Uma nave aparece depois de uma explosão de Luz no meio do espaço. Sua velocidade é próxima a da Luz, mas a impressão é que flutua lentamente no meio das estrelas. Sua forma estranha, para uma nave que estamos acostumados como, por exemplo, a Yagami. Porém, lembra bastante outra nave bastante conhecida, a da nossa querida Ryo-ohki.

            No seu interior, uma mulher de cabelo rabo-de-cavalo, mas espetado e azulado, controla vários comandos da nave. Os seus olhos mostram a sua determinação e coragem típica de uma mulher que dedicou a sua vida a caçar criminosos em todo o Universo. O seu nome é Nagi.

            A mulher, durante a viagem, lembra o seu passado em seu planeta natal e as lágrimas escorrem em seu rosto. Lembranças de uma época que as injustiças eram comuns e em seu mundo as coisas não eram diferentes. Mesmo sendo membro de uma família de caçadores de recompensas, a sua vida era muito dura e cruel. O seu avô foi morto por criminosos Juraíanos e sua avó buscou justiça, caçou os seus algozes por todo o Universo e conseguindo prende-los, tendo um bom lucro por isso. Ensinou tudo que aprendeu a sua filha e, em seguida, a sua neta. Uma tradição e uma forma de subsistência em sua família. Pelo que conseguiu poderia viver tranqüilamente, mas o seu espírito nômade e aventureiro a impede que possa "curtir" a sua fortuna. Vive para caçar e caça para viver.

            A sua mente não pode se permitir sentimentalismo barato e a caçadora procura concentrar em sua missão: Capturar a pirata espacial Ryoko. 

            A nave cruza o Universo em busca da criminosa e em seus vários anos de experiência nunca perdeu o rastro de sua presa. Mesmo que tenha usado uma espécie de salto espacial, o seu cheiro é forte. (Ou melhor, Ryo-ohki sente a sua amiga e sabe onde está não importando a distância.)

            Depois de alguns dias, a caçadora acha o provável local de pouso da nave Yagami e pede a Ken-ohki para aterrizar na Lua daquele imenso Planeta na estrela da constelação do Cruzeiro do Sul.

            A caçadora começa a estudar o globo e analisa as possibilidades de problemas de adaptação do seu corpo e da nave. (Lembre que a "nave" é um ser vivo.) Depois de tudo analisado, a mulher começa a pensar um local para o pouso seguro.

            A nave realiza o processo de Teleporte da tripulante e a operação é feita com sucesso. A caçadora é materializada envolta de uma Luz amarela em uma clareira ao lado de uma velha nave vermelha e, em seguida, o Cabbit branco aparece ao lado de sua dona acompanhado de sua similar marrom.

            -           Muito bem, garota! Diga-me onde está a Ryoko?

            Depois de alguns ruídos agudos, a Cabbit fareja o ar e começa a correr. A caçadora e o Cabbit branco a seguem. Alguns metros mais tarde, a criatura pára. Olha o céu e recomeça a correr. Os outros dois a seguem em certa distância, mas sempre próximos de seu campo visual. A corrida na floresta requer certa habilidade sem se ferir e a dupla mostra-se apta.

            De súbito, um raio atinge raspando no corpo sensual de Nagi e a mulher saca o seu chicote Laser. Outro raio tenta atingi-la, mas os seus incríveis reflexos impedem de ser atingida. Uma busca rápida do seu olhar tenta localizar o seu agressor e descobre. Mesmo sem vê-la, a caçadora lança o seu chicote que atinge o pescoço da sua vitima. Com seus anos de experiência, dominar alguém que quer acabar com sua vida, de uma forma covarde, não é nenhuma novidade. O seu agressor cai no chão devido a pressão do chicote e tenta em vão liberta-se.

            -           Precisa ser muito mais habilidosa do que isso para me atingir. - diz a caçadora de recompensas confiante. Agora, garota... Por que me atacou? Diga rápido enquanto estou de bom humor.

