Um Anjo Em Minha Vida - Concluída escrita por Julie Kress


Capítulo 7
Minha maldição


Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoal!!!

Esta Fic está sendo um desafio para mim haha. Estou amando escrevê-la!

Nesse capítulo teremos o PDV do nosso "estranho".

Agora vocês saberão muitas coisas sobre ele. É o tipo de capítulo revelador hahaha

Acho que algumas leitoras já haviam sacado sobre o que ele realmente é. Parabéns pra quem acertou!!!

Boa leitura!!!



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Devo ter sugido há centenas de anos, não tenho certeza e eu sequer tive oportunidade de questionar sobre isto. E eu não era o único ser que vivia ali, haviam outros como eu e cada um deles tinha uma função para estar naquele lugar, para existir. Eu tinha um lar e tudo era maravilhoso, harmonioso e cheio de luz. A paz reinava naquele lugar, tinha uma boa energia positiva, e eu não tinha o porquê reclamar de nada. De absolutamente nada, tudo era perfeito e o vivíamos em pleno paraíso, e eu deveria ser grato por estar com eles, por fazer parte daquela Legião.

Porém, havia um problema. Eu não estava satisfeito, apesar de estar rodeado de paz, aconchego e amor vindo do nosso Criador, eu apenas sentia que meu lugar não era lá com eles.

Sempre respeitei e segui as ordens do nosso Criador desde o dia que fui escolhido, batizado e encaminhado para a minha primeira missão. Seres como eu eram divididos, cada um pertencia à uma Legião, e quando fui selecionado para fazer parte da Legião Guardiã, me senti honrado e ainda mais abençoado. Eu tinha uma missão, todos nós temos afinal de contas, e a minha era tão especial.

Recebemos ensinamentos e treinamentos, fomos preparados para servir e agradar o nosso Criador. Respeitá-lo e honrá-lo acima de tudo. Foi o que eu fiz durante um bom tempo, há muitos anos atrás...

Houve a primeira rebelião, um dos meus irmãos se voltou contra o nosso Criador e reuniu alguns seguidores, e essa foi a primeira vez que batalhamos, tentamos derrotá-los e no final, o nosso Criador resolveu banir todos eles e proibir sua entrada em nosso lar.

Foi uma época regada à confrontos e conflitos, pois a paz que reinava entre nós foi afetada e nunca voltou ser a mesma. Anos se passaram, e um "cessar fogo" foi estabelecido, a paz reinou novamente e continuamos unidos, cumprindo nossas missões, aquelas que nosso Criador separou para cada Legião.

Eu ainda estava em fase de treinamento, acompanhando o velho e experiente Guardião que de vez em quando me levava com ele para suas missões e me mostrava um novo mundo, completamente diferente do nosso.

Fiquei fascinado, tudo me encantava. Conheci cores novas, lugares novos, seres novos e sentimentos novos. Tudo era tão intrigante, curioso e eu queria desvendar tudo, cada coisa que conhecia, eu podia ver, mas não podia tocar ou desfrutar. Era pecado e o Criador havia proibido, não só a mim, os meus irmãos também.

Viajei para vários lugares e me encantei ainda mais. Tudo me chamava atenção, despertava sentimentos e aos poucos fui ficando com vontade de fazer parte daquele Mundo. Eu estava mudando, e senti medo de estar pecando, mesmo sem a intenção de me jogar no pecado.

E chegou o meu dia, o dia de colocar em prática tudo que aprendi com os ensinamentos, havia deixado de ser um aprendiz. Havia me tornado um Guardião.

E o Criador nos deu a benção, a jovem Legião de Anjos da Guarda já podiam seguir em frente, cada um por sí. Todos haviam recebido suas primeiras missões e estávamos ansiosos. Ansiosos para desfraldar nossas asas e seguir para rumos diferentes, conhecer os nossos primeiros protegidos.

Desfraldei minhas asas, elas eram grandes, amplas e fortes. Eram perfeitamente eficazes, eu sentia a luz divina tomando conta de todo o meu ser. Como era a minha forma? Bem, eu devia ser como os outros, um ser repleto de luz com asas brancas. As nossas asas mudavam de tonalidade de acordo com nossa Legião:

Querubim, Serafim, Nephilim, Cupidos, Anjos celestiais, Arcanjos, Anjos caídos e Anjos da guarda.

E eu era um Anjo... Um Anjo da Guarda.

[...]

Nova Orleans, em 1787...

Lá estava eu num casabre de um casal de camponeses, a jovem moça estava dando a luz, era o seu primeiro filho. A criança que seria minha protegida, e eu estava bem alí ao lado dela, ninguém podia me ver.

A criança nasceu de madrugada, era uma linda bebê. Um ser tão inocente e delicado, fiquei fascinado, sequer conseguia parar de olhar para aquela coisinha chorando... Uma mulher mais velha limpou a menininha e entregou à mãe, que chorava e sorria encarando o ser mais precioso que era a sua filha.

