I Can Feel escrita por Cihh


Capítulo 37
Capítulo 37 - Tolo


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Sei que estou postando em dias meio estranhos, mas é que eu não estou com muito tempo porque minhas provas começam semana que vem, então...
Consegui postar agora e espero que vocês gostem. Beijinhos e boa leitura.



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E eu estou tentando sair

Em qualquer lugar, antes que ela se vá

Descendo lentamente uma rua vazia

Na esperança de vê-la novamente

     (Foolish)

 

POV Alex 

Na segunda depois do rolo todo, as coisas ficam estranhas. Eu estava calmamente conversando com Nath e Marcos quando Evey chegou. Naturalmente, eu tentei lhe dar um abraço, mas ela me repeliu e me deixou com cara de idiota, olhando para ela enquanto me perguntava o que estava acontecendo. Nath ri.  

—Vocês brigaram?  

Evey olha para ela. –Ah, você ainda não sabe? Thomas apostou com Alex que conseguia levar Isa para cama. –Diz acidamente. 

Nath olha para mim, chocada. Eu nem sabia que Evey estava sabendo disso. Como ela sabe? Espera... Isso quer dizer que Isa sabe? Tipo, ela sabe?  

—Vocês fizeram isso? –Nath me pergunta. 

—Não me olhe assim. –Falo enrolado, tentando organizar os pensamentos. Thomas já sabe disso? -Foi errado, mas não é tão ruim assim. Não é, Marcos? 

—Você sabia disso? –Nath pergunta para o namorado, que nos olha confuso. 

—Sabia, mas achei que já tinham acabado com isso há tempos. 

Parabéns. Ótimo jeito de se livrar da culpa, senhor Ward. Me viro para Evey. –Não fique brava comigo, meu amor. Eu não fiz por mal. 

—Não fez a aposta por mal? Você é idiota?  

Me encolho. –Não queria magoar Isa. Eu não pensei nas consequências. Fui irresponsável.  

—Como sempre. –Ela bufa e eu pego na mão dela. Ela me olha feio e solta minha mão. Nessa hora Isa passa por nós. Cumprimenta Nath e Evey com a cabeça e passa reto por mim. Me ignora. Como se eu não estivesse ali. Vale ressaltar aqui que Isa não parece alguém que teve o coração partido. Parece exatamente como era antes de namorar Thomas: fria. Lembra-se disso? Quando todos os garotos tinham um crush em Isa e ela era inalcançável? Então. O próprio Thomas aparece instantes depois. Ele sim, parece alguém que teve o coração partido: os olhos estão vermelhos e está com olheiras de quem não dorme há dias. A postura está curvada e tudo em sua fisionomia revela tristeza. Confesso que nunca tinha vista Thomas assim. Quando ele apareceu, Nath virou o rosto e Evey lhe lançou um olhar venenoso. Mas depois, as duas o olharam com pena. Eu e Marcos o olhamos em um misto de surpresa e compreensão. 

—Ela já chegou? –Ele pergunta com a voz rouca. 

—Já. Mas não vá atrás dela. –Evey diz.  

—Mas... –Ele começa e Nath o interrompe. 

—Eu não sei o que aconteceu, mas você não pode ir atrás dela agora. Não vai conseguir nada. 

Ele abaixa os olhos e os ombro caem, como se ele tivesse perdido as forças. –Certo. Vou pra sala. –Ele diz, passando por nós. Nós o observamos até ele passar pela porta da sala, trombando em um garoto no caminho. Thomas nem olha para ele. 

—Cacete, o que foi isso? –Evey pergunta. –Ele parece morto. 

—Nossa. Eu nunca vi Thomas assim... –Diz Nath, cobrindo a boca com a mão. –Será que está bem?  

—Logicamente não. –Eu falo apontando para onde Thomas acabou de entrar. Claro que não está bem. 

—Mas e Isa? Ela é a vítima nessa história. –Evey fala, cruzando os braços. 

—Bem, é, mas ela está sabendo disfarçar bem. –Marcos diz e todos concordam. De fato, ela parece a Isa de sempre. A que partia o coração dos garotos só por tentarem. Já Thomas... Não podemos dizer o mesmo.

