3 meses depois...

P.O.V Do Jade

Depois que descubri que Anjos e Demônios vagavam sobre a Terra, a minha vida nunca mais foi a mesma. Tudo que eu acreditava que era pura fantasia ou ficção, de fato existia e fazia parte da minha mais nova realidade. Seres Celestiais podiam ter forma humana, Beck ou Caliel, seja qual nome fosse o dele, não era um simples mortal. Ele era um Anjo Caído, um humano em transição num corpo saudável e com o rosto lindo, dono de uma beleza quase surreal.

De fato, ele era surreal por inteiro.

Desde o começo desconfiei que o rapaz não era normal, cheguei a desconfiar até mesmo de sua saúde mental. Ele tinha um comportamento estranho e duvidoso, e ele era naturalmente intrigante.

Que ideia foi aquela minha de parar num beco escuro para socorrer um completo desconhecido de noite?

Eu mesma o levei para a casa colocando minha própria vida em risco. Não só a minha, como a da Tori também e todos que me cercavam.

Me envolvi com o Aladim, como eu costumava apelidá-lo achando que teríamos algum futuro juntos. Grande engano meu, ele já era apaixonado por outra.

Havia abandonado tudo e se sacrificado pela tal Crystal.

Que chances eu teria contra o amor de sua vida?

Como eu pude ser tão tola à ponto de me apaixonar por um estranho?

O canalha me iludiu e me fez de boba, fingindo ser aquela criatura ingênua que sequer lembrava o nome. Poderia até mesmo não lembrar de tudo, mas ele sabia quêm era e lembrava de fatos de suas vidas passadas em sua jornada na Terra.

Ele também sabia que poderia estar me colocando em perigo e mesmo assim ficou na minha casa, se aproveitando da minha gentileza, do conforto do meu lar, comendo e se divertindo debaixo do meu teto enquanto me fazia acreditar que ele era um sem-teto sem memórias.

E até mesmo usou meu corpo para matar os próprios desejos.

Como eu pude ser tão burra e ingênua?

Quando Beck/Caliel se foi me abandonando após revelar sua verdadeira história de vida, eu fiquei sem chão. Eu estava um pouco assustada e arrasada com tudo. Ele tinha a intenção de me matar embora tenha desistido por piedade. Pensava em me usar num maldito ritual de possessão, jogou isso na minha cara antes de dizer que me pouparia como agradecimento por eu ter o tirado daquele beco enquanto ele estava quase morrendo de frio.

Eu havia me entregado de corpo, alma e coração para o cara que tinha a intenção de me sacrificar.

Tudo que ele queria era o corpo humano que habitava e também encontrar a sua amada, Crystal.

Fui apenas uma peça no seu jogo. Ele não se importava comigo, afinal de contas, eu era apenas uma humana e não uma imortal reencarnada que era o amor de sua vida.

O aparecimento do meu irmão foi a única coisa que me salvou de uma possível depressão.

Beck foi embora deixando uma ferida enorme eu meu peito. Nunca pensei que sofreria de novo por amor, primeiro foi o Robbie que me deixou e me magoou bastante anos atrás.

Depois o maldito Anjo Caído chegou com mentiras e ilusões, me fazendo confiar nele. Eu confiei porque acreditava que ele iria me amar e ficar ao meu lado.

Tudo que ganhei o amando foram mentiras, um coração partido e a tremenda dor que ficou quando ele me deixou. Ele partiu sem olhar para trás me deixando com um vazio enorme.

Se Jonas não tivesse retornado pra casa, eu teria ido ao fundo do poço.

Meu irmão e minha melhor amiga me deram forças quando me viram desabando. Me ergueram quando precisei, sem eles eu jamais teria conseguido seguir em frente.

Beck tinha partido, eu esperava nunca mais vê-lo na vida.

[...]

A primeira semana após sua partida foi muito difícil, eu só conseguia pensar nele. Tudo na casa me lembrava ele, até mesmo o jardim que ele se empenhou em cuidar para mim, até a garagem me fazia lembrar do moreno que deixou meu coração partido.

Me tornei um tanto egoísta, Tori havia perdido a casa e tudo que havia dentro, enquanto passei uma semana inteira só pensando em mim e na minha dor.

Só pensando no maldito Anjo Caído.

Meu irmão e minha melhor amiga faziam de tudo para me animar, para tentar me distrair. O inverno havia chegado só tornando meus dias ainda mais cinzas e vazios. Minha rotina se tornou monótona.

Era da casa para o trabalho e do trabalho para a casa.

Eu estava feliz por ter o meu irmão por perto. Jonas se tornou um homem lindo. Não era mais aquele adolescente atrevido de 16 anos. Era um jovem de 21 anos. Ele havia sobrevivido ao massacre no Fliperama do Bob.

Quando fiquei sabendo sobre o que ele havia se tornado, quase fiquei chocada. Ele havia fugido para se tornar um caçador, até mudou de nome e fez tudo o que pôde para proteger a mim e ao nosso pai se mantendo longe em prol da nossa segurança.

Ele havia sacrificado a vida dele em Boston para proteger quem amava e isso incluía a Tori.

Não me chateei quando fiquei sabendo deles, estava na cara que sentiam algo um pelo outro, sempre desconfiei. Tori se livrou do André, ela merecia alguém melhor e Jonas era mais do que bom, ele era ideal para a Vega.

A perícia constatou que o incêndio foi criminoso, todas as suspeitas se voltavam para o André, ele tinha motivos para querer se vingar e vê-la morta, apesar de tudo, não comprovaram nada após a polícia investigá-lo.

Só sabíamos que alguém entrou na casa e vazou o gás.

Jonas desconfiava da gangue que o perseguia, caçadores de Nephilim.

Se ele era um descentende de Nephilim, eu também era, isso só explicava a estranha marca de nascença em formato de meia lua que eu também tinha.

Por isso o Beck precisava de mim para o tal ritual de possessão.

Precisava de uma descendente de Nephilins.

Com a volta do meu irmão, o seu melhor amigo também entrou na minha vida.

Kevin era um Anjo Caído, um caçador de Demônios também assim como Jonas que mudou o nome para Joel enquanto eles fugiam sendo perseguidos e também se aventuravam caçando juntos.

O que só me deixava aflita.

Que tipo de pessoa gosta de saber que o irmão caçula dá uma de herói caçando criaturas demoníacas?

Seguir em frente era o meu objetivo, eu tinha o meu emprego e minhas alunas. Camille e eu nos tornamos boa professora e boa aluna, eu simplesmente me apeguei à garotinha de uma maneira que eu sequer conseguia explicar.

Nossa aproximação só fez com que seu pai, o meu ex-namorado se aproximasse de mim cada vez mais.

A partir de certos momentos, as coisas se tornam inevitáveis.

E foi entre idas ao bistrô, cinema caseiro e jantares em sua casa que eu e o Shapiro acabamos nos envolvendo de novo.

Eu era jovem, tinha um emprego do qual eu amava, o meu irmão de volta em casa, uma amiga maravilhosa e precisava seguir em frente, arrumar um parceiro.

Jonas e Tori assumiram o namoro e eles viajaram para visitar nosso pai, nosso velho ficou feliz da vida com a bela surpresa.

O filho estava vivo.

Eu também estava viva mesmo que uma parte de mim tenha morrido.

Ela se foi junto com o Anjo Caído.

Por isso eu precisei recomeçar e escolhi ficar com Robert Shapiro.