Os seis acompanharam Jungkook pelo aeroporto até quando puderam. Se despediram com muitos abraços e muita felicidade, até que ele finalmente embarcou. Ele mal conseguia conter sua felicidade. Passou todo o tempo de espera falando com Sunghee pelo telefone. Ela mal pôde acreditar, mas preparou tudo para a chegada dele.

Durante o voo, Jungkook não pôde usar o celular, mas continuou pensando nela e em como a relação deles tinha se desenvolvido. Ele tinha entrado no aplicativo de relacionamentos com o nickname cookie_lover96, e tinha encontrado uma garota com o nickname caramel_machiatto. Eles começaram a conversar com a desculpa de que cookies combinam com Caramel Machiatto. Depois de muito conversar, eles finalmente tinham dito seus verdadeiros nomes. Passaram a trocar, com pouca frequência, algumas fotos, mas Sunghee nunca tinha coragem de mostrar seu rosto.

Finalmente, o avião pousou em Tóquio, no começo da manhã. Jungkook mal conseguia se conter por ainda ter que pegar uma condução até Fuchū. Estava encantado com Tóquio, mas não mais do que estava ansioso para encontrar sua amada. Ele teve que se virar com alguns mapas para lidar com a confusão de Tóquio, do aeroporto até a estação. Depois de algum tempo, chegou a Fuchū, e mais uma vez teve que se virar com mapas para chegar ao lugar onde Sunghee iria buscá-lo de bicicleta.

Sunghee mandou mensagem dizendo que estava a caminho. Jungkook esperou por alguns minutos, enquanto conferia o mapa para saber se realmente estava no lugar certo. Não tinha a quem perguntar, pois poucas pessoas passavam por ali. Finalmente, ele viu uma garota de bicicleta dobrar a esquina. Ela usava tênis e vestido, exatamente como Sunghee disse que estaria usando. Mas o que deixou Jungkook realmente surpreso foi que aquele rosto, o qual tanto imaginou como seria, não era tão desconhecido assim. O jovem garoto tentou esconder sua surpresa. Não imaginava que fosse ela, logo ela, mas estava feliz.

— Olá, Jungkook. — Disse ela, ao se aproximar com a bicicleta ao lado do corpo.

— Olá — disse ele sorrindo. — Como devo te chamar? Caramel Machiatto? Sunghee? Ou…

— Yumii. Como você está acostumado. Como foi de viagem?

— Muito bem, considerando que nunca viajei sozinho, muito menos pra fora do país. Não fiquei perdido, nem nada.

— Que bom. Vamos andando?

—  Claro.

Yumii conduziu sua bicicleta pelo caminho, sendo acompanhada de perto por Jungkook.

— Por que não me disse que era você?

— Eu não tive coragem. Não estava suspeitando que cookie_lover96 era você. Mas… Quando você disse seu verdadeiro nome… Eu não consegui dizer quem eu era. — Yumii diminuiu o passo. — É aqui.

Eles pararam em frente a uma casa simples. Yumii abriu o baixo portão de ferro e colocou sua bicicleta encostada num canto. Em seguida, foi para a escada que dava acesso à parte superior.

— Eu moro lá em cima. Quem mora aqui embaixo é o meu tio.

— Ah, sim.

Jungkook sabia um pouco sobre o tio de Yumii. Ela havia dito que era responsável por cuidar dele.

Os dois subiram para a casa no andar superior. Yumii pediu a Jungkook para deixar a mochila no quarto. Depois, foram para a cozinha, onde ele faria companhia para ela enquanto preparava o café da manhã.

— Café Latte ou Caramel Machiatto?

— Café Latte. Não se ofenda — disse ele, rindo. Ela também riu, ajeitando a cafeteira.

— Eu, me ofender? Se você escolhesse o Caramel Machiatto eu teria que tomar o Café Latte.

— E você adora Caramel Machiatto.

— Isso. Foi por isso que meus pais mandaram dinheiro para comprar uma cafeteira que fizesse essas coisas. Eu teria que gastar muito mais dinheiro se fosse a um Café toda vez que tivesse vontade.

— Faz bastante sentido. Mas… Achei que seus pais tivessem vindo com você.

