo...

A sala desapareceu, e agora Snape e Dumbledore passeavam juntos pelos terrenos do castelo sob o crepúsculo.

— O que você anda fazendo com Potter, todas essas noites em que estão fechados juntos? - Snape perguntou abruptamente.

Dumbledore olhou exausto.

— Por quê? Você está tentando dar mais detenções a ele, Severo? Assim, em breve o garoto passará mais tempo nas detenções que fora delas.

— Ele é como seu pai...

— Na aparência, talvez, mas em sua natureza mais profunda se parece muito mais com a mãe. Eu passo tempo com Harry porque eu tenho coisas para discutir com ele, informações que devo lhe dar antes que seja tarde demais.

— Informações, - repetiu Snape. - Você confia nele... você não confia em mim.

— Não é questão de confiança. Eu tenho, como nós dois sabemos, pouco tempo. É necessário que eu dê ao garoto informação suficiente para que ele faça o que precisa fazer.

— E por que eu não posso ter as mesmas informações?

— Eu prefiro não colocar todos os meus segredos em uma única cesta, particularmente não em uma cesta que passa muito tempo balançando nos braços de Lorde Voldemort.

— O que eu faço sob suas ordens!

— E o faz extremamente bem. Não pense que eu subestimo o constante perigo no qual você se encontra, Severo. Dar a Voldemort o que parece ser informações valiosas enquanto retém as essenciais é um trabalho que eu não confiaria a ninguém a não ser você.

— Ainda assim você confia muito mais em um garoto incapaz de aprender Oclumência, cuja magia é medíocre, e que tem uma direta conexão com a mente do Lorde das Trevas!

— Voldemort teme essa conexão, - disse Dumbledore. - Não há muito tempo, ele teve uma pequena prova do que, realmente, significa para ele, dividir a mente de Harry. Foi uma dor que ele nunca havia experimentado antes. Ele não tentará possuir Harry novamente, tenho certeza disso. Não daquela forma.

— Eu não entendo.

— A alma de Lorde Voldemort, mutilada como está, não pode suportar um contato direito com a alma de Harry. Como uma língua em ferro congelado, como carne em chamas...

— Almas? Nós estamos falando de mentes!

— No caso de Harry e Lorde Voldemort, falar de uma coisa é falar da outra.

Dumbledore olhou em volta para ter certeza de que eles estavam sozinhos. Eles estavam próximos à Floresta Proibida agora, e não havia sinal de ninguém por perto.

— Após você me matar, Severo...

— Você se recusa a me contar tudo, e ainda espera esse pequeno serviço de mim! -resmungou Snape, e uma raiva real espalhou-se pelo seu rosto magro agora. - Você espera muito de mim Dumbledore! Talvez eu tenha mudado de idéia!

— Você me deu sua palavra, Severo. E já que estamos falando em serviços que você me deve, eu pensei que você tinha concordado em ficar de olho no seu jovem amigo da Sonserina?

Snape parecia furioso, rebelde. Dumbledore suspirou.

— Venha a minha sala hoje à noite, Severo, às onze, e você não poderá reclamar que eu não tenho confiança em você...

Eles estavam de volta à sala de Dumbledore, as janelas escuras, e Fawkes quieta, assim que Snape sentou-se em silêncio, enquanto Dumbledore andava em volta dele, falando.

— Harry não deve saber, não até o último momento, não até que seja necessário, de outra forma, como ele terá a força necessária para fazer o que deve ser feito?

— Mas o que ele deve fazer?

— Isso é entre Harry e eu. Agora, ouça bem, Severo. Virá um tempo – depois de minha morte, não discuta, não interrompa! Virá um tempo em que Lorde Voldemort parecerá temer pela vida de sua cobra.

— Por Nagini? - Snape olhou surpreso.

— Precisamente. Se esse tempo vier, quando Lorde Voldemort parar de enviar a cobra para executar seus planos, e começar a mantê-la em segurança sob proteção mágica, então eu acredito que é seguro contar a Harry.

— Contar o que a ele?

Dumbledore respirou fundo e fechou os olhos.

— Conte a ele que na noite em que Lorde Voldemort tentou matá-lo, quando Lílian colocou a própria vida entre eles como um escudo, o Feitiço da Morte retornou a Lorde Voldemort e um fragmento de sua alma se separou desta, e lançou-se na única alma viva na casa destruída. Parte de Lorde Voldemort vive dentro de Harry, e é isso que dá a ele o poder de falar com cobras, e a conexão com a mente de Lorde Voldemort que ele nunca entendeu. E, enquanto esse fragmento de alma, desconhecido por Voldemort, permanecer preso e protegido por Harry, Lorde Voldemort não poderá morrer.

 Pansy ouvia tudo chocada com as revelações feitas até agora.


— Então o garoto... o garoto deve morrer? - perguntou Snape bastante calmo.

— E o próprio Voldemort deve fazer isso, Severo. Isso é essencial.

Outro silêncio longo. Então Snape disse, - Eu pensei... todos esses anos... que nós estávamos protegendo ele por ela. Por Lílian.

— Nós o protegemos porque é essencial ensiná-lo, fazê-lo crescer, deixá-lo testar suas forças, - disse Dumbledore, seus olhos ainda muito fechados. - Enquanto isso, a conexão entre eles está cada vez mais forte, um crescimento parasita. Às vezes eu acho que ele próprio suspeita disso. Se eu conheço Harry, ele terá se preparando e quando ele puser-se a caminho de sua morte, isso realmente significará o fim de Voldemort.

Dumbledore abriu os olhos. Snape parecia horrorizado.

— Você o manteve vivo para que ele pudesse morrer no momento certo?

