Meu Querido Cupido escrita por Bonnie Only


Capítulo 5
Um estranho bate à porta




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Quando eu e David entramos em minha casa, confesso que ainda estava assustada. Meu coração ainda batia descontrolado e eu ainda tentava acreditar que David me salvou. Além disso não conseguia imaginar o que aqueles caras teriam feito comigo se David não tivesse aparecido ali.

— Obrigada, mais uma vez — comentei, apontando para o meu sofá para que ele se assentasse.

Ele se assentou.

— Quer alguma coisa? Água ou... Água? Me desculpe, não tenho nada para te oferecer. Geralmente eu faço as minhas refeições na lanchonete. — Me senti uma idiota, enquanto ele estava ali, em meu sofá. Nunca imaginei que isso um dia aconteceria.

— Não quero nada, Cassie. Saber que está segura é o suficiente.

Soltei um sorrisinho sem graça.

— Então... — Assim como ele me assentei, mas em outro sofá — Tem algo mais sobre você que eu não sei?

— Tem muitas coisas que não sabe sobre mim. E prefiro que continue sem saber, Cassie. Nós cupidos não somos fofinhos como toda a mídia diz. Somos bem diferentes. Digo... Fazemos coisas diferentes do que pensam. 

— Poxa, então... A coisa é séria mesmo.

— Eu não deveria estar aqui. — Falou, um pouco rude e seco — Você deveria começar a aceitar as caronas do seu chefe.

Olhei para baixo.

— Desculpe.

Ele suspirou. Uma mistura de preocupação com frustração.

— Eu falo sério. Você corre perigo, Cassie. 

— Então por que não abre o jogo de uma vez? Você quer que eu me esconda de alguém que eu nem conheço! Do que você tem medo, David? Eu descobri que você e seus amigos são cupidos já faz um tempão e nada de ruim aconteceu comigo, então para que tanto medo idiota? 

Ele ainda parecia frustrado. Pensei que meu discurso o faria abrir o jogo e me contar um pouco mais sobre o que estava acontecendo.

— Eu sei que está confusa, Cassandra, mas tente me entender. Eu me preocupo com você.

— Pode ao menos me contar como foi que você virou um cupido? Ou isso também é proibido e um raio vai cair do céu se eu descobrir?

Por algum motivo ele soltou uma rápida risada.

— Foi em 1995.

— O ano em que nasci. — Me surpreendi.

— Sim. É uma das regras dos cupidos. Nossos escolhidos nascem exatamente no dia em que viramos cupidos. No caso, em que morremos.

— Você disse que já foram humanos e morreram por amor. Como aconteceu? — De repente me vi mais interessada do que nunca.

Pareci tocar na ferida dele. Ele hesitou em falar.

— Está tarde, Cassie... Você tem trabalho amanhã. — Ele abriu um maravilhoso sorriso para mim — Tome cuidado. Não posso ficar por perto o tempo todo. Ainda mais agora que você já sabe toda a verdade — se levantou do meu sofá e se despediu. 

Me vi sozinha em meio à minha sala, mais uma vez.

➴ ➵ ➶

Foram dias longe dele, apesar de sentir sua presença. Eu tinha certeza que David estava por perto, mesmo evitando contato comigo. Era só virar a esquina que podia senti-lo, ou até mesmo quando levava o lixo do Kismet Diner para a lixeira, eu podia senti-lo me observando, fazendo o seu trabalho.

Sempre me mantive alerta. Preparada para pegá-lo no flagra me observando, mas David era muito bom no que fazia. 

Mas não importava o quanto eu sentisse sua presença, ainda sentia a sua falta. Sentia falta do mistério também. Odiava ter perguntas não respondidas, odiava saber que corria perigo, de alguma maneira.

Já se fazia quase dois meses quando tivemos a conversa em meu apartamento. Desde então tenho aceitado as caronas de Dolph para a minha casa, assim como David sugeriu.

Me despedi do Dolph, que me deixou na calçada de casa. 

Assim que entrei me deparei com o silêncio e escuridão do meu apartamento. Levou um tempinho para que eu acendesse algumas luzes e tomasse um banho. Já era de madrugada e amanhã começaria tudo de novo.

