“Socorro! Alguém me ajude!”

Capítulo 17. Réquiem (Parte II).

Caminhando em um dos salões do castelo de Prometeu, Deucalin adentra em um local que mais se parece com um jardim. Por meio de ervas que escalam as paredes, avista uma bela jovem de cabelos ruivos, completamente nua.
— O salão da montanha herbácea está muito alegre com sua presença, Goethe. - Diz o homem.
— Ora ora, não se incimoda com minha nudez, belo homem? - Responde Goethe.
— Não se preocupe, não tenho interesse algum em seu corpo. - Diz o sério e esnobe Deucalin.
— Me pergunto que passado terrível você deve ter sofrido, para ser um humano tão frio...
— Vim aqui apenas para lhe cobrar as notas dos deuses. Alguma novidade de seus subordinados?
— Enviei Weimar com alguns soldados para a Rússia recentemente. Muito em breve eles devem retornar trazendo algumas notas. Não se preocupe.

Distante dali, numa terra gelada, Mayura e Alma se vêem encurralada por alguns réquiens, dentro de uma caverna congelada.
— O que vocês querem aqui? - Grita a garota Alma.
— Para trás, Alma. Irei cuidar desses réquiens. - Diz Mayura.
A amazona de pavão se prepara para lançar um ataque na multidão de soldados, quando um deles, alto, de longos cabelos rubros se põe na frente de todos os réquiens, dizendo:
— Querida, abaixe seu punho. Você não pode nos atacar aqui.
— O que está dizendo? Pode ter certeza que eu, Mayura de Pavão acabarei com todos vocês aqui mesmo...
— Se você fizer o mínimo de força, esta caverna de neve desabará e irá soterrar todos nós aqui. Mas pelo que parece, você gosta bastante dessa garotinha aí, certo?
Mayura abaixa seu punho imediatamente.
Longe dali, na França, Shaina e Misty observam os dois irmãos Nonak e Ésquilo atacando os soldados de Prometeu.
— Shaina, eles são realmente fortes. A feição deles me lembra alguém do Santuário, mas não me recordo quem é.
— Realmente, Misty. Há algo de familiar nesses dois irmãos, mas não sei dizer realmente o que.
Os dois gêmeos eram rapazes com o corpo bastante definido. Com feições praticamente iguais, o que os diferenciava era apenas a cor dos cabelos: Nonak possuia um tom azul, enquanto Ésquilo era grisalho.
Após derrotarem alguns soldados, os dois irmãos percebem que estavam sendo usados por Shaina e a questionam:
— Ei, você está se aproveitando da nossa força!
— Quem eram esses soldados?
Misty toma a palavra e diz:
— Se acalmem, crianças. Só queríamos saber a força de vocês. Temos certeza que se tornarão bons servos de Poseidon. Foi um prazer conhecê-los.
Shaina percebe uma presença logo atrás dela e diz:
— Misty, tem alguém.. bem atrás de nós...
Misty percebe um volto atrás de Shaina e diz para os dois irmãos correrem. A sombra se revela perante todos.
— Ora, vocês dois são ótimos em fugir, ein! Hahaha
A voz é de Jasão de Usba, réquiem que os estava seguindo. Jasão passa sua mão pelo ombro de Shaina, que se encontra imóvel. O inimigo passa por ela como se não estivesse interessado em atacá-la.
— Não se preocupem, não vou atacá-los agora. Vim trazer um presente do senhor Prometeu.
— Um.. presente? - Se assusta Misty.
— Maldito, não aguentamos mais seus joguinhos. Garras do Trovão!
O ataque de Shaina é repelido facilmente por um dos braços de Jasão, enquanto o réqueim dá um sorriso de canto. Em seguida, ele tira de uma bolsa um grande embrulho de presente, co um laço colorido no topo.
— Este presente é para vocês, gêmeos.
Nonak e Ésquilo olham duvidosos para o réquiem, curiosos em saber o que seria aquela caixa.
— Maldito, pare de besteiras! - Shaina tenta atacar novamente, utilizando suas garras, mas sem sucesso devido à rapidez de Jasão.
A caixa começa a brilhar e planar no ar. Rapidamente ela se abre, revelando uma armadura verde-escura, com a forma de um monstro bizarro.

