Minha motivação escrita por Nazu


Capítulo 1
- A nova motivação.


Notas iniciais do capítulo

OLÁÁÁÁÁ!

Estou muito feliz por adentrar em outro fandom! O de Yuri!!! on Ice é especialmente divertido e deboísta, o que me cativa muito e faz eu ter mais amor que já tenho pelo anime. Fazia tempo que eu não me cativava tanto por uma obra e que me deixava surpresa em tantos níveis! Animes dos tempos de hoje estão difíceis de me agradar e esse... Meu Deus, nem tenho palavras!

Quero agradecer todas as pessoas do fandom do tumblr e do grupo do facebook, o Yaoi on Ice BR que é hospedeiro de tantas pessoas engraçadas, fofas e sem medo de mostrarem seus surtos e loucuras. Ah, e por tantas teorias e análises lindas que eu não vejo há tempos em um fandom. E teorias com sentido, viu?

Beijos, meus lindos. Espero que gostem!



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― Yakov! Olhe nos meus olhos, por favor!

Viktor ralhava com seriedade detrás o ex-treinador que não hesitou em virar as costas para não ter de ver a clareza e intenção dos olhos de seu ex-atleta.

― Por que eu deveria, Vitya? ― O velho soou ríspido e magoado. ― Você nunca olhou nos meus. Eu explicava e ensinava, mas sempre sendo distante ao não me levar a sério e com um sorriso no rosto ― virou-se para o jovem treinador. ― Eu sabia que você era superficial. Só se mostrava no rinque, e mesmo assim, receoso. Precisou outra pessoa surgir para que você largasse tudo o que construiu para descobrir um novo você? Por que não no rinque, Viktor?

Por pouco não desviou o seu olhar para se livrar da sensação de estar sendo revirado por dentro. Apalpava o desconforto nessa investigação e pressão. Ordens e invasão por muito tempo moldavam-se como inimigas que gostariam de lamber cada gota de sabor de sua sombria mente, como predadores. O russo decidia ele mesmo sobre suas ações quanto demonstrações de seus sentimentos, mas o rinque não deixava. O rinque decidia por ele. Arrancando à força seus pensamentos e emoções em forma de música, passos e saltos.

Viktor, um atleta exemplar. Preciso e meticuloso em suas técnicas e alegava deixar-se levar pelos sentimentos na hora que a música começava a tocar. Seria isso uma verdade? A lenda viva afundava em especulações de sua legitimidade e confiança sobre o gelo. Vivia para impressionar o público, mas e a si? Viktor aparentava o mesmo desde sua estreia, com um sorriso de encantar a todos como se a certeza o acompanhasse desde o nascimento. Uma empatia que captava de seus fãs moldavam suas danças, mas notar que não o enalteciam como antes preocupava. Suas técnicas não se duvidavam da perfeição que executava. Inspiração acabou no momento em que não absorvia mais as sensações de seus espectadores.

Faltava o básico do Viktor: a estrutura sólida e profunda emocional; a noção de família e companheirismo. A busca por isso o fez abandonar o rinque, encontrando um porto-seguro no qual almejou inconscientemente.

Abraçou-se, como se acalentasse o seu nervosismo não aparente.

― Todos sabem o quanto sou bom. Ninguém mais se surpreende com alguém que sempre vai ganhar por sua perfeição. O problema é esse, Yakov ― sorriu de hábito, mas com amargor. ―Não mostrava humanidade. Era tudo perfeito demais. Acostumaram-se. Precisava encontrar algo que impressionasse a minha alma e a todos. ― Fechou os olhos entristecido. ― E não poderia arranjar isso dentro de mim se eu continuasse como estava. Preferi buscar outro canal. Alguém humano, que pode me suceder, mesmo com suas imperfeições. Isso que é lindo.

― Mas precisava acabar com a sua reputação por uma perversão, Viktor?! ― Vociferou o técnico.

― Perversão? Ah ― riu debochado. ― Quis dizer sobre o beijo que eu dei em Yuuri? ― Não sabia que o Yakov iria tocar no assunto tão rapidamente. Apavorou-se, embora não quisesse mostrar.

― Viktor, tem noção do que fez?! Colocou todas as suas chances de voltar a ser patinador da Rússia no ralo! Você sabe como são as coisas por aqui!

― Isso afeta somente a mim, Yakov.

― Como pode dizer isso? E a seus colegas de rinque que tanto depositaram sua admiração? A delegação e seus fãs? A Rússia está com nojo do tal Yuuri, que roubou você de nós!

― Yuuri não tem culpa de nada disso. Eu que fui atrás dele e o beijei em frente das câmeras. Isso não afeta ele, já que é patinador do Japão.

As veias das têmporas de Yakov anunciavam explosão.

― Eu amo muito meus fãs, mas eles precisam entender que essa é outra fase de minha vida e que tenho um diferente propósito. Sou adulto, e logo não seria mais capaz de patinar. Esse dia logo chegaria. Acredito que lhes machucou a repentina decisão que tive.

