Hogwarts, Outra História escrita por The Escapist


Capítulo 67
Capítulo 67




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Mas a amizade não poderia voltar a ser como antes. Loreley, embora tentasse, não conseguia ficar à vontade com Natan e por isso evitava ficar sozinha com ele. Quando tentou conversar com Tiago sobre a briga, ele desconversou, ignorou e não deu chance de tocar no assunto, principalmente por que estava extremamente concentrado na reta final do campeonato.

Os White Tigers estavam nas semifinais; teriam apenas mais um jogo, e se vencessem estariam classificados para a final. Tiago não queria que absolutamente nada tirasse sua atenção desse momento.

No último dia de folga antes da viagem para a Rússia para o jogo da semifinal, entretanto, aconteceu algo que o deixou fora de si. Resolveu ir até a faculdade encontrar Loreley e levá-la para sair, jantar fora e passarem um tempo maravilhoso juntos como não faziam há alguns dias.

Ficou esperando no pátio e quando Loreley apareceu não veio sozinha. Natan estava com ela, andando ao seu lado, e sorrindo, e olhava para ela de um jeito tão carinhoso. Loreley se despediu de Natan com um beijo no rosto, antes de notar a presença de Tiago, e quando o viu se arrependeu de ter feito, não por que isso fosse errado mas porque sabia que ele interpretaria do jeito errado.

Tiago desfez os planos que tinha para aquele dia na mesma hora que viu Loreley beijar Natan; e os dois caminharam até a estação de metrô sem trocar uma palavra.

— Ok, você vai me ignorar agora? — ela disse assim que entraram em casa.

— É só você que pode fazer isso?

— Você está sendo infantil.

— Você estava beijando o Natan.

— Não vai adiantar se eu disser que “não é nada do que você está pensando”, vai?

— Você não deveria brincar com isso. Você nem deveria andar com aquele cara.

— O Nate é meu amigo.

— Amigo? Não, um amigo não olha como ele te olha, Loreley.

— A gente já superou o que aconteceu, ele superou; ele não voltou mais a...

— A o que? A tentar te beijar? Humpf.

— Você deveria confiar em mim, Tiago.

— Eu já disse que confio em você, não confio nele. Qual é, ele disse na minha cara que espera que você perceba que eu não sirvo para você.

— Olha, chega, está bem, eu não quero brigar hoje.

— Você tem razão, Loreley, chega. Eu não quero que você volte a ver o Natan Wood.

— Como é?

— Você ouviu. É melhor você ficar longe dele.

— Eu não vou me afastar do Natan.

— Por que? Por que você gosta dele?

— Por que ele é meu melhor amigo, meu único amigo nessa cidade.

— Olha, quer saber de uma coisa, essa conversa de amigo já está enchendo o saco!

— É o seu ciúme que já está enchendo o saco. Você quer que eu me afaste da única pessoa com quem eu posso falar nessa cidade enquanto você curte a fama de ser o melhor jogador de quadribol do mundo!

— Eu quero sim, porque a única pessoa com quem você pode falar nessa cidade é o mesmo cara que te levar para cama.

— É isso que você pensa de mim?

— Claro que não, eu...

— Que bom que pelo menos alguém quer me levar pra cama, por que você não tem tempo para mais nada além de jogar a sua porcaria de quadribol!

— Cala a boca.

— O que? Você não quer ouvir? Quer ouvir como eu me sinto, Tiago? Você não vive me cobrando isso? Então, eu vou dizer como eu me sinto. Desde que nós viemos para essa cidade não existe outra coisa para você que não seja o quadribol, os seus amigos do quadribol, a Natasha! O ano inteiro eu fiquei na minha, aguentando você e sua obsessão pelo quadribol, e sabe quem me deu força quando eu pensei que você estava me deixando por causa do quadribol? Ele esteve do meu lado quando você só tinha tempo para a Natasha!

— Isso não é sobre mim e a Natasha, não existe eu e Natasha; é sobre você e o Natan!

