I Can Feel escrita por Cihh


Capítulo 24
Capítulo 24 - Transylvania


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Mais um capítulo para vocês. Não esqueçam de comentar! Beijinhos e boa leitura.



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Desculpe-nos, mas nós discordamos

O garoto é um verme, você não vê?

    (Transylvania)

 

POV Alex

Com a semana de provas chegando, toda a escola parece estar estressada e sem ânimo para piadinhas sem graça. Ou seja: eu me sinto como um peixe fora d’água o tempo todo. Principalmente agora que me dei conta de que o terceiro trimestre está aí e se eu não começar a estudar agora, não vai dar mais tempo de salvar o ano.

—Isso não faz o menor sentido. –Falo carrancudo. Mateus suspira pesadamente e passa a mão pela boca, pensativo.

—Ok. Vou tentar explicar de outro jeito. –Ele começa a falar de novo e dessa vez tento me concentrar no que ele está dizendo. Um dia desses Evey me perguntou como estavam as minhas notas e eu falei com sinceridade. Bem, tudo uma bosta. Ela disse que eu devia pedir para Matt me ajudar nas matérias em que ele tinha mais facilidade e aqui estamos nós. Aula particular de física com um menino gênio.

—Tá, acho que agora eu entendi. –Falo lentamente. Ele abre um pequeno sorriso e aponta com a caneta preta para um exercício da apostila.

—Vamos tentar fazer alguns exercícios então. –Ele anota duas fórmulas no canto da página. –Você vai precisar dessas duas para resolver este, mas também precisa entender o conceito.

Ele me deixa com o exercício e abre seu livro de geografia sobre a minha mesa de jantar.

—O que está fazendo? –Pergunto, olhando para o livro cheio de mapas e anotações.

Ele coça o pescoço. –Geografia é minha pior matéria, então eu preciso estudar mais ela do que as outras.

—Acho que Isa é boa em geografia. –Eu falo, lembrando-me do que eu sei sobre a nova namorada de Thomas. Desvio os olhos de Mateus e volto a me concentrar no exercício.

—Isa é boa em todas as matérias de humanas. –Ele diz, ainda fazendo sua leitura sobre países subdesenvolvidos. –De todas as matérias, ela só não vai muito bem em química. Mas acho que é por causa do professor.

 Aceno com a cabeça e anoto isso mentalmente: Isa é boa em todas as matérias de humanas. Talvez eu vá precisar da ajuda dela mais tarde.

—Acho que acabei. –Falo, depois de chegar a uma resposta. Ele se inclina para ver meus escritos.

—É, está certo. –Ele sorri para mim e estendo a mão para um toquinho. –Faça o 16 também, só para termos certeza que está tudo na sua mente. Depois podemos ir para o próximo conteúdo.

—O que você acha de Luke? –Pergunto para ele, depois de algumas contas fracassadas, enquanto anoto os cálculos na folha do caderno.

—Ele é legal. Ele me chamou para sair algumas vezes. Por que?

Dou de ombros. –Thomas o detesta. –Falo, me lembrando da mensagem que Thomas me mandou alguns minutos atrás para falar mal do ex de Isa.

—Claro que o detesta. Ele está tentando reconquistar Isa. –Ele ergue os olhos do livro de geografia para ver o meu progresso no exercício.

—Thomas está uma fera. Aqui. –Falo, entregando a folha para ele. Matt acena com a cabeça algumas vezes.

—Certo. Abra no próximo capítulo então.

Enquanto vou na página certa da apostila, começo a sentir vontade de mijar.

—Eu vou ao banheiro. Já volto. –Me levanto e vejo ele pegar o livro de geografia de novo. Mateus parece um cara esforçado. Me sinto culpado por ter sido tão mal com ele no passado.

 

Quando volto a me sentar na mesa, Mateus está inclinado sobre o meu livro de física, fazendo anotações nele. Pego meu celular e vejo uma mensagem de Thomas.