            A mulher vê uma garota de cabelos crespos e escuros, com uns olhos puxados, rosto com traços e suas feições lembram a de um gato. O seu vestido tipo tubinho e tricolor, sua meia marrom e botinha. E com um sorriso nos lábios diz à caçadora: 

            -           Acho que se quer viver, deve partir deste mundo, imediatamente.

            -           Tenho um assunto inacabado, mas tenho uma leve suspeita que sabe demais.          

            -           Sei o que a minha senhora achar que devo saber.

            Nagi agacha e aproxima-se no rosto de sua vitima e diz com um olhar cruel:

            -           Depois de umas horas comigo, você começar a cantar como um passarinho. Acredite, sou especialista nisso!

            A garota responde a altura:

            -           Há coisas que jamais gostaria de saber...

            -           Veremos... - e aperta o chicote.

            O Sol daquele mundo começa a ser pôr e duas sombras de forma feminina andam sobre os morros. Sendo uma delas, arramada pelo pescoço e puxada pela outra. E seguidas por um animal peludo.

             -          Por causa de sua interferência, perdi a Cabbit da Ryoko. - diz Nagi. Só não fico possessa, porque estou próxima daquela cretina e você vai levar até a ela. O que houve? Não está rindo mais?

             -          A minha mestra tem planos para você, por isso que estou ao seu lado.

             -          Quem é a sua mestra? A fada dos dentes?

             -          Yugui. - diz com orgulho.

             A caçadora sente um arrepio na espinha, mas tenta esconder os seus sentimentos e diz a garota:

             -          Então você deve ser a sombra camada Mattori. Achava que sua senhora fosse mais poderosa. - alfineta a caçadora.  Afinal, ela é senhora deste mundo, creio eu, e jamais deixaria a sua serva mais fiel na mãos do inimigo.

             O peixe engole a isca.

             -          De certo, mas a minha senhora tem planos para você. Garanto que irá gostar de nossa proposta, caçadora.

             Nagi percebe que Yugui já estava esperando-a. Puxando com força o seu chicote, a caçadora sente que terá mais problemas que o seu habitual. Afinal de contas, não é bom fazer acordos com crianças - demônios, no final, sempre a vitima nunca é o diabo. Em seus pensamentos, sabe que o acordo envolve a Ryoko, mas o preço sempre é muito alto.

             As duas mulheres caminham por horas, a caçadora de recompensas tira o suor do seu rosto e caminha com determinação arrastando a serva da Yugui com força. A floresta é alta e fechada, o Planeta brilha na noite parecendo uma gigantesca Lua cheia e suas Luzes refletidas parecem lanças cortando o caminho, contrastando com a névoa. As cores são diferentes, porém não deixam de ter a sua beleza e o terreno é úmido e pegajoso dando a impressão de estarem em um pântano.

             De repente, a serva da Yugui começa a falar:

             -          Gosto de caminhar com você. Verdade! Tenho certeza que acha poderoso o fato de ter alguém presa em seu chicote.

             Súbito, a caçadora pára de caminhar, vai em direção da serva e dá um tapa.

             -          Se quer avisar os seus amigos, vai ser nos meus termos e não nos seus. - diz sussurrando.

             -          Que coisa feia... Isso é jeito de tratar os seus prisioneiros? - diz sorrido. Sou sua aliada, sério! Garanto que terá uma recompensa a altura de seu merecimento.

             Com raiva, a mulher responde:

             -          Que diabo! Eu só quero a Ryoko e sou capaz de troca-la por ela.                  

             Com o seu rosto felino e risonho, a serva diz a Nagi:

             -          Que assim seja!

             De repente, um tufão passa raspando no rosto da caçadora e antes que pudesse reagir, um raio a atinge. Antes que qualquer ação, a serva chamada Mattori liberta-se do seu chicote. Ainda atordoada pelo raio, Nagi ouve as palavras da mulher antes de fugir.

             -          Idiota! Achava mesmo que não podia libertar-me desse chicote ridículo? Pegue a sua pirata e parta deste mundo enquanto temos paciência... - e some na escuridão.

             Ainda grogue, a mulher tenta ver o que quase a atingiu e para sua surpresa a serva tinha dito a verdade.

