Going back to my roots escrita por Any Queen


Capítulo 1
Another low


Notas iniciais do capítulo

Então pessoal, espero que gostem do capítulo inicial e como eu disse quem quiser fazer uma capa sinta-se super a vontade, porque eu não sei.
E também, as always, só continuo se tiver uma boa resposta.
Boa Leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/716149/chapter/1

— Thea tinha razão. – Tommy me encarou pela primeira vez desde que entramos no carro e arqueou uma sobrancelha – Você realmente dirige como um coelho... Se coelhos tivessem mãos.

                - E se fossem tão lindos quanto eu. – o moreno sacudiu a cabeça sorrindo e voltou a olhar para a estrada – Achei que gostaria de adiar seu sofrimento.

                - Você está se divertindo com isso.

                - Com o fato de você ser obrigado a ir para uma cidade esquecida por Deus sem nenhum dinheiro? Imagina.

                - Isso é temporário. – bufei – Ele não estava falando sério.

                - Para mim parecia bem sério. Ollie, você foi expulso da Liga de MMA por ser uma ameaça ao bem-estar dos lutadores. – ele tirou os olhos da estrada mais uma vez – Sabe, aqueles lutadores gigantes com mais músculos do que pessoas normais?

                - Exagero daqueles diretores de merda.

                - Isso vai ser bom para você, sair dos holofotes e tentar ser uma pessoa normal por um tempo.

                - No auge da minha carreira? Tommy, isso é um desastre. Você consegue ver que nenhum clube vai me querer se eu ficar esse tempo todo afastado?

                - Você já está esse tempo todo afastado, afinal eles te suspenderam por um bom tempo.

                - Nada disso estaria acontecendo se aquele chorão do Adam Hunter não tivesse me dedurado. – tentei respirar para não ter um acesso de raiva dentro do carro, mas estava sendo difícil desde que meu pai tinha decidido que eu precisava de algum tipo de reabilitação.

                - Se não fosse ele ia ser outra pessoa.

                - Achei que o seu papel era me defender.

                - Não, esse é o papel da Sara ou da sua mãe. O meu é tentar fazer você entender que precisa esfriar a cabeça.

                - Está fazendo um péssimo trabalho e eu entrei no MMA para esfriar a cabeça.

                - Relaxa, cara, essa cidadezinha é ótima, todo mundo se conhece e... – ele me olhou sugestivamente – A irmã da Sara mora aqui.

                - Laurel? – ergui a sobrancelha curioso – Achei que ela tinha conseguido se mudar.

                - Essa cidade continua do mesmo jeito de sempre.

                - E é por isso que eu a odeio. – bufei novamente, não tinha boas lembranças de estar em Smallville, preferia Starling City onde era grande o suficiente para colocar quilômetros entre eu e minha família.

                - Para de reclamar, bebê chorão. Esvazie os bares, pegue as mulheres e vá a academia de luta do Ra’s. Não pode ser tão ruim.

                - E chegamos ao inferno.

                A placa de Smallville preencheu nossa visão e rapidamente se passou. A cidade foi ganhando formato, as grandes fazendas logo deram lugar a pequenas lojas e casas que formavam o centro da cidade. Pessoas andavam com casacos xadrez e jeans surrados, tudo era tão diferente de Starling onde as pessoas andavam com roupas chiques e andavam gritando no telefone. Eu não podia reclamar, gostava da bagunça e o som dos carros, eu era feito para a cidade grande, para estar entre prédios.

                Tommy estacionou em um antigo e único hotel da cidade que na verdade era uma pensão antiga e toda feita de madeira. Descemos do carro e o ar frio me pegou desprevenido, fechei o casaco de couro e fui até ao porta malas do BMW e tirei minha mala. Tommy deu a volta e começou a subir a escada para a pensão. Quando abrimos a porta um sino tocou e cortou o silencio do local.

                - Esse lugar é congelante! – disse Tommy.

                - O nono círculo do inferno é frio. – sussurrei.

                - O quê?

                - Bem-vindos! – disse um voz animada atrás do balcão – Como posso ajudar dois lindos chicos? Meu nome é Raisa, dona da pensão.

                - Como vai, Raisa? – Tommy deu aquele sorriso que usávamos quando queríamos alguma coisa, eu sabia bem usá-lo, mas não estava com vontade de ser simpático. – Meu amigo aqui quer um quarto, bem quente de preferência.

                - Estão com sorte, é a época de baixa temporada, estamos com muitos quartos vagos.

                - Não consigo imaginar uma alta temporada aqui. – resmunguei.

