Don't Let Me Go escrita por Nasyne


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

One baseada no 6x15 de The Vampire Diaries.



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Mystic Falls, Virgínia

Caroline abriu os olhos com dificuldade, sentindo-os arder devido a noite mal dormida. A vampira soltou um suspiro pesaroso e se levantou silenciosamente de um dos sofás da ampla sala dos irmãos Salvatore. Elena dormia profundamente no outro sofá, assim como Matt, Tyler e Stefan. Ela fixou o olhar no vampiro por alguns breves segundos antes de seguir com seu percurso até a cozinha, ao entrar no novo cômodo pode ver Damon debruçado sobre a mesa escrevendo – ou tentando – algo.

— Desculpe, - Pediu, deixando a porta fechar atrás de si. – Eu vim beber água.

— Fique a vontade. – Ele respondeu e ela umedeceu os lábios antes de caminhar até a geladeira.

— O que não está escrevendo? – Questionou curiosa pegando um copo sobre a pia.

— Acredita que a sua mãe me pediu para eu escrever a homenagem á ela?

— Isso... é bom, eu acho. – Caroline preencheu o copo com a água da pia, virando-se de costas para o vampiro mais velho para fazê-lo, mas ainda prestava atenção no que ele dizia.

— Acho que ela quis me dar uma lição sobre a minha mãe, era para eu escrever a homenagem funeral dela, mas eu...

— Não precisamos conversar. – Caroline o cortou, prevendo o típico discurso dos últimos tempos. Damon apertou os olhos numa careta pensativa.

— Claro.

Caroline apertou os olhos e soltou um suspiro.

— Olha é que...  Hoje vai ser o pior dia da minha vida e não preciso começar trocando confidências com você, sem querer ofender.

— Não me ofendi.

— Ótimo. – Respondeu, despejando o restante da água na pia e deixando o copo vazio sobre a mesma. – Obrigado pela água.

— Ei, loura. – Damon chamou, a fazendo interromper seu percurso de volta para sala para olhá-lo. – Hoje não é o pior dia da sua vida. Hoje, amanhã, passa rápido. – Deu de ombros. – As pessoas vão estar com você com medo de deixá-la sozinha. O pior dia? Semana que vem. Quando só restar o silêncio. Só um aviso.

Caroline o fitou por mais alguns segundos, absolvendo o que ele acabara de dizer. Ela sabia que ele estava certo quanto aquilo e era disso que ela temia; não suportar a dor.

— E eu agradeço. – Ela respondeu simplesmente, saindo da cozinha logo em seguida.

Caroline não conseguiu mais dormir depois de sua curta conversa com Damon, por isso, durante o restante da madrugada, ela afundou sua mente no que teria de fazer no dia seguinte. Organizar o funeral de sua mãe provavelmente era a coisa mais dolorosa que já fez em toda sua vida e, enquanto fazia uma lista de tudo que precisaria ser feito, ela teve que fazer um enorme esforço para que não deixasse as lágrimas escorrerem por suas bochechas. Estava proibida de chorar.

— Vocês perguntaram como poderiam ajudar. – Ela falou aos amigos que estavam á sua frente na biblioteca. – Tem projetos para cinco dias aqui. Vamos fazer tudo em um. Podemos quebrar as regras, evitar a burocracia. Quero que minha mãe seja homenageada e enterrada até o fim do dia.

— Claro, como quiser. – Matt concordou rapidamente após Caroline concluir sua fala e tendo o apoio imediato de Tyler.

— Elena, você vem comigo.

— E aonde vamos?

— Escolher o caixão. – Respondeu com nervosa animação e balançou a cabeça, analisando as feições de seus amigos rapidamente. – Vamos lá.

— Seu carro. – Elena falou de repente enquanto saiam da mansão Salvatore. – Mandei o meu para Jeremy.

— Jeremy. Não o coloquei na lista.

— Tudo bem, eu já avisei.

Caroline assentiu em agradecimento e caminhou com Elena até o seu carro.

Caroline fitava a decoração da capela em que seria feito o funeral de Liz Forbes: Arranjos de flores vermelhas e vivas, um caixão de mogno posto estrategicamente no centro do altar, com o corpo da falecida xerife dentro dele. Tudo naquele lugar era estranhamente vazio e sem sentindo e ela temeu que estivesse pondo suas emoções para fora naquele momento.

— Caroline? – Ouviu alguém chama-la e um zumbido ensurdecedor escoou em seu ouvido antes de se virar para olhar Stefan. – Tudo bem?

— Sim, tudo, para a situação... – Ela murmurou, virando-se para fitar o corpo de sua mãe. Stefan avançou alguns passos na direção dela.

— Tem certeza de que está tudo bem?

— Sim. – Respondeu novamente. – Não. Eu não sei. – Concluiu e umedeceu os lábios antes de fita-lo novamente. – Agora eu tenho que colocar você em uma categoria para saber o que dizer. Mas percebi que não sei em qual categoria você quer se encaixar. Então pensei que não há hora melhor do que um presente inadequado para resolver isso. – Falou, avançando alguns metros para mais próximo dele. Caroline precisava saber o que ele sentia em relação a ela porque precisava de algo no que se ancorar quando tudo isso acabasse.  – Posso listar as categorias, se quiser.

