Meu Querido Cupido escrita por Bonnie Only


Capítulo 9
Pretendentes


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente.
Como estão?
Aproveitem esse capítulo s2



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A caça ao meu mais novo namorado estava apenas começando. Assim que David colocou na cabeça que encontraria a pessoa certa para mim o mais rápido possível, ele não parou mais. Algo me dizia que mais do que tudo, ele estava preocupado. Uma escolhida descobrir sobre toda a verdade era algo muito perigoso e David queria fazer o impossível para acabar logo com tudo isso, para terminar sua missão como um cupido.

Acredito que ele também sente muita falta de ser um humano novamente e quer retomar sua vida normal, sem asas e sem se preocupar com a vida amorosa das pessoas. Ser apenas ele mais uma vez. 

Estou morando com os cupidos há um bom tempo, mas ainda assim pouco. Não consigo me sentir à vontade e ainda sinto falta de tudo o que era meu. Penso em minha mãe e em como ela deve estar preocupada, ou em Dolph e na forma como eu o abandonei. Foi tudo tão rápido. Todos devem estar me odiando.

O quarto do David se tornou meu refúgio. Passo horas trancada, em cima da cama confortável esperando o tempo passar e esperando que isso tudo acabe. Os rapazes são um pouco difíceis de lidar. Gostam de beber e conversar sobre coisas desagradáveis durante a madrugada, e durante o dia eles vão se encontrar com suas escolhidas, esperando que esse seja o dia certo. Então eu preferi não incomodá-los. Eles guardam algo dentro de si. Algo que não sei explicar. São muito mais do que apenas rapazes levando uma vida fácil. As coisas parecem difíceis para eles, sinto que carregam uma dor.

Na cama do David, eu segurava uma foto minha no Kismet Diner, ao lado do Dolph e de alguns amigos dele. Nessa época a lanchonete era nova no Brooklyn. Na foto eu estava desarrumada, vestida com meu avental sujo e com um sorriso contido no rosto. O flash da câmera fez meus olhos se fecharem um pouco e ficarem brilhando. Dolph está com um braço em meus ombros. Sorri ao olhar para o bigode dele. Ele nunca tira.

Bom... Não importa quantas saudades eu sinta. Agora essa é minha nova realidade, pelo menos por um tempo. Estou aprendendo a aceitar isso.

Hoje é um dia especial. Será o primeiro dia em que eu e David vamos sair para procurar meu futuro namorado. Isso soa tão estranho, mas até que estou empolgada. E se eu realmente encontrar o homem dos meus sonhos nessa noite? E se eu puder ser livre novamente ainda hoje? Eu sinto que as coisas vão dar certo. Além disso, acho que vai ser a primeira vez na história que um cupido vai sair junto com sua escolhida para encontrar a alma gêmea dela.

David planejou tudo, o lugar para onde vamos e todo o resto. Ele disse que hoje vou me encontrar com um cara chamado Calvin Ward. Segundo o David, ele é um cara legal. Frequenta sempre a cafeteria mais próxima e está sempre sentado sozinho em uma mesa para dois, ele sempre pede um brownie de chocolate. Os cupidos devem saber tudo sobre o futuro namorado de sua escolhida.

— Está pronta, Cassie? — David apareceu no quarto assim que eu me levantei. Eu não estava muito bem arrumada. A ideia de que eu teria um encontro com um cara que não sabia sobre a minha existência me deixava insegura. Me vesti da forma mais simples possível, assim como eu me vestia quando ia trabalhar. Meus casacos de lã, o cabelo preso e um par de All Star comum. David sorriu ao me ver preparada.

Eu assenti para ele.

➴ ➵ ➶

O combinado era David ficar à uma mesa de distância. Eu teria que me sentar à frente do cara cujo nome era Calvin, e inventar uma desculpa para que ele me deixasse ficar ali. Então eu teria que começar uma conversa com ele, e David analisaria se éramos compatíveis.

Tudo tão estranho.

Eu tenho certeza de que não conseguiria me concentrar.

Assim que entramos na “Blueberry Coffee” eu pude ver Calvin Ward. Ele estava de costas, vestido com uma blusa azul. Ele parecia ser um rapaz jovem. Seu cabelo era preto e bem cortado e ele segurava uma xícara grande em uma das mãos, apoiada na mesa. Na outra mão carregava uma revista.

— O que eu faço? — Sussurrei para o David. Estávamos bem perto um do outro.