― Todos esperavam que você patinasse na temporada passada… Agora não tem mais chances.

― Por quê? Por ter beijado um homem na frente de todos? ― Viktor enfureceu seu olhar.

― As autoridades legais iriam tomar providências. Prender eu duvido, por ser figura pública. Iriam te exilar.

Viktor gargalhou. Gargalhou gostoso por ter escutado algo tão cheio de graça. Pôs seus braços sobre a barriga por sentir o estômago revirar com tantos espamos.

― Yakov, mesmo nesse momento você me faz rir tanto! ― Continuou com seu ataque.

O velho esgotou sua paciência e -no acesso de fúria, socou a parede de seu lado e seus olhos esbugalharam.

― O que eu disse de tão engraçado, moleque?! - Gritou a plenos pulmões.

Secou com o indicador as suas lágrimas de tanto rir, ainda tentando a todo custo parar de constranger Yakov.

― Ora, ainda pergunta? A Rússia sempre foi ― respirou fundo, mesmo com o sorriso no rosto ― inóspita e rígida. Fria em recepções e amor. Nunca senti como meu lar. ― Parou de rir e cruzou seus braços, agora firme e com postura. ― Eu não estou ligando em ser exilado.

― Você não sabe o que diz. Está cego por uma ilusão, Vitya!

Seus dedos passearam pelos cabelos prateados os levando para trás, adquirindo um ar sério.

― A ilusão que eu estava vivendo era no rinque. Achava que podia alcançar minhas expectativas disfarçando meu verdadeiro eu. Somente me decepcionava. Agora estou vivendo o ápice da minha vida, Yakov. Uma vida normal e meiga, me focando em mostrar o que posso fazer de melhor passando meus ensinamentos a quem precisa. Eu tenho uma família em Hasetsu que me prepara comida todas as noites e um bom banho quente. Diga-me a última vez que eu tive algo do tipo. Eu não trocaria isso por nada.

Caminhou pelo ginásio calmamente sem ouvir um pio de Yakov. O idoso sumiu com suas reações por aquele momento. Presumia que o que viesse a dizer comprometeria tudo. Apunhalaria o Yakov pelas costas e seus colegas de profissão que tanto esperam sua volta e seus fãs. Mas, e por todo esse tempo, ele apunhalava uma pessoa mais delicada que abaixava a cabeça para o ato: O verdadeiro Viktor.

Não deveria mais deixar isso acontecer.

― Eu tenho por quem lutar, Yakov. Não me importava tanto de ser uma pessoa falsa e superficial durante esse tempo todo, mas não posso fazer isso com Yuuri. Não posso deixar ele para trás e nem mesmo fazer com ele o que fazia comigo mesmo. Ainda mais, foi ele quem ensinou a amar a mim mesmo. Ele me ensinou o significado de um amor puro e inocente. Mostra isso todos os dias com o intuito de me ver pasmo com as suas nuances e me permitindo vasculhar um pouco do meu espírito. Eu...

Viktor respirou fundo e engoliu sua saliva para secar a garganta. O nervosismo contrariando o alívio arranhava sua parede da laringe.

― … Eu amo ser técnico do Yuuri por mostrar o quão belo e profundo pode ser o amor por uma pessoa. Não importa se eu não voltar a patinar, porque eu não pretendo mais. ― Tirou seus patins que Yakov lhe deu quando mais jovem e largou nas mãos rudes e ressecadas do velho. ― Não vejo mais motivo de patinar já que eu tenho um motivo mais do que suficiente para me sentir satisfeito em ser técnico. Estou feliz com o que estou fazendo e pelo o que contribuo para a sociedade.

― O que isso significa, Viktor?

― Que não quero largar Yuuri de jeito nenhum. ― Seus lábios mexeram-se graciosamente como um poema sofrido e sua voz saiu sussurrada como num canto, melodiosamente. ― Eu amo Yuuri.

Porém, o som de sua fala foi sobreposto por um barulho de baque que retumbou no rinque. Viktor levou a mão até sua maçã do rosto esquerda e mirou com medo para o russo mais velho. Viu o senhor lacrimejando e rangendo os dentes, com as mãos em punho cerrado e sem contar que tremia. Com certeza a imagem devastadora de desespero de Yakov doeu mais do que o soco que levou do mesmo.

― Nunca mais volte para cá!!! Não quero ver seu rosto por aqui nunca mais! Aprenda a ter consideração pelos outros e por seu país, seu esnobe!

Viktor sorriu novamente, desta vez, com ternura. Sentia pena de Yakov.

Aproximou do velho e o embraçou em seu peito. Massageou a calvície do ex-técnico com carinho e zelo. Por mais que não tenha sentido o aconchego ali na Rússia, não poderia ser tão cruel com o cuidado que Yakov deu-lhe por tantos anos. Beijou-lhe o rosto e se afastou.

― Das pessoas mais desoladas pela minha decisão, você é a mais intensa. - Sorriu triste e dentro de seus olhos, procurou o afeto que o senhor nutria por ele. - Adeus. E obrigado por tudo, meu amigo.