— Caroline, eu... Eu quero conversar com você sobre tudo isso. Mesmo. Mas talvez quando você tiver a chance de passar por esse dia...

— É, claro. Me desculpe, não é hora para isso. – Respondeu rapidamente, tentando acabar logo com aquilo. Sentiu Stefan a abraçar, mas demorou um pouco para retribuir. Ela piscou algumas vezes sentindo-se estranha de repente, não era a pena de Stefan que ela queria. Não queria que ele estivesse ali por pena, ou medo do que ela poderia fazer. Com a morte de sua mãe, Caroline só queria ter certeza que, depois daquilo tudo, ainda seria amada por alguém. Por qualquer um. Mas ali, nos braços de seu melhor amigo, não foi daquele jeito que se sentiu. Stefan não a amava daquele jeito, e, embora talvez não estivesse ali apenas por solidariedade, não era com ele que queria se ancorar e isso só fez algo dentro dela ter ainda mais certeza do que faria.

— Conversamos quando tudo isso acabar. – Stefan falou após se soltar de Caroline e ela apenas sentiu mesmo tendo absoluta certeza de que não haveria um “depois”.

Depois que Stefan se foi, a vampira loura se encaminhou até o caixão em que sua mãe estava e sentiu seus olhos lacrimejarem. Nunca pensou que algum dia estaria pronta para enterrar a própria mãe, afinal, quem um dia estaria?

— Carol? Eles estão prontos. Precisa de um minuto?

— Não, estou bem. – Respondeu, limpando algumas lágrimas em suas bochechas e se inclinou sobre a mãe. – Eu vou ficar bem, mãe. Eu prometo. Vai ficar tudo bem depois de hoje. – Ela murmurou e se afastou. – Estou pronta.

Enquanto ouviu o que o homem dizia, Caroline sentiu vontade de chorar novamente porque, ao imaginar sobre quantas outras pessoas ele já havia dito aquilo, vislumbrou a terrível imagem de sua mãe sendo só mais uma que se foi e que ela continuaria ali, mas não seria o suficiente para lembrar o quão incrível era sua Liz.

Damon subiu ao palco e fixou os olhos em Caroline.

— Liz Forbes era minha amiga. Em seus últimos momentos, me pediu para dar um recado para a filha dela. Interrompi antes que ela pudesse falar tudo. Disse que ela mesma poderia dizer para a Caroline, mas ela não teve a chance. – O Salvatore mais velho começou e em algum momento de sua fala Caroline sentiu o olhar de Stefan sobre si, mas aquele ponto tudo que sentia em relação a isso era indiferença. Stefan era o seu amigo, seu melhor amigo e ela acabara confundindo as coisas, se odiava por confundi-lo também, mas agora não importava mais. A loira manteve o olhar fixo em Damon enquanto ouvia suas palavras sinceras. – Sua mãe queria que você soubesse que ela se orgulhava muito de você. E tinha motivos. Você é uma mulher forte e linda. Uma amiga generosa e uma luz brilhante num mar de escuridão. Ela disse que você era extraordinária, e você é, e ela também. Liz era uma heroína para a cidade e para todos vocês, e uma heroína para mim. Adeus, xerife. Vai fazer falta.

Damon umedeceu os lábios e fitou a plateia silenciosa antes de voltar para seu acento ao lado de Elena.

— Obrigado a todos por virem. – Caroline murmurou após se levantar e se recompor das palavras de Damon, ela não esperava que ele fosse dizer aquilo com tanta seriedade, não era o estilo dela, mas agradeceu por que, talvez, ela não fosse a única a saber o quão maravilhosa era a sua mãe. – Isso é para a minha mãe.

Ela falou e suspirou antes de começar a cantar Go In Peace do Sam Baker, mas numa versão mas melancólica, apropriada para a situação. Ao final da música, enquanto analisava cada rosto ali presente, ela o viu. Encostado numa das paredes brancas a observando com atenção, em seu terno preto muito provavelmente feito sob medida e um olhar atencioso sobre ela. Ela não podia acreditar que ele estava ali, não depois de prometer que nunca mais voltaria, mas Klaus realmente estava ali. Ela engoliu em seco e desviou o olhar brevemente, mas quando procurou seu olhar novamente ele já havia desaparecido.

— Ei, você já está indo embora? – Elena questionou se aproximando da amiga após vê-la pegar suas coisas.

— Sim, acho que já estourei minha cota por hoje.

— Eu vou com você.

— São só duas quadras, Elena. Eu vou ficar bem.

— Não acho que deva ficar sozinha hoje.

— Mas isso é exatamente do que eu preciso. – Caroline falou, dirigindo a amiga um sorriso solitário e envolveu o corpo magro de Elena com os braços num abraço. – Obrigado por tudo que fez hoje. Nunca vou esquecer.