— Você vai conseguir. Tente apenas conversar sobre qualquer coisa. Eu só preciso ver se vocês são compatíveis. Eu sei o que fazer, é só confiar.

Assenti, mesmo estando assustada e com vontade de sair gritando pelas ruas.

Segurei minhas próprias mãos e caminhei até a mesa de Calvin Ward.

Havia uma cadeira livre à frente dele, e também um prato com um pedaço de brownie de chocolate, assim como David havia dito. Puxei a cadeira à frente do rapaz e me assentei, na maior cara dura.

— Oi — sorri sem graça.

Ele tirou a atenção da revista e levantou o olhar para mim. Tinha uma barba engraçada.

— Posso me sentar aqui? — Perguntei já sentada.

— É... Claro, por que não? — Ele não conseguiu conter uma rápida risada e uma expressão interrogativa.

Rapidamente me esforcei para pensar em algo. Qualquer coisa, qualquer coisa!

— Posso saber seu nome? — Pergunto.

— Ward. Calvin Ward. E o da senhorita?

— Cassandra.

Olho para minhas mãos e em seguida para o David. Ele estava disfarçando muito bem, fazendo um pedido para o garçom, mas olhando para mim de vez em quando. Continuei tentando conversar com Calvin Ward, mas ele parecia querer se livrar de mim e estava tentando entender o motivo de eu estar ali.

— Quer saber, me desculpe o incômodo. Eu já estou de saída. — Me levantei da mesa e deixei o rapaz sozinho, sem entender nada do que estava acontecendo. Caminhei depressa até a saída do estabelecimento e com os olhos fechados, nervosa.

David se levantou da mesa rapidamente assim que me viu saindo e correu atrás de mim.

— Cassie. — Ele me chamava. Parei de correr assim que saímos do local. O céu já estava mais escuro.

— Isso tudo é loucura. É muita louca. — Respirei fundo.

— Você estava indo bem.

— Não estava não! Olha, você tem certeza de que eu vou morrer ou alguma coisa ruim vai acontecer se eu voltar para casa? Eu estou cansada disso, dessa história de que você é um cupido e que eu tenho que ficar presa na sua casa. Eu nem conheço aquele cara! Ele estava lendo uma revista sobre galãs de novelas e provavelmente deve ser gay!

David me analisava enquanto eu reclamava sem parar.

— Eu só quero voltar à minha vida antiga, isso tudo está acabando comigo. Eu estou confusa... Por mais que tente, eu não vou conseguir me habituar a isso. — Senti meus olhos queimando.

— Cassie. — David sussurrou meu nome em um doce tom de conforto — Temos que tentar. Eu nunca vou entregar você a um cara qualquer. Eu sei o que estou fazendo e já fiz isso antes. É tão difícil assim confiar em mim? — Ele franziu as sobrancelhas.

Agora era eu quem estava analisando David. Aqueles olhos negros cobertos por uma profundidade de segredos e mistérios. As sobrancelhas franzidas, implorando para que eu confiasse nele.

Naquela noite, mais uma vez, decidi que continuaria tentando, porque confiava nele.

➴ ➵ ➶

Mais uma semana depois, tive meus próximos encontros. Gaspard Duey, um homem de trinta anos que colecionava gibis, Jackson Peters, um louco obcecado por pés que que quase me obrigou a tirar meu tênis durante nossa conversa, depois de conhecê-lo pedi o notebook do Bruce emprestado para pesquisar sobre pessoas obcecadas por pés e descobri que Jackson Peters era um podólatra. Ainda bem que não mostrei meus pés para ele. E teve também Logan Olen, o cara que estava à procura somente de uma noite de prazer. Foi ele mesmo quem me disse.

Devo admitir que minhas esperanças estavam acabando, mas David continuava firme e tranquilo. Ele estava acostumado com tudo isso.

No fundo eu sabia que estava fazendo aquilo não só por mim, mas também por ele. Ele conseguiria a liberdade de volta se conseguisse completar essa missão.

Na noite do dia seguinte os rapazes foram convidados para uma festa e eu tinha quase certeza de que era uma festa somente para cupidos e garotas inocentes que não sabiam nada sobre eles terem asas.

Eles se arrumaram e ficaram incrivelmente bonitos. Mais do que já eram.

Quando eu estava na cozinha, bebendo um copo d’água e me preparando para voltar ao quarto e me trancar, Bruce apareceu na cozinha.