— Eles ficaram em Seoul. Me mandaram justamente porque precisavam ficar lá. As coisas estão indo bem demais na empresa do meu pai, não é o melhor momento de sair. Mas alguém precisava vir cuidar do meu tio quando ele ficou doente. No começo, ele não estava tão mal quanto agora, mas mesmo assim era mais desgastante, porque eu tinha que estudar. Fui transferida pra uma escola próxima daqui. Então estudava, cuidava do meu tio, cuidava da casa e ainda tinha que aprender sobre correção imobiliária, que é o que ele faz aqui. Agora, a saúde dele piorou. Já não tem condições de trabalhar, e eu faço tudo sozinha. Ao menos, estou formada, e não preciso mais ir para a escola. E agora, outros tios mandaram primos, então eu fico mais tempo livre. Meu primo e minha prima foram hospedados na casa ao lado. Quando eu disse a eles que você viria, eles disseram que conseguem segurar as pontas essa semana sem mim, até mesmo na agência.

— Então, você está de folga, por minha causa.

— Isso mesmo, Jeon Jungkookie — ela riu, enquanto tirava a primeira xícara, com Café Latte. — Ah, eu gosto dessa cafeteira. Faz coisas muito boas, e sozinha. Eu sempre lembro deles quando estou usando, porque foi o último presente que me deram. Me lembra de Seoul… Tenho saudades de lá. Ah… Eu queria que você levasse um presente para os meus pais. Seria uma oportunidade para conhecê-los.

Jungkook coçou a cabeça. Sentia vontade de ajudar Yumii, mas a ideia de conhecer seus pais o deixava nervoso.

— Ah, claro… Posso fazer isso.

Yumii olhou pra ele, e riu.

— Não precisa ter vergonha, Cookie. Eles não mordem.

Ela riu mais uma vez, e Jungkook sorriu. Ele gostava tanto da risada dela…

Yumii tirou o Caramel Machiatto, e eles foram para a sacada que ficava na sala. Tomaram suas bebidas em silêncio durante alguns segundos.

—  Uau — disse Jungkook. — Isso é muito bom.

— Eu disse. Essa cafeteira é melhor do que muitos Cafés por aí. Além disso, você sabe… As coisas japonesas não são exatamente iguais às coreanas.

— Não, não são — concordou Jungkook, se tornando um pouco mais sério depois. — Yumii… Eu queria te fazer uma pergunta.

A menina olhou para ele, como se tentasse decifrar seu semblante sério.

— É sobre o Jin?

Jungkook assentiu, devagar.

— Nós dois nos declaramos pra você. Você teve a oportunidade de me escolher, mas você o escolheu. Ele… Não foi mais o mesmo desde que você partiu. Mas ele tem tentado recomeçar.

— Eu não queria machucá-lo, Jungkook. Nada do que eu fiz foi de propósito. Eu sei que eu cometi um erro, mas não tive a intenção de magoar ninguém!

— Eu sei disso. Sabe… Foi muito difícil chegar aqui. Eu trabalhei muito e…

— Está arrependido? — Perguntou ela.

— Não — ele se apressou em dizer. — De forma nenhuma. Estou muito feliz por estar com você, Yumii. É só que… Me sinto estranho. Porque… eu não fui o único a lutar por isso. Todos eles, inclusive o Jin, ajudaram financeiramente para que eu pudesse vir. Eu nem sei de onde eles tiraram tanto dinheiro. Mas… Estou aqui por causa deles.

— Eles são legais. Sempre se envolvem nas causas uns dos outros. Eu me lembro como todos os sete estavam lá, mesmo que apenas três tenham se declarado.

— O que nos leva de volta à nossa pergunta. Por que você não me escolheu da primeira vez?

— Olha, Jungkook… A verdade é que vocês me colocaram em uma situação bastante difícil. Eu nunca tinha notado que um dos três tinha alguma intenção, e de repente os três se declaram e ainda me pedem para escolher. É muito difícil dizer não. E, querendo ou não, o Jungkook que você me mostrou naquele dia não foi tão convincente e interessante quanto o que me mostrou pela internet.

— É que… Eu estava tão nervoso… Foi muito difícil pra mim, sabia? Eu sou muito, muito tímido Yumii, e nunca tinha feito nada parecido…

— Por isso mesmo. O que nós vivemos pela internet foi muito mais natural. Era você mesmo, não o que você queria ser. Foi por isso que eu gostei de você.

Jungkook olhou nos olhos de Yumii e sorriu. De repente, ela começou a rir muito alto.

— O que foi? — Perguntou ele, corando, sem entender.

— O Café Latter fez um bigode em você.

Jungkook passou a língua pelos lábios.

— Saiu?

— Não. Deixa que eu cuido disso pra você.

Yumii deixou o Caramel Machiatto sobre a proteção da sacada e beijou Jungkook longamente, de forma tão quente quanto um Café Latte.

— Isso não é justo — murmurou ele entre os beijos. — Você tá roubando meu Café Latte.

Ela riu levemente, e eles continuaram a se beijar naquela manhã japonesa.