— Não fique chocado, Severo. Quantos homens e mulheres você assistiu morrer?

— Ultimamente, somente aqueles os quais eu não pude salvar, - disse Snape. Ele se levantou. - Você me usou.

— Isso significa?

— Eu tenho espionado para você e mentido por você, me colocado em perigo mortal por você. Tudo supostamente para manter o filho de Lílian Potter a salvo. Agora você me diz que esteve fazendo o garoto crescer como um porco para o matadouro...

— Isso é tocante, Severo, - disse Dumbledore sério. - Você passou a se importar com o garoto, finalmente?

— Por ele? - gritou Snape incrédulo. - Expecto Patronum!

Da ponta de sua varinha emergiu uma corsa prateada. Ela aterrissou no chão da sala, caminhou por esta e se elevou para fora da janela. Dumbledore a assistiu ir embora, e quando seu brilho prateado desapareceu, ele se virou para Snape, e seus olhos estavam cheios de lágrimas.

— Depois de todo esse tempo?

— Sempre - disse Snape.

E a cena mudou. Agora, Pansy observa Snape na sala de diretor, sozinho, parecendo pensativo. De certa forma, sentia pena de Snape, o mesmo parecia sozinho e triste. Sentia raiva de Dumbledore, o mesmo usara Snape e agora Harry também morreria.

Pansy viu alguém entrar na sala de Snape com uma carranca e dizer:

— Como se atreve a me chamar aqui depois de matar Dumbledore?   perguntou irritada,  uma mulher que mudava a cor de cabelos, a todo momento. Pansy a achou extremamente parecida com Andrômeda.

— Você sabe que sua mãe sofreu não é Ninfadora? O que faria se pudesse mudar isso? - perguntou Snape analisando a mulher a sua frente.

— Do que está falando? - perguntou e em seguida viu Snape lhe entregar um frasco e coloca-los na penseira e pediu para que a mulher mergulhasse dentro da penseira. - Esse tempo todo, você o salvou - ela disse admirada, depois de um tempo, após sair da penseira.

— E agora, quero a sua ajuda para mudar tudo... Como seria um mundo sem Voldemort? Como seria um mundo sem trevas? Um mundo onde Lilian e James Potter pudessem ser felizes? Onde sua mãe, Andrômeda não ficasse desamparada e sozinha quando sua família descobrisse que era estava gravida de um nascido-trouxa e a tirassem da arvore genealógica? - perguntou Severo se aproximando de Ninfadora, que pareceu cogitar a ideia.

— Eu nunca tinha pensado nisso, mas seria um mundo maravilhoso, qual o plano? - ela perguntou sorrindo.

— Hermione Granger e Pansy Parkinson são inimigas, sabe? - perguntou Snape se aproximando da mulher. " Granger? Parkinson? " pensou Pansy sem entender nada.

— Sim, mas o que elas tem haver com isso? - perguntou Ninfadora extremamente curiosa.

— Haverá um momento Srta. Tonks, em que Harry Potter derrotará Voldemort, tudo estará resolvido, mas alguém deve voltar ao passado e mudar tudo. Mesmo sem saber... E eu não vejo pessoas melhores a fazer isso do que Hermione Granger, a melhor amiga de Harry Potter e Pansy Parkinson, a melhor amiga de Draco Malfoy - disse Snape calmamente.

— Mas isso não vai prestar Snape, as duas se odeiam, a Parkinson vive chamando a Hermione de sangue-ruim e a xingando - disse Ninfadora fazendo uma careta e Pansy estremecer. Ela era assim?

— Elas não terão consciência disso, eu pedirei a uma pessoa de minha confiança, que volte ao passado e leve a Hermione e a Pansy bebês ao ano de 1957. Naquele ano, tudo ainda era calmo. Voldemort, ou melhor Tom Riddle,  surgiu e começou com seus ideais puro-sangue apenas no fim dos anos 70 e começou a reunir comensais para acabar com pessoas que não tem o sangue puro ou mestiço. No ano de 1957, Pansy deveria ser levada a mansão Black, onde seria criada como irmã de Sirius e Régulos. Já Hermione uma simples nascida trouxa deveria ser criada pelos Potter, como irmã mais velha de James. Chegará o momento em que você deverá ir para o passado, após Voldemort me matar, você deverá ir para o dia 27 de Agosto de 1968 e irá contar tudo o que aconteceu a Pansy. Enquanto Hermione viverá uma vida feliz, caberá a Pansy Parkinson, agora Black, a missão de salvar o mundo bruxo, caberá a Pansy derrotar Voldemort e destruir suas horcruxes, calma que lhe contarei quais são as horcruxes dele e você contará a Pansy. Enfim, caberá a Pansy impedir a morte de Sirius e a traição de Petigrew. É importante que Hermione não saiba nunca e que Pansy cumpra sua missão sozinha, isso é essencial, isso é essencial - disse Snape e logo Pansy saiu da penseira, chocada com tudo que vira.

Pansy estava chocada. Chocada era pouco, Pansy não sabia definir sua reação naquele momento. Para sua sorte estava sozinha, ou alguém perceberia o quão pálida ela estava. Então Hermione era do futuro? Ela era do futuro? Sirius morreria? James morreria? Não podia permitir aquilo, havia decidido, faria o que pudesse para evitar tudo aquilo. Sabia que estava sozinha nessa, que jamais poderia contar a Hermione. Estava chocada demais, quando ouviu um som de aparatação e uma jovem tocar em seu ombro:

— Pansy Parkinson, quem diria - disse a mulher sorrindo divertida para uma garota muito confusa...

 


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Notas finais do capítulo

Gente por favor comentem, é muito importante saber o que estão achando da fic.



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