— E aí, Cassie? — Ele sorriu para mim. Seu cabelo comprido estava mais rebelde e bonito do que nunca e ele cheirava bem. Um perfume que eu nunca havia sentido antes e eu juro que parecia algo sobrenatural. Um cheiro sobrenatural, se isso era mesmo possível.

— Oi.

— Está afim de se divertir? Nós já estamos saindo e pensei se você também gostaria de ir, o que acha? — Ele balançou as sobrancelhas e eu quase ri.

— Não! Quero dizer, não é uma boa ideia.

— Claro que é. Você só fica naquele quarto escondida e só sai para procurar um namorado. Está na hora de se divertir de verdade.

— O que David acha disso?

— David é só o seu cupido e nada mais. Ele não tem que achar nada. Vai lá para cima se trocar, a gente te espera.

Era impossível dizer não para o Bruce.

➴ ➵ ➶

A festa para onde fomos era apenas uma festa comum. Não era um lugar cheio de cupidos como eu imaginava e admito que me decepcionei um pouco. Haviam muitas garotas e garotos dançando. Assim que os rapazes chegaram, eles foram a atração do momento.

Bruce, David, Colin e Franklin.

As garotas torciam o pescoço para olhar os cupidos.

— Esse lugar aqui é o nosso segundo preferido, Cassie, depois do Bar dos Cupidos, é claro. — Colin sussurrou em meu ouvido. Ele já estava com uma bebida na mão e seu hálito cheirava álcool com mais alguma coisa.

— Eu vou cumprimentar uns amigos, Cassie. Você vai ficar bem aí com o Colin? — David perguntou, colocando sua mão em meu ombro. Eu quase pedi para ele ficar e não se afastar, mas apenas concordei, me sentindo perdida no meio de tanta bagunça e vozes misturadas.

— Venha, vamos pegar uma mesa. — Colin me chamou, Bruce e Frankilin nos acompanharam.

Confesso que algumas garotas me olhavam intrigadas, questionando a garota nem tão bem arrumada andando com quatro amigos sedutores.

O lugar era escuro e iluminado apenas por poucas luzes. Fiquei sentada entre Colin e Bruce.

— E então, garçonete, está gostando do clima daqui? Ou ainda prefere as fritadeiras daquela sua lanchonete? — Franklin gritou para mim enquanto a batida da música acompanhava sua voz.

Apenas revirei meus olhos. Colin me defendeu dando um empurrão no ombro de Franklin.

— Ah, qual é? Essa garota vai ter que nos acompanhar em todos os lugares que formos? — Franklin continuou.

— Não vamos ter que te explicar tudo de novo, não é, Franklin? — Bruce respondeu, sem paciência alguma.

— Eu só estou sentindo que algo ruim ainda vai acontecer. Ela não deveria estar aqui. — E logo depois Franklin se calou.

— Talvez ele tenha razão. — Falei e todos me olharam — Eu estou sendo procurada, não é mesmo? Aquele Jason pensa que estou morta. E se ele me encontrar aqui?

— Isso não vai acontecer. Aqui ninguém vai te encontrar. — Bruce garantiu.

— E se acontecer, a gente mete porrada nele. — Colin completou.

Eu acabei rindo. Eles pareciam confiantes, então eu estava segura.

— Eu vou beijar alguém. Vejo vocês depois. — Franklin se levantou e saiu gritando “uhul”.

Abri minha boca, surpresa e logo em seguida ri novamente.

— Vocês podem mesmo sair beijando meninas normais por aí? Isso não dificulta o trabalho de vocês, de algum modo? — Perguntei, olhando de relance para o Franklin e observando ele caminhar até a primeira garota que viu, como um predador. Logo em seguida iniciaram um beijo.

— Portanto que não seja nossa escolhida, podemos beijar quem quisermos. E nos deitar também. — Bruce me explicou — É só não iniciarmos algo sério. Nós também merecemos ser felizes, não é mesmo?

Colin e Bruce fizeram um “toca aqui!”.

Sorri enquanto olhava para os dois. Eles tinham algo que eu gostava de ver. Eram como irmãos. Eram uma família.

Após isso comecei a procurar David com os olhos. Até me levantei um pouquinho do sofá macio para ver se via ele. Eu o encontrei perto da pista de dança, conversando com uma loira. Eu tinha quase certeza de que era com ela que ele estava dançando no Bar dos Cupidos.