A pele era rosada, toquei nela, mas infelizmente não conseguia sentir a sua textura. Ela tinha cabelos ralos, eram finos e dourados, mesmo ainda sujos de sangue eu conseguia admirar a cor clara de seus fios louros. A mãe acalmou a bebê, aninhando-a em seus braços e vi seus olhinhos abrirem com dificuldades, eram verdes-claros e tinham um brilho único, especial...

Aquela garotinha seria a minha primeira protegida, e minha missão era mantê-la segura enquanto eu estivesse ao seu lado, cumprindo minha missão. Eu ficava apenas algumas horas ao seu lado, seguindo-a, acompanhando tudo o que ela fazia durante as horas que eu ficava alí, desde 01hrs até às 18hrs. Nós Anjos da Guarda, tínhamos que retornar para o nosso lar sagrado quando o sino celestial tocava, era o nosso toque de recolher.

Crystal Louise Genevier D'Grant era o seu nome, filha de Ramon D'Grant e Samira Genevier. Ambos camponeses humildes e trabalhores. Os pais dela eram descendentes de camponeses franceses e espanhóis.

Vi aquela pequena criaturinha nascer, crescer e amadurecer, se tornando mulher. Aos 17 anos, Crystal já era uma moça muito linda e cobiçada. Seus cabelos já eram longos, ondulados e dourados, caíam por suas costas, como fios brilhantes de ouro...

E aos poucos passei a olhá-la com outros olhos... Tudo começou quando ela passou a se banhar no lago despida, todas as tardes... Eu ficava lá, vendo-a se despir e mergulhar nas águas cristalinas.

Seu corpo havia mudado, chamava a minha atenção. Crystal não era mais uma menininha, ela estava se tornando uma mulher tão linda e atraente.

E foi então que descubri outros sentimentos, a atração, o desejo proibido por uma mortal. Por minha protegida... Comecei a cobiçá-la, era mais forte que eu. Eu queria tanto ser como ela, um mero mortal. Fazer parte do seu mundo, poder tocá-la, poder possuí-la.

Torná-la minha mulher.

Era pecado, um grande pecado. Nunca foi minha intenção, mas acabei me apaixonando por Crystal.

Tomei minha decisão, e um dia desabafei com meu Criador. Ele ficou completamente decepcionado comigo, pois eu havia me rebelado e exigi ser transformado em mortal. E por isso fui banido pelo Conselho Celestial, minha própria Legião se voltou contra mim. Arrancaram minhas asas, todos ficaram contra mim, repudiando minhas atitudes.

Me joguei como um pecador, a queda foi longa. Senti minha primeira dor, caí na Terra já transformado em mortal. Havia virado um deles, um ser feito de carne e ossos. Olhei para as minhas mãos, vendo a cor da minha pele, era morena, uma cor bonita. Me rastejei, sentindo a dor se espalhar, saía um líquido do meu rosto, era vermelho, vivo. Eu estava sangrando. Gotejava no chão, uma parte do meu rosto queimava, e logo fui assimilando o que estava acontecendo. Eu tinha um nariz e estava sangrando... Claro, naquele momento eu era um deles, com corpo e membros que funcionavam. Podia sentir dor e sangrar, respirar e sentir coisas como eles sentiam. Havia me tornado um Anjo caído, mas possuíria aquele corpo temporariamente... Eu tinha que encontrar um mortal com sangue Nephilim, fazer um ritual para poder finalmente ter um corpo fixo, um corpo pra chamar de meu.

E naquele dia, quando chegou a noite abordei um camponês que vinha da colheita. Eu sabia que ele tinha sangue Nephilim, eu podia sentir. O ataquei o deixando inconsciente e encontrei a marca em seu corpo, um sinal de nascença. Só um descendente de Nephilim nascia com aquela marca...

Fiz o ritual seguindo à risca, bebendo o seu sangue na Lua nova. Meu espírito saiu do hospedeiro temporário e entrou no corpo sem vida de um rapaz de pele morena também, de cabelos negros. Aquele era o meu corpo, meu novo corpo. Eu era um mortal e só assim poderia ficar com a minha amada, Crystal.

Nos "conhecemos" na festa da Colheita, me apresentei à ela usando o nome Sebastian. Dançamos a noite inteira, comecei a cortejá-la todos os dias, e não demorou muito pra ela se apaixonar por mim. Uma noite trocamos juras de amor, e nos entregamos pela primeira vez. Foi a coisa mais intensa e prazerosa, tê-la em meus braços, sentí-la por completo, torná-la minha.

No dia seguinte, acordei e não a encontrei ao meu lado. Crystal havia partido, me ignorou e se afastou todas as vezes que tentei me aproximar. Ela havia mudado.

E de noite, me deparei com a pior cena de todas. Vi minha amada gritando amarrada num tronco, as pessoas do vilarejo a condenaram, acusando-a de ser bruxa. Acenderam suas tochas, e atearam fogo na minha doce e amada, Crystal.

Assisti ela queimar e não pude fazer nada para salvá-la. Era apenas um mortal.

