Meu Querido Cupido escrita por Bonnie Only


Capítulo 17
Meu Casulo


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês.
Boa leitura ♥



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Estou debaixo da cama. Consigo ouvir as conversas abafadas dos meninos, vindas do andar de baixo. Tenho certeza de que Jason acabou de entrar na casa. Minha respiração está acelerada e por algum motivo estou com os olhos fechados. Tenho a impressão de que o cupido superior vai aparecer aqui no quarto a qualquer momento e puxar os meus pés. 

Eles continuam conversando. Eu quero muito saber sobre o que eles estão falando. Será que é sobre mim? Será que Jason desconfia que estou viva?

Não consigo parar de suar frio. Isso está mexendo comigo. Nunca tive tanto medo de morrer! Como será que os cupidos matam os seres humanos? Só de pensar fecho os meus olhos mais uma vez. Continuo ouvindo conversas e passos, mas parece que estão mais distantes.

Dez minutos depois, David abriu a porta do quarto e me chamou.

— Ele já foi. — Assegurou.

Então me retirei daquele lugar sombrio. Quando David me viu saindo de baixo da cama, segurou uma risada.

— Não tem graça. — Dei algumas batidinhas na minha blusa — Sinta o meu coração. — Peguei uma mão dele rapidamente e coloquei em meu coração acelerado. 

Ele ficou ali, sentindo. Aquilo se tornou um pouco mais profundo do que eu esperava. David realmente focou nas batidas do meu coração, e permaneceu com a mão ali. 

Então logo ele tirou.

— Jason veio nos avisar que um cupido novo está a caminho. Ele morreu ontem e ainda está muito confuso, vai ser nosso dever explicar a ele como tudo funciona. Estou preocupado porque ele vai te ver, e não podemos confiar nele. É um novato.

— Bom, se é um novato, acho que a última coisa que ele vai querer fazer é me dedurar. 

David assentiu.

— Ele vai dividir a casa com a gente, por um tempo indeterminado. Está tudo bem para você?

— Está. Está sim. Gosto de conhecer novos cupidos. E novas asas. 

David riu e fez um sinal de reprovação com a cabeça. Naquele momento toda tensão se foi. 

➴ ➵ ➶

Preciso continuar procurando o meu escolhido. Decidi me esquecer do Dean e procurar por novas opções, existem muitos caras por aí, e algum deles deve servir para mim. Bom, pelo menos eu espero que sim. É o que eu devo fazer para não morrer: encontrar um cara.

Acabei me encontrando com o Franklin quando anoiteceu. Ele estava sozinho na sala de estar mais uma vez, só que não estava bebendo. Ele estava a toa no sofá, observando a luz incessável de uma vela.

— Não consigo dormir. — Falei para ele, me sentando no sofá, mas longe.

Ele apenas virou o rosto e não disse nada. Então também fiquei encarando a luz da vela, que estava no centro da mesinha.

Era difícil lidar com os cupidos. Principalmente com o Franklin. Então decidi que se vou conviver com eles por mais um tempo, tenho que ter uma ligação. Franklin parece me odiar, e eu também não me agrado com a forma que ele me trata, mas devemos ter alguma coisa. Em breve tudo isso aqui vai acabar, acho que preciso conhecê-lo melhor. Conhecer todos eles.

— Estou sem esperanças. — Continuei — Pensei que a minha chance de voltar para casa estava chegando. Pensei que eu e Dean nos daríamos bem... Então Jason não poderia me matar depois que eu e ele estivéssemos em um relacionamento.

Franklin riu. Sua risada foi lenta, e machucou.

— Não entende, garçonete? Você está fadada a um destino cruel, de um jeito ou de outro. Se não encontrar um namoradinho, você morre. Se encontrar um, vai ter que passar o resto da vida com ele. Presa em um relacionamento, tudo isso para não morrer. 

Não pensei que ele diria algo assim. De repente, isso me incomodou. Franklin tinha razão.

— Já pensei nisso. Na verdade, penso nisso todas as noites antes de dormir, desde que David me disse que eu teria que namorar para não ser morta.

— Viu só o que você aprontou? Está fodida, Cassandra.

— Pelo menos dessa vez você disse meu nome.

