Harry estava tentando não se irritar e fazer um esforço pra entender o filho, mas a atitude cada vez mais despreocupada de Alvo era desconcertante.

— Por que você fez isso, Al?

— Eu não fiz nada demais.

— Não fez nada demais? Por favor!

— Nada que o Tiago nunca tenha feito.

— Isso não é uma justificativa.

— Eu não estou tentando me justificar, você está!

— Eu não entendo, você não é mais o garoto que costumava ser.

— Eu cresci.

— Não, você se transformou numa pessoa arrogante, prepotente, rebelde, mas não é você, não é o Alvo que eu criei, é outra pessoa, alguém que eu não reconheço.

— Eu não ligo para o que você pensa.

— É minha culpa?

— Por que você acha que é? Por não me dar atenção? Por gostar mais dos seus filhos perfeitos do que de mim? Por ter mais tempo para os seus alunos do que para mim? Cara, acho que sim, é sua culpa, tudo é culpa sua, porque você é o grande, o magnífico, aquele que nunca erra, que é sempre justo com todo mundo, e que está acima de tudo e de todos, o inigualável Harry Potter.

— Eu sei o que você quer que eu faça, Alvo, quer que eu perca a cabeça e te dê motivos para ser rebelde, mas eu não vou fazer isso. Por que eu sei, e você também sabe, que nada do que você diz é verdade e que você está fazendo isso por pura necessidade de chamar atenção, por algum motivo que, honestamente e infelizmente, eu desconheço. Eu vou dizer a você o que sempre disse ao seu irmão: você não precisa disso, não precisa ser assim, a única coisa que você precisa é ser você mesmo, e você é Alvo Severo Potter.

— Eu odeio você e odeio ser seu filho — Harry ficou desconcertado. Era a pior coisa para se ouvir, principalmente pela verdade contida na expressão e antes que ele pudesse esboçar qualquer reação, o garoto saiu da sala e desapareceu.

Na escola não se falava em outra coisa, os alunos dos quinto, sexto e sétimo anos que não tinham participado de nada, estavam revoltados por terem sido castigados, e não era para menos — todos cumpriam detenções todas as tardes, fazendo trabalhos extras.

— Eu não acredito que tudo isso é culpa deles! — Lilian ia andando na direção de Hugo, Penélope e Alvo que estavam sentados no pátio, acompanhada por Rubinho. — E você sabia de tudo!

— Eu não sabia, Lily...

— Claro que sabia, Rubinho! Você deve até ter participado...

— Não! Eu não! Tá bom, eu sabia, eu só não te contei por que...

— Por que você é um amigo que esses três aí não merecem — Lilian ficou de frente para os três, Penélope se revirou no banco encarando a bruxa, Alvo revirou os olhos. —Todo mundo se ferrou por causa de vocês!

— Humpf! A mesma ladainha? Dá um tempo! — Penélope parecia a única disposta a discutir com Lilian.

— Dá um tempo vocês, qual é, que coisa mais estúpida, claro que uma ideia dessas só podia ser de uma vaca que nem você.

— Olha aqui, princesa Sonserina — Penélope ficou de pé — por que você não vai lixar as suas unhas, “oh, minha unha quebrou, acho que vou morrer” nhen, nhen,nhen... —Penélope fez uma careta e mostrou a língua.

— Vadia!

— Vadia? Eu? Olha só quem fala, a princesa que transou com todo o time de quadribol da Sonserina! — Lilian ficou tão irritada que puxou a varinha e apontou para a cara de Penélope.

— Repete!

— Lilian, calma... — Rubinho tentou acalmá-la mas não adiantou.

— Me larga, Rubinho.

— O que você vai fazer, princesa? — Lilian tinha vontade de estuporar “a vaca da Penélope” ali mesmo, mas antes que pudesse conjurar o feitiço, o professor Mears apareceu e agarrou o seu braço.

— Ninguém aqui vai brigar, Srtª Potter — disse abaixando o braço de Lilian devagar — o seu pai já tem um problema grande, você não acha? — Lilian concordou em silêncio com Ben, que soltou o seu braço e saiu.

— Você deveria escolher melhor com quem anda, Alvo — Lilian saiu quase correndo.

— Vai atrás dela, Rubinho, não é isso que você faz?

— Quer saber, a Lily está certa, vocês não merecem a amizade de ninguém! E Penélope cuidado para não morder a língua, você pode morrer — Rubinho deu as costa aos três e saiu correndo atrás de Lily.

— Que fofo o gigante defendendo a namoradinha.

— Você devia pegar leve com a Lilian! — Hugo falou e olhou disfarçadamente para Alvo que parecia alheio a tudo.

— Eu estou cansada de ver todo mundo bajulando essa garota... e o Alvo também está.