Herança Real escrita por TessaH


Capítulo 22
Por que você não a beija?




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"A beleza da mulher deve avaliar-se não pelas proporções do corpo, mas pelo efeito que estas produzem."

    Anne Lambert    

Capítulo 20

CONRAD

Apesar de ser criado e crescido em ambientes luxuosos e requintados, cheios de festas grã-finas, eu me sentia inseguro. Toda vez.

Já tinha verificado meu traje quinhentas vezes, passado a mão pelo cabelo para mantê-lo no lugar e bebido duas taças de alguma coisa. Como minha mãe tivera que chegar mais cedo que o habitual, eu a tinha acompanhado visto que meu pai estava distante. Na verdade, esse parecia ser o estado de espírito dele há semanas, e eu desconfiava que fosse pelas responsabilidades.

Procurei ficar o mais distante possível dos convidados à medida que o salão enchia de nobres e famosos, de vários lugares, procurando me ausentar o mínimo que fosse daquelas formalidades. Até não ser mais possível. Preferi ficar rodeado de outros rapazes para evitar falar com mais pessoas, porém Blaire apareceu.

Ela vinha, determinada, pisando duro e sorrindo para mim.

— Boa noite, Conrad.

— Ahn... Boa noite, Blaire. – respondi, educadamente. A moça estava envolta em um redemoinho branco e, mesmo que fosse inegável que Blaire fosse bonita, ela não parecia brilhar do que jeito que esperava.

— Será que poderíamos conversar? – ela agarrou minhas mãos, não me deixando alternativa senão deixá-la ali, pois estávamos numa roda com presentes. – Ah! Boa noite, senhores.

Os rapazes acenaram e voltaram para suas conversas e preferi me afastar com Blaire, segurando-a do mesmo modo, porém um pouco forte demais.

— O que deseja, Blaire?

— Só saber como está, Conrad... Está preparado para dançar? – a sugestão estava exposta nos lábios dela, e eu tinha que negar.

— Não, não. Acho que não irei dançar hoje de qualquer forma.

— Oh! Mas por quê, Conrad?!

Eu ia inventar alguma desculpa – eu não estava afim de ficar muito tempo conversando, quando minha mãe nos interrompeu.

— Ah, ainda bem que a encontrei, senhorita Blaire!

— Estava a minha procura por qual razão, duquesa?

— Vou deixá-las a sós.

— Não, Conrad! Aposto que sua mãe irá ser rápida!

— Na verdade, quero falar em particular com a senhorita! – Alexandra fulminou Blaire, e eu queria fugir. – Vá logo, Conrad.

— Com prazer.

Desvencilhei-me rapidamente, tendo somente visto como minha mãe conduziu Blaire para um corredor vazio. Na esperança de voltar para minha taça e esquecer-me dos problemas, no caminho eu esbarrei com Cecile, trajada em dourado.

— Boa noite, Conrad. - ela murmurou, ficando vermelha rapidamente, mas se recuperando.
Imaginei que ela tivesse se lembrado de nosso último encontro... Desastroso.

— Boa noite, lady Cecile. Como vai?

— Estou bem... Er.., e você? - ela parecia relutante em perguntar. - Queria me desculpar pela conduta horrível da outra vez, Conrad, de verdade. Será que podia me perdoar?

Ela quase cochichou e fiquei impressionado pela sinceridade que demonstrava, por isso só meneei a  cabeça e dei de ombros.

— Não lembraremos mais de nada. Está tudo bem, Cecile.

— Ah, graças! Já queria saber se você poderia me conceder...

Enquanto as palavras fluíam da mulher à minha frente, meus olhos foram desviados para o outro lado do salão. Um vulto branco e outro prateado estavam descendo as escadarias douradas do centro e eu sabia quem estava roubando a atenção de todos como a minha tinha sido.

Eu sabia que era ela antes mesmo de fixar meus olhos no dela.
Senti-me nervoso subitamente e meus pés se moveram por vontade própria até as escadas, só me dando conta futuramente que tinha deixado Cecile falando sozinha.