Ele me ignorou.

— Bom, pelo menos não estou morta, né?

Franklin me olhou profundamente. Aquele olhar. Aquilo era extremamente agonizante.

— Vou te dizer uma coisa. Pensa que morrer é pior do que se apaixonar? Já se apaixonou alguma vez na vida? Pois te digo que morrer é melhor. É mil vezes melhor.

Tentei dizer alguma coisa, mas não consegui. Então ele continuou:

— Ele vai te decepcionar, garçonete. Seja quem for o seu escolhido, ele vai fazer alguma coisa que vai te machucar. Não existem príncipes em cavalos brancos, a vida não é um conto de fadas. Não parou para pensar? Se você for sair daqui, vai sair com um anel de compromisso. — Ele se aproximou — Está mesmo preparada para ficar com alguém pelo resto da sua vida? Sabe o que isso vai te causar? O quanto vai sofrer?

— Eu...

— Morrer é a melhor opção.

— Franklin!

— Se eu fosse você, iria agora mesmo procurar pelo Jason. Faria isso o mais rápido possível. Pelo menos você estaria livre disso tudo. Eu morri, e olha só onde vim parar. Eu divido uma casa com um bando de idiotas. Eu tenho asas. Isso pode parecer legal para você, mas não é. E sabe por quê?

Fiz que não com a cabeça.

— Porque eu me lembro do meu passado todos os dias. Me lembro do quão idiota eu fui e do quanto a minha antiga noiva foi uma desgraçada comigo. Mas... — Ele deu uma risada exasperada — Eu ainda me lembro do sorriso dela, e do quanto me enlouquecia... Me lembro das noites de domingo, dos vinhos, das nossas danças... Isso é uma tortura.

— Franklin, eu só queria conversar com você, não te fazer sentir mal...

— Não fique se achando. Você não me faz me sentir mal. Já estou mal há muito tempo. Na verdade, eu sou mau. — Ele abriu um sorrisinho.

— Eu só queria... Queria que as coisas se resolvessem. Para todos nós.

— Mas para mim vai. Eu vou sumir daqui. Vou encontrar a alma gêmea da minha escolhida em breve, e depois dela, terei mais duas. E enfim, voltarei a ser quem um dia eu fui. Um humano. E vou me esquecer de tudo. De todo o meu passado. É isso o que me faz continuar.

Assenti.

— Obrigada pela conversa, Franklin.

— Estou ao seu dispor. — Ele fez uma reverência com uma mão.

  ➴ ➵ ➶

Eu tive mais um encontro no dia seguinte. Foi com Brandon More. Era um cara legal, graduado em biologia marinha. Ele ficou o encontro inteiro falando sobre ele, e de vez em quando me fazia algumas perguntas. Mas não me importei, porque fiquei o tempo todo pensando no que o Franklin falou. Eu estou fadada a um destino cruel! Se não for morta, terei que namorar com um rapaz pelo resto da minha vida, um rapaz que nem conheço, um rapaz graduado em biologia marinha! 

Pedi peixe para o garçom, pensando que o cara iria gostar da ideia. Até porque, ele deve gostar de peixe. Foi o que eu pensei. Mas ele me esperou detonar um salmão inteirinho para dizer depois que era contra o assassinato de criaturas marinhas.

Eu quase vomitei nele e fiquei com um sorrisinho sem graça o encontro inteiro. 

E David estava ali, nos observando.

Foi o pior encontro de todos. E cada vez mais, estou mais convencida de que Franklin tem razão. Tudo isso é muito injusto. Preciso conversar com o David, preciso dizer a ele que não posso mais aceitar viver assim, me escondendo, esperando pelo príncipe encantado. A casa dos cupidos é como um casulo. O meu casulo. E acho que está na hora de eu deixar de me esconder. Se os cupidos querem me matar, então que me matem! Não vou ficar longe da minha mãe e do Dolph só porque descobri uma sociedade secreta de cupidos e agora querem me matar. Será o que o destino quiser.

Preciso voltar para casa.


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Notas finais do capítulo

Eu adoraria saber sua opinião sobre a história ♥ Então, se quiser, deixe um review ♥

Beijoss➶