No dia seguinte Andrew veio novamente com seu assunto de sempre: a aluna nova. A novata era sua grande paixão, ele ia falando sobre coisas que ele imaginava dela e voltava contando coisas que tinha reparado nela durante a aula. Ou seja, atenção no professor nota 0. Não que eu me importasse, adorava dormir em aula.

-Quando afinal você pretende ficar com a novata?

-Acho que na noite que o Jack vai fazer na sexta. Quer ir?

-Não fui convidada. Nem falo direito com esse cara.

-Não tem problema, você vai ser minha acompanhante.

-Não vou a festas

-Não é uma festa, é uma noite.

-Não vou em “noites”

-Mas vai nessa.

-Porque eu iria?

-Porque eu quero que você vá.

-E porque eu iria numa “noite” porque você quer que eu vá?

-Porque você gosta de mim, você gosta de fazer as coisas que eu quero, e porque você é minha amiga.

-Quem disse isso?

-Eu sei disso, não precisa me dizer.

-Você é muito convencido, sabia?

-Eu apenas sei das coisas.

-Não vou ir nisso.

-Aaah, vamo Larissinha! Eu quero me divertir, e quero que você se divirta também!

-Quem disse que eu não me divirto?

-Você não sai em festa!

-E quem disse que festa é o único divertimento que existe? Um filme de terror debaixo de um cobertor também é divertido.

-Você curte filme de terror? Eu morro de medo de filme de terror, mas enfim. Vamo Larissinha!

-Como você é chato! Meus pais não vão deixar.

-Eu convenço eles.

-Não! Eu não quero ir!

-Ah, vamo Larissinha! Por mim, vai.

-Não!

-Se você não for, vou até sua casa te arrastar!

-Andrew!

-É sério. E é a primeira vez que eu te escuto me chamando pelo nome. Na verdade é a primeira vez que eu te escuto me chamando.

-Eu não vou nisso.

-Vai sim. Esteja pronta as nove horas, se não eu te arrasto de pijama.

-Não faz isso!

-Faço sim. Até amanhã.

Nós já tínhamos chegado na nossa esquina, então nem adiantava discutir mais. No final eu ia ter de ir nessa porcaria de “noite”.