A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 31
Não é justo, usaram minha raiva contra mim!


Notas iniciais do capítulo

Hey Batatinhas Ambulantes o/

Mais um capítulo, dessa vez to postando num horário mais acessível kkk ~o que significa que minha sexta foi bem menos agitada u.u~ e estou aqui para agradecer duas batatinhas maravilhosas que recomendaram a fic essa semana u.u então muito obrigada a "Alice Daniele" e a "HueGBRLeitora" por terem parado do seu tempo para fazer essas recomendações *3* por isso, o capítulo de hoje é pra vocês u.u

Aliás, quero agradecer vocês que comentaram também porque... Imagina uma pessoa que ficou louca quando viu o tanto de comentário que teve apenas no sábado o.o só tenho duas palavras: amo vocês *3*

No capítulo de hoje - o primeiro treinamento kkk e.e

Tenham uma boa leitura o/



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No dia seguinte eu acordei com um cheiro maravilhoso. Era comida. Céus, como eu sentia falta de algo pra comer — a gente geralmente só comia uma ou duas vezes por dia ou as vezes ficava com fome o dia inteiro. Abri os olhos devagar, me deixando levar por aquele cheiro maravilhoso. Logo eu estava me sentando, respirando fundo o ar fresco do dia ensolarado.

Apenas Melina estava assando algo na fogueira. Não via nem um sinal de Tanay, Henrietta ou Daniela. Arqueei uma sobrancelha e me levantei da grama — por incrível que pareça, sim, eu tinha pegado no sono ali mesmo. Caminhei até Melina e me sentei ao seu lado, observando-a assar uma espécie de carne qualquer.

— Onde estão os outros? — questionei depois de um tempo.

— Tanay foi cortar madeira. Henrietta e Daniela foram caçar.

— E você?

— Estou fazendo o almoço. — Ela deu um sorriso doce.

Continuei a observar o jeito como ela assava a carne com delicadeza.

— Quem é o seu parente divino?

— Psiquê, deusa das almas.

— Então você deveria ser sinistra igual aos filhos de Hades, não? — Arqueei uma sobrancelha enquanto perguntava.

Melina riu.

— Deveria, mas minha mãe é tão doce que isso seria contrariar a personalidade dela.

Bom, isso pelo menos explica o fato de você ser doce o tempo inteiro, pensei distraidamente.

— E... você e Tanay são...?

— O quê? — Ela riu mais uma vez. — Namorados? Nem pensar. Ele é cabeça dura demais pra mim.

— Então como é que você consegue sempre burlar as ordens dele?

— Eu sou a vice-líder. Minha função é questionar as ordens do próprio líder de vez em quando.

São tantas funções de líder e vice-líder que eu me pergunto de onde esses quatro tiraram tanta disciplina, pensei, surpresa por eles saberem de cor o que cada um tinha que fazer.

— Aliás, Tanay me disse que ele que vai treinar você.

— Eu sei. — Fiz uma careta. — Mas na verdade eu queria que você me treinasse.

O sorriso doce voltou aos seus lábios.

— Eu também queria te treinar, só que Tanay se acha mais adequado pra isso. Então se prepara, porque ele não costuma pegar leve no treinamento.

Soltei um longo suspiro.

— Não se preocupe. Vou observar vocês dois de longe só pra ter certeza que ele não vai fazer nada de mau com você.

— Ele sempre foi assim? Insensível?

— É a personalidade da mãe divina de vocês dois. Coração de gelo, como eu gosto de chamar particularmente.

— Isso quer dizer que eu sou assim também?

Mel negou com a cabeça.

— Nossa personalidade faz parte de nosso gene — explicou ela —, o que significa que só temos tendência a ser uma certa pessoa. Não quer dizer que temos de ser ela.

— Natália, é você? — fingi uma expressão surpresa.

— Ah, não, quem dera. — Outro sorriso doce. — Eu gostava da Nath, admirava a inteligência dela. Pena que os garotos eram tão idiotas com a pobrezinha.

— E por que você nunca fez nada? — disparei, mas me arrependi em seguida. Não queria deixar óbvio que estávamos tendo uma conversa sobre mim mesma.