 

As provas chegam e passam em um clima bizarro. Vou tentar resumir para vocês como foram os dias: Evey começou a me tratar friamente e usava as provas como desculpa para não se encontrar comigo. Nós não estávamos exatamente brigados. Mas se estava ruim para mim, imagine para Thomas. Quando Isa estava no recinto e Thomas aparecia, ela simplesmente ia embora, deixando-o quieto e cabisbaixo. Mesmo comigo ela não adotava nenhuma postura afável: me ignorava completamente, como se eu nunca tivesse existido. Ainda andava comigo porque eu ficava com Evey, mas era como se eu não estivesse lá. No último dia de provas, nós normalmente sairíamos para comemorar em algum restaurante ou barzinho, mas ninguém tinha ânimo para nada. Tipo, a última prova do ano tinha acabado (de química, para fechar com chave de ouro), e agora a gente só tinha que esperar pelas notas. E mesmo assim... Eu estou sentado ao lado de Evey, que come uma macarronada no pátio da escola mesmo. Isa está na frente de Evey, bebericando um copo de chá gelado. Me ignorando como sempre.  

—Como foi a prova? –Evey arrisca uma pergunta. 

—Normal. –Isa fala sem se estender. Thomas aparece e senta-se no banco ao lado de Isa com uma bandeja. Ela pega o copo de chá e se levanta na hora. Evey lança um olhar triste para a amiga enquanto está se afasta de nós. Thomas passa a mão pelos cabelos e começa a comer o sanduíche na bandeja.

—O que você vai fazer, Thomas? –Evey pergunta.

—Não sei. Mas não vou desistir. –Ele diz e ela faz uma careta.

—Sério? Por que você devia. O que você fez foi cruel.

—Eu sei, ok? Foi uma idiotice, mas não quero perdê-la completamente.

—Você já a perdeu. –Evey diz, terminando a macarronada. –Só vá atrás de outra garota.

—Não quero outra garota. –Thomas diz com irritação. –Quero Isa. E mais ninguém. –Ele se levanta com força e sai de perto de nós. Uau. Ânimos à flor da pele.

 *****

POV Isa

Desde o término, Thomas meio que começou a me perseguir. Tentava falar comigo sempre que podia na escola, me ligava de vez em quando e me mandava pelo menos uma mensagem por dia. Eu não respondia em nenhuma das três opções. Mas ele continuava tentando. Parte de mim dizia que se ele estava tentando tanto, era porque se importava comigo de verdade e que eu devia pelo menos ouvir o que ele tem a dizer, e outra parte dizia que ele era cínico e que eu deveria continuar ignorando-o. Eu tendia a ouvir a ultima. Com o fim das provas, Thomas resolveu me perturbar em casa também. Eu estava no quarto e ouvi a campainha tocando. Depois, ouvi a voz dele na sala.

—Eu vim ver Isa. –Ele diz. –Ela está?

—Está no quarto. Quer que eu vá chamá-la? –Minha mãe pergunta. Péssimo dia para ela estar em casa. Eu corro até a escada e paro.

—Vá embora! –Eu grito sem descer os degraus. Thomas e ela levantam o olhar para mim. Ele franze a testa, aborrecido.

—Por favor, me escute. –Ele pede. –Só quero conversar.

—Vá embora. –Eu repito e ele resmunga. Minha mãe olha para nós, confusa.

Ele a cumprimenta. –Obrigado, senhora. –Ele lança um olhar de cachorro abandonado em minha direção antes de sair da casa. Não foi tão difícil. Mas ver a expressão no rosto dele é de matar.

—O que está acontecendo? –Minha mãe pergunta assim que ele fecha a porta atrás de si. Não contei para meus pais do acontecimento. Sarah e Seth perceberam que alguma coisa estava errada e eu contei para eles do término sem entrar em detalhes (com isso eu quero dizer que eles não ficaram sabendo que Thomas havia apostado que conseguia transar comigo). Até mesmo Léo, meu irmão mais velho, ligou para saber se eu estava bem. Luke também ligou, mas não tocou no assunto. Gosto de pensar que ele não ficou sabendo, Max e Evey disseram que não ia contar, senão ele teria jogado na minha cara o quanto havia me avisado sobre Thomas.

—Desça aqui. –Minha mãe pede.

Eu desço as escadas e sento-me no sofá.

—Vocês brigaram?

—Nós terminamos.

—Por que?

—Porque ele é um idiota.

—É exatamente a mesma coisa que você disse de Luke.

—São diferentes tipos de idiotas. –Eu resmungo. Toda vez que Thomas olha para mim, a parte que quer dar uma chance para ele desperta. E isso é ruim. Como eu posso ser tão burra? Mesmo depois de tudo o que aconteceu, meu coração ainda bate mais forte quando eu o vejo. –Não deixe mais ele entrar aqui.