Serena estava linda. Bem, ela era.
Era impossível não existir alguém que notasse como o rosto dela se iluminava ao sorrir, piscando repetidas vezes os olhos castanhos de uma maneira que era impossível desviar os olhos. Os cabelos eram de um dourado em formato de cachos que, na minha opinião, seu melhor formato era quando estavam desalinhados, quase como se expusesse a essência da dona: livre, destemida e forte.

Ela já era linda.

E estava de tirar o fôlego naquele vestido branco, parecendo ainda mais real enquanto tentava descer as escadas segurando as saias para não cair.
Pelo o que eu conhecia dela, não queria constranger a todos no evento, e esse pensamento só me fez rir.

Então, levantou o olhar e me abriu um sorriso que roubou outro meu.

Tenho certeza que também deixei a desejar com Victorine, que era sua companhia, mas não podia deixar de gravar cada detalhe de sua visão.

Alguém já tinha parecido tão encantadora de dentro para fora?
Eu não sabia responder se tivera alguma antes dela.

Depois de conversar com Serena e recepcionar a chegada de meus parentes, precisei resolver os problemas técnicos com os músicos da noite por um bom tempo. E pareceu que foi tempo suficiente para meu próprio primo encontrar Serena no meio do salão.

Quando os visualizei, vi a cena que todos viam de um príncipe cortejando uma bela dama, excetuando-se o detalhe do nervosismo evidente por debaixo da pele da moça em questão. Aproximei-me dos dois no momento em que Pierre comentava sobre dançarem e como combinariam as bolas azuis de seus olhos e o pingente da gargantilha da loira.

A visão de tê-la rindo, rodopiando e conversando com meu primo naquele dia era nauseante, talvez porque eu já tivesse bebido muito champanhe sem acompanhamento de comida. Eu tinha que ajudar Serena a se livrar do príncipe porque era nítido que ela estava desconfortável.

E eu consegui dançar com ela. Tudo bem que o plano original era despistá-la de Pierre, mas vi que era a hora oportuna de poder conversarmos e mostrá-la um pouco do presente de aniversário que tinha achado.

Como eu sabia que Serena teria maior afeição por algo sentimental, com valor, tratei de lembrá-la da tradição do pai em vez de comprar algo tão brilhante que combinasse com seus olhos, pois bem possível que ela ficasse com vergonha e não aceitasse.

Dessa forma, após a dança, ainda tinha a outra coisa para mostrar a Serena.

— Você poderia me acompanhar, Se? - sussurrei ao seu ouvido após a música terminar, gostando secretamente da forma como seu apelido soava em voz alta. Minha mão ainda se mantinha em sua cintura e não a tirei, queria mantê-la por perto para guiá-la.

— O que você está aprontando? 

— Confie em mim.

Conduzi Serena entre diversos pares no salão e rapidamente fugimos do olhar de meu primo, que decerto a procurava. Segui pelo caminho que já conhecia, o qual daria na sacada longe do local onde a festa ocorria e tinha uma bela vista para os jardins à frente do palácio, além do principado brilhando lá embaixo.

— Estou ficando curiosa, Conrad! 

— Você tem que se acalmar, senhorita impaciente. Não vou sequestrá-la. - eu sorri, mais para brincar com ela.

— Duvido que conseguisse! - Serena sorriu, parecendo entorpecida. - Ainda faz parte do meu presente de aniversário?

— Claro que sim. - a empurrei até o mármore da sacada e a deixei contemplando a vista boquiaberta. Aproveitei o tempo para, rapidamente, esgueirar-me para um cômodo que tinha preparado e voltei com um pequeno bolinho azul.

 

Why Don't You Kiss Her? - Jesse McCartney

 

— E esta, sereia, é a parte final do seu presente. - falei e ela se virou, ficando espantada ao ver o que tinha em minhas mãos. - Me esforcei para achar algum desenho de sereia para que confeccionassem o cupcake do modo que eu queria, mas espero que seja pelo menos parecido com o que você está acostumada.