— Não tem de quê. Mas...

— Eu vou ficar bem, Elena. Okay? Só tenho que sobreviver a esse dia. – Caroline se soltou de Elena e lhe dirigiu outro sorriso antes de sair do Mystic Grill e voltar para casa o mais demoradamente possível. Após entrar em casa, Caroline fitou os móveis antigos da sala e retirou o casaco. Tudo naquele cômodo estava impregnado com o cheiro de Liz e era quase sufocante estar ali naquele momento.

— Eu disse que estou bem, Elena. – Ela falou ao sentir a aproximação de alguém.

— Então ainda bem que ela não veio.

Caroline fechou os olhos, sentindo o peito inflar com o ar que estava prendendo. Ela virou-se lentamente e viu Klaus encostado numa das paredes da sala a fitando com certa curiosidade.

— O que está fazendo aqui?

— Eu soube sobre a sua mãe. Eu sinto muito.

— Não, não aqui, aqui em Mystic Falls. Você prometeu que iria embora. – Klaus inclinou a cabeça um milímetro para o lado e algo como diversão iluminou suas orbes azuis esverdeadas, o híbrido original avançou alguns poucos passos na direção da loura, mas ainda havia uma enorme distância entre eles.

— Eu disse que acordos foram feitos para serem quebrados, amor. E você precisava de alguém que não estivesse com você apenas por medo que desligasse sua humanidade. – Klaus murmurou calmamente, num tom baixo que marcava ainda mais suas palavras com o sotaque. O que ele estava dizendo era verdade, o dia inteiro seus amigos a rodearam e fizeram tudo o que ela pediu sem contestarem não porque realmente queriam, mas porque temiam que ela fosse frágil demais e desligasse suas emoções. Mas eles estavam certos, ela era frágil e desligaria sua humanidade para poder lidar com a dor noutro momento quando acreditasse que estaria pronta para aquilo.

— Vá embora, Klaus.

— Não. – Respondeu exibindo para ela um sorriso, provavelmente o primeiro sorriso genuíno daquele dia. – Não me importo se ainda irá desligar sua humanidade depois disso, mas, mesmo assim, preciso que saiba que é tão forte quanto pensa que é, quanto eupenso que você é. O que está sentindo agora, não será nada amanhã se resolver continuar sentindo, porque a dor um dia se torna suportável e você é capaz de sobreviver a isso. Sobreviver a tudo isso. Você irá sempre sentir falta dela, é inevitável, mas desligar sua humanidade agora não mudará isso. Você não vai estar pronta para lidar com a saudades quando suas emoções voltarem, muito pelo contrário, será nesse momento que a dor irá se tornar esmagadora... Então amor, como sempre, a escolha é sua. Apenas tenha certeza do que você quer.

Caroline prestou atenção no que ele disse, mas ao mesmo tempo que absolvia as palavras do original lembrava-se do que Damon dissera sobre o pior dia. Lágrimas salgadas escorreram por suas bochechas inevitavelmente e ela até mesmo se esqueceu de que Klaus estava ali por algum tempo.

— Eu não quero ficar aqui. – Caroline respondeu entre soluços. Ela não se lembrava de quando chorara tanto em sua vida, mas se sentia bem liberando tudo que estava sentindo naquele momento. Ela ouviu os passos de Klaus contra o piso de madeira tornando-se mais altos a medida que ele se aproximava e colocava os braços em volta do corpo pálido e trêmulo da vampira e ela sentiu o que queria ter sentido quando estava nos braços de Stefan; segurança.

— Você não precisa ficar. – Ele sussurrou contra o cabelo dela. – Venha comigo para Nova Orleans...

E lá estava a proposta novamente.

Depois de todos aqueles meses longe, Caroline acreditava que Klaus havia a esquecido completamente, ela acreditava que a tarde que tiveram na floresta seria um ponto final. Que depois de ter o que ela achava que Klaus queria dela, a deixaria para sempre como ele havia prometido em troca de sua confidência, que com aquilo ele havia saciado sua curiosidade e partiria para a próxima obsessão. Mas ali, no cômodo frio e silencioso da casa em que passara toda a sua vida, ela teve certeza que não era o caso, e nunca fora.

Ela não era uma curiosidade para Klaus.

Caroline se desvencilhou dele e, fitando o rosto ansioso do mais cruel dos irmãos originais, ela não viu o sadismo e crueldade que alegavam dele. Klaus parecia diferente desde a última vez, ele parecia realmente em paz com algo e isso, com toda certeza, foi o que fizera com que ela tomasse uma nova decisão. Ela balançou a cabeça em sinal positivo e, vendo a esperança cautelosa iluminar as feições de Niklaus prosseguiu, a fim de que não restassem dúvidas.

— Eu aceito ir com você.

Klaus balançou a cabeça minimamente e umedeceu os lábios, mas era notável o quanto estava contendo sua satisfação com aquilo. Em pouco tempo, Mystic Falls tornou-se apenas um borrão a centenas de metros para enfim, sumir completamente.


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