Herança Real escrita por TessaH


Capítulo 4
Sê bem vinda


Notas iniciais do capítulo

Olá! Espero que estejam gostando e podem deixar suas opiniões sobre o que está acontecendo e o que acham que é!



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Eu não tinha visto o senhor Jean – era melhor eu me acostumar a chamá-lo de padrinho, porque me poupavam palavras – o dia todo. Tudo bem que fiquei fora com Marie até o anoitecer, e devo confessar o quão maravilhada eu fiquei com cada lugarzinho por onde passamos. O principado era um deleite para os olhos até mesmo o banco da rua! Além de visitarmos algumas lojas – que tinham modelos expostos nas vitrines – à procura de algo decente para mim, Marie, a governanta, e eu andamos pela praia. Na verdade, eu a obriguei a andarmos por lá, pois queria conhecer e me deslumbrar ainda mais com aquela paisagem.

— Isso aqui é tão lindo.

Aposto que fiquei com uma cara de boba, observando o poente na calçada da praia.

— É sim. – Marie proferiu, ao meu lado. – Por morarmos aqui, nos acostumamos com a paisagem que deveria todo dia nos surpreender.

Assenti, pensando que é um verdadeiro presente morar em um local que parecia coisa de filme. E eu poderia falar isso com toda propriedade, porque conhecia o outro lado.

 Eu era o outro lado.

Marie perguntou se podíamos voltar para casa e concordei com a condição de que fôssemos andando. Ela não pareceu se agradar com a ideia, mas não podia recusar.

— Marie, você estava falando sobre as casas reais que moram aqui... – eu introduzi o assunto no meio do caminho. – Eu posso não saber muita coisa, mas aqui é um principado, governado pelo príncipe soberano, então.

Marie afirmou.

— Sim, Serena, e como não temos um território muito vasto, o palácio fica do outro lado da avenida, por entre os morros. Na realidade, a maioria das famílias reais reside por lá.

— Ah, tipo um condomínio fechado?

— Acho que sim, senhorita. – Marie continuou. – O nosso príncipe soberano é Louis, da casa Grimaldi.

Eu me lembrei das três poderosas que vi mais cedo.

— Você conhece aquelas garotas?

— Oh, conheço por nome, Serena.

— A tal Blaire é filha de duque, é isso?

Eu não podia acreditar que aquela Barbie pudesse ostentar mesmo um título.

— Sim. E as outras são muito próximas a senhorita Blaire, são conhecidas por andarem sempre juntas.

— Eu podia imaginar.

— Uma é filha de um membro do Conselho Nacional e a outra, de um marquês.

Deixei a conversa morrer para processar a informação, no entanto, perto de casa, Marie voltou a falar.

— Devo preparar a senhorita para a festa de hoje... É da Vossa Alteza Alexandra.

Eu olhei para Marie com a mesma cara confusa quando me enchiam de nomes e honoríficos.

— Ela é alguma coisa do príncipe?

— Não, quero dizer... Tem parentesco, mas ela é duquesa, então os outros a chamam assim. E com certeza é a mais influente no principado.

Revirei os olhos diante da perspectiva de desfilar aos olhos da Vossa Alteza Alexandra e ser objeto de seus comentários com todo o território monegasco.

 

—*-*-*-*-*-*-*-

 

— Senhorita Serena!

A porta do meu quarto abriu rapidamente revelando uma Marie nervosa.

— O horário para sua saída já está ultrapassado, senhorita.

— Desculpe, Marie, eu não consigo arrumar meu cabelo.

— Oh, querida... Está tão linda. – Marie se aproximou e me fez virar para frente da penteadeira a qual já estava. – Deixa que eu a ajudo.

Suspirei e soltei meus cabelos.

— Devem estar difíceis de arrumar, Marie, porque eu preciso mesmo cortá-los.

Marie sorriu da minha careta enquanto suas mãos se moviam pelos meus fios enrolados.

— Não, Serena, eles são lindos, deveria deixá-los mais soltos.

Eu não conseguia ver como um cabelo tão ondulado quanto o meu poderia ficar solto. Ele tinha vida própria.

Fitei minha imagem no espelho e agradeci pela bela escolha de Marie para meu vestido.

— Quer prendê-los?

— Não, Serena. – Marie logo deixou a parte da frente do meu cabelo solta e prendeu um pouco em cima. – Adoro este penteado.

Visualizei a mágica e até me senti incrível.

— Obrigada, Marie!

— Tome estes brincos, querida, tenho certeza de que combinam com seu vestido.

Os brincos eram pérolas que combinariam com o vestido prateado.

Ao descermos, tornei a ver meu padrinho à minha espera e seu olhar espantado a me ver trouxe um rubor às minhas bochechas.

— Está linda, Serena.

— Obrigada. Podemos ir? Desculpe fazê-lo esperar.

Ele balançou a mão no ar.

— Hoje terei o enorme prazer de apresentar minha bela afilhada.

O orgulho que as palavras dele transmitiam com certeza pintou meu rosto de vermelho novamente.

— O senhor que está um arraso. – falei, envergonhada e ele riu.

— Adoro a senhorita. Vamos.

Partimos em um conversível preto diretamente para as estradas incrustados nos morros.

Tentei iniciar uma conversa com meu padrinho, já que ambos estávamos no banco traseiro, porém ele me respondia evasivamente.

— Querida, quando chegar o momento, eu terei prazer em tirar todas as suas dúvidas, até lá, ficaremos com as novidades que podemos apresentar a você.

Quase me senti envergonhada por estar tão na cara que eu queria extrair tudo dele, que era tão solícito comigo, então me calei.

As casas que apareciam, conforme subíamos, eram magníficas, cada uma mais luxuosa que a outra e notei que as pessoas que andavam por ali ostentavam fitas, como medalhas, em suas vestimentas e lembrei que Marie falara sobre os membros da família real.

Fiquei nervosa quando o carro parou diante de uma mansão que estava iluminadíssima e cheia de gente também do lado de fora.

— Está nervosa?

— Um pouco.

Jean sorriu e me deu a mão para acompanhá-lo quando ele se pôs a entrar no meio de todas aquelas pessoas tão... perfeitamente arrumadas.

— Não fique, Serena. Você é a garota mais bonita de toda festa, tenho certeza.

Dei um sorriso pela tentativa de Jean em me acalmar e não percebi que quando entramos, os burburinhos foram diminuindo até cessarem.

E estavam todos a olhar para nós.

Uma mulher elegante, vestida de preto e coberta de joias, se aproximou de nós.

— Ora, ora, Burnier. – os olhos esmeralda me avaliaram. – Uma visitante?

Minha mão estava suando no braço de Jean e me forcei a respirar com calma. Tudo bem, né, só tinha quase duzentas pessoas olhando para nós.

— Vossa Alteza. – Jean disse e eu supus que essa fosse Alexandra. – Esta é minha afilhada, Serena Kane.

Alexandra me cumprimentou e, aos poucos, a festa parecia voltar a como estava antes.

Eu ainda estava presa ao braço de meu padrinho, mas meus olhos varreram o grande salão da casa e pousaram em um grupinho que estava conversando no meio do salão.

Um garoto se sobressaia sobre as cinco pessoas no círculo e não pude desviar o olhar quando ele olhou de volta e, inesperadamente, sorriu.

Eu não sei se consegui retribuir, porém o resto do grupo também me achou e reconheci Michele e Victorine, bem como Blaire, que estava agarrada ao braço do garoto.

E não posso afirmar o motivo pelo qual, no meu estomago, se instalou uma montanha russa.

 


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