             -          Ryoko... - diz lentamente.

             Lá estava a nossa conhecida pirata estirada no chão, inconsciente e pronta para ser "colhida". 

             A pirata espacial Ryoko acorda de seu sono sem sonhos. A Luz e calor de uma incandescência próxima tocam o seu rosto, mas ainda não dá para perceber onde está e como parou diante a fogueira. Os seus olhos ainda a traem, porém uma forma sombria e bastante conhecida causa um tremor em seu corpo.

             -          Quem...? - balbucia a pirata.

             -          Já acordou, Ryoko? - diz uma voz com desprezo.

             Reconhecendo a voz, a criminosa tenta se afastar, mas o seu corpo não obedece.

             -          Nagi?! - exclama. Como chegou até aqui?

             A caçadora a olha com desdém e alisa o seu Cabbit branco.

             -          Ora... Eu vivo disso. Tenho que contar uma coisa. Quando fui a sua residência, foi muito chato captura-la inerte naquela coisa flutuante, mas o leilão foi muito divertido. Apesar de aquele o gordo ter estragado tudo, mas fico feliz que tenha escapado. Sabe por quê? Só pelo o prazer de capturá-la de novo.

             Ryoko a olha com um misto de terror e ódio, mas tenha esconder os seus sentimentos para sua inimiga.

             -          Acho que esteja doente, Nagi. Sabia que obsessão é um distúrbio de personalidade e tem tratamento?

             -          Convivendo com a Washu a deixou tão doida quanto ela.

             Tentando manter a calma, pirata começa a planejar um meio de fugir dela, mas precisa de mais tempo e paciência.

             -          Então, Nagi? O que vai fazer comigo? Outro leilão?

             Com uma frieza medonha, a caçadora responde:

             -          Mata-la e pendurar a sua cabeça em minha sala de troféus. Só isso.

             Mesmo com essa resposta aterradora, a pirata diz com segurança:

             -          Legal! Depois de caçadora, agora uma assassina. Que progresso! O que fará com sua reputação quando todos souberem que a grande Nagi é uma "Serial Killer"?

             -          Há recompensas que pagam por sua morte. - diz com frieza. No Universo existem seres que querem a sua caveira. Você é muito odiada, os seus roubos arruinaram muitas vidas e empresas. É natural que estes seres me farão uma estatua com sua cabeça, sem seu corpo, é claro, em minhas mãos.

             -          Olha, Nagi... Sabe quem é senhora deste mundo? Yugui! Será que não tem nenhuma recompensa pela cabeça dela?

             -          Sim... Porém a sua vale mais!

             -          Querida... Será que não podia ser mais esperta?

             -          Como assim? - a caçadora a olha com curiosidade.

             -          Bem... - ela faz uma careta engraçada. Sei que pela minha morte será de assunto pessoal, mas não terá nenhum lucro. Por que não captura a Yugui e ganha um troco? Que tal?

             A caçadora dá um olhar sério e sombrio. Depois de uns minutos de silêncio, a mulher dá sua resposta:

             -          Eu não posso dar o luxo de voltar uma caçada de mãos vazias...

             Com um sorriso de orelha a orelha, a pirata diz a sua inimiga:

             -          Você não imagina o quanto és sábia em sua decisão.      

             Em algum lugar próximo ao imenso castelo da Yugui, as duas mulheres observam a construção e uma delas comenta:

             -          Yugui tem um gosto exótico, não acha?

             -           Isso não me interessa, Ryoko. Conte-me o que aconteceu para que você parasse em minhas mãos.

             A pirata olhando com ódio ao castelo, responde:

             -           Depois que decidimos que deveríamos tirar a Yugui do controle deste planeta, começamos a planejar um meio de executá-lo, porém, antes mesmo de pensar qualquer coisa a respeito, um ataque súbito da maldita capturou mais da metade do grupo. Tenchi, Washu, Sasami e Kiyone foram levados pelos servos da mutante e eu, Ayeka fugimos, mas não sei de nada com o que aconteceu com a Mihoshi...