Nonak e Ésquilo se vislumbram a ver o quão brilhante é a armadura.
— Irmão, será que é uma escama de Poseidon? - Diz Nonak
Jasão dá uma risada e responde:
— Hahaha, não. Esta é a sagrada Nota de Dyk-tau. Garanto que o poder dela pode superar o de um marina. É um presenta do mestre Prometeu para aquele que herdar a Nota Sagrada. E adivinhem: um de vocês é o herdeiro!
— Um de nós? - Questiona Ésquilo, olhando para seu irmão.
— Mas qual de nós é o herdeiro? - Pergunta Nonak.
— A resposta para essa pergunta só vocês saberão... Depois de uma luta! - Diz Jasão.
— Parem! Não façam o que ele diz! - Grita Shaina, correndo em direção aos irmãos.

De volta à Rússia, Mayura não ataca os réquiens que ocupam a cav
rna, com medo de seu ataque destruir o lugar e soterrar Alma.
— Ótimo, amazona. Agora nos entregue os Riscos que você têm. - Diz o Réquiem.
— Alma, não se preocupe, não vai acontecer nada com você. - Diz Mayura, ignorando o réquiem.
— Mas.. senhorita Mayura... - Diz Alma.
Mayura cruza seus dedos e se vira para o réquiem.
— Soldados, peguem os Riscos que estão com ela agora!
Por uma fração de segundo, Mayura estica seus braços, com os dedos cruzados na direção dos réquiens, ao mesmo tempo que sussurra um "Prisão da Maldição". De suas mãos, surgem ataduras que prendem os inimigos, e enrolam o corpo de todos, mumificando-os. Todos eles desmaiam, menos um deles, que não foi coberto totalmente pelas ataduras:
— Idiota... Que ataque imundo o seu. Por quê me manteve conciente?
— Eu preciso fazer algumas perguntas. - Responde a calma Mayura.
— Que legal, Mayura. Você conseguiu acabar com todos eles silenciosamente, e ainda fez um de refém. Você é muito forte! - Exlama Alma.
A amazona levanta o corpo imóvel do réquiem e o senta em um canto da caverna.
— Me diga seu nome. - Diz Mayura.
— Eu sou Weimar de Kerch. O que você quer de mim? Por quê não consigo me livrar dessas ataduras?
— É exatamente sobre isso que queria perguntar para vocês. - Responde a amazona. - Desde que comecei essa jornada, em busca dos Riscos dos Deuses, a presença de vocês, réquiens, sempre me incomodava. Vocês parecem humanos, mas possuem um cosmo diferente, algo que nunca vi antes. Essas ataduras são bentas por monges do Tibet, ou seja, são amuletos que selam demônios. Quem afinal são vocês, que podem ser selados por essas ataduras?
— Estou impressionado com sua inteligência, amazona! Por isso, lhe direi quem somos. No passado, Prometeu não deu apenas o dom do fogo para os humanos. Todos os dons conhecidos também foram presentes do nosso mestre à humanidade: A ciência, a escrita, a leitura, a matemática... todos os dons foram distribuídos em pequenas escalas para todos os humanos. Alguns com mais, outros com menos. Estes eram conhecidos como dons divinos, assim como o fogo. Agora, Prometeu se arrependeu amargamente de como os dons foram usados pelos humanos, e pretende se vingar de todos nós. Os dons divinos, agora se tornaram demoníacos!
— Isso significa que...
— Sim! Todos os humanos que possuem um dom divino muito aflorado estão se tornando Réquiens. Em breve, nós acabaremos com os humanos que fizeram mal uso dos dons e, junto a Prometeus, iremos tomar a Terra de Atena!