                - Ora, muitas pessoas fogem para Smallville para ter tranquilidade.

                - Para morrer você quer dizer. – revirei os olhos.

                - Oliver, seja educado com Raisa. – ele apertou meu ombro e deu outro sorriso para a dona da pensão.

                - Quarto 301D, é o mais longe que eu tenho da lagoa. – falou a mulher ainda sem tirar o sorriso simpático do rosto, ela era o tipo de pessoa que me tirava do sério.

                - Ótimo. – peguei a chave da mão dela e minha mala no chão – Essa é a hora que você vai embora.

                - Que agradecimento ao amigo que fez todo o caminho de Starling até aqui aguentando suas reclamações. – ele cruzou os braços.

                - Eu não pedi nada, agora você pode ir e roubar minha fama e as garotas que eu já peguei.

                - Não quero sua vida, Ollie, era uma droga. – ele sorriu, me deu um tapa amigável no ombro e saiu pela porta.

                Subi até o pequeno quarto e me joguei na cama com um grito abafado pelo travesseiro, a janela dava exatamente para a rua e era possível escutar os carros passando e o vento pelas árvores. Como eu sentia falta do som do trânsito? O que eu iria fazer até meu pai desistir dessa ideia maluca? Aqui não tinha festas ou bares cheios, mas não tinha um mundo possível onde eu passaria aquela noite sem uma dose de tequila ou algo ainda mais forte.

FELICITY

                As flores estavam bonitas nesse lote, como se esperassem algum acontecimento especial, estavam fortes no caixote e suas pétalas não caiam com o movimento brusco da caminhonete antiga do meu pai. Aumentei a música e acelerei, era o dia mais frio do ano até agora e só estávamos no começo de dezembro, o inverno ainda não tinha chegado. Eu queria entregar aquele lote e voltar para debaixo da coberta e terminar o levantamento da fazenda, mas meu pai insistira que as flores deveriam ser entregues o mais cedo possível ao Joe no centro da cidade.

                Coloquei minha toca e desci do carro sem pressa, o frio fazia meu ombro doer e isso me lembrava os piores momentos da minha vida, não gostava de lembrar que aquilo seria a minha limitação para sempre. Abri a parte da caminhonete e peguei o primeiro caixote com orquídeas brancas, o cheiro logo me invadiu e eu sorri, tinha que lembrar que ainda me restavam coisas boas, esse era o primeiro passo.

                Estava andando tranquilamente quando algo bateu em mim e me fez cair e derrubar as flores. Quando minha visão ficou clara novamente, vi que a terra se espalhava pelo chão e pela minha roupa, as flores estavam quebradas e totalmente destruídas. Quase gritei de raiva, tinha trabalhado nelas por mais de dois meses e agora não serviriam nem para enfeitar a rua. Gemi de frustração e levantei, arrumando meu gorro e tentando focar na pessoa que tinha me derrubado. Estava prestes a gritar quando o vi.

                Eu o conhecia. Oliver Queen, o maior lutador de MMA da década, conhecido como Arrow e nunca perdia uma luta. Tinha sido recentemente suspenso da liga por quase matar um outro lutador em um de seus acessos de raiva. Claro que eu sabia quem ele era, sabia tudo sobre esse mundo, o que não entendia era o que estava fazendo em uma pequena cidade no interior e arruinando minhas plantas.

                Ele tinha uma garrafa de uísque aberta na mão e me encarava sem expressão. Ele era musculoso como todo lutador, tinha lindos olhos azuis assassinos, me encarava como se analisasse cada movimento que eu faria, estava acostumada com esse olhar, eu mesma o fazia sem perceber. Oliver era bonito, mais do que eu gostaria de declarar, mas me encarava com um ar de superioridade e eu podia jurar que estava meio bêbado.

                - Cadê as minhas desculpas?

                - O quê? – ele questionou como se realmente não percebesse o que tinha acontecido.

                - Você, seu engomadinho, derrubou minhas flores e me derrubou, agora elas estão arruinadas e isso vai me custar o bom dinheiro.

                - Você não estava olhando por onde andava segurando esse caixote gigante. – disse ficando irritado.

                - É, realmente, sou eu que não estou com meus pensamentos no lugar. – cruzei meus braços e apontei para a bebida em sua mão com a cabeça.

                - Eu não estou bêbado!

                - Acontece que eu não tenho nenhum motivo no mundo para acreditar em você, não sou que estou com uma bebida em plena luz do dia.

                - O que bebo e quando eu bebo não é da sua conta.

                - Não e nem quero, mas quando sua bebedeira afeta a minha venda, faz com que seja meu problema. Tenho certeza que a xerife vai adorar saber disso.