Bruce me olhava maliciosamente.

— Preocupada com seu cupido, Cassie? — Bruce perguntou e Colin me olhou rapidamente.

— Eu? Por que estaria?

— Não sei... Só sei que quando esse aí resolve bater as asinhas, não tem quem o segure.

Franzi minha testa.

— Quem é aquela garota? — Decido perguntar.

— Uma amiga que David fez. Ela é gente boa. Gosta de andar com cupidos, apesar de não saber que são cupidos. Ela pensa que David é um cara normal.

— Todos daqui são cupidos? — Pergunto, encarando cada garoto da festa.

— Quase todos. Somente alguns não são. Os cupidos são os caras mais bonitos da festa. — Bruce falou, se achando. — E nós temos algo nos olhos. Quando as garotas olham para nós, sentem algo que nunca sentiram antes. Acho que você já deve ter percebido.

Com toda certeza já percebi.

Bruce sabia de cor quem dali era um cupido e quem dali não era. Ele apontou para os que não eram.

— Aquele ali é só um humano comum. Tem também aquele outro. — Bruce continuava apontando.

Haviam cerca de apenas vinte ou vinte e cinco garotos humanos naquela festa. O restante eram cupidos.

➴ ➵ ➶

Os rapazes foram todos se divertir. Fiquei sozinha na mesa durante um longo tempo. Eu tinha a leve impressão de que David queria vir até mim, mas aquela garota loira não queria largá-lo. Cansada e sentindo que eu estava suando mais do que o normal, decido ir ao banheiro, que ficava bem visível.

Abri a torneira da pia e molhei meu rosto, logo em seguida me encarei no espelho rachado do banheiro. Lá estava eu, em um lugar que não conheço, com pessoas que mal conheço, tentando de alguma forma sobreviver.

Naquele momento, mais uma vez, percebi que tudo aquilo era muita loucura. Garotos com asas? Cupidos? Encontrar um namorado para não ser morta? O que estava acontecendo comigo? Como permiti que tudo isso acontecesse? Apesar de confiar no David, nada disso faz sentido, e apesar de ter visto as asas e todo o resto, ainda me recuso a aceitar que tudo isso está acontecendo comigo.

Assim que saio do banheiro, olho para todos os lados. Pessoas dançando e conversando. Muito barulho. Procuro por David ou qualquer outro, mas todos estão sumidos.

Essa seria uma boa hora para fugir, pensei.

Sem pensar duas vezes, andei rápido sobre a multidão, esperando que David não estivesse me vendo. A saída estava bem próxima, então se eu me apressasse, estaria livre.

A ideia de fugir nunca me passou pela cabeça. Estava amedrontada demais para pensar nisso. Mas agora que as coisas parecem mais calmas, eu posso correr até a casa da minha mãe e trancar todas as portas e janelas da casa. Ou então posso pedir a ajuda do Dolph para me esconder em sua casa, e se qualquer um dos cupidos aparecer para me buscar, eu chamo a policia!

Naquele momento, enquanto estava fugindo, pensei no David, e no quanto sentiria falta dele. A forma como me protegia e como se preocupava comigo.

Apaguei o pensamento e continuei correndo. Acabei esbarrando em algumas pessoas que reclamaram, pedi desculpas e continuei correndo.

Assim que saí da festa e dei de cara com a rua vazia e escura, me senti livre e ao mesmo tempo desprotegida. Nunca pensei que fugiria deles. Sempre me senti segura ao lado deles. Mas agora eu só queria ir para casa, queria minha vida normal de volta.

Abracei meus próprios braços por causa do frio e andei com passos longos, para me afastar da boate. Eu tinha a leve impressão de que havia alguém por perto, me seguindo. Eu sabia que David poderia aparecer em um passe de mágica e isso me fez querer andar ainda mais rápido.

Em um piscar de olhos dois faróis estavam se aproximando sobre a rua. Logo aproveitei a oportunidade e me coloquei à frente dele para pedir carona. O carro se aproximava cada vez mais e acelerava cada vez mais. Naquele momento percebi que ele não iria parar e eu tinha pouco tempo para correr.

Eu seria atropelada.

Seria.

Se alguém não tivesse me empurrado tão rápido quanto o susto que levei. Agora estávamos nós dois na calçada.

Minhas mãos doíam, e alguém amorteceu a minha queda. Eu estava em cima de um rapaz que nunca vira na vida.