             Uma pequena pausa e Ryoko continua a sua narrativa.

             -            Usamos os nossos poderes, mas nada parecia dete-los. É incrível que a enfrentasse antes e foi derrotada, porém, dessa vez, a história é outra. E como que outro poder estivesse reforçando os servos dela.

             -            Onde está Ayeka? - pergunta a caçadora.

             -            Bem... Durante a nossa fuga, ela tropeçou em uma raiz exposta e caiu. Como não olhei para trás durante a fuga, acho que foi capturada. Daí, um raio me atingiu e apaguei... Quando acordei vi essa sua cara feia me encarando. Ora... Vejamos o lado positivo, agora tenho um reforço inesperado.

             A caçadora a olha com um olhar de indiferença e diz:

             -            Reforço? Faço apenas pelo dinheiro, nada mais! Agora, como entramos?

             -            Sinceramente, não conheço nenhuma entrada secreta, mas podemos improvisar... - e sorri.

             -            Como assim?

             -            Lembre-se que sou uma pirata! A melhor de todo o Universo. Veja e aprenda!

             A mulher de cabelos espetados voa em direção ao castelo e atinge uma velocidade espantosa. Logo, um raio, saindo das mãos da pirata, toca as paredes do castelo e a pulveriza. Depois de uma pequena névoa de poeira, surge um grande buraco na parede. Orgulhosa, Ryoko chama a sua "aliada":

             -            Então?! Vamos?

             Nagi observa a cena e conclui em seus pensamentos:

             "Está fácil demais."

             Cuidadosa, caçadora entra na abertura criada por sua inimiga. Olha no seu interior, mas pouco se vê, porque a escuridão e a névoa de poeira turvam a visão.

             -            Ryoko? Onde está você?

             -            Estou bem na sua frente. Basta me seguir e ouvir a minha voz.

             A caçadora caminha lentamente e começa a pensar.

             "Tem algo estranho. Não sei o que é, mas é algo importante..."

             Pisando em algo que foi uma parede, ativa a sua arma e triplica a sua atenção. Depois de alguns metros, já consegue ver a pirata mais a frente. Flutuando no corredor longo e escuro, Ryoko faz sinais para que seja seguida e Nagi divaga:

             "Ken-ohki costuma ir à minha frente e guiar o meu caminho. E o Cabbit dela deveria fazer o mesmo. Afinal, por que não o faz? Será que..." 

             De súbito, um calafrio corta a espinha da caçadora.

             -            Ryoko!

             -            O que foi?

             -            Conhece esta estatua?

             Quando a pirata retorna e vê a peça de pedra, um medo intenso a domina e diz à caçadora:

             -            Credo! É a estatua que nos lançou o fungo fantasma!

             -            Pior que isso! - diz Nagi. É a estatua de guerra de Kagato, o Sumo Sacerdote do poder Antijurai! Creio que Yugui é aliada dele agora...

             -            Meu Deus! É claro... Deve ser por isso que Yugui está mais velha, Kagato a seduziu... Que coisa nojenta!

             -            Temos que libertar os outros e rápido, pois, quando se trata de Kagato, não há recompensa que vale do que o valor de vê-lo morto.

             Em outra parte do castelo, o Sumo sacerdote do poder Antijurai, Kagato, faz um ritual no ponto mais alto do palácio da ex-criança mutante, Yugui. Suas roupas vermelhas e a imensa capa acompanham o ritmo do vento, o homem recita palavras há muito esquecidas e sua concentração é total. Um circulo de Luz, com símbolos estranhos e girando em seus pés e provocando uma névoa avermelhada. Próximo dali, está Yugui, olhando a cerimônia com total indiferença, sentada e pernas cruzadas, em torno dela uns pequenos cristais transparentes circulando no mesmo ritmo do circulo. Parece esperar...

             -          < Ser supremo das Trevas... Eu, Kagato, invoco em meu circulo. Todo poderoso do Mal... Ofereço este mundo em holocausto em sua homenagem. Venha... Os seus inimigos do passado estão aqui, subjugados e preparados para o sacrifício! > 

             Num gesto do clérigo, uma jaula surge e revelando os nossos heróis.