Ela franze a testa. –Vocês terminaram mesmo? Achei que finalmente tinha encontrado alguém.

—É. Eu também. –Eu falo com tristeza. Ela olha para mim e fica em silêncio por alguns instantes.

—Você quer conversar sobre isso? –Ela pergunta segurando minhas mãos. É estranho ver minha mãe agindo como, bem, uma mãe.

—Não tem o que conversar. Nós terminamos. É isso.

—Mas ele ainda mexe com você. –Não é uma pergunta.

Não respondo. Então, ela finalmente resolve agir como uma mãe de verdade. Pega minhas mãos e diz:

—As aulas estão acabando agora. Por que você não viaja nas férias?

 

Na escola, no dia seguinte, eu trombo com Thomas no corredor. Ele sorri ao me ver e eu fecho a cara. Resista, Isa.

—Não faça isso. –Ele pede. –Eu quero conversar.

—Eu não quero conversar.

—Por que não?

—Porque você vai mentir para mim. É só o que você faz.

—Você acha que tudo o que eu já te falei é mentira? Não foi. Eu só te falei verdades. Não me ignore, por favor. Isso está me matando. –Ele faz uma careta.

—Me deixe em paz. –Eu desvio o olhar e sigo reto. Meu coração pesa. Os olhos verdes, tão tristes. Sempre tão tristes.

Depois que a aula acaba, eu corro para falar com a professora de português antes que ela saia. Enquanto ando, falo repetidamente para mim mesma que não estou sendo fraca. Não estou fugindo. Mas continuar encontrando Thomas todo dia, ouvindo suas palavras e suas desculpas também está me matando.

—Professora. Será que eu poderia falar com você um minutinho? –Pergunto.

—Ah, Isa! –Ela sorri. –Claro! Parabéns pela sua nota.  A maior da sala. –Ela dá uma piscadela e eu forço um sorriso. –Sobre o que quer falar?

—Tem um pouco a ver com as minhas notas... A senhora acha que eu poderia faltar o resto do ano? Sei que ainda temos mais algumas semanas de aula, mas eu estava planejando uma viajem.

—Viagem? Para onde?

—Estados Unidos.

—Ah sim. Acho que tudo bem. Suas notas estão ótimas como sempre, e não tem risco de você repetir por falta com esses dias. Se for necessário, eu entro com um recurso. Você é uma ótima aluna. Não tem problema sair de férias um pouco mais cedo. –Ela sorri. Obviamente escolhi essa professora em particular de propósito. Ela é chefe do departamento de professores do colégio e tem um carinho especial por mim.

—Obrigada. –Eu falo com um pequeno sorriso e ela se dirige até a saída.

 

Quando saio da escola, Thomas está apoiado no muro da escola com os braços cruzados. Ah não. Ele olha para mim e os olhos brilham por um segundo. Ele está com um jeans cinza, uma camisa verde musgo e uma jaqueta de couro por cima. O cabelo está ficando comprido, formando alguns cachos largos atraentes. É uma pena.

—Ei, Isa! –Ele chama e eu considero as outras saídas da escola. Não há.

—Falei para me deixar em paz. –Eu falo tentando manter a voz sem emoções. Mas como eu poderia?

—Mas eu não vou.

Começo a andar e ele vem atrás de mim.

—O que você está fazendo? –Eu pergunto irritada. –Vá embora.

—Eu quero que você me escute.

—Eu não quero te ouvir.

Ele me ignora completamente. –Me dê mais uma chance. Por favor. Eu vou concertar todas as idiotices da primeira vez. Eu nunca quis te machucar e me arrependo muito de ter feito isso. –Ele abaixa a cabeça. Parece arrependido, mas isso não quer dizer que eu posso amolecer diante dele.

—Não quero mais te ver. –Falo a verdade. Do jeito que eu falo, parece mais ácido do que o que eu penso. Ver Thomas me machuca. Falar com ele me machuca. Ele não se abala.

—Eu não vou desistir de nós.

—Não existe 'nós', Thomas.

—Gosto do jeito que você diz meu nome.

—Você é idiota?

Ele dá um sorriso. Aquele que eu tanto gostava. –Sério, eu não vou desistir. Mas vou deixar você ir para casa agora antes que me denuncie para a polícia. –Ele diz e para no meio da calçada. Eu continuo andando. Foi por esse garoto que eu me apaixonei? Sim, foi. E agora eu preciso esquecê-lo.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam? Comentem!



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