'Agora que estamos namorando, quanto tempo será que vai demorar para a gente transar? Quero acabar logo com a aposta'

 Fico com receio de responder a mensagem com Mateus ao meu lado, então bloqueio a tela do celular e tento me concentrar no que ele começa a falar. Mas sinceramente, eu mesmo já sugeri várias vezes para que a gente parasse com essa aposta, mas Thomas quer levar isso até o fim. Sem brincadeira, eles já são um casal de verdade! Pra que continuar com isso? Mas se ele quer... O que mais eu posso fazer?

*****

POV Isa

Levanto os olhos do livro de química ao perceber que alguém se sentou na cadeira a minha frente. Matt olha para mim, nervoso. Sorrio para ele.

—E aí? Como foi a aula com Alex ontem? Ele se comportou?

—Han... Sim. Eu consegui passar a matéria toda de física com ele. Acho que consegue um 6. Mas eu queria falar um negócio com você. –Ele limpa a palma das mãos na calça e eu me pergunto por que ele está tão nervoso.

—O que foi? Problemas com Mia?

Matt e Mia estão em um rolo desde o dia da festa de Vanessa. Eles não estão namorando, mas ficam juntos sempre que dá. Mais ou menos como Alex e Evey ficaram por um bom tempo antes do namoro.

—Não, está tudo bem. Quer dizer, tão bem quanto o possível. Acho que ela não quer namorar comigo. –Ele diz, parecendo frustrado.

—É só dar um pouco mais de tempo a ela. Conte-me, o que está te deixando nervoso então? –Abaixo o livro de química na página certa e olho para ele.

—Olha, eu sei que não é da minha conta e eu já te enchi o saco sobre isso, mas... Você está bem com Thomas?

Franzo a testa. Já faz um tempinho que eu e Thomas começamos a namorar e meio que tornamos isso público. Matt não disse nada, só que estaria feliz se eu também estivesse. Por que ele está implicando com isso agora?

—Sim, estou. Ele me trata bem como namorada. Por que?

—Eu não sei se ele é o melhor cara para você. –Ele olha para os lados, ansioso.

—Do que você está falando? –Pergunto confusa.

—Quer dizer, todo mundo sabe que ele não presta.

Começo a ficar com raiva. –Mateus, por que você está falando assim? O que aconteceu?

Ele olha para mim com um misto de culpa e tristeza. –Desculpe, não devia ter falado assim, mas, não sei. Acho que vocês dois não combinam.

—Ele não é assim. Você ficou sabendo de alguma coisa? Thomas... Thomas está com outra garota? –Eu falo baixinho.

—Não, eu não estou. –Ouço uma voz mais grossa atrás de Matt e ergo os olhos para Thomas, que está olhando com irritação para o outro garoto. –O que está acontecendo aqui?

Quando Matt olha para ele, eu esperava ver medo ou alguma emoção parecida vindo por parte dele, mas surpreendentemente, todo em sua fisionomia demonstra raiva.

—Não é da sua conta. –Matt diz e sai de perto de nós, mas antes lança um olhar para mim. De advertência, talvez? Não sei dizer, pois ele se vira rápido demais e se senta em sua cadeira. Thomas chega mais perto de mim.

—O que há com ele? Achei que tinha te superado. –Thomas diz, transtornado.

—Ele já me superou. Está gostando de Mia. Mas eu não entendi...

—Ele falou pra você que eu estou te traindo? –Ele pergunta, seus olhos verdes me examinando.

—Não. Mas ele estava falando de um jeito estranho... Bem, esqueça. Acho que só está preocupado comigo. Venha cá. –Sorrio e ele me abraça. –Ei. –Falo, soltando-o. –Você não está me traindo, está?

—Claro que não, gata. –Ele sorri e dá um beijo em minha bochecha. –Eu vou para a minha sala. Não deixem que espalhem calúnias sobre mim quando eu não estiver aqui.

 

—Isso aconteceu de verdade? –Alex pergunta para mim, apontando para o livro de história.

—Sim, Alex. A história não mente. –Sorrio para ele. Ontem, depois da aula que ele teve com Matt, Alex me ligou para saber se eu podia ajudá-lo com História depois da aula. Eu concordei, claro. Evey me disse que ele precisava recuperar as notas, ou correria risco de repetir o ano.

Entrego um resumo com várias setas e esquemas para ele. –Eu fiz isso para você memorizar. Você deu uma lida no livro?