  Éramos melhores amigos
E compartilhamos nossos segredos.
Ela sabe tudo o que está em minha mente.
Ô... ultimamente algumas coisas têm mudado.
Quando deito acordado em minha cama
Uma voz aqui dentro de minha cabeça
Suavemente diz:  

Eu estava realmente nervoso pela expectativa de Serena, mas observá-la arregalar os olhos, com um brilho diferente, e levar as mãos à boca, fez toda insegurança se dissipar. Eu podia sentir as respirações entrecortadas dela.

— Conrad... - ela disse em um fio de voz, estendendo as mãos, puxando-me para mais perto de si. 

— Eu não sei nem o que falar, eu juro...

— Então não diga nada. - respondi, depositando o bolinho em suas mãos brancas. - Apenas prove.

  Por que você não a beija
Por que você não lhe fala
Por que você não a deixa ver
Os sentimentos que você esconde
Por que ela nunca saberá
Se você nunca mostrar
Como se sente por dentro  

Ela estava tocada, e tudo valeu a pena naquele segundo. Os olhos cor de avelã pareciam cheios d'água e controlei minha vontade de limpar cada um deles. Os cílios, de uma coloração amarelo queimado, piscaram tantas vezes e, instintivamente, passei o polegar em sua maçã do rosto, contornando o formato dos olhos e sentindo a maciez de sua bochecha. Eu não conseguia pensar que o contato com seu rosto pudesse me deixar nervoso, raciocinar sobre ultrapassar um limite, não, eu só conseguia pensar em expelir fortemente minha própria respiração pesada.

— Prove, Sereia

Ela baixou o olhar e mordiscou um pedaço do cupcake.

  Oh eu tenho tanto medo de fazer aquele primeiro passo
Apenas um toque e nós
Poderíamos cruzar a linha
E toda vez que ela se aproxima
Eu nunca quero deixá-la partir
Confessar a ela o que meu coração sabe
Abraçá-la bem perto de mim  

— Meu Deus! Está delicioso... - ela falava, mansamente como se não quisesse me espantar. E, céus!, eu acharia difícil me afastar mesmo que ela me pedisse explicitamente.

— Ficou um pedaç... Você deixou um pouco de azul... na boca.

Serena franziu o cenho e tentou limpar o canto da boca.

— Limpou?

  O que ela diria
Eu imagino que ela apenas iria embora
Ou ela me prometeria
Que ela está aqui pra ficar
Me machuca esperar
E eu continuo me perguntando:  

Ela podia ter falado com o tom de voz mais inocente do mundo  e sem intenções, mas eu não sabia o que me comandava há muito tempo. Talvez, tê-la visto tão mais verdadeira, a armadura em sua volta se desfazendo quase em lágrimas com um pequeno gesto meu... Deus! Se ela ficara tão emocionada com um pequeno gesto, que tantas coisas maiores eu poderia fazer por ela?

— Eu limpo.

Respondi e avancei sem pensar, roçando meus lábios aos dela. E me surpreendi ao sentir o seu gosto.

Serena tinha gosto de... Mar.

  Por que você não a beija (diga que você a ama)
Por que você não lhe fala (diga que você precisa dela)
Por que você não a deixa ver
Os sentimentos que você esconde
Por que ela nunca saberá
Se você nunca mostrar
O modo como você se sente dentro...  

.

.

.

QUE CHOVAM RAIOS! ALELUIA, SEM OR!

Gente, levamos 20 caps para fazer esses dois se beijarem! Pelo menos aconteceu! Eu sei, eu sei que foi bem pouco mostrado aqui, mas virá mais! Na verdade, aproveitem a paz em quanto ela está aqui, porque depois...

Enfim, guys e everybody, espero que me contem o que acharam desse cap (foi libertador soltar esse lado mais apaixonadinho do Conrad pra vcs, hihihi) e o que foi o BEJO né

E espero que não comparem o "mar" com "gosto de água salgada" MAUHAUHSM

Pra terminar, fiquem com aquele velho clichê:

Bote um A no início e 'Mar' fica infinito!

Ponham A antes desse Conrad, gente!


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