Um Anjo Em Minha Vida - Concluída escrita por Julie Kress


Capítulo 4
Olhos escuros e sedutores...


Notas iniciais do capítulo

Hey, guys!!!

Desculpem a demora, espero que esse capítulo recompense haha

Belos palpites, meninas...

Espero que gostem!

Boa leitura!!!



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Horas depois, às 16h:25min...

— Ele é uma gracinha, você não acha? - Tori apontou para o esquisito que estava observando meus peixinhos, seu rosto estava grudado no vidro do aquário.

— Nem um pouco. Sei lá, às vezes ele age como um primitivo e talvez seja apenas um lunático que fugiu de um sanatório... - Dei de ombros.

— Por quê você prende essas criaturas tão indefesas nessa grande caixa de vidro? Sabia que isso é crueldade? - Ele se virou para mim, me lançando um olhar um tanto sombrio.

— Esses peixes são meus, eu comprei. São peixinhos de estimação. - Respondi, explicando com calma.

Mas no fundo, eu estava me controlando para não perder a paciência.

— Posso comer um? - Perguntou apontando para os peixinhos verdes-azulados.

— Saía de perto desse aquário agora! Cansei dessa palhaçada! - Falei desligando a TV, e fui até ele o agarrando pela gola da camisa. - Quêm é você, hein? De onde você veio? - Exigi saber, sacudindo-o.

— Calma, Jay. - Vega tentou me fazer soltá-lo. - Largue ele! - Mandou autoritária.

Ele torceu os lábios e fixou seus olhos quase negros nos meus, sustentando meu olhar.

— Você faz tantas perguntas. - Sussurrou quase sem mexer a boca, suas mãos agarraram meus pulsos, seu toque era quente, meus braços ficaram dormentes.

O soltei imediatamente, recuando, olhei para a Tori e ela parecia alheia, fitando a TV desligada.

— Você não é humano... - Acusei, sussurrando, um pouco nervosa, ainda sentindo a dormência em meus braços. - Tori? - Chamei indo para perto dela.

— O quê? O primitivo te mordeu? - Ela piscou e me deu um sorrisinho zombeteiro.

— Não. - Neguei. - Ele nem deve ser humano, talvez seja um alienígena. Ele usou o poder em mim e te hipnotizou te deixando alheia, e...

— Alienígena? - Me olhou incrédula e caiu na gargalhada. - Amiga, ele deve ser o número Sete. Ei, Aladim, você conhece o número Quatro? - Perguntou curtindo com a minha cara. - Diz aí, você é o Sete ou o Oito? - Debochou.

— Tô com fome! - Ele me avisou, ignorando as gracinhas dela.

— Ele come lixo tóxico ou carne humana. Uh, ele é um alíen super perigoso. Cuidado! - Tori dizia entre risos.

— Palhaça! - Arremessei uma almofada na cara dela.

— Aw, doeu. - Revidou e eu esquivei. - Tchauzinho, tô indo ver o meu Chocolatinho, ele tá dodói. - Ela fez bico, pegando a bolsa. - Qualquer coisa ligue para a NASA. Tchau, Aladim. - Ela acenou para ele e piscou para mim.

— Já sabe o caminho da porta... - Murmurei cruzando os braços, brava com ela.

— Sua amiga é... - Ele fechou os olhos, pensativo, escolhendo as palavras. - Tão ingênua. - Completou a frase.

— Ah, é? - Sorri sarcástica. - Pode ir colocando as cartas na mesa seu alienígena de meia tigela. - O peguei desprevenido, imobilizando-o, grudando nele.

Nós caímos no chão, sobre o tapete. Sentei em suas costas, torcendo seus braços para trás.

— Eu não vou deixar vocês destruírem a raça humana. Nenhum monstrinho verde e gosmento vai dominar o Planeta Terra...

— Sentando em cima de mim você não está facilitando as coisas, senhorita... Isso só está me deixando atiçado, e eu me sentiria culpado se eu perdesse o controle. Por Deus! Se retire de cima de mim! - Pediu, ainda imóvel.

— Você... Você... - Quase engasguei com o ar, soltando seus braços. - Não é um alienígena? - Murmurei me levantando.

— Que diabos é isso? - Perguntou se levantando atordoado.

— Oh, esqueça. Você disse que estava com fome, não? - Mudei de assunto.

[...]

— Você devia passar muita fome. - Comentei, observando-o.

Ele parecia um animal selvagem devorando um javali, mas na verdade, ele estava devorando Nuggets, sanduíches de peru, potinhos de pudim de chocolate e refrigerante.

Sua boca e suas mãos estavam todas sujas, completamente lambuzadas. Ele fechava os olhos, empurrando pedaços grandes na boca, engulindo tudo quase sem mastigar, se deleitando com a comida...

— Nós não fomos criados para comer... - Disse abrindo os olhos, fez uma pausa e soltou um arroto. - Eu sentia tanta inveja. - Abaixou a voz. - Mas não me arrependo! - Disse me olhando, sério.

— Não estou entendendo. Poderia me explicar tudo? - Me inclinei sobre a mesa.