             -           Será que o tal "Deus" virá, Kagato?

             Ainda em transe, mas consciente, responde a mulher:

             -           É claro que virá! ELE planejou tudo... Nada é superior a sua inteligência e sua sabedoria! ELE vai adorar saber que os seus inimigos foram derrotados por nós. Por conseqüência, irá atender os nossos desejos e sem nenhuma objeção...

             Cética, Yugui diz:

             -           Veremos...            

             Em outro extremo do Universo, um homem contempla a sua criação, uma mulher, ou melhor, uma andróide, saída de seu laboratório e acompanha o seu criador. Apesar de suas palavras iniciais, desde que saiu de seu "local de nascimento", não disse mais nenhuma palavra ao seu criador. Intrigado, o Dr. Clay pergunta a sua criação:

              -          Algum problema, Lady Tokimi?

              Fria, a criatura olha o seu criador e diz:

              -          Este corpo é ótimo, doutor.

              Ao dizer estas palavras, o andróide pega o seu criador pelo pescoço (isto é, se podemos definir aquilo como pescoço, ou a sua ausência.) e começa apertar. Surpreso, Dr. Clay tenta formular uma pergunta:

              -          P... Por q... quê?

              Com um sorriso nos lábios, a mulher responde:

              -          Porque o usei. Lady Tokimi não era páreo para aos meus poderes, por isso, achei conveniente usar este boneco da Dra. Washu para os meus propósitos. Espero que não se importe. - e continua a apertar o pescoço do seu criador.

              Desesperado, o homem tenta formular uma última pergunta:

              -          Q... Quem é v... você?

              Seca, a criatura responde:

              -          Deus! - e ouve-se, no corredor, um ruído de algo partindo.

              Nos corredores do castelo de Yugui, duas mulheres correm em direção de uma escada, mas foram impedidas por uma das sombras de Yugui, Hotsuma.

              -          Olá, Ryoko! - diz ele cordialmente. Senti a sua falta... Quer me apresentar a sua nova parceira?

              -          Nagi, este aí é um babaca que tive o azar de conhecer! - diz com ironia.

              -          Prazer! - e lança o seu chicote energético em direção de Hotsuma.

              Depois de escapar do ataque da caçadora, o loiro de óculos dispara vários raios de energia em direção das mulheres. As duas desviam do ataque e reiniciam a manobra ofensiva.

              Logo, todo o local vira uma praça de guerra e uma pequena pausa é causada por causa do cansaço de ambos os lados. E atrás de uma coluna, as duas mulheres planejam um meio de passar pelo homem.

              -          Aceito sugestões.

              -          Pensei que fosse mais criativa, Ryoko!

              -          Eu não sou a Washu, mas acabo de ter uma idéia. Vou-me teleportar atrás dele e você lança o seu chicote no pescoço do idiota. Quando passarmos da escada jogue-o contra a parede. Apesar de serem sombras, eles sentem dor, aí teremos tempo para fugir, localizar e libertar os outros. Que tal?

              Nagi a olha com uma expressão de indiferença e responde:

              -          É uma idéia. Faça!

              -          Legal!

              E assim foi feito como a Ryoko tinha planejado.

              Depois de passarem pelo homem, elas começam a procurar por seus amigos, mas são muitos salões, quartos e corredores. Ryoko e Nagi descobrem um novo inimigo muito mais poderoso que todas as sombras da mutante, a imensidão do castelo da Yugui.

              As horas passam, as duas mulheres começam a ficar cansadas da procura e Nagi pergunta à sua inimiga:

              -          Se tivéssemos um meio de localizar os seus parceiros...

              Ryoko teve um estalo.

              -          E temos! - exclama. Convoque Ken-ohki!

              -          É claro! - e começa concentrar.

              A pirata começa a fazer o mesmo para chamar Ryo-ohki.

              Minutos passam, em seguida, um imenso tremor surge no local que estavam e um imenso buraco é causado na parede do castelo. Resultado da ação combinada dos dois Cabbits e as duas mulheres teleportam para o interior de suas respectivas naves.