— Não existe Natan e eu! Tiago, olha para mim, olha nos meus olhos, e diz que não aconteceu nada entre você e a Natasha? — Loreley encarou Tiago, por um instante ele manteve o olhar firme, mas desviou logo. — Você não pode negar, não é?

— Você está tentando desviar a conversa de você. Olha, você tem que escolher, eu ou o Natan.

— Isso é a coisa mais estúpida que eu já ouvi. Eu não posso escolher entre você e o Natan; eu amo você, não o Natan. Idiota.

— Se você me ama, então prove, e se afaste do Natan.

— Isso não seria prova de amor... quer saber, para mim chega! — Loreley pegou a bolsa e fez menção de sair.

— Então é essa a sua decisão? Se você sair agora, pode ir atrás dele, tá me ouvindo? — a voz de Tiago estava carregada de desprezo e julgamento; se estivesse sendo racional, Loreley saberia que ele estava de cabeça quente e fazendo o que sempre fazia, mesmo sem querer magoar ninguém, e que logo iria pedir desculpas, mas ela também estava num estado emocional alterado.

Tiago era a única pessoa com quem poderia contar e ele estava lhe tratando como uma qualquer, e isso era uma algo realmente terrível; de costas Loreley sentiu as lágrimas nos olhos; hesitou um momento e saiu deixando a porta aberta atrás de si.

Tiago se arrependeu logo do que tinha feito e dito, mais uma vez tinha deixado os sentimentos dominarem e magoado a pessoa que mais amava; imaginando onde Loreley poderia estar, se ela estivesse em perigo, se acontecesse alguma coisa, jamais se perdoaria; sofria com essa ideia, e sofria mais ainda, ao imaginar que ela poderia estar com Natan.

Estava disposto a sair e procurá-la em qualquer lugar quando ouviu a campainha; abriu a porta e lá estava Natasha, Yuri, e Sidney, seus companheiros de time, que o convidaram para sair, afinal era a última noite de folga antes do jogo importantíssimo, no dia seguinte deveriam viajar, deveriam aproveitar que Olívio tinha liberado o time. Tiago hesitou, talvez não fosse uma boa ideia sair para se divertir quando não sabia onde Loreley poderia estar, mas diante da insistência dos colegas de time ele cedeu e saiu com eles.

Loreley estava na esquina pensando em voltar para casa quando viu Tiago entrar no carro de Natasha.

Sem saber o que fazer, nem para onde ir, vagou a noite inteira pelas ruas de Dublin; não sentia medo, nem fome, nem frio, não sentia nada a não ser a dor da perda. A dor de perder a pessoa a quem mais amava na vida.

Quando o dia amanheceu estava sentada num parque. A dor que sentia durante a noite aumentava cada vez que lembrava que dentro de poucas horas Tiago estaria indo para a Rússia, teria um jogo importante e quando vencesse, iria comemorar com Natasha, no país dela. Loreley pensou que poderia morrer naquele momento, e se isso acontecesse, não seria algo ruim.

Natan estava praticando sua rotineira corrida de todas as manhãs. Corria com os fones nos ouvidos, sempre ouvindo a música de sua banda favorita. Encontrou um dos colegas de faculdade e ficou conversando com ele por uns cinco minutos; se despediram e Natan voltou à corrida. Pensou estar tendo alguma alucinação quando a viu sentada no banco; parou e olhou direito para ter certeza, e então resolveu se aproximar.

— Hey, não sabia que você vinha aqui — falou com ela sorrindo, mas seu sorriso morreu aos poucos quando viu as lágrimas nos olhos de Loreley. — Loreley, o que aconteceu?

— Oi, Natan... é, nada... — ela tentou disfarçar e enxugar as lágrimas. — Tudo bem —Natan sentou ao seu lado.

— Você não quer mesmo contar o que aconteceu?

— Ahm... o Tiago e eu... — Loreley fez um resumo da briga que teve com o namorado na noite anterior e de como o viu saindo de casa com Natasha.