— Eu nem deveria estar falando essas coisas. Mas posso te confidenciar algo importante... - Disse hesitante.- Não estou de passagem aqui. A Crystal morreu. E a cicatriz em minhas costas é uma consequência, quebrei as regras mais de 100 vezes. E agora por minha culpa, você pode estar correndo perigo! - Desabafou.

— O quê? - Pus as mãos na boca, chocada. - Estou em perigo? O que você fez? Que tipo de perigo? Por quê você tinha que entrar na minha vida? - Levantei, batendo na mesa, exaltada.

— Eu sinto muito. - Murmurou com pesar, olhando para baixo.

— Depois que terminar de comer, quero que vá embora da minha casa! - Avisei, séria.

Minutos depois...

— Me responda uma coisa, você é foragido da lei? - Perguntei embalando um lanche para a viagem.

— Não. - Respondeu me observando, apoiado na bancada. - Eu não tenho para aonde ir. - Avisou com a voz baixa, parecia bastante triste.

— O problema não é meu! - Falei terminando de embalar seu lanche. - Eu posso te dar um casaco do meu irmão e um cobertor, e depois você dá o seu jeito...

— Você está mesmo com medo de mim? - Perguntou.

— Claro que não. - Neguei.

— Eu não vou te machucar, confie em mim. - Arrodeou a bancada e tirou o pacote de papel das minhas mãos.

— Você parece anormal, não sei se posso confiar. Nem ao menos sei o seu nome e se você não for embora, eu vou chamar a polícia... - Falei seguindo seu olhar, ele estava fitando a pequena faca entre nós, em cima da bancada.

Tentei pegar a faca, mas ele foi mais rápido.

— Não sou um alienígena. - Afirmou estendendo o braço esquerdo, pondo a faca sobre a palma da mão. - Tenho sangue correndo em minhas veias. - Sussurrou fazendo um corte na palma da mão.

Seu sangue escorreu pingando no piso, uma coloração forte, viva.

— VOCÊ É LOUCO? - Gritei nervosa tomando a faca dele.

— Vou ficar bem. - Fez um careta, balançando a mão.

— Tá legal. Você sangra, isso eu sei. Mas isso não prova nada. Vampiro você não é, nem zumbi! - Falei descartando mais dois palpites.

— E agora? Vou poder ficar aqui? - Perguntou me olhando com uma cara de coitado.

— Não. Não posso acolher um possível psicopata na minha casa. - Avisei.

[...]

— Toma. Acho que posso te ajudar lhe dando algumas coisinhas - Lhe entreguei uma mochila, com algumas mudas de roupas e produtos higiênicos.

— Seu irmão não vai sentir falta? - Perguntou olhando para a foto do Jonas no porta-retrato, em cima da estante.

— Não... - Respondi, limpando uma lágrima solitária discretamente.

— O que aconteceu com ele? - Perguntou ainda olhando a foto.

— Não sei... - Respondi segurando as lágrimas. - Uma noite ele saiu de casa para ir se divertir com os amigos e nunca mais retornou. - Falei com a voz embargada.

— Sinto muito... - Murmurou tocando no meu ombro, aquele simples gesto foi tão confortante, acolhedor.

— E aquelas crianças? - Apontou para a foto aonde eu estava rodeada de garotinhas de 5 à 8 anos, minhas alunas.

— São minhas alunas, sou professora de Ballet. - Contei.

O rapaz olhou para mim e deu um pequeno sorriso.

[...]

Horas depois, às 20h:50min...

— VOCÊ FEZ O QUÊ? - A Vega quase me deixou surda, tive que afastar o celular.

— Mandei ele ir embora. - Repeti devagar.

 - Mas por quê, Jay? - Choramingou.

— Porque não sou obrigada a acolher um sem-teto, ainda por cima desmemoriado e louco na minha casa. - Falei o óbvio.

— Coitadinho! Estamos morando em Boston agora e não em L.A, está muito frio lá fora.

— O problema não é meu. - Revirei os olhos. - Eu quase não tenho paciência com as minhas alunas. - Resmunguei. - Prefiro aguentar minha turminha, aliás, aquele cara só iria me dar trabalho. - Argumentei.

Ouvi ela suspirar e sentei na cama, a janela do quarto estava trancada, escondida atrás da cortina e o aquecedor estava ligado.

— Eu vou ser titia pela terceira vez!b- Ela disparou a novidade, toda empolgada.

— Pobre Sinjin que terá que sustentar mais uma boca. Pensando bem, a culpa é dele. A Trina deve estar um horror. Lembro que ela ficou enorme e dez vezes mais insuportável na última gravidez! - Comentei.

 - Verdade. - Tori concordou.

— Vou jantar. - Avisei querendo encerrar a ligação.

— Espera, ontem o André me... 

Desliguei na cara dela, vesti um robe preto por cima do pijama e desci para preparar meu jantar.

Minutos depois...

Esquentei alguns Burritos no micro-ondas, fritei alguns Nuggets e fui jantar na sala, quando estava prestes a ligar a TV, ouvi um barulho.

O baque veio lá de fora, deixei a bandeja em cima da mesinha de centro e fui dar uma olhada lá fora.