—Han, sim. Mas eu não entendi direito.

—Certo. Eu vou tentar explicar tudo para você. Depois eu dou um tempo para você dar uma lida no livro e no resumo. E por último, você tenta me explicar com as suas palavras. O melhor jeito de entender e memorizar a história é explicando ela para alguém.

—Tudo bem. –Ele se senta confortavelmente na cadeira da cozinha e se vira para mim, esperando minha aula.

Depois de algumas horas, consegui passar tudo com Alex, que parece aliviado.

—Não é tão difícil assim. –Ele diz, coçando a cabeça.

—É bem fácil. O professor gosta quando a gente relaciona um fato com o outro, então tente não confundir. –Fecho o livro de história e coloco o resumo em cima dele. Alex se espreguiça.

—Bem, obrigado Isa. Acho que vou parar de alugar você por enquanto. –Ele sorri.

—Então vamos, eu te acompanho até a porta. –Eu me levanto junto com ele, que pega a mochila e começa a andar. Assim que a porta da cozinha desliza, conseguimos ouvir algumas vozes vindas da sala. Minha mãe para de falar com Luke e se vira para nós, surpresa.

—Olá, senhora. –Diz Alex em um tom respeitoso. Ele acena para Luke, que sorri para ele.

—Olá. Quem é você? –Minha mão pergunta, observando Alex como se ele fosse uma pequena presa.

—Este é Alex. Ele é meu amigo. –Eu falo, empurrando Alex lentamente para fora da cozinha.

—Alex? Vocês estudam juntos?

—Sim. Alex é namorado de Evey.

—Oh! –Ela exibe um sorriso 'agradável'. –É um prazer conhecê-lo. Não sabia que ela estava namorando. –Ela examina Alex com mais afinco, como se tivesse o direito de julgar o namorado de meus amigos também.

—Alex é amigo de Thomas. –Luke diz, coçando o queixo. Lanço um olha irritado para ele e a expressão de minha mãe endurece.

—Thomas? Aquele garoto?

—É, esse mesmo. –Eu digo, apressando Alex, que nos observa calado. –Alex precisa ir embora agora, pois precisa estudar. Não é?

—Han... Sim, claro. –Ele força um sorriso e se despede rapidamente de Luke e de minha mãe, depois sai de casa com passos apressados.

—Eu não gosto desse garoto. –Minha mãe diz, fazendo uma careta.

—De Alex? –Pergunto, fechando a porta de casa. Bem, Alex é um pouco diferente: com os cabelos pretíssimos arrepiados, feições não muito delicadas e roupas de skatista, não é de se impressionar que não seja um colírio para os olhos de pessoas frescas como minha mãe.

 -Não. Quer dizer, dele também, mas estou falando de Thomas. Eu não gosto dele. –Ela diz, e com o canto do olho vejo Luke sorrir.

—Mas eu gosto dele. –Falo, apoiando as mãos na cintura. Desde o dia em que minha mãe me pegou no carro com Thomas, as coisas pioraram muito. E Luke deve estar adorando tudo isso.

—Bem, ele deveria entender que você não é uma garota para ele. –Ela diz, adotando o tom severo na voz. Ótimo.

—Não é você quem determina isso. –Falo alto, entrando na cozinha para pegar os materiais que ficaram lá.

—É o seu sangue. Thomas não é...

—Fresco que nem vocês? –Eu falo, interrompendo-a.

—Ele não é como nós. –Ela diz e eu entro na cozinha segurando livros e cadernos. Luke se levanta de um dos sofás para me ajudar a carregá-los, mas não tiro os olhos de minha mãe, sentada com as costas eretas, apoiando as mãos nas pernas.

—Vocês não decidem com quem eu namoro. –Falo, me referindo a ela e meu pai.

—Seu sangue decide. –Ela diz, com desgosto. Dou um caderno e meu estojo para Luke, que se vira para minha mãe também.

—Eu tenho uma ideia. Por que você não convida Thomas para vir jantar aqui? –Ele diz, olhando para mim. Estreito os olhos para ele, perguntando mentalmente 'o que diabos você está fazendo?'. –Assim, a senhora e Nathaniel podem ver se ele é ‘digno’ de namorar Isa.