— Eu sinto muito.

— Não se culpe, Natan, eu acho que isso teria acontecido mesmo que você não existisse.

— Talvez, mas talvez eu tenha ajudado um pouco. Sabe, eu... eu confundi tudo, sobre nós, quer dizer.

— Tudo bem, deixa isso pra lá.

— Não, eu... é que você, você foi a primeira pessoa que não ligou... bom, você é uma bruxa, Loreley, e não é uma bruxa qualquer, você sabe disso, e nem se importou por eu não ser assim, não ter poderes mágicos; você não é como a maioria dos bruxos, me tratou de igual para igual, sem preconceitos. Acho que eu nunca tinha sido tão bem tratado por um bruxo que não fosse da minha família como eu fui por você, e acabei achando que estava apaixonado por você. Mas não... você é minha amiga, e eu te amo, mas eu também sei que você ama o Tiago, e, cara, é o certo que vocês fiquem juntos, é o destino.

— Que bom que você entendeu, Natan, mas não acho que o destino esteja do meu lado.

— Loreley, o Tiago te ama, mas é um idiota; ele acaba deixando para perceber isso quando vê que pode te perder.

— Depois de ontem eu não sei, acho que não tem mais volta.

— Claro que tem; você vai ficar aqui chorando e não vai fazer nada?

— O que eu posso fazer?

— Eu não sei, mas acontece que ele vai estar a quilômetros de distância, e, quando ganhar o jogo a Natasha vai estar perto demais, o que eu quero dizer, é que, talvez não tenha mesmo acontecido nada entre ele e a Natasha, ainda, mas por que, ele não quis, e se ela encontrar com ele, totalmente vulnerável, e sensível, ela tem poder de sedução suficiente para fazer o que bem entender. Então, você não vai deixar que isso aconteça, vai?

— O que você está sugerindo, Natan? Que eu vá atrás do Tiago?

— Estou sugerindo exatamente isso. Sabe, porque, mesmo que não aconteça nada, entre ele e a Natasha, você vai ficar com a dúvida eterna e provavelmente vai se arrepender de não ter lutado pelo seu amor.

— É, você tem razão, Natan, você tem toda razão. É, eu tenho que ir mesmo.

— É, vai.

— Mas, a essa hora eles já devem ter ido...

— Não, eles iam viajar ao meio-dia.

— Então, eu vou... preciso ir para a estação de metrô....

— Loreley, você é uma bruxa.

— Eu sei.

— Maior de idade. E não tem ninguém aqui agora. Você tem uma varinha, não tem?

— Sim, mas — Loreley encontrou a varinha na bolsa. — É que eu nunca aparatei sozinha...a não ser no dia do exame...

— Você consegue — Loreley acabou concordando com Natan, e aparatou. Foi realmente estranho. Teve medo de que saísse errado; fechou os olhos esperando pelo pior, mas quando voltou a abri-los estava inteira, e no saguão dos White Tigers.

Claro que ninguém que a visse aparatando ali ia achar estranho, todos ali eram bruxos afinal de contas. A primeira pessoa que viu foi Katilin; mas antes de ir falar com ela, Julian apareceu.

— Loreley, Miss Gilmore, que surpresa vê-la aqui hoje.

— É, grande dia não é? — Loreley viu seu reflexo na estátua de vidro do tigre mascote do time e se sentiu ridícula por estar na frente de Julian, metido no seu terno elegantíssimo àquela hora da manhã. — Será que eu poderia falar com o Tiago?

— Infelizmente é impossível.

— É só um instantinho, eu juro...eu só queria falar com ele um pouco...

— O Tiago não está aqui, Loreley.

— Como assim? Ele não está aqui...? Onde ele está?

— Eles já viajaram para a Rússia, hoje é o grande dia, o grande jogo.

— Eles viajaram? Mas você está aqui?

— Eu tive que ficar para resolver assuntos importantes... tudo bem Miss Gilmore?

— Anham, tudo bem.


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