A culpa era minha, quando me detei com ela, a deixei marcada. Segundo as pessoas, haviam surgido sinais satânicos em seu corpo, cobrindo sua pela alva. Círculos negros, simbolizando bruxaria...

Eu estava amaldiçoado, era um maldito Anjo caído e Anjos caídos eram considerados demônios habitando a Terra em forma de humanos. Só descubri isso tudo meses depois da morte de Crystal...

A dor da perda era tão grande que decidi acabar com ela de uma vez por todas. Me joguei no lago negro, me afogando e acabando com minha vida...

E o inesperado aconteceu quando voltei a vida, em 1890 habitando outro corpo, "nasci" na Itália. Eu estava mesmo amaldiçoado, pois eu ia morrer e renascer, em corpos diferentes, em épocas diferentes e veria a minha amada morrer de novo e de novo. Crystal reecarnou, seu espírito estava possuindo o mesmo corpo e a mesma face, mas seu nome era outro. Na Itália, minha amada tinha o nome de Cecília.

E eu a vi morrer novamente, nosso romance durou apenas 35 dias. Ela teve uma morte súbita, faleceu em meus braços...

Daquele vez não foi diferente. Morri porque não consegui aguentar a dor de perdê-la novamente... Fiquei muito deprimido, parei de me alimentar e meu corpo não aguentou tanto tempo.

Em 1900 reencarnamos no México, e assim por diante. Trocando de países, cidades, épocas e corpos. Ambos fadados à ter o mesmo destino cruel. Era a minha sina, minha maldição, a minha pior punição.

Mas confesso, eu não conseguia me arrepender. Eu teria me rebelado novamente se fosse preciso, tudo para ter a Crystal em meus braços, sentir seus lábios e sentir seu corpo unido ao meu como apenas um. Eu tinha fé que um dia ficaríamos juntos até envelhecermos, que iríamos conseguir quebrar a maldição.

[...]

Dias atuais...

Logo depois da queda:

Boston, Março, em 2017...

O que será que aconteceu? E por quê aconteceu? Eu devia ter morrido na Suécia, mas fui mandado direto para o inferno. Meu corpo junto com a alma, como teletransporte. Esperei a morte em vão... Queimei por dias, lá nas profundezas do submundo. Ainda consigo sentir o cheiro de enxofre, a minha pele, carne e ossos queimando... Não sei quanto tempo fiquei lá, acorrentado, sentindo o chicote de fogo bater na minha pele. A dor era excruciante.

E depois fui tirado de lá, me jogaram num lugar escuro e frio. Berrei por alguns minutos sentindo a pele das minhas costas rasgar junto com minha carne, minhas cicatrizes estavam queimando, abrindo. Devo ter apagado.

Acordei no meio do nada, não sabia ao certo. Eu somente caía e caía, nem conseguia abrir os olhos. O vento arrepiava-me por inteiro, eu conseguia sentir meu corpo completamente despido. A queda cessou, meu corpo se chocou contra algo duro, doeu mais do que a primeira queda, da vez em que me joguei, sequer consegui abrir os olhos...

Quando acordei, me deparei com uma moça cuidando de mim, ela é muito linda. Os cabelos pretos combinam com a pele alva e ela possui os olhos mais lindos que já vi em toda a minha existência.

Por um momento, pensei que ela fosse a minha Crystal. Mas infelizmente, não era. Fiquei triste, será que algo no meu destino mudou e nunca mais poderei ver minha amada? Ou ela vai se reencarnar em breve? Preciso descubrir, mas esperarei encontrá-la, não importa o tempo que levar.

Naquele dia conheci Jade West, a garota que me encontrou e me levou para a sua casa e cuidou de mim. Descubri que o mundo estava tão diferente e moderno, meio estranho até. Com muitas coisas que eu não conheço, preciso me acostumar, ainda estou confuso. Meus pensamentos estão conturbados, embaralhados... Às vezes tenho flashes das minhas vidas passadas, e às vezes esqueço de algumas coisas importantes. Não sei porque isto está acontecendo comigo, algo deve ter mudado.

O que será que vai ser daqui pra frente?

No momento, já fui avisado por um dos anjos que se rebelaram logo depois da minha segunda queda que o corpo que estou habitando é temporário e para mantê-lo, devo encontrar a garota especial, uma descendente de Nephilim por parte de pai e mãe. Isso é bem raro, ser descendente de ambos os pais com sangue Nephilim correndo nas veias. Tenho que achá-la e sacrificá-la o mais rápido possível.


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Notas finais do capítulo

Repararam na capa nova???

O que acharam do capítulo???

E sobre o nosso "estranho"???

Ficaram surpresos? Chocados? Surtados???

No próximo teremos PDV do Jonas West...

Bem, já revelei o que ele é e acabei com as suspeitas de vocês.

Agora posso mudar o nome da Fic para: Um Anjo Na Minha Vida.

O que acham???

Usei o "Estranho" apenas para manter o mistério mesmo.

Leitores fantasmas apareçam.

Nada de vácuo, comentem, pessoal!!! Bjs e até o próximo.



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