E chegamos finalmente para as férias de julho. Estava tão feliz com isso... Mais feliz que eu, só Jenny, pois finalmente iria viajar de turismo junto com pelo menos 1 terço da turma. E mais feliz que Jenny, só Andrew, que também iria. Raquel e Barbara nem preciso dizer que só falavam nisso. Sim, todos iam, só a desalmada que não.
-Mas porque não, Larissa?
-Pra que? Eu não gosto de festa, não gosto de bebidas, e é só isso que tem nesses lugares!
-E os bares? E os cafés? E as lojas de roupas?
-Como se eu fosse apaixonada por roupas.
-Sério Larissa, não sei como você consegue viver sendo assim. – Disse Jenny.
-Como assim?
-Você não gosta comprar roupas, não gosta de sair, não gosta de ficar com homens, não gosta de fazer fofoca, não gosta de nada! Você pelo menos gosta de uma amiga? – Ela botou as mãos no peito, ressentida.
-Jenny! É óbvio que eu amo minha melhor amiga! E eu não sou tão chata assim.
-Ah não? E de tudo o que eu disse, você gosta de alguma coisa?
-Bem... não...
-E fora isso, tem algo que você goste como uma humana normal?
-Hãn... seriados?
-Larissa, você não é mulher. Não é nem humana!
-Como você é cruel Jenny.
-Desculpa Lari, mas nem uma viagem dessas você quer ir? Imagine como seria divertido, nós juntas, fazendo as maiores loucuras!
-Jenny, mesmo que eu quisesse, já é tarde, não tem como eu pagar antecipado, você sabe disso.
-Culpa sua oras. Mas mesmo assim, me promete que ano que vem, se eu puder ir, você vai? Na real até se eu não for, promete tentar sair de casa e se divertir no exterior?
-Jenny...
-Por favor, Larissa!
-Tá bem.
Nós cruzamos os mindinhos, e eu continuei ressentida sobre isso.



Nos arrumando para sair da casa de música, David puxou o assunto:
-Então, as férias estão chegando...
-Pois é, não vejo a hora de ficar longe de livros e colégio.
-Seus pais tão querendo viajar?
-Não não. Talvez em fins de semana as vezes a gente vá em alguma cidade aqui por perto, mas nada de grande. Minha mãe não conseguiu férias.
-Ah... Então poderemos nos ver bastante, né.
-Claro.
Subi na bicicleta e fomos.




Chegou o dia da viajem, Jenny fez questão que eu estivesse lá pra ver ela entrar no ônibus e me abanar de dentro. Eu não entendi qual era a moral, mas contrariar Jenny só me daria dor de cabeça.
Ela soltou a mala de carrinho e me abraçou forte.
-Boa viagem. – Eu disse.
-Não se desespere na minha falta, ok? Vai tudo ficar bem.
-Exagerada. – Ela riu.
-Se acontecer alguma coisa, qualquer coisa, me liga!
-Você quer que eu fique gastando no telefone, isso sim!
-Haha, que feio, pensando assim da sua melhor amiga. Mas é sério, se acontecer alguma coisa, não hesite em me ligar. Se precisar eu venho correndo pra te ver.
-Tá bem ç.ç’
Conversamos mais um pouco, até que Andrew chegou. Barbie veio correndo falar com ele, e Raquel esperou mais na frente, para que ele passasse e ficasse do lado dela e puxar papo. De repente nossos olhares cruzaram. Eu permaneci olhando, mas, para a minha surpresa, ele abaixou a cabeça e continuou seu caminho até Raquel, com Barbara ao lado. Era a primeira vez que eu o vi desviando um olhar meu.