— Eu não sei, eu... Essa coisa de bullying é difícil de lidar pra mim. Quando eu era menor, sofri muito, então quando isso deixou de existir na minha vida, eu sempre tentei evitar esse tipo de situação — ela parecia envergonhada consigo mesma.

— E por que você não... tenta? Quando todo esse jogo acabar e estivermos na festa de formatura, tenta pelo menos... conversar com ela.

Suas bochechas ganharam uma cor rosada que a deixou muito fofa. Logo ela estava assentindo.

— Pode me cobrar no dia da festa. Você tem razão. Eu fui uma idiota e cúmplice.

Eu acabei sorrindo com aquilo. Não fazia nem ideia que no meio daquela sala, tinha gente que gostava de mim, apesar de todas as brincadeiras infantis que os garotos faziam comigo.

— Toma, come um pouco. — Ela agora tirava um pedaço de carne do espeto improvisado e dava pra mim. — Tanay pediu que você fosse atrás dele assim que acordasse e comesse.

Dei uma mordida. A carne estava boa — e nada borrachuda, comparada às carnes que eu sempre comia na minha antiga cabana. Só que eu comecei a dar mordidas minúsculas só pra poder adiar meu encontro com Tanay. Ainda estava hesitante com o que quer que ele poderia fazer comigo no treinamento — e possivelmente ele iria se vingar de mim por ter sido sonsa no ataque da Olívia.

— Enrolando por ter medo de se encontrar com Tanay? Ou a carne está péssima? — Agora Mel tinha um sorriso no rosto que denunciava sua vontade de rir.

— Não, a carne está maravilhosa — digo num sorriso amarelo e volto a bicar a comida.

Melina riu.

— Eu sabia. Você está com medo, não é? — ela não estava debochando de mim, estava apenas achando engraçado.

— Dá pra parar de rir? — Dessa vez dei uma mordida grande.

— Não demonstre ter medo dele, esse é o segredo.

— Eu já tentei e isso só deixou ele mais estressado.

— Aposto que você desafiou ele. — Novamente ela riu.

— O que é tão engaçado?

— Vocês dois. São opostos e ao mesmo tempo iguais.

Revirei os olhos e continuei a comer minha carne, dessa vez mais rápido só pra fingir que não estava mais com medo de enfrentar meu irmão. Terminei em alguns minutos e logo me levantei, respirando fundo, prometendo a mim mesma de que não teria medo.

— Pra onde ele foi?

Melina apontou pra um lugar pouco depois do lago. Assenti e comecei a andar em direção ao caminho.

— Boa sorte — disse ela.

Eu ia responder, mas não queria demonstrar que precisava de sorte pra ver meu irmão, então acabei me limitando apenas a um dar de ombros, até finalmente ir em direção ao local onde ele estava.

A pequena floresta não era assim tão longe e ele não estava muito afastado do lago, o que facilitou pra eu achá-lo cortando a madeira com a minha espada.

— Finalmente — disse ele dando uma pausa no que estava fazendo.

— Acordei tarde — menti.

Tanay deu de ombros e fez desaparecer a cimitarra, derretendo-a pouco a pouco.

— Como consegue fazer isso? — tentei não soar encantada ou curiosa demais.

— Domínio básico do elemento. — Ele secou algumas gotas de suor do rosto enquanto falava. — Sua cimitarra é muito boa e encantada, então não me custa poder nenhum pra fazer ela aparecer. Quem foi que deu ela pra você?

Se eu dissesse que fui eu mesma que a encantei, duvido que ele acreditaria, pensei em desgosto, mesmo que nem tenha sido eu que tenha encantado a cimitarra.

— O líder da outra cabana. Ele encantou ela pra mim.

— Ele devia gostar muito de você — comentou em desdém quando começou a arrumar as madeiras que tinha conseguido coletar. — Encantar um elemento gasta muita energia e habilidade. Ou sorte se for um pedido atendido dos deuses.

— Utae era como um irmão pra mim — falei, observando ele juntar as madeiras.