Em minha cozinha, eu tentava preparar uma comida decente. Eu estava diferente do que costumava ficar na lanchonete, meu cabelo estava solto, usava uma roupa larga e confortável, preparando um jantar. Estava cansada dos hambúrgueres da lanchonete e do cheiro do óleo. Dolph era gentil me deixando comer de graça lá, mas nada chegava aos pés da comida caseira. Enquanto eu picava alguns coentros, ouvi um barulho na porta inicial, o que me fez levar um susto.

Deixei de picar as folhas verdes, rapidamente lavei minhas mãos para tentar eliminar o cheiro forte do tempero. Enxuguei minhas mãos em minha calça e lentamente caminhei até a sala, em direção à porta inicial.

— Quem está aí? 

Houve silêncio. Fiquei um tempo parada na sala, até alguém bater em minha porta bruscamente, inúmeras vezes. Franzi minha testa e corri até o olho mágico, curiosa para saber quem era. Me surpreendi quando não vi ninguém do lado de fora.

— David? — Perguntei, esperando que fosse ele. Era muito estranho alguém me visitar de madrugada. Tão estranho quanto alguém preparando um jantar às três da manhã.

Decidi destrancar a porta e abri-la. Tinha quase certeza de que era ele.

Olhei para fora. O vento fazia um chiado esquisito. A rua estava fria e vazia, algumas  folhas voavam com o vento. Olhei para a figura das casas, cada uma delas trancadas, com janelas escuras. As típicas casas do Brooklyn.

Olá, Cassandra. — Uma voz incomum surgiu, juntamente com um rapaz que eu nunca tinha visto. Ele caminhou até mim com um sorriso nada legal, vestia roupas pretas e como os outros rapazes que conheci nos últimos dias, ele tinha uma beleza inexplicável. 

Me assustei e me preparei para fechar a porta, mas ele fez algo com a mão que fez com que a minha porta não se fechasse. A porta bateu contra minha parede, me assustei e recuei vários passos para trás, enquanto o rapaz entrava em minha casa sem permissão.

Não consegui ver mais nada depois disso.

➴ ➵ ➶

Quando acordei, estava presa à uma cadeira, com as mãos e os pés amarrados. Minha visão ofuscou e eu não podia ao menos soltar um murmúrio. Eu conseguia ouvir alguma coisa. Era quase uma briga.

— Você não tinha o direito de ir até ela! — Alguém gritava e eu tinha a leve impressão de que era o David. As vozes pareciam longe, mas ao mesmo tempo estavam perto demais.

— Você estava demorando demais, cupidinho. Sabe que é contra as regras uma garota descobrir toda a verdade, principalmente uma escolhida. Você e aqueles seus amigos ridículos pisaram na bola. É questão de tempo até que o chefe descubra tudo.

— Você não vai contar nada. — Consegui ver David puxando alguém pela gola da camisa.

— Ah, se eu vou...

David largou o rapaz, que cambaleou para trás.

— Você já sabe o que deve fazer. Mate ela ou eu mesmo faço isso. Você tem dois dias, David. Dois dias.

— Você sabe que se ela morrer, eu vou junto. Sou o cupido dela, otário.

— Acha que eu não pensei nisso? Eu consigo uma nova escolhida para você. Uma que não saiba de nada. Uma que vai ficar caladinha. Você é um cara ferrado, David. A pena para um ser humano que descobre sobre nós, é a morte. Deveria ter dado um fim à essa garota há muito tempo... Sorte sua que o chefe ainda não descobriu. Apenas eu.

— Tudo bem. Então eu assumo daqui. — David disse.

— Tente ser rápido, viu? Sei que deve ser difícil para você matar sua querida escolhida. Sugiro que seja pelo pescoço. Boa sorte, fadinha.

Não pude ouvir mais nada após isso. Meus olhos se fecharam lentamente. Alguma coisa me dizia que aqueles cupidos fariam qualquer coisa para não me deixar viva.


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Notas finais do capítulo

Nos vemos no próximo capítulo, amores.
Se desejarem, deixem um comentário! E não se esqueçam de acompanhar.

No próximo capítulo colocarei fotos dos cupidos nas notas finais u.u
NÃO PERCAM.

Até logooo