              -          Está pronta para diversão de verdade, Nagi? 

              -          Estou preparada para tudo, Ryoko!       

              As duas bizarras naves voam em torno do castelo e começam a disparar raios de energia no castelo e causando a sua destruição.

              No alto de umas das suas torres, Yugui e Kagato observam a destruição provocada pelas mulheres.

              -          Que merda! - diz a loira. Olha só que aquelas piranhas estão fazendo com o meu belo castelo!

              -          Não devia se preocupar com perdas materiais, querida. - diz o clérigo.

              -          É você que deve se preocupar com esse tal "Deus" se vai aparecer ou não! Cara... Se tal "Deus" não aparecer, garanto que suas perdas não serão apenas de ordem espiritual. - diz Yugui apontando o seu dedo indicador no rosto do homem.

              Ignorando a ameaça de sua parceira, o clérigo responde tranqüilamente:

              -          Sua falta de fé é comovente, minha amada. Às vezes, as perdas iniciais são o prenúncio de ganhos muito maiores. É só acreditar! - e sorri.

              Irada, Yugui responde ao homem:

              -          Você só está sorrindo assim porque não é a sua casa que está sendo atacada. E tenho que responder o ataque...

              O homem fica sério de repente e diz:

              -          Lembre que o seu "novo poder" deve-se a mim. Lembre sempre disto!

              Debochada, ela responde:

              -          Lembre-se que sou a mulher do padre. Esposa! Lembre sempre disto! - e voa em direção de suas inimigas.

              As naves continuam em seu ritual de destruição, a loira surge com os seus cabelos flutuando no ar, como num bale clássico, as suas roupas sensuais, que mostra suas formas femininas, o seu imenso casaco que a envolve, a única peça de seu vestuário que manteve de sua época infantil.

             Num gesto delicado com suas mãos, o ar começa a envolve-la como uma coreografia fantástica e insana. Yugui sente uma força a conduzido e mostrando que não deve mais temer os seus inimigos, pois o poder da vida e morte está em suas mãos. De súbito, outro gesto abrupto, indica que os ventos devem atingir as naves de suas inimigas e assim foi feito.

             Nagi e Ryoko sentem a ação mágica da mulher e afastam as suas naves do castelo. Confusas, as duas trocam informações:

             -           Ryoko! O que está acontecendo? Ken-ohki perdeu estabilidade...

             -           Deve ser o poder da Yugui, Nagi! Continue atirando e dessa vez concentre em acertá-la!!!

             A caçadora obedece a sua "aliada", mas Yugui é muito mais rápida e consegue escapar do ataque. Usando a sua velocidade, a loira aproxima de Ken-ohki e dispara um raio de energia a queima-roupa na tripulante que, atordoada, perde os sentidos. E a sua nave cai na floresta próxima. Ryoko fica furiosa, mas ordena a sua nave que vá ao castelo resgatar os seus amigos. Em segundo isto é feito.

             A imperatriz daquele planeta percebe o plano da pirata e voa em toda velocidade para sua casa. Ryoko dispara um raio em um determinado ponto do castelo que é executado com sucesso. Em seguida, a sua nave é atingida por um raio de energia que causa danos tanto na tripulante quando na cabbit.

             Nagi desperta de sua inconsciência, mas a visão não é das melhores. Tanto ela quando Ryoko estavam presas em uma espécie de trepadeira que envolvia os seus corpos. O material é de altíssima resistência, talvez superior ao Titânio e a mulher loira a observa com curiosidade.

             -           Devia ter partido quando tinha chance. - diz Yugui.

             -           Gosto de desafios. - responde corajosamente.

             -           Bela frase para colocar numa lápide, senhorita Nagi. Estou curiosa... O que a levou a se aliar com sua maior inimiga?

             -           Desejo de variar, cobiça ou heroísmo tardio. Interprete como quiser.

             -           Gostava de você. - diz Yugui alisando delicadamente o rosto da caçadora. Mas que pena que tenha a obrigação de elimina-la.       