Quando ele terminou de arrumar as madeiras, o mesmo veio até mim, ficando cara a cara comigo.

— E então? O que você não sabe?

Mordi o lábio quando comecei a pensar. Por todo esse tempo que eu passei com os quatro, acabei percebendo que não tinha aprendido muitas coisas com Utae e os outros.

— Tudo bem, acho que comecei com uma pergunta muito difícil. O que você sabe?

— Socar — respondi destemida.

— E...? — ele me incitou a dizer mais.

— Hã... segurar uma espada? — digo hesitante.

Tanay soltou um longo suspiro.

— Tudo bem, vamos ter um longo trabalho pela frente. Sabe pelo menos a defesa básica?

Neguei com a cabeça devagar. Ele pareceu assentir enquanto se alongou por alguns segundos.

— Vamos treinar um pouco seus braços. Tudo o que você precisa fazer é usá-los para defesa pessoal. Nada de perna. Quero só os braços.

Confirmei com a cabeça, indicando que havia entendido. No segundo seguinte ele ameaçou a me dar um soco, só que foi tão lento que até consegui pegar seu punho.

— Foi devagar demais. Se eu estivesse um pouco mais rápido iria conseguir te acertar.

Comprimi os lábios, tentando não me deixar abalar pelo comentário.

— De novo — avisou ele antes de fazer o mesmo movimento, só que com o outro punho.

Segurei ele mais uma vez, tentando ser mais rápida dessa vez.

— Ainda está lento. Você pode mais que isso. Vamos de novo.

Ele atacou e eu segurei, agora séria. Estava começando a me concentrar de verdade.

— Continua lenta. Qual é, Kary. Até uma tartaruga pode bater em você nesse ritmo — provocou ele.

Eu sabia o que Tanay estava tentando fazer. Ele queria tirar minha concentração, provocando minha ira. Mas isso não vai acontecer, prometi a mim mesma mentalmente.

Ele atacou e eu defendi. De novo. De novo. De novo. E de novo. As provocações dele enchiam meus ouvidos e sua voz começara a se tornar irritante a cada palavra. Não demorou muito até meus dentes estarem cerrados de raiva e eu já está cansada de repetir os mesmos movimentos de defesa.

— Desse jeito você nunca vai conseguir se defender de alguém. Um jogador te derrubaria antes mesmo de você conseguir levantar esse seu braço molenga.

E o movimento se repediu de novo. De novo. De novo. De novo. E de novo. Agora meu corpo começava a esquentar pelo esforço.

— Posso acabar com você até de olhos fechados de tão ruim que você é — continuou provocando ele.

Ele me provocou tanto que chegou um momento em que eu simplesmente taquei um “dane-se” e cerrei os punhos, querendo socar aquele nariz pálido. Bem, minha tentativa de tentar acertar o rosto de Tanay foi em vão porque ele se defendeu tão rápido que nem vi quando ele me derrubou no chão.

Tanay colocou meus dois braços pra trás e um joelho na base das minhas costas. Soltei um xingamento. Eu conhecia aquele golpe de imobilização. Malek já havia usado ele contra mim. E eu só percebi que ele tinha se inclinado pra perto do meu ouvido quando sussurrou:

— Ainda está muito lenta.

Cerrei os dentes, embora de nada adiantaria nem mesmo me debater já que estava completamente imobilizada. Ele havia usado minha raiva contra mim mesma.

— Será que dá pra me soltar? — questiono entredentes.

Com a mesma velocidade que me colocou no chão, ele saiu de cima de mim. Xinguei mais uma vez e me sentei na grama, observando o sorriso convencido e orgulhoso na sua cara.

— O dia que eu te colocar no chão, você vai ver — falei em tom de ameaça.

Tanay riu.

— Falta muito até você chegar lá, garota — disse ele num tom de deboche.

E eu sabia que ele estava certo. Eu ainda teria um longo caminho pela frente.


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Notas finais do capítulo

HASUHSAUSHA imagina o looooongo caminho que a Kary vai ter que passar... E.E'

No próximo capítulo - uma... morte? o.o

Até o próximo capítulo o/