De volta à França...
— Nonak, você sempre... sempre sendo o bom irmão... Sempre dizendo que iríamos ser servos de Poseidon... Algo que nunca aconteceu! - Diz Ésquilo
Ésquilo... - Sussurra Nonak
Desta vez eu vou seguir meu próprio caminho e vou conseguir essa armadura!
Os irmãos começam uma briga, onde Ésquilo começa ganhando. Shaina e Misty tentam separá-los, mas são impedidos por Jasão, que pula na frente dos dois.
— Vocês não podem impedir o destino desses irmãos. Já está tudo nas estrelas! Ondas do Inferno!
O ataque passa de raspão em Misty, que desvia utilizando seus furações de ar. Shaina, desesperada, tenta atacar Jasão novamente com as Garras do Trovão, mas este desvia.
— Eu irei te mostrar que consigo sobreviver sem você! - Diz Ésquilo
— Irmão.. Não faça isto... Não está vendo que este homem está nos manipulando?
Enquanto isso, Shaina recebe um dos golpes de Jasão e cai ferida. Misty tenta segurá-la e fugir, mas Jasão é mais rápido e se prepara para lançar novamente o “Ondas do Inferno”, quando:
— Ésquilo... Deixarei com esses dois a tarefa de purificar você.. - Exclama Nonak.
Neste momento, Nonak se envolve num turbilhão de água, esquivando-se dos ataques de seu irmão. Ele então avança em direção a Jasão, atacando-o com uma enorme rajada de água. O impacto faz Jasão cair.
— Rápido Shaina, temos que fugir novamente.
Neste momento, Jasão grita para Ésquilo “Mate seu irmão!”. A Nota de Dyktau veste Ésquilo, o deixando com uma aura verde maligna. Ele então ataca seu irmão com um de seus punhos. Nonak cai morto no chão. Shaina , muito ferida, vê a cena e se levanta, rapidamente disparando um “Ondas do Trovão”, que atinge Jasão pelas costas e o faz desmaiar.
Do corpo de Jasão, uma alma em forma de dragão-marinho surge. O espírito olha para Shaina e diz: “Purifique a alma do meu irmão”. Ao dizer essas palavras, a alma se materializa, e se torna uma pedra azul no formato de uma lágrima. Shaina cai desmaiada e Misty a segura rapidamente, fugindo em seguida. Shaina, em seus braços diz: “Misty, parece que a lágrima de Nonak é o Risco de Poseidon.”
De volta à Rússia...
— Weimar, seu nome, não é? Este plano dos réquiens e de Prometeu é bastante absurdo. Tenho logo de encontrar Marin e os outros, então não posso ficar aqui conversando com você. Diga adeus. - Diz Mayura ao réquiem aprisionado.
— Não deixarei você acabar comigo. Sorte que você me deixou com a boca livre dessas ataduras, hahaha.

O réquiem então lança uma onda sonora estridente pela boca, como um grito extremamente agudo. Mayura rapidamente utiliza as bandagens para segurar as pedras que ameaçaram cair.
— Maldito! O que acha que está fazendo? Rápido Alma, vamos sair da caverna! - Exclama Mayura
Novamente o réquiem lança a onda sonora, dessa vez fazendo a caverna desabar sobre a amazona e a garota, antes que elas pudessem sair. Porém, a mulher que estava congelada na caverna se levanta e, com um gesto de sua mão, retorna todas as pedras aos seus lugares.
— Mayura... A gente.. não morreu? - Gagueja a pequena Alma.
— O que... aconteceu? - Grita o o réquiem
A bonita mulher se dirige em direção a Mayura (que estava abraçando Alma) e lhe entrega um colar. Se tratava do Risco de Afrodite. A mulher então volta calmamente para seu repouso. Neste momento, a caverna ameaça desabar novamente.
— Vamos Alma, temos que sair daqui. - Diz Mayura.
— Me desamarre! Por favor! - Diz o réquiem
— Não te desamarrarei. Uma pessoa que pretende matar uma criança não é digna de compaixão.
Mayura dá as costas ao réquiem e parte da caverna, levando Alma e o colar. A caverna então, desaba, deixando o local em ruínas.