             -           Muitos criminosos tentaram isto e falharam.

             -           Nagi, querida... Será que a sua limitada mente ainda não percebeu que não está lidando fugitivos, mas com Deuses?

           A caçadora tenta se soltar, porém suas tentativas foram falhas. Com um olhar discreto, observa Ryoko acordando. Nagi precisa fazer que Yugui continue dando toda a atenção para si e permita que sua "aliada" fuja usando o seu poder de  intangibilidade.

           -             Deuses?! Rá! Já prendi muitos que se achavam como tais.

           -             Bem... Kagato me disse que serei muito em breve.

           -             Kagato?! Aquele picareta? Sabe quantos mandatos de prisão por estelionato ele tem em todo Universo? Acredite... Quando Ryoko falou que esse "vigário" estava neste planeta, pensei que tinha acertado na loteria, pois o cara vale infinitamente mais que aquela pirata. Podia me dar o luxo de me aliar com a cretina e depois caça-la.

           Yugui hesita. Os seus olhos brilham a chama da duvida. Nagi percebe que acertou em cheio, pois, afinal, o que causa mais duvidas do que um coração apaixonado? O maior temor de uma mulher apaixonada é de ser enganada.

           -            É mentira! - diz magoada.

           -            É mesmo? Por que não vê o meu computador no meu pulso e acessa o centro de informação da polícia galáctica? E vamos ver quem está mentindo.   

           A loira não tem a mesma segurança de antes e a caçadora sente que as trepadeiras que a prendiam estão se soltando dos seus membros. Antes que a mulher pudesse fazer qualquer ação, Yugui desmaia e ao cair Nagi vê uma velha conhecida.

           -            Gostei de ver. - diz a sorridente Ryoko. Acho que formamos uma grande dupla.

           -            Não creio. Eu não associo com criminosas.

           -            Qual é, garota!?! É só um elogio!

           Um sorriso discreto é a resposta, mas a caçadora percebe algo surgindo atrás da pirata. Um aviso tardio, porém um facho de Luz atinge as costas de Ryoko que cai. Nagi vê um homem vestido com roupas sacerdotais empunhando uma espada de Luz negra, o seu sorriso doente e fanático diz à mulher:

           -            Ryoko é uma criminosa perigosa. Não entendo o porquê dessa sua associação com ela.

           Com raiva, Nagi responde:

           -            Porque ela é muito melhor que você, Kagato!

           Ao fundo, um grito corta o local, o sacerdote se vira e vê um garoto correndo em sua direção com uma espada de Luz branca.

           -            Ora... Se não é o jovem Tenchi Masaki!? - e empunha a sua espada. Hora de morrer, garoto!

           O brilho das espadas ilumina o local. As garotas correm em direção da moribunda pirata. Nagi abraça Ryoko. Washu teleporta um aparelho de sobrevivência, usando o seu Laptop transparente, começa o procedimento padrão de socorro.

           Em lagrimas, Nagi pede que Ryoko seja salva. Semiconsciente, a pirata olha a incrível cena e balbucia:

           -            Eu... Eu não acredito! A fria caçadora que queria me ver morta,... (cof) agora chora por... sua inimiga?  Que... mundo nós estamos? (Cof)

           -            Desgraçada! É porque você é a melhor e não queria que morresse de uma forma tão covarde. Não morra, entendeu!

           -             Acho que... (cof) não está em condições de... (cof) de pedir nada, Nagi.                  

           -            Sua idiota! Mesmo toda ferrada, não perde a chance de me provocar...

           Ryoko ri. A cientista pede que a caçadora que se afaste para que possa fazer o tratamento. Que é prontamente obedecida.

           Perto dali, os dois homens lutam de forma feroz e suas espadas reluzem de um modo nunca vista. Uma coreografia bela e assustadora de homens que se odeiam e que usam todos os recursos disponíveis para se destruir. Quase não falam, mas suas ações dizem muito.

          Em outro extremo da galáxia, observadores da Polícia Galáctica analisam uma estranha perturbação temporal provocada um fenômeno desconhecido que corta o espaço com uma velocidade extraordinária.