Minha mãe parece pensativa por um segundo, mas acena com a cabeça. –Tudo bem. Traga o garoto. Aí nós veremos como ele é de verdade. –Ela diz, se levantando em seguida. Acompanho-a com o olhar até ela subir todos os degraus da escada e entrar no quarto dos meus pais. Depois, me viro para Luke.

—Que porra você está fazendo? –Eu digo, mantendo a voz baixa. Ele sorri.

—Bem, isso é como uma guerra. Ela quer que ele venha para mostrar que ele é um lixo. Mostre a ela como Thomas é de verdade. –Ele diz, mas ouço a ironia em sua voz. Se isso é uma guerra, Luke está do lado de minha mãe.

—Pare de tomar o partido dela! –Coloco com força mais um livro no peito de Luke.

—Eu quero mostrar para seus pais que ele não é o cara certo para você. –Ele coloca os livros em baixo do braço e faz um floreio com as mãos, sinalizando que eu devo passar em sua frente. Começo a subir as escadas e ele vem atrás. –Depois, só vai sobrar você. Eu vou mostrar a todos que o cara que tem que ficar com você sou eu.

Paro de subir as escadas e por pouco ele não bate a cara nas minhas costas. –Luke, pelo amor de Deus. Não existe mais nada entre nós. –Eu falo, balançando a mão livre no espaço entre nós dois. Ele segura minha mão.

—Eu estava errado quando disse aquelas coisas a você antes de partir. Admito isso. –Ele passa na minha frente e termina o lance de escadas, indo até o meu quarto. Hesito um segundo, mas vou atrás dele. Luke coloca meus livros em cima de uma mesinha em meu quarto e se vira para mim. –Quando eu estava nos Estados Unidos, achei que poderia finalmente te esquecer e viver a vida como eu queria. Mas eu estava errado. Foi péssimo. Estar lá sem você foi péssimo e saber que eu te machuquei foi pior ainda.

Ele me observa com atenção, seus olhos cinza focados em mim. –Mas saber que você estava com um garoto como Thomas apenas para me esquecer foi pior ainda.

Reviro os olhos. –Eu não estou com Thomas apenas para te esquecer. Eu já te esqueci, Luke. Pare de pensar que você é o centro do universo. Thomas não parece, mas é um bom garoto.

—Não se iluda. Thomas é o tipo de garoto que você deve evitar.

—Você é o tipo de garoto que eu devo evitar. –Falo, imitando o tom de sua voz.

—Somos tipos diferentes de pessoas. Thomas é o tipo de garoto que fica com garotas bonitas para ser o centro das atenções. E você é mais que uma garota bonita, Dora. Com quantos garotos você ficou na sua vida? –Ele se senta na borda da minha cama, e eu continuo parada a uns bons metros dele, perto da porta do quarto.

Franzo a testa. Ele sabe muito bem quantos. –Não pergunte coisas que você já sabe a resposta.

—Deixe-me pensar. –Ele coça o queixo teatralmente. –Contando comigo... Um?

Fecho os olhos por um instante. –Eu tinha 14 quando a gente começou a namorar. Deixe de ser ridículo.

Ele se deita na cama, os braços cruzados atrás da cabeça. –Ninguém da sua escola sabia que eu existia. –Ele estala a língua. –Você é um troféu, Dora. Um troféu inalcançável.

—Do que está falando? –Resmungo.

—Quantos garotos da sua escola te chamaram para sair?

—Alguns... Vários. –Falo, sem paciência para me lembrar de todos.

—Thomas foi o primeiro que conseguiu. Ele é um especialista. Ele não gosta mais das garotas fáceis. –Luke se levanta da cama em um pulo e anda até mim. –Ele vai te largar quando enjoar de você ou quando encontrar um desafio mais difícil. –Ele chega perto de mim e sorri docemente. –E quando isso acontecer, eu estarei te esperando. –Ele passa por mim e sai do quarto, fechando a porta em seguida.

—Idiota... –Falo baixinho. Mas não consigo parar de pensar em suas palavras. Thomas não faria isso comigo... Faria?


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