Virou-se de costas e pegou seu casaco pendurado no corrimão da escada do rinque para o ginásio e o colocou. Não olhou para trás. E saiu.

Escorava na parede com as mãos sobre o rosto. Dores de cabeça latejavam como machadadas insanas e os olhos contraíam-se de tão inchados.

O barulho de porta automática o tirou de seu transe e no impulso direcionou para ela seu rosto.

― Oh, Viktor. O que aconteceu? Você está bem? Está com dor de estômago? - Um japonês um pouco rechonchudo questionou ao chegar com cuidado de seu lado.

― Ahaha! Não é nada.

― Você está com os olhos inchados…

Esfregou-os com descaso.

― Ah, isso? Deve ser porque me emocionei um pouco lembrando do meu passado. Normal, não é? Ahaha

― Hmm…

― Yuuri… - Chamou seu nome do modo dengoso que gostava. ― Não fique fazendo essa cara de desconfiança para mim.

― Certo. Se não está mal, então vamos passear? Quero que me mostre o Mausoléu do Lenin! Nunca tive coragem de ir ver sozinho. ― O sorriso de Yuuri era inocente e quente que encaixavam com perfeição em seus defeitos de personalidade. Vulnerável.

Viktor sorriu em resposta, em um de mesmo nível.

― Claro. Vou te mostrar tudo. E depois vamos tirar um tempinho para a gente à noite, certo?

― Eeeeeeeh?! O que está dizendo isso assim, aqui na Rússia?

― Ahahahaha! Não é de verdade. Só estou com saudades de tomar banho com você e pentear seus cabelos lá em casa.

―Em casa…? ― O japonês ficou confuso.

― Uhum! Hasetsu também é o meu lar. - Sorriu inocente. - Ou não é?

  Yuuri ruborizou até às orelhas. Nunca cogitou ouvir uma frase tão calibrada que atingiu em cheio seu peito, o matando fulminantemente.

 ― V-você vai mesmo morar comigo?! - Um Yuuri desajeitado atropelou as palavras de tão rápido e nervoso que falou.

 ― Já não morávamos? – Questionou com um pouco de falsa decepção.

 Yuuri sentiu o sangue subir depressa demais para o seu cérebro.

 ― V-Viktor… É informação demais para mim. - Sentou no banco porque poderia perder a consciência ali no chão.

  O coração de Viktor esquentou de tal maneira que alarmava necessidade de tirar seu casaco e camisa na hora, apesar do frio de Moscou. Suas bochechas coraram com a tamanha fofura de seu japonês, que não pôde conter a urgência de tocar em seu queixo e trazer o rosto a olhá-lo profundamente nas suas safiras gélidas.

  Roçou com cuidado os narizes para causar atrito e eriçar os pêlos um do outro, causando um calor gostoso e desconcertante na nuca. Os lábios de ambos secaram na hora pela tensão e clima, e os olhos estreitando-se à medida que se aproximavam intensificavam a situação sensual ali presente. As respirações quentes cruzavam-se entre eles, esquentando suas bocas e bochehcas, provocando um desejo mais árduo e criminoso em suas gargantas e baixidades.

 Uma pequena e singela lambida pelos lábios secos de Yuuri para umedecer e amaciá-los para um fechar dos de Viktor sobre os seus. Viktor o abraçou forte, como se fosse fundí-lo em seu peito para ter todo o seu amor e paixão. Sua mão segurava a cabeça de Yuuri para que não resvalasse. A língua pediu permissão para que entrasse e então, saboreava a doce boca de Yuuri. O japonês permitiu os movimentos que o Viktor fazia, só acompanhando com o deleitar prazer.

Gemia sufocado o mais novo, agarrando-se no casaco de Viktor para mostrar o quão amável o beijo transformou o momento deles. Como queria mostrar o seu lado sexual… Ah, como queria ir para um quarto…

 Mas…

 Espera! Estavam na Rússia! E se beijando na rua!

 No instante que se lembrou disso empurrou Viktor com a tremenda força de seus braços, deixando-o bastante frustrado e confuso.

 ― O que foi, Yuuri? Não gostou? ― Fez um pouco de manha, temendo secretamente que tivesse feito uma coisa que o desagradou. Uma mão boba sem perceber, talvez?

  ― N-não é isso! Estamos em Moscou!

  Viktor demorou um tempo para processar e apontou o dedo para o céu, com o sorriso bobo e jeitinho sonso.

 ― Verdade! Como sou cabeça-oca. Imagina se fôssemos presos? Ahahaha

   Yuuri riu inocente como sempre e puro.

   ― Viktor idiota…

   Viktor separou uns segundos para apreciar novamente o sorriso. Ele tinha mais um motivo para fazer o que faz e ficar com Yuuri no Japão.

 

 

O sorriso de Yuuri que tanto queria guardar para si e proteger.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

É CANON, CACETE!!!