Saí de casa sentindo o frio noturno bater no meu rosto, não havia ninguém na rua, olhei por cima do cercado do vizinho que mora com um primo, tinha algum bichano revirando a lata de lixo, em seguida dei uma olhada por cima do cercado de um casal de velhos rabugentos, e não havia nada suspeito por ali.

E quando já ia retonar pra casa, ouvi barulho de latas caíndo, e o barulho veio da minha garagem. Corri para dentro de casa, indo pegar o taco de beisebol que era do Jonas...

[...]

Liguei a lanterna e entrei na garagem, com o taco na outra mão.

— Eu tô armada. Quêm estiver aí, vai se ver comigo. - Avisei num tom ameaçador, direcionando a laterna para todos os cantos.

Meu Toyota estava al intacto, alguém havia derrubado as latas de tinta. Me abaixei, procurando o meliante debaixo do carro...

Ouvi ruídos, eram apenas ratos. Fazia um mês a garagem não era limpa, estava uma bagunça, teia de aranha, poeira e tralhas.

Ouvi mais alguma coisa, um espirro. Os ratinhos chiaram correndo para trás do amontoado de caixas, havia uma pessoa escondida atrás do carro.

Me aproximei devagar, com o taco erguido, pronta para atacar a pessoa que havia invadido minha garagem.

— Abaixe isto, anjo! - Aquela voz soara familiar, um pequeno calafrio percorreu minha nuca, se espalhando por meu corpo.

Paralisei. Estava bem atrás de mim, tão perto.

Quando me virei, me deparei com ele. Seus olhos estavam enegrecidos, seu olhar prendeu o meu por alguns segundos.

— Você? - Larguei o taco, assustada e surpresa, focando a luz da lanterna em seu rosto. - Como entrou aqui? - Sussurrei, quase sem voz.

— Por ali. - Apontou para a pequena janela aberta, era um quadrado perfeito de aproximadamente 60 centímetros, lá no alto.

Ouvi um tilintar de latas caíndo atrás de mim, pulei para frente com o susto, batendo em seu peito, deixando a lanterna cair aos meus pés, a luz se apagou quando o portão de ferro desceu, nos trancando ali na garagem.

Escuridão total, eu me vi sozinha com aquele estranho. Minha respiração ofegante rompeu o silêncio...

— Eu mandei você ir embora... - Esmurrei seu peito, às cegas.

Ele sequer pareceu se mover, parecia sólido como uma rocha.

— Decidi ficar. Não devo ir embora. - Se aproximou, tocando meu rosto, suas mãos quentes sobre minha pele.

— Por quê? Por quê simplesmente não sai da minha vida de uma vez por todas? - Afastei suas mãos, com receio daquele proximidade tão íntima.

— Você me ajudou. Sinto que lhe devo algo, não vou descansar enquanto não lhe retribuir... - Explicou com calma.

— Isso é mesmo importante pra você? - Indaguei.

— Sim. - Sua voz soou tão serena.

— E aquele lance do perigo? - Questionei.

— Ao meu lado você estará segura. - Garantiu.

A garagem foi abrindo lentamente, o portão automático subindo, nos afastamos e percebi que ele estava apenas de calça jeans, seus pés descalços e seu cabelo todo bagunçado, com a mochila pendurada no ombro direito.

— Isso por acaso é um tipo de truque? - Perguntei.

— Não tenho nada a ver com isso, anjo. - Deu uma risadinha.

— Não sente frio? - Perguntei o conduzindo para fora da garagem.

— Um pouco. - Respondeu.

Ele foi na frente, andando pelo raso gramado frio. Fitei a cicatriz em forma de V nas suas costas, com os contornos vermelhos.

Entramos, tranquei a porta e peguei a mochila, deixando-a no sofá.

— Vire-se. - Mandei e ele pareceu não me ouvir. - Fique de costas! - Pedi e ele obedeceu.

Percorri os dedos por ela, contornando a cicatriz, sentindo formigamentos nas pontas dos dedos.

— Isso não é normal. - Comentei, meu corpo todo estava arrepiado, minha pele quente e toda sensível.

Tocar nele era... Excitante. Fechei os olhos, com o gemido preso em minha garganta.

E ele foi se virando devagar, abri os olhos e me perdi no seu olhar obscuro. Naqueles olhos escuros e sedutores...

Suas mãos foram para a minha cintura, ele me puxou para si, juntando nossos corpos e capturando meus lábios.

Seus lábios nos meus foi a melhor sensação do mundo, meu corpo todo amoleceu, me senti leve e flutuante.

Foi como ir ao paraíso, flutuar sobre as nuvens. E depois o beijo se tornou urgente e lascívo, nos beijamos ali no meio da sala.

E eu não me importaria se ele quisesse me possuir ali mesmo. Eu cederia e repetiria umas mil vezes... Meu corpo ardia de desejo.


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Notas finais do capítulo

Bom, ele não é um alienígena, nem vampiro e muito menos zumbi kkkkk

E agora? Vocês já sabem???

Não esqueçam de favoritar, é importante.

Comentem! Bjs