                - Você não pode me prender por isso. – disse pretencioso.

                - Cidade pequena, senhor Queen, ela me conhece e confia em mim, não em um bêbado que destruiu minhas flores.

                Ele bufou e me fuzilou.

                - Como me conhece?

                - Você é famoso. – comecei a ficar nervosa e troquei o peso de um pé para o outro, e se ele soubesse quem eu era? Isso seria a pior coisa que poderia acontecer naquele ano.

                - Não acho que seja por isso... – ele me encarou agora um pouco mais calmo e com um toque de curiosidade – Você ficou nervosa – analisou-me – Acho que eu te conheço.

                - Duvido. Agora, vai me pagar pelas plantas ou não?

                - Qual é seu nome? – insistiu.

                - Não te interessa. O dinheiro e eu te deixo em paz, posso ver que quer afogar suas tristezas de pessoas ricas. – estiquei a mão e esperei.

                Ele tirou a carteira do bolso e me deu mais do que realmente era preciso, não que eu falaria isso a ele, então aceitei o dinheiro e voltei para pegar os outros caixotes, uma garoa fina começou a cair. Estava me virando quando vi que ele tinha ido até o meu lado e pegou o outro caixote com rosas.

                - Você não pode ficar longe das minhas flores?

                - Você precisa de ajuda.

                - Não, eu não preciso, me deixa em paz.

                - Acontece, senhorita Não te Interessa, que você me irritou então eu tenho o dever cívico de devolver.

                Grunhi e apressei o passo até a loja do Joe, ele estava cuidando de umas lindas gérbera e se virou quando o sino da entrada tocou. Estava prestes a fazer um sinal para que não falasse meu nome, mas já era tarde demais.

                - Felicity, chegou cedo essa semana. – ele sorriu para mim e arqueou a sobrancelha quando Oliver entrou atrás de mim.

                - Joe, esse é Oliver. Oliver, esse é dono da loja e que compra as flores que você destruiu, Joe West. – o loiro colou o caixote em cima da bancada e apertou a mão do dono da loja que o encarou desconfiado.

                - Deixe-me ajudar você. – Joe pegou as flores e colou em um banquinho e começou a analisa-las – Esse é o seu melhor lote, Felicity, está melhorando muito. Está usando o fertilizante que eu recomendei?

                - Sim. – respondi animada esquecendo os problemas por um momento, eu realmente gostava de cuidar das flores – É um pouco mais caro, mas é tão maravilhoso que vale cada centavo. Você foi um anjo me recomendando ele.

                - Olha ela sabe elogiar. – sussurrou Oliver que estava desconfortavelmente perto de mim, seu comentário não pôde ser escutado por Joe que ainda admirava as flores.

                - O melhor lote – comecei – Senhor Queen derrubou lá fora, mas tenho certeza que posso fazer outro.

                - Não tenho dúvidas – o agricultor sorriu – Vou pegar seu dinheiro.

                Assim que ele saiu Oliver tossiu, eu me virei para ele e vi que estava descontraidamente encostado na bancada.

                - Então seu nome é Felicity... Incomum. Tem certeza que eu não te conheço?

                - Tenho certeza que já pedi para que fosse embora.

                - Acho que quero comprar umas flores. – ele sorriu e eu vi o que estava pretendendo.

                - Isso é com Joe e não comigo. – arrumei a postura e empinei o nariz – Você é novo na cidade e não conhece como as coisas funcionam, existem dois tipos de garota aqui: as que vão abrir as pernas pra você se você as olhar como está fazendo comigo agora e a que vai te dar um cruzado de direita se continuar com esse olhar prepotente.

                Joe voltou e me entrou o dinheiro, Olive esperou ele se afastar novamente para responder:

                - Aposto que está dois para ser do primeiro grupo.

                - Sério? – me aproximei devagar e deixei que ele se convencesse disso, assim que estava em uma distância, dei um cruzado de direita e deixei que desse um gemido de dor antes de ir até a porta, ele me encarou totalmente surpreso e com raiva.

                - Que merda foi essa? – ele cuspiu sangue no chão e massageou o queixo.

                - Presta atenção com que tipo de garota você está mexendo antes de chama-la de vadia.

                Sai da loja e entrei na caminhonete antes que ele pudesse responder. Dei partida e sorri comigo mesma, eu era a melhor em socos de direita, meu treinador dizia isso e foi bom fazer Oliver Queen engolir sua própria língua.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram?
Continua?
Para com essa meda?
Espero por vocês ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Going back to my roots" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.