Pensei que fosse David, mas não era. Era um rapaz loiro e forte, fiquei alguns segundos encarando seus olhos. Eram verdes, talvez azuis... Estava muito escuro. Seu peito subia e descia, nós dois estávamos ofegantes. Rapidamente me levantei e ajeitei minha blusa. O antebraço dele estava ralado e começou a sangrar.

— O que foi isso? — Perguntei a ele. Estava nervosa e preocupada, com medo de que David aparecesse.

— O que foi isso? Eu salvei a sua vida! — Ele também se levantou e se ajeitou.

— Eu estava pedindo carona. Não precisava se jogar na rua comigo, eu ia correr!

Ele pareceu indignado, franziu a testa, me encarando. Olhei para as minhas mãos, estavam raladas e ardiam. Naquele momento percebi que ainda estava ofegante, e que devia continuar correndo, se não quisesse ser encontrada por David e seus amigos.

— Desculpe se eu assustei você. — Falou o rapaz que supostamente salvou minha vida. Ele olhou para baixo e depois para mim.

Olhei para ele.

— De onde você apareceu? — Perguntei. — Eu pensei que estivesse sozinha.

— Eu estava na boate. — Ele apontou justamente para o lugar de onde eu saí. — Decidi vir para fora e vi você quase se suicidando. Eu vim correndo.

Naquele momento me perguntei se ele era um humano ou um cupido. Tinha quase certeza de que era um humano. Ele era muito bonito, mas não tinha aquela coisa estranha no olhar.

— Bom... Então obrigada, eu acho.

— Você está bem? — Ele me analisou.

Assenti, e naquele momento minhas duas mãos começaram a sangrar.

Murmurei um “droga”.

— Me deixe ver. — Ele tentou pegar minhas mãos, recuei.

— Eu preciso ir. O-obrigada. — Falei assim que vi David saindo da boate. Com toda certeza estava me procurando.

— Espere. — O rapaz gritou. — Me diga seu nome.

— Cassandra. — Falei e tentei correr, mas David apareceu na velocidade da luz, pouco se importando se tinha outra pessoa olhando.

Minha tentativa de fuga está oficialmente arruinada.

— Para onde está indo? — David perguntou. Acho que era a primeira vez que estava sendo rude comigo.

Tomei coragem.

— Para casa. Quero ir embora. — Falei, tentando parecer segura.

— Embora? Nós já não falamos sobre isso?

— Não me interessa, David. Você sabe como sinto falta da minha vida. E quer saber? Eu não me importo se Jason ou qualquer pessoa vai querer me matar. Eu vou para casa. Se ele quiser me matar, ele sabe onde eu moro. — Segui em frente e David segurou meu braço.

— Ei, solte ela. — O rapaz que salvou a minha vida gritou.

David olhou para ele.

— Quem é você? — David perguntou, o encarando.

— Dean Trent. Agora solte ela.

David o ignorou e decidiu me soltar por vontade própria.

— É isso mesmo o que quer, Cassie? — David me encarou, franzindo o cenho. Ele parecia decepcionado, não zangado.

Não o respondi.

— Mesmo que queira, não posso deixar você ir, Cassandra. Não posso falhar na minha missão e deixar alguma coisa ruim acontecer com você.

Engoli aquelas palavras e me senti a pior pessoa do mundo. David não estava me mantendo em sua casa por escolha própria. Ele só queria me proteger.

— Me desculpe. — Falei por fim, e Dean Trent continuava ali. Parecia muito preocupado comigo para querer ir embora. — Ele salvou a minha vida. Eu quase fui atropelada enquanto pedia carona, então ele apareceu e me ajudou.

David olhou para o loiro novamente. Ele assentiu com a cabeça para o Dean, em forma de gratidão, e Dean fez o mesmo. Naquele momento acabei aceitando voltar para a casa dos cupidos com o David e prometi para mim mesma que não fugiria nunca mais.

— Cassandra? — Dean me chamou assim que eu estava preparada para voltar com o David.

— Pode me passar seu número? Para saber se você vai ficar bem. — Dean falou, se referindo ao meu tombo e também ao David.

Antes que eu pudesse responder, David respondeu por mim.

— Eu mesmo passo. Vou te dar o endereço da nossa casa e se você tiver coragem, poderá aparecer por lá para ver a Cassandra se quiser saber como ela está. — David colocou uma mão em minha cintura, algo que nunca tinha feito antes.


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