           -            Cara... Que diabos é isso? - diz um cientista.

           -            Não sei. Parece uma nave deslocando no subespaço, mas é impossível nesta velocidade e distância. Afinal, se fosse uma nave, a velocidade seria muito menor e perceberíamos só daqui uns anos em nossos monitores visuais.

           -            Será que é ELE? - exclama o cientista.

           -            Impossível! ELE está morto e há muitos anos... A família Jurai o destruiu. Tenho certeza disso!

           -            Então quem ou que é isso?

           -            Eu não sei!

           Enquanto isso, o garoto e o clérigo lutam em sua rixa pessoal.

           Ryoko luta por sua vida e Ayeka, Sasami, Kiyone, Washu e Nagi rezam.

           E a Coisa entra no quadrante estrelar a qual nossos heróis estão.

           Na Terra, Katsuhiro Masaki sente uma perturbação no Universo.

           A luta continua, e depois de algumas horas, por algum milagre, Tenchi vence a luta. Ferindo mortalmente o seu inimigo. Kagato larga a espada e cai no chão. Em suas palavras distorcidas pelo hélio, o clérigo balbucia para o seu adversário:

          -             Garoto... Sua luta e pequena vitória serão a última, pois ELE está chegando. O seu poder é infinito. E me sinto honrado em morrer por sua causa.

          Tenchi ofegante, responde ao seu inimigo:

          -             Kagato... Cale-se! Essa sua ameaça com esta voz de taquara rachada me dá vontade de rir e não gosto de tripudiar de um inimigo caído.

          De súbito, o sacerdote sorri e diz:

          -             Finalmente... Chegou... - e desmaia.

          O céu começa a ficar negro. O chão treme. Os ventos ficam fortes e violentos. Todos sentem uma energia pesada esmagando os seus corações. Uma escuridão envolve a todos e causando uma série de gritos que cessam.

          Tenchi procura os seus amigos em vão, pois a escuridão envolveu tudo. O nada e o medo é que o jovem sente...

          Súbito, uma pequena, porém, constante, Luz surge bem longe dele. E o jovem corre em direção dessa Luz. Uma corrida cansativa, mas recompensadora. Porque o jovem vê uma forma, que lembra alguém que há muito não a via. A medida que se aproxima o seu coração fica apertado, mas feliz.

          A figura é de uma colegial muito bonita, deve ter uns quinze anos, com um imenso rabo-de-cavalo, com um sorriso lindo em seu belo rosto e a visão de um anjo. Tenchi olha esta figura e lágrimas escorrem de seus olhos. Aumenta a velocidade de seus passos e abraça a garota.

          Chorando muito, Tenchi alisa os cabelos negros da garota e umedece o rosto pálido da colegial...

          -            Faz muito tempo, filho...

          -            Mãe... Sinto a sua falta! - Tenchi chora.  

          A colegial alisa a cabeça do jovem com sua pálida mão.

          -            Sabe, filho... - diz a garota. Depois que lutamos, senti muita dor e solidão após a sua vitória, mas agora será diferente. Tenho muito mais poder do que antes e tudo graças a você. Vim agradecer.

          -            Ahn, mãe... - diz em lágrimas. Não sei como te ajudei, mas fico feliz com isso.

          -            Garanto que não, filho. - diz a colegial friamente. A minha felicidade não é a mesma da sua, pois não foram vocês que ficaram anos naquela dimensão maldita, filho...

          Neste momento, Tenchi separa de sua "mãe" e a vê com mais atenção.

          Um terror domina o jovem herdeiro do trono de Jurai e percebe o engano e recua lentamente olhando o rosto de sua mãe. Ela não tinha olhos, seu rosto como suas partes externas era como uma mascara, ou uma armadura, daquela "coisa" negra.

          -            Mãe? - diz Tenchi sem muita convicção.

          -            Tente de novo, filho... - diz a coisa sorrindo.

          O jovem hesita e a garota responde:

          -            Por que